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Mavilis Futebol Clube – Rio de Janeiro (RJ): Duas edições no Estadual de 1933 e 34

Escudo raro de 1930

Por Sérgio Mello

O Mavilis Football Club foi uma agremiação do bairro do Caju, situado na zona norte (vizinho a zona portuária), da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A história começou com o surgimento da Fábrica de Tecidos Pau Grande, em 1878, no bairro de Pau Grande (terra de Mané Garrincha), no distrito de Vila Inhomirim, em Magé (na região Metropolitana), do estado do Rio de Janeiro.

Em 1885, passou a se chamar Companhia de Fiação e Tecidos Pau Grande (CFTPG). Um de seus diretores era o gaúcho Manuel Vicente Lisboa, comerciante e atacadista de tecidos, considerado pelos demais sócios o responsável pela reorganização da empresa. De 1889 a 1896, foi o presidente.

Em 1891 a CFTPG adquiriu da Companhia Manufatureira Cruzeiro do Sul a Fábrica Cruzeiro, que estava em construção na área de uma chácara existente na Rua Barão de Mesquita, nº 82, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Em 1892, a CFTPG passou a se chamar Companhia América Fabril.

Em 1903, a empresa cresceu ainda mais, ao comprar a Fábrica Bonfim, que havia pertencido à Companhia União Industrial São Sebastião, e que se localizava na Rua General Gurjão, nº 25, no bairro do Caju – próximo à estação inicial da Estrada de Ferro Rio d’Ouro.

Em 1910, construiu uma nova unidade fabril ao lado da Fábrica Bonfim, no nº 81 da mesma rua. Em homenagem ao Manuel Vicente Lisboa, essa fábrica acabou sendo batizada de “Mavilis”, sigla formada pelas primeiras sílabas de seu nome.

Para controlar o lazer de seus funcionários, a empresa criou, em 1919, a Associação dos Operários da América Fabril. Mas além dela, as unidades fabris também tinham seus times próprios.

Por exemplo, a Fábrica Pau Grande sustentava o S.C. Pau Grande, em que, a partir de 1947, jogou um garoto de 14 anos chamado Manuel dos Santos, mais conhecido por “Garrincha”.

A Fábrica Cruzeiro apoiava o Andarahy Athletico Club, que jogava num terreno vizinho, situado na rua Barão de São Francisco, nº 236, que depois pertenceu ao America F.C., que nada tinha a ver com o América Fabril.

Nessa leva, surgiu a ideia de se criar um time, inspirado no antigo Mavilis Brasileiro F.C., que foi fundado por moradores do Bairro de São Cristóvão, principalmente os operários da Fábrica Mavilis e Bonfim (um dos tentáculos da Cia. América Fabril).

Time posado do Mavilis, em 1930

Fundação do Mavilis F.C.

Assim, foi Fundado na terça-feira, do dia 23 de setembro de 1913, por Manuel Vicente Lisboa, que definiu o nome utilizando as primeiras silabas do nome e sobrenomes: MAnuel VIcente LISboa = MAVILIS. O sócio nº 1, foi Joel de Sousa Martins (ex-jogador do Fluminense).

Foram os seus pioneiros: Silva, Constantino, Isnard Pires, Evaristo Teixeira e muitos outros que não mediram sacrifícios e deram o passo inicial para fundar uma nova agremiação. Pelo apoio que receberam da Fábrica Mavilis.

Primeira Diretoria

A 1ª Diretoria foi liderado pelo Presidente Manuel Vicente Lisboa, que tinha os seguintes diretores: Evaristo Teixeira Ferreira; Guilherme Paraense Filho; Manuel Silva, Adelino da Fontes, Antônio Corrêa Torres, Antônio da Silva Guimarães, Constantino Teixeira e Pedro Chagas.

Dentre os nomes acima, uma curiosidade: Guilherme Paraense Filho era filho do tenente do Exército e atleta de Tiro Esportivo do Fluminense, Guilherme Paraense, que foi o 1º brasileiro a conquistar medalha de ouro, na Olimpíada de Antuérpia (Bélgica), na terça-feira, do dia 3 de agosto de 1920.

Bandeira do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

As cores e o responsável pela aquisição do campo

As cores escolhidas foi o vermelho e azul, inspirado na bandeira inglesa, que na época dominavam as indústrias nesta cidade. A sua Sede e a Praça de Esportes (Praia do Retiro Saudoso) ficavam localizados na Rua Carlos Seidl, nº 993, no simpático bairro do Caju, na zona norte do Rio.

