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Futebol Amazonense: América Sport Clube foi o 1º time maranhense a jogar em Manaus, em 1928

Acima a página do Jornal Estado do Amazonas anunciando o jogo entre o Nacional e o América S.C., de São Luís (MA).

 

Até 1927, os times amazonenses tinham realizado apenas jogos interestaduais com equipes do estado do Pará, seja com o Remo, Paysandu ou Seleção Paraense. Esse panorama ganhou um novo roteiro em 1928, quando a Federação Amazonense (FADA), fez um intercambio com a Federação Maranhense.

A intenção era trazer, pela 1ª vez, um clube de futebol daquele estado para vir ao Amazonas enfrentar as melhores equipes de Manaus. O convite foi prontamente aceito e a diretoria do América Sport Club, de São Luis, que realizou uma série de quatro jogos.

A delegação maranhense seguiram no vapor ‘Duque de Caxias’, composta pelos atletas, o presidente (Dr. Inácio Pinheiro), o vice (Cláudio Serra), o secretário (Carlos Franco) e do tesoureiro (Agenor Vieira).

A primeira parada ocorreu no dia 18 de janeiro, em Belém do Pará, onde receberam convites para jogarem com as equipes locais. Mas, firmando um compromisso junto a Federação Amazonense, acabaram não aceitando e seguindo rumo á capital amazonense.

Três dias depois, passava por Santarém (PA) até que, no dia 23 de janeiro, às 17 horas, a delegação maranhense desembarcava em Manaus. Foram recebidos com uma salva de fogos, representantes dos clubes locais, da FADA e o povo manauara. Logo depois  a delegação maranhense seguiu direto para o Hotel Palace, onde ficaram hospedados.

Aproveitando os dias de folga antes do jogo, os atletas do  América Sport Club foram passear pela cidade no dia 25 de janeiro. O Dr. Chaves Ribeiro (um dos mandatários da FADA) levou o Dr. Inácio Pinheiro e Cláudio Serra (presidente e vice do América) até ao Palácio do Governo onde foram recebidos pelo governador Efigenio Salles.

Em seguida estiveram na prefeitura sendo recebidos pelo professor Coriolano Durand. Ainda nesse mesmo dia,os americanos realizaram um treino no campo do Luso, visando se prepararem para o primeiro compromisso, no dia seguinte,contra o Nacional.

 

FONTE & FOTO: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto – Baú Velho – Jornal Estado do Amazonas 

Redescoberta outra goleada histórica do futebol Brasileiro: Nacional 24 a 0, no Brasil Sport, pelo Campeonato Amazonense de 1922

O futebol é o esporte mais visto no mundo. Muitos são os ingredientes para tal paixão. Alguns citam que é a única modalidade no planeta que as ‘zebras’ aparecem com maior freqüência. Outros lembram das jogadas plásticas como o drible, a tabelinha, etc. A magia do futebol é algo cativante.

Mas há outras questões que fascinam e ficam na memória dos torcedores. Uma delas, são aquelas goleadas históricas. A maior parte das goleadas históricas, tanto no mundo como no Brasil, ocorreram no período do amadorismo. Mas foi na Escócia que ocorreu a maior soma de gols registrada na história. O massacre ocorreu durante uma partida do campeonato escocês em que a equipe do Arbroath ganhou de 36 a 0, sobre o Bonn Accord, em 1885.

No futebol brasileiro, o maior placar registrado aconteceu durante uma partida entre Botafogo e Mangueira, em confronto válido pelo campeonato carioca de 1909.O jogo se realizou no dia 30 de maio no campo do alvinegro, na Rua Voluntários da Pátria, o Alvinegro massacrou o rubro-negro tijucano pelo placar de 24 a 0.

 

OUTRO 24 X 0 É ENCONTRADO, DESTA VEZ, NO AMAZONAS

Contudo, após muitas pesquisas foi encontrado outra goleada de 24 a 0. Desta vez, no futebol amazonense. O responsável por essa descoberta é o pesquisador José Ricardo Caldas, residente em Brasília, que pode ter encontrado um recorde para dividir com o Botafogo carioca a maior goleada do futebol brasileiro no  Guiness Book, o ‘Livro dos Recordes’.

Essa partida aconteceu no ano de 1922, em Manaus (AM). A fonte desta pesquisa foi extraída do Jornal do Commercio, que noticiou o inacreditável placar de 24 a 0, do Nacional em cima do Brasil Sport, válido pelo Campeonato Amazonense daquele ano. Durante muitos anos, esse resultado histórico ‘repousou’ por décadas sem ser de conhecimento público. A partir daí, Gaspar Vieira, procurou mais informações sobre essa partida histórica e acabou encontrando no jornal Gazeta da Tarde.

 

DADOS DO ESTADUAL DE 1922

O Campeonato Amazonense de 1922 teve a participação de oito clubes: Brasil Sport EuterpeLusoManáos SportingMonte Cristo NacionalRio Negro e União Sportiva. No Estadual de 1921, o Rio Negro havia conquistado o título, derrotando o arquirrival Nacional. Mas nessa edição os nacionalinos montaram um bom time visando se vingar do audacioso rival e reconquistar sua hegemonia no futebol amazonense.