A construção de seu campo teve no desportista Afonso Bebiano um abnegado ao extremo, pois foi quem doou ao clube uma vasta área, na ocasião pantanosa, mas que graças aos verdadeiros mavilenses, conseguiram aterrá-la e construir ali sua praça de esportes.

Uma das primeiras preocupações de seus dirigentes, foi estipular a mensalidade de um tostão antigo, importância essa que em 1913, os seus fundadores encontravam dificuldade para saldar.

Outras modalidades

Além do futebol, o Mavilis foi um dos pioneiros no Futebol de Salão (Futsal) na Guanabara, contando com uma equipe de voleibol. Na década de 60, tinha a ‘queda de braço’, onde clube foi bicampeão com o seu atleta Raimundo Teixeira, na categoria de peso mosca; assim como uma equipe da Pesca Desportiva, criada sob a direção do sr. José Secundo, e filiada à Federação de Pesca.

Fase áurea na década de 30

Em que pese ter permanecido como um clube amadorista a ‘era de ouro’ do Mavilis FC, foi ainda no período amadorista do futebol brasileiro, isso até o ano de 1932. Em 1929, com os seus Primeiros e Segundos Quadros, o Mavilis Football Club, sagrou-se campeão da Liga Suburbana.

Em 1932, quando o Botafogo levantou o último título do amadorismo, o Mavilis realizou excelente campanha, chegando ao vice-campeonato, na antiga AMEA. Mais tarde passou a ser filiado da Liga Suburbana de Desportos e finalmente ajudou a fundar o Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol (FCF).

Duas participações na Elite do Futebol Carioca

O Rubro-anil do Caju disputou duas edições do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, em 1933 e 1934. O maior momento feito do Mavilis aconteceu em 1934, quando terminou na 2ª colocação do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, organizado pela AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).

Como o Mavilis ingressou no Carioca da 1ª Divisão? Na quinta-feira, do dia 9 de Março de 1933, a AMEA se encontrava em “maus lenções”, com a debandada do Fluminense, Vasco, Flamengo, America, Bangu e Bonsucesso. Diante dessa crise, a entidade convidou o Mavilis, Confiança, River, Olaria e Carioca para recompor o certame.

Mavilis é eliminado pelo Botafogo no Torneio Início de 1933

O Torneio Início do Carioca da AMEA de 1933, foi realizado no domingo, às 11h25min., do dia 16 de abril, no Estádio General Severiano, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio. O Mavilis estreou com vitória diante do Sport Club Brasil (Urca), pelo placar de 1 a 0. O time formou: China; Genaro e Bagueth; Nenê, Silvério e Procópio; Alvinho, Pisca, Aragão, Hélio e Honorino

O árbitro foi Vicente Neiva Filho. Porém, na segunda fase, o Rubro-Anil do Caju caiu para o Botafogo, que venceu por 3 a 0. O clube da Estrela Solitária chegou na final, mas acabou derrotado pelo São Christóvão Athletico Club por 3 a 0. O time Cadete ficou com o título, enquanto o Botafogo ficou com o vice.

Mavilis fica na 7ª posição no Carioca de 1933

Na tarde chuvosa de domingo, do dia 21 de maio de 1933, o Mavilis debutou na Elite do Futebol Carioca, diante do Engenho de Dentro, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju, na zona norte do Rio.

Um bom público compareceu para prestigiar o Rubro-Anil do Caju, que apesar da boa atuação, ficou no empate em 2 a 2. Na primeira etapa, o Mavilis abriu o 0000ppppplacar por intermédio do atacante Honorino.

Na etapa complementar, Mario soltou um foguete para deixar tudo igual. Aos 40 minutos, novamente, Mario fez o 2º tento, colocando o Engenho de Dentro em vantagem. Logo depois, após um escanteio, Pisca I testou de forma fulminante deixando placar em ippgualdade. O árbitro foi o sr. Pedro Gomes de Carvalho. Nos Segundos Quadros, o Mavilis goleou o oponente por 4 a 0.

O Mavilis: Medonho; Nenê e Bagueth; Camisa, Silvério e Pequenino; Araujo, Harven (Pisca I), Aragão, Honorino e Camarinha.