O time tinha um ataque de respeito com destaque para Leonardo, Orlando e Dantas. Com tão excelentes craques, o Nacional não teve dificuldades em conquistar o Campeonato Amazonense de 1922, sendo que no jogo de estreia já mostrava sua força, goleando o Euterpe por 6 a 2.

O único clube que realmente combatia de igual para igual com os nacionalinos era o Rio Negro. Mas o Nacional não tomou conhecimento de seu tradicional adversário, tornando-se campeão.

 

DETALHES DA GOLEADA HISTÓRICA

Então, num domingo, do dia 24 de Setembro de 1922, o Nacional enfrentou o Brasil Sport, no Campo do Parque Amazonense. Uma curiosidade ou talvez um pressagio, foi que na Preliminar, ocorreu o jogo entre os reservas dessas equipes (que disputavam com as suas equipes B, o Campeonato Amazonense da 2ª Divisão). No final, um triunfo espetacular do Nacional pelo placar de 23 a 0.

Talvez, esse marcador tenha motivado os titulares do Nacional, que entraram em campo “famintos” em marcar gols e mais gols. Arbitragem de José Rosas (que também era do Luso) e um pequeno público presente (o pequeno número de torcedores foi  em razão de o Brasil ser uma equipe fraca, o que gerava um desinteresse dos torcedores). As duas equipes entraram no gramado com as seguintes escalações:

NACIONAL: Nery; Fidoca e Fernandes; Pequenino, Eduardo e Leonardo; Orlando, Dantas, Virginio, Clóvis e Lemos.

BRASIL SPORT: Anísio; Paixão e Vidal; Saturnino, Gomes e Samuel; Chagas, Adeolis, Tavico, Almir e Heráclydes.

 

RESUMO DA PELEJA

O Nacional dominou o jogo de ‘cabo a rabo’, sem que o adversário tenha criado uma única chance de perigo à meta do arqueiro Nery. Aproveitando a fragilidade do oponente partiu para o ataque e, num verdadeiro ‘bombardeio’ foi marcando um gol atrás do outro. Assim, Anísio se tornou, até hoje, o goleiro mais vazado em um único jogo da história do futebol amazonense. Após o fim do jogo, se registrou o elevado placar: Nacional 24 x 0 Brasil Sport.

PS.: Infelizmente, nem o Jornal do Commercio e nem a Gazeta da Tarde registraram o nome dos jogadores que fizeram os gols e quantos cada um marcou. Este resultado histórico passou mais de 80 anos até ser redescoberto para o deleite dos pesquisadores e apaixonados pelo futebol. 

 

FONTES & FOTOPesquisador José Ricardo – Jornal do Commercio – Gazeta da Tarde – Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto

Pela terceira vez, Pará supera o Amazonas e avança no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1929

No Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1929, a Seleção Amazonense foi designada novamente para enfrentar o seu tradicional rival: a Seleção Paraense, para definir quem seguiria na competição. Afinal, eram os únicos representantes do norte da país no torneio.

E, como nas edições anteriores, os amazonenses teriam que se dirigir mais uma vez para a capital do estado vizinho: a cidade de Belém. Até aquele momento, o Pará já tinha eliminado o rival duas vezes: em 1925 (3 a 2) e 1926 (7 a 0).

No entanto, o Amazonas não queria deixar barato, e, estava decidido a mostrar a sua força. A Federação Amazonense (FADA), resolveu formar uma boa uma boa seleção para vencer o confronto. Após definir o grupo a participar da nova peleja, o senhor Mem Xavier da Silveira foi definido como presidente da delegação, Frederico Gonçalves, o Fidoca, como diretor-técnico e o major Carlos Fleury como secretário.

E foi assim que a delegação amazonense embarcou, no dia 18 de outubro de 1929, no vapor Distrito Federal, rumo á capital paraense. Representantes do governo e da prefeitura foram ao porto se despedir do Selecionado Baré, como também representantes de vários clubes de Manaus, membros de famílias tradicionais e o povo em geral.

Após dias de viagem pelo majestoso rio Amazonas, e passando por pequenas cidades como Parintins, Óbidos, Santarém e Gurupá, o Distrito Federal finalmente aportava em Belém onde os amazonenses ficaram alojados em um hotel local. Visando estarem bem preparados para o jogo com os donos da casa, a se realizar dali há poucos dias, os visitantes resolveram realizar um jogo amistoso contra um pequeno time local chamado Paramount. A partida realizou-se no dia 26 de outubro e o Amazonas goleou o adversário pelo placar de 5 a 2.

O JOGO

Finalmente chegava o dia do grande jogo, em 27 de outubro. Em Manaus, a população lotou as dependências do parque amazonense para acompanhar o andamento da partida que chegavam pelo serviço telegráfico e era anunciado pelos cronistas do Jornal do Commercio. O jogo foi marcado para acontecer no estádio do clube do Remo que recebeu um bom público. Antes do duelo principal houve uma partida preliminar entre os times reservas do Remo e Paysandu, que terminou empatado em 3 a 3. Então, às 16 horas, entravam em campo as duas seleções com a seguinte escalação:

PARÁ: Pinto; Aprígio e Aristeu; Vivi; Sandoval e Marituba; Oscar, Doca, Quarenta, João (Ruy) e Arthur Moraes.

AMAZONAS: Lisboa; Rodolpho e Waldemar (Oliveira); Pequenino, Maluco e Sócrates; Orlando, Vidinho, Rochinha, Marcolino e Leonardo.

ÁRBITRO: Rodolpho Chermont (PA), substituído por Eurico Romariz

 

Mem Xavier, chefe da delegação Amazonense

PRIMEIRO TEMPO

Com a bola rolando, o jogo mostrou, desde o início, que seria eletrizante. Após a cobrança de um escanteio, Marcolino abria a contagem, fazendo o primeiro gol para o Amazonas. Em vantagem, o Pará foi para cima, mas o goleiro Lisboa fazia excelentes defesas. Contudo, como diz o velho ditado: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura“. E furou, quando Arthur Moraes marcou o tento de empate para os paraenses.

O selecionado paraense não diminuiu o ritmo, e logo depois conseguiu a virada, no tento de Quarenta. Este gol, aliás, foi muito contestado pelos amazonenses que alegaram que o jogador estava em impedimento. Mas a revolta não se limitou ao discurso. Os amazonenses partiram para cima do árbitro e o clima só não piorou, graças ao presidente da delegação do Amazonas, Frederico Gonçalves, o Fidoca, que entrou no gramado e conseguiu acalmar os ânimos.

Refeitos do episódio, o jogo prosseguiu, mas pouco tempo depois voltou a ficar paralisado, devido a substituição do jogador paraense João pelo reserva Ruy. O juiz, sentindo-se enfraquecido, recusou-se a continuar a arbitragem. Entra em campo então um outro juiz, Eurico Romariz, que foi um ex-jogador do Paysandu.O zagueiro amazonense Waldemar foi substituído por Oliveira. E assim terminou o 1º tempo com a vantagem do Pará por 2 a 1.

O atacante Vidinho, autor do 2º gol dos Amazonenses diante do Pará

SEGUNDO TEMPO

Na etapa final, foi a vez do atacante Marinheiro atirar contra o goleiro Lisboa. A bola acabou resvalando no pé de Rodolpho, fazendo assim o terceiro gol do Pará. Logo depois, foi a  vez de Quarenta ampliar, assinalando o quarto gol da seleção Paraense. Mas, os amazonenses não estavam mortos e, após uma cobrança de escanteio,o arqueiro Pinto rebateu a bola que foi cair nos pés de Vidinho que chutou e assinalou o segundo gol do Amazonas. Mas a reação durou pouco pois, Quarenta driblava Rodolpho e chutava contra a meta de Lisboa,marcando o quinto e último gol dos paraenses. E assim terminou o jogo,com o placar final: Pará 5 x 2 Amazonas.

 

IMPRENSA AMAZONENSE CULPA A ARBITRAGEM PELA ELIMINAÇÃO

Com esse resultado, o Pará passava à fase seguinte no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1929 e o Amazonas mais uma vez voltava para Manaus eliminado. Mesmo com a derrota, a seleção do Amazonas mostrou garra e valentia onde Sócrates, Rodolpho, Marcolino e Vidinho foram os destaques da equipe visitante em campo.

Para os amazonenses, o maior responsável por precoce eliminação foi a arbitragem. Segundo a imprensa da época, por quatro vezes o juiz anulou jogadas legítimas do Amazonas, alegando impedimento. Outra irregularidade foi o segundo gol do Pará,na qual Quarenta estava impedido, o que gerou protesto e briga em campo por parte dos visitantes. Esses erros acabaram esmorecendo e desanimando os atletas manauaras.

ANTES DO RETORNO, DOIS AMISTOSOS

Mas a opinião pública paraense reconheceu o talento e raça dos amazonenses afirmando que aquela tinha sido a melhor seleção que o Amazonas tinha enviado a Belém. Aproveitando o resto de sua estadia em Belém, a seleção do Amazonas realizou outros dois jogos amistosos contra as duas principais forças do futebol paraense:Paysandu e Remo.

 

EMPATES COM O PAYSANDU E REMO

O jogo contra o Paysandu foi realizado no dia 1° de novembro e terminou empatado em 1 a 1. Orlando marcou o único gol dos amazonenses. Já a partida contra o Remo foi realizado no campo do time azulino, no dia 3 de novembro. Novamente houve um empate de 2 a 2 sendo que Marcolino e Leonardo assinalaram para o Amazonas e Leôncio e Doca para o Remo.   Após, o último jogo, a Seleção do Amazonas embarcava de volta para Manaus, esperando a realização do próximo campeonato para assim sonhar com um feito inédito para o futebol Baré daquele período: a passagem de um selecionado local para a 2ª fase do maior torneio nacional da época e,conseqüentemente, jogar pela primeira vez com seleções do sul do país.

 

FONTE: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto

Futebol Amazonense: Manáos Athletic repete à dose e fatura do Bi Estadual em 1915

O campo do Bosque Municipal. O local foi o palco oficial do campeonato de 1915

O 1º Campeonato de Futebol do Amazonas, realizado em 1914, foi um grande sucesso de público e cobertura da imprensa. Após emocionante disputa, terminou com o título sendo conquistado pelo time inglês do Manáos Athletic,o que já era esperado por muitos.

Adentrando o ano de 1915, a Liga Amazonense de Football abre as inscrições para a segunda edição do certame Baré. Concluída as inscrições, ficou decidido que a Primeira Divisão contaria com os seguintes clubes: Nacional, Manáos Athletic, Vasco, Rio Negro, Manáos Sporting e Luso.