Engenho de Dentro: Walter; China e Virada; Quino, Adelino e Rubens; 23, Mario, Manolo, Antônio e Aduane.

Em junho de 1933, o Mavilis acabou perdendo um dos destaques, o atacante Honorino, que se transferiu para o Bonsucesso Futebol Clube.

Somente na sexta rodada, o Mavilis obteve a sua 1ª vitória no Carioca de 1933. No domingo, do dia 09 de julho, o Rubro-Anil do Caju foi até a Rua João Pinheiro, no bairro da Piedade, vencendo de forma convincente o brioso River Football Club pelo placar de 3 a 0.

Os gols foram assinalados por Camarinha, no final do 1º tempo.  Anníbal no início da segunda etapa e, novamente, Camarinha, deu números finais ao jogo. Carlos de Carvalho, o “Americano” (Andarahy AC), foi o árbitro da peleja.

River: Nicanor; Pery e Luiz II; Orestino, Gradim e Bolão; China, Manoelzinho, Alemão (Bebeto) e Mies.

Mavilis: Medonho; Bagueth e Genaro; Pequenino, Camisa e Annibal; Alô, Aragão, Goulart, Galhoti e Camarinha.

Campanha do Mavilis em 1933

21 de maioMavilis FC2X2Engenho de Dentro AC
28 de maioOlaria AC2X2Mavilis FC
11 de junhoMavilis FC3X3SC Cocotá
18 de junhoMavilis FC1X4Botafogo FC
25 de junhoSC Brasil1X1Mavilis FC
09 de julhoRiver FC0X3Mavilis FC
23 de julhoMavilis FC3X3Andarahy AC
30 de julhoAA Portuguesa3X3Mavilis FC
27 de agostoMavilis FC2X2Confiança AC
03 de setembroEngenho de Dentro AC3X1Mavilis FC
10 de setembroMavilis FC2X4Olaria AC
1º de outubroBotafogo FC3X0Mavilis FC
29 de outubroMavilis FC4X1River FC
05 de novembroAndarahy AC2X2Mavilis FC
12 de novembroMavilis FC3X2AA Portuguesa
19 de novembroConfiança AC4X2Mavilis FC
26 de novembroMavilis FC2X1SC Brasil
03 de dezembroSC CocotáWOXMavilis FC *

* Um dia antes da partida, o Mavilis entregou os pontos ao Cocotá, enviando Ofício a AMEA, comunicando que não iria comparecer na Ilha do Governador.  

No final, o Mavilis fechou o Campeonato Carioca da 1ª Divisão de 1933, na 7ª posição (num total de 10 clubes): foram 16 pontos em 18 jogos; com quatro vitórias; oito empates e seis derrotas; marcando 36 gols, sofrendo 40 e um saldo negativo de quatro.

O time-base de 1933, do Mavilis: Medonho (Agostinho, Ismael ou China); Nenê (Genaro ou Mello) e Bagueth (Oswaldo ou Genesio); Annibal (Pequenino), Silvério e Camisa; Alô (Ernani ou Araujo), Hermes (Harven ou Tita), Aragão (Mario ou Pisca I), Honorino (Freire ou Goulart) e Camarinha (Galhoti).

Mavilis vice-campeão do Torneio Início de 1934

Um pequeno público compareceu no estádio do Andarahy, na Rua Barão de São Francisco, no bairro do Andaraí, na zona norte do Rio, a fim de assistir o Torneio Início entre os clubes da 1ª Divisão da AMEA, tanto que a renda não chegou a alcançar oitocentos mil réis!

O Mavilis estreou vencendo, no 2º jogo, o River pelo placar de 2 a 1. Arbitragem ficou a cargo do sr. Alfredo da Silva Mesquita. O Mavilis jogou assim: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

O River: Alipio; Francisco e Mello; Rocha, Malaquias e Antonio; Canedo, Oliveira, Couto, Dutra e Luiz.

Na segunda fase, com arbitragem do sr. Carlos de Carvalho, o Mavilis bateu o Confiança, por 2 a 0. O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Confiança: Couto, Altair e Josué; Elias, Waldemar e Syrio; Euclydes, Rosas, Freitas, Salvador e Martiniano.