Já a Segunda Divisão teve os seguintes clubes confirmados: Satellite, Naval, Onze Português e as equipes reservas do Nacional, Luso, Rio Negro e Manáos Sporting.

Assim como aconteceu na edição anterior,as partidas da divisão principal seriam no Bosque Municipal e a Praça Floriano Peixoto seria o palco dos jogos da Segundona. A maioria dos jogadores dos times do campeonato de 1914 estariam novamente presentes nessa edição, junto com jogadores estreantes.

A fórmula de disputa seria a mesma do ano anterior com todos os times jogando entre si em turno e returno.Seria declarado campeão o clube que acumulasse o maior número de pontos.

Tudo definido, a Liga marcou o jogo de estréia para o dia 3 de janeiro de 1915. Em campo, as equipes do Manáos Athletic e do Rio Negro. O jogo foi disputado debaixo de uma forte chuva e terminou com uma goleada dos ingleses por 7 a 0, com gols marcados por Barton (quatro vezes) e Burnett (três).O Athletic estreava com o pé direito, mostrando que estava disposto a repetir o título.

Uma semana depois (dia 10 de janeiro) é a vez de o seu maior rival,o Nacional,também estrear com uma vitória de 1 a 0 sobre o Vasco.                     É chegada a hora dos dois rivais se enfrentarem, na segunda partida entre ambos no torneio. Buscando desesperadamente a vitória, Nacional e Athletic acabaram empatando em 2 a 2. Agora os dois rivais esta vam com o mesmo número de pontos, três cada um.

No dia 28 de Fevereiro é a vez de Nacional e Rio Negro se reencontrarem novamente. Assim como no campeonato anterior, os nacionalinos novamente goleavam os rio-negrinos,dessa vez por 7 a 0. O jogo teve a arbitragem do inglês Preece e os gols foram assinalados por  Bevilaqua e Antony, duas vezes cada um; Santos, Ivan e Cícero Costa, um cada.

Mas, para alegria dos ingleses, a diretoria nacionalina chegou a uma conclusão que acabou pegando muitos de surpresa. Devido a liga não ter excluído um árbitro do qual o clube não se agradava, os dirigentes do Nacional tomaram uma decisão radical: tiraram o seu time do torneio,abandonando a competição.

O maior beneficiado por essa atitude foi o Manáos Athletic. Sem a presença de seu principal competidor ao título, o caminho agora estaria mais livre e fácil para a conquista da taça de campeão. Aproveitando isso, o Manáos Sporting assume a colocação do Nacional e começa a se aproximar dos ingleses.

O campeonato ainda contaria com outra ausência. Na partida entre Manáos Sporting e Vasco da Gama, após iniciar o jogo,os vascaínos resolvem parar o toque de bola e abandonam o campo, causando assim a vitória do Sporting por W.O. Não se sabe o motivo de o time português ter tomado também essa decisão pois, a diretoria do Vasco comunicava à liga que tinha abandonado o campeonato.

 

DRAMA, SUOR E LÁGRIMAS

Outro fato negativo e inesperado foi o falecimento, no meio do certame, do jogador inglês Burnett, o que causou grande comoção entre seus companheiros do Manáos Athletic. Devido a esse lamentável ocorrido, o campeonato ficou paralisado por uma semana.                                                     A partida decisiva dos britânicos ocorreu no dia 20 de junho, contra o Luso. O Manáos Athletic precisava vencer o time português pois,se empatasse, o título seria do Sporting. Em um duelo emocionante,o Athletic superou o Luso, ganhando apertado por 2 a 1.

Dessa maneira os ingleses ficaram com 13 pontos, ultrapassando o Sporting e conquistando o bi-campeonato amazonense.Já o Manáos Sporting terminou o certame com 12 pontos,ficando com o vice lugar.  Mas restava um consolo para o time vermelho.Na Segunda Divisão o título era conquistado novamente pelo time reserva do Manáos Sporting, conquistando o bi-campeonato daquela categoria.

A grande festa de entrega das taças e medalhas, organizadas pela Liga Amazonense de Football, aconteceu no dia 31 de Outubro de 1915, no Bosque Municipal. O Dr.Lauro Cavalcante entregou as taças para os capitães do Manáos Athletic (campeão da 1° divisão) e Manáos Sporting (campeão da 2° divisão).

Para abrilhantar mais a festa, foi organizado um escrete (formado pelos jogadores do Athletic,Rio Negro e Luso) para enfrentar o Manáos Sporting. Os times foram os seguintes:

Escrete: Kay, Marques, Mário, Higson, Forbes, Baird, Raul, Pudico, Thomaz, Basílio e Jates.

Manáos Sporting: Pucu, Gesta, Loureiro, Araújo,Benévolo, Meninéa, Libório, Kardec, Sylla, Walter e Luiz.

 

Importante lembrar que o escrete não contou com jogadores do Nacional e Vasco, que haviam abandonado o torneio. Mesmo assim o combinado ganhou o jogo. Após a conquista do bi-campeonato de 1915, a diretoria do Manáos Athletic anunciava, em julho daquele ano, o seu desligamento da Liga e a extinção do seu time de futebol. Uma pena, pois a badalada equipe inglesa foi uma das principais responsáveis pela consolidação do futebol no estado do Amazonas, mas já havia plantado a semente,cumprindo sua árdua missão.

TODOS OS JOGOS DO ESTADUAL DE 1915

1- Manáos Athletic 7×0 Rio Negro(03 de janeiro)                                                                                                                2-Nacional 1×0 Vasco(10 de janeiro)                                                                                                                                3- Manáos Sporting 5×0 Luso(17 de janeiro)                                                                                                                      4- Nacional 2×2 Manáos Athletic(24 de janeiro)                                                                                                                5- Rio Negro 1×1 Manáos Sporting(31 de janeiro)                                                                                                              6- Vasco 2×0 Luso(7 de fevereiro)                                                                                                                                    7- Manáos Sporting 2×1 Manáos Athletic(24 de fevereiro)                                                                                                  8- Nacional 7×0 Rio Negro(28 de fevereiro)                                                                                                                        9- Manáos Athletic 1×0 Vasco(7 de março)                                                                                                                     10- Rio Negro 3×0 Luso(14 de março)                                                                                                                               11- Manáos Sporting 2×0 Nacional(21 de março)                                                                                                               12- Vasco 2×0 Rio Negro(4 de abril)                                                                                                                                 13- Manáos Sporting WxO Vasco(18 de abril)                                                                                                                   14- Manáos Athletic 5×2 Rio Negro(25 de abril)                                                                                                                 15- Manáos Athletic 2×0 Luso(25 de maio)                                                                                                                       16- Manáos Sporting 6×0 Luso(9 de maio)                                                                                                                       17- Manáos Sporting 1×1 Rio Negro(23 de maio)                                                                                                               18- Manáos Athletic 1×0 Manáos Sporting(6 de junho)                                                                                                       19- Rio Negro 0x0 Luso(13 de junho)                                                                                                                                 20- Manáos Athletic 2×1 Luso (20 de junho)

COLOCAÇÃO FINAL                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    1- Manáos Athletic- 13 pontos                                                                                                                                        2- Manáos Sporting- 12 pontos                                                                                                                                      3- Nacional- 5 pontos                                                                                                                                                    4- Rio Negro- 5 pontos                                                                                                                                                    5- Vasco da Gama- 4 pontos                                                                                                                                          6- Luso- 1 ponto

 

FONTE: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto

 

Futebol Amazonense – Cunningham: O hábil “Velhinho” inglês, na Década de 10

Os ingleses foram os maiores responsáveis em introduzir no Amazonas, no início do século XX, várias modalidades esportivas como o tênis, turfe, críquete, o beisebol e o futebol. De todos, o Futebol  foi o único que realmente ganhou a simpatia do manauara, popularizando-se.

Os britânicos que vinham para Manaus, trabalhavam nas diversas firmas inglesas que haviam na cidade. Em suas horas vagas, praticavam o futebol no bosque municipal e na praça Floriano Peixoto. E de tanto jogarem, acabaram fundando o seu clube: o Manáos Athletic.

O Athletic viu desfilar em suas fileiras vários craques como Huascar Purcell, Gordon, Brister, Burnett, Burns e Barton. Mas um em especial se destacava por seu enorme talento: J.Cunningham, um um jovem inglês que veio para Manaus trabalhar na empresa Manáos Harbour, que administrava o porto.

Sua função era de superintendente. A primeira notícia de um jogo de Cunningham com a camisa azul-marinho do Manáos Athletic vem do dia 13 de agosto de 1911, quando os ingleses enfrentaram, no Bosque, o time do Brasil.

Já o primeiro registro de gols de Cunningham foi no dia 15 de novembro de 1912 quando marcou duas vezes na goleada de 6 a 2 que o Athletic impôs ao Brasil. Extremamente talentoso e ágil em campo, Cunningham era o terror dos times manauaras.

Foi diversas vezes capitão de sua equipe e sempre era um perigo na área, onde os zagueiros nativos tinham muita dificuldade em marcá-lo. Cunningham tinha a pele bem branca e o cabelo loiro, motivo pelo qual era apelidado pelos amazonenses de”velhinho“.

Devido ás suas excelentes jogadas,era sempre aplaudido com entusiasmo pela torcida, seja no Bosque Municipal ou na praça Floriano Peixoto, maravilhada com seus gols. Na seqüência de jogos que o Manáos Athletic realizou, em 1913, contra o combinado amazonense, Cunningham foi o  responsável em organizar o seu time e um dos principais destaques.

Como exemplo os dois gols decisivos que marcou na vitória de 4 a 2 do Athletic sobre o Combinado Amazonense. A última notícia de uma partida de Cunningham pelo Athletic foi no dia 7 de dezembro de 1913 quando acabou derrotado pelo Combinado Amazonense pelo placar de 3 a 2.

O jovem inglês com certeza, voltava para a Inglaterra, pois no ano de 1914 seu nome desaparece das escalações do Manáos Athletic. Uma pena, pois o talentoso britânico com certeza marcaria muitos gols e seria um dos destaques no título de sua equipe no Campeonato Amazonense de 1914.

Aliás, que seria mais do que merecido para coroar sua habilidade com os pés e que faltou em sua galeria. Não se sabe o que aconteceu com Cunningham quando voltou á sua terra natal. Há algumas teses dele ter  defendido algum clube inglês, ou, talvez, tenha lutado na Primeira Guerra Mundial, destino que tiveram muitos jovens de sua pátria naquele período.