Na semifinal, o Mavilis e Olaria empataram sem gols, porém no 1º critério de desempate, o Rubro-Anil do Caju avançou por 2 escanteios a zero. O árbitro foi Alfredo da Silva Mesquita.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Olaria: João; Alfredo e Armindo; Germano, Augusto e Joaquim (Viveiros); Horácio, Rubem Gago, Vieira; Corrêa e Pierre.

Na grande final, com arbitragem de Sebastião de Campos Cesário, Botafogo e Mavilis empataram sem gols, no tempo normal. Na prorrogação, o clube da Estrela Solitária venceu por 1 a 0. O herói foi o atacante Pirica, autor do gol do título. Com isso, o Mavilis ficou com o vice do Torneio Início de 1934.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Botafogo: Germano; Orlando e Vicente; Affonso, Waldyr e John; Eloy, Beijinho, Carvalho Leite, Jayme e Pirica.

Vice-campeão Carioca de 1934

Na estreia do Carioca de 1934 – no domingo, do dia 15 de abril – O Mavilis venceu o Engenho de Dentro por 2 a 1, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju.

Os gols foram assinalados por Ary e Aragão para o Mavilis; enquanto Mário fez o tento de honra do Engenho de Dentro. Sebastião de Campos Cesário foi árbitro da partida. O time do Caju formou assim: Ninho; Alfredo e Genaro; Parreira, Silvério e Alô II; Antoninho, Juca, Aragão, Pisca II e Ary e Alô II (Cap.).

No returno, o Mavilis venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 a 0 (Gols de Honório e Chavão, ambos na etapa final), em casa, no domingo, do dia 22 de julho de 1934. No final foram 13 pontos em 11 jogos; com seis vitórias, um empate e cinco derrotas; marcando 29 gols, sofrendo 26 e um saldo positivo de três tentos, terminando na 2ª colocação.


Campanha do Mavilis em 1934

15 de abrilMavilis FC2X1Engenho de Dentro AC
22 de abrilBotafogo FC4X2Mavilis FC
29 de abrilMavilis FC4X2Olaria AC
13 de maioSC Cocotá4X3Mavilis FC
20 de maioMavilis FC3X3Andarahy AC
03 de junhoAA Portuguesa1X3Mavilis FC
10 de junho *Mavilis FCWOXRiver FC
24 de junhoSC BrasilXWOMavilis FC
1º de JulhoConfiança ACXWOMavilis FC
15 de JulhoEngenho de Dentro ACXWOMavilis FC
22 de julhoMavilis FC2X0Botafogo FC
29 de julho **Olaria AC3X0Mavilis FC
5 de agostoMavilis FCWOXSC Cocotá
12 de agostoMavilis FC7X3AA Portuguesa
9 de setembroRiver FCXWOMavilis FC
23 de setembroMavilis FCWOXSC Brasil
30 de setembroMavilis FCWOXConfiança AC
13/01/1935Andarahy AC5X3Mavilis FC

* Em razão da recusa da AMEA, em não inscrever o atleta Alfredo da Silva, do River FC, por não conter a assinatura do presidente do clube e haver este atestado o boletim em data anterior a do requerimento feito pelo jogador. O River FC, em represália, não compareceu ao jogo do dia 10 de junho contra o Mavilis FC, perdendo por WO.

** A partida foi interrompida e concluída em 28 de outubro de 1934.

Os demais WO não foram computados, pois os clubes abandoram a competição.

Mavilis é colocado na 2ª Divisão da FMD e desiste de participar do Carioca de 1935

Arquibancadas do tradicional Mavilis, que com apoio dos moradores e comércio da localidade poderá desaparecer, dando lugar a outra, confortável e digna de clube.

Com a criação da nova entidade carioca (Federação Metropolitana de Desportos, no dia 11 de dezembro de 1934), ficou definido em reunião, na sexta-feira, do dia 08 de março de 1935, os seguintes integrantes da Primeira Divisão: Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Carioca, Andarahy, Olaria, Brasil e Madureira.

A decisão de colocar o clube para a Segunda Divisão, da FMD, não agradou a diretoria do Mavilis. Após Assembleia, na terça-feira, do dia 07 de maio de 1935, ficou decidido que o clube não iria participar do campeonato da FMD. E assim, o Mavilis nunca mais voltou a disputar a Elite do Futebol Carioca.

Campeão na Federação Suburbana de 1938

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O Mavilis ajudou a fundar a Federação Athletica Suburbana (FAS), onde se sagrou campeão da Zona Sul