 

FONTE: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto

Futebol Amazonense – Marcolino: O Homem dos gols de bicicleta nos anos 20

O gol de “bicicleta” é considerado uma das jogadas mais bonitas, plasticamente falando do futebol. Geralmente quem marca um tento desse estilo é capaz de se consagrar e deixar seus torcedores radiantes nas arquibancadas. Mas afinal, onde, quando e quem realizou a interessante cambalhota pela primeira vez? A história registra que o inventor da bicicleta foi um jogador espanhol, naturalizado chileno, chamado Ramón Unzaga.

Ramón jogava no time chileno do Atlético de Talcahuano e fez um belo gol de bicicleta em uma partida de sua equipe no ano de 1914. No campeonato sul-americano de 1920, Ramón teria feito um outro gol idêntico na partida do Chile contra a Argentina. Por causa da nacionalidade do pioneiro jogador,a jogada foi batizada de “chilena“.

Mas os peruanos reivindicam a autoria de terem sido eles os primeiros a praticar a bicicleta pois afirmam que no final do século XIX,a jogada já era praticada no país,na qual era conhecida como”chalaca“.

E no Brasil? Para a história oficial o craque Leônidas da Silva foi o primeiro no Brasil e no mundo a realizar a famosa peripécia. Nascido em 1913, no Rio de Janeiro, Leônidas foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro sendo artilheiro da copa do mundo de 1938. O primeiro gol de bicicleta que Leônidas assinalou foi no ano de 1932, na partida em que o Bonsucesso,clube que defendia, goleou o carioca por 5 a 2. Depois, demonstraria o seu talento em outros grandes clubes como o Sâo Paulo e Flamengo.

Marcolino no Independência Football Club em 1928

Mas,o que com certeza muitos talvez não saibam (inclusive os próprios amazonenses) é que em Manaus, por volta dos anos de 1922 e 1923, um outro desconhecido jogador no sudeste e sul do Brasil, chamado Marcolino, já fazia gols de bicicleta bem antes de Leônidas. Marcolino Lopes da Silva nasceu em Manaus, no bairro de Aparecida,no dia 07 de outubro de 1904.

Ainda bem jovem, com 11 anos, estreava no time infantil do Nacional, em 1915. Somente em 1922 passava a fazer parte do time titular nacionalino. Pelo clube azul e branco foi campeão amazonense de 1922 e 1923. Em 1925 foi um dos fundadores de um novo clube:o Independência Football Club. O Independência surgiu no bairro de Aparecida, local onde Marcolino residia. Ele acabou sendo escolhido para ser capitão do time titular da nascente equipe.

Ainda nesse mesmo ano de 1925, Marcolino era convocado para fazer parte da seleção do Amazonas que viajou para Belém e perdeu para a seleção paraense por 3  2, em partida válida pelo campeonato brasileiro de futebol. No ano seguinte,1926,novamente Marcolino era convocado para o selecionado Baré que foi disputar a classificação outra vez em Belém.O Amazonas ganhou do Piauí por 3 a 2 e foi eliminado pelo Pará por 7 a 0.

Jogando pelo Independência, Marcolino viajou para o Maranhão em 1928, onde o time amazonense realizou uma série de jogos com clubes de São Luis. Era a 1ª vez que uma equipe de Manaus visitava o território maranhense.Ele também ainda defendeu a equipe do libertador. No ano de 1930, Marcolino passou a defender a recém-fundada equipe do Fast Clube onde ficou até  1938.

Mas, uma das principais jogadas executadas pelo talentoso ponteiro era o gol de bicicleta (que na época era conhecida em manaus como espanholita) e que deixava a platéia maravilhada em jogos disputados no parque amazonense pois,até então era uma prática desconhecida. Em depoimento dado para o saudoso historiador do futebol amazonense Carlos Zamith, e publicado no seu livro”Baú Velho“, Marcolino menciona um dos gols de bicicleta que marcou durante uma partida entre Nacional e União Sportiva.

Após receber um cruzamento de Orlando, Marcolino escorou a mão direita no chão,fez um rodopio e arrematou com violência,marcando um belo gol para os nacionalinos.  Marcolino faleceu aos 93 anos, no primeiro dia de fevereiro de 1998, no mesmo bairro onde nasceu.Foi o último jogador de sua geração a deixar esse mundo. A história registra Leônidas da silva como o responsável em popularizar a bicicleta pois, na década de 20, no distante Amazonas, um talentoso atleta, supostamente, já maravilhava a todos balançando as redes com aquela genial acrobacia.

 

FONTE E FOTO: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto – site Baú Velho

Futebol Amazonense: Os Primeiros jogos do Rio Negro entre 1913 a 1914

O time de futebol dos Aprendizes Marinheiros, em 1913, na escola que se situava no bairro de Constantinópolis. É nesse local que o Rio Negro realizou seu primeiro jogo.

O Atlético Rio Negro Clube é um dos mais tradicionais clubes de futebol do Amazonas.O Galo Carijó é o segundo clube de futebol que tem o maior número de títulos no estado. Tem no Nacional o seu mais ferrenho adversário no qual protagonizam o tradicional Clássico Rio-Nal, o maior do futebol amazonense e mais antigo da região norte.

O Rio Negro foi fundado no dia 13 de novembro de 1913 pela iniciativa do jovem estudante Schinda Uchoa, com apenas 16 anos, costumava participar de animadas partidas com amigos, na ilha de monte cristo. Foi aí que teve a idéia de fundar um novo clube dedicado ao jogo bretão.

O jovem Schinda Uchoa em 1913. É nesse ano que o abnegado estudante funda o Atlético Rio Negro Clube

Partindo de tão brilhante desejo, Schinda reuniu um grupo de amigos,na qual  todos se dirigiram para a residência de um deles, Manoel Affonso do Nascimento, mais conhecido entre eles como “Carranza“. A residência do mesmo localizava-se na Rua Henrique Martins, n° 149. E foi ali que nasceu a tradicional associação alvinegra.

Ficou decidido que o nome da agremiação seria Rio Negro. A escolha do nome foi decidida devido ao fato da casa de Carranza se situar de frente para as águas do majestoso Rio Negro, cujas janelas abertas davam uma bela visão para o rio. Edgard Lobão era eleito presidente, Schinda Uchoa como secretário e João Marinho como capitão do time titular. O próprio fundador decidiu que a equipe teria um uniforme todo na cor branca.

Consolidado o clube, a nova diretoria tratou de organizar o jogo de estreia do Rio Negro que foi confirmado contra o time dos aprendizes marinheiros.Cheios de entusiasmo,os jovens Rio-Negrinos se dirigiram para a escola dos aprendizes, no bairro de Constantinópolis (atual Educandos) e lá não tiveram dificuldades em golear o time dos marujos por 4 a 0, em jogo realizado no dia 23 de novembro de 1913.

Mas, a diretoria Rio-Negrina tratou de organizar um jogo com um time mais competitivo. O clube escolhido foi o Vasco da Gama. A partida foi realizada no dia 28 de dezembro de 1913, no Bosque Municipal. O primeiro jogo preliminar foi entre os times reservas do Rio Negro e do Naval.

O quadro reserva do Rio Negro para esse jogo foi: Vieira, Ércio, Ascendino, Mário, Affonso, Aquino, Schinda, Achiles e Azevedo.Esse time venceu o Naval com facilidade por 3 a 0.

Já o time principal entrou em campo, contra o Vasco, com a seguinte escalação: Francis, Cyrillo, Gonzaga, Lobão, Basílio, Breves, Craveiro, Marinho, Pudico, Anízio e Pinto. O jogo teve grande presença de público e contou com a participação da banda de música do batalhão militar. Antongini foi escolhido como árbitro.

No primeiro tempo o Vasco saiu na vantagem,ganhando por  2 a 0, gols marcados pelo inglês Barton. Já no segundo tempo era a vez de Carneiro, Thomaz e Barton ampliarem para o Vasco, enquanto Pudico marcava o gol de honra dos rio-negrinos, terminando o jogo com o placar: Vasco 5 a 1 Rio Negro.

Inconformados com a humilhante derrota, a diretoria do Galo Carijó pede uma revanche, da qual é atendida prontamente pelo time português. O novo confronto entre Rio Negro e Vasco foi marcado para o dia 18 de janeiro de 1914, no Bosque. Na preliminar, o time titular do Naval era goleado pelo time reserva do Rio Negro por 4 a 0.

No jogo dos times principais,o Vasco novamente ganhava do Rio Negro de goleada. Meyer (dois), Carneiro (dois) e Barton (um) anotaram para os portugueses. Já Compton (contra) e Cazuza descontaram para o Rio Negro. Placar final: Vasco 5 a 2.

Um dos principais motivos para o Vasco ganhar com tamanha facilidade dos rio-negrinos, foi a inclusão de atletas emprestados do Manáos Athletic, como Barton, Compton, Bille, Thomaz e Forbes. Com reforços dos excelentes jogadores ingleses, era de se esperar que o Vasco triunfasse sobre seu adversário com extrema facilidade.

Ainda no início de 1914, o Rio Negro realizou outros três amistosos visando preparar seu time para o campeonato daquele ano. No dia 11 de janeiro, no Bosque, na preliminar, o time reserva do Rio Negro ganhou do reserva do Manáos Sporting por 2 a 1.

Já no jogo principal, entre os times titulares,uma surpresa: o Rio Negro vencia o Sporting por 1 a 0. Esse resultado foi considerado uma grande “zebra” pela imprensa pois,o Manáos Sporting era uma das grandes forças daquele ano,com atletas calejados frente ao ainda inexperiente adversário.

No dia 25 de janeiro,um novo triunfo do Rio Negro. Visando avaliar o desempenho de seu time reserva (que jogaria o Campeonato Amazonense da 2ª Divisão) os Rio-Negrinos golearam o time reserva do Luso por 4 a 0, em jogo também disputado no Bosque.                     Com essas importantes vitórias dos times titular e reserva, esperava-se que o Rio Negro fizesse uma bela exibição nas duas divisões do Campeonato Amazonense de 1914, o que acabou não acontecendo.

Estas foram as primeiras partidas de futebol na história do Atlético Rio Negro Clube que, com o tempo, se tornaria uma das maiores forças do futebol do norte e do Amazonas e que hoje, infelizmente, encontra-se adormecido.

 

FONTE: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto 

Futebol Amazonense: Os Primórdios do Futebol em Manacapuru

Igreja de Nossa Senhora de Nazaré na Vila de Manacapuru, em 1914. Nesse ano surgem as primeiras notícias da prática do futebol na localidade.

Manacapuru é hoje uma das principais cidades do Amazonas.Tem atualmente uma população de 95 mil habitantes e é conhecida como terra das cirandas, devido ao festival de cirandas que é realizado todos os anos tendo se tornado a maior manifestação cultural do município. O local também é conhecida carinhosamente como “Princesinha do Solimões” por estar situada ás margens do Rio Solimões. O local foi elevado a categoria de município em 1894. Manacapuru foi o terceiro local do Amazonas em que o futebol foi introduzido (Manaus e Itacoatiara,como se sabe,foram os primeiros).

É no ano de 1914 que surge na  então Vila de Manacapuru o 1º clube de futebol da localidade: o Riachuelo Football Club. O Riachuelo foi fundado, em julho de 1914, por um grupo de jovens estudantes que conseguiram adquirir um vasto campo para os treinos e jogos da pioneira equipe.

Em 1917 se tem notícia da eleição da nova diretoria do Riachuelo no qual Carlos Pereira era empossado como presidente, Emídio Ribeiro como secretário e Joaquim Rosas como capitão. A posse dos novos dirigentes foi acompanhada de uma grande festa dançante na sede do clube.

Em 1916 que se tem notícia da existência de um outro clube na vila: Tiradentes Football Club. O Tiradentes realizou, em julho daquele ano, um jogo festivo entre seu time titular e reserva, na festa de inauguração da escola Carlos Pinho. Os titulares venceram pelo placar de 6 a 3.

Os times do Riachuelo e Tiradentes se tornaram grandes rivais, dando origem a uma das primeira rivalidades do município. Cinco anos depois, uma nova dupla que rivalizou por um bom tempo: União Sportiva Manacapuruense e São Sebastião.

É no ano de 1921 que aconteceu uma das principais rivalidades futebolísticas da pacata Vila de Manacapuru e que parava a localidade interiorana. A primeira notícia de um jogo entre essas duas equipes aconteceu em 3 de julho de 1921, com vitória do União por 3 a 0, com gols de Barroso, Albérico e Abel.

no dia 15 de novembro, um novo jogo, que terminou empatado em 2 a 2. O São Sebastião atuou com a seguinte formação: Pretinho; Paulino e Zoroastro; Barroso, Tataira e Ovídio; Coelho, Demócrito, Albérico, Bento e Tulico. Ambos  os jogos tiveram grande presença de público.

 

SURGIMENTO DE CLUBES NA ZONA RURAL

Na sede do município, o futebol já estava consolidado pois, já haviam surgido alguns clubes que faziam a alegria da população da Vila. Mas, rapidamente o futebol  conquistou a simpatia dos moradores da zona rural de Manacapuru. Na comunidade de Caapiranga (que na época pertencia a Manacapuru) surgia, em outubro de 1927, o Caapiranga Sporting Club, foi Fundado por Bento Ferreira Aranha e Júlio Cavalcante.

Em Abril de 1928, na localidade de Ajaratuba, surgiu o Ajaratuba Sport Club, fundado por Possidônio Teixeira, Serafim Domingues e Eugídio Ribeiro. Ainda na década de 20, um outro grupo de jovens  amantes do futebol fundavam, na sede do município (vila de Manacapuru), o Ypiranga Football Club.

 

PRIMEIRA VISITA DE UM CLUBE DE MANAUS EM MANACAPURU

É somente no ano de 1929 que, finalmente, uma equipe de Manaus joga em Manacapuru pela primeira vez. A equipe manauense era um combinado formado por jogadores do Libertador e do Independência que chegaram á vila a bordo da lancha Hércules.O time visitante tinha sido convidado para realizar um jogo contra o time local do Ypiranga Football Club, em decorrência dos festejos que estavam sendo realizados em comemoração a data da elevação de Manacapuru a categoria de vi la para município. O jogo realizou-se no dia 16 de junho de 1929, no campo do Riachuelo (que recebeu grande público). No final, vitória do combinado Manauense por 4 a 3.

PRIMEIRA VISITA DE UM CLUBE DE MANACAPURU  A MANAUS  

A primeira vinda de um clube de Manacapuru a Manaus aconteceu em  Setembro de 1929, quando o Athletico Rio Branco, que realizou duas partidas na capital: no primeiro jogo acabou derrotado por 3 a 1 para o Amazonense Football Club. Na segunda peleja, vitória diante do Luso pelo placar de 3 a 1.

 

O FUTEBOL MANACAPURUENSE NA ATUALIDADE

Atualmente Manacapuru conta com dois clubes de futebol profissional no Campeonato Amazonense da 1ª Divisão: o Princesa do Solimões Esporte Clube (fundado em 1971) e o Operário (fundado em 1982 no bairro da Terra Preta).

Além deles, há outro clubes de futebol amador. O principal Estádio é o Gilberto Mestrinho, o ‘Gilbertão’, com capacidade para 10 mil pessoas. O Princesa foi o único clube que até o momento conquistou um título para o município: campeão amazonense de 2013.

 

FONTE: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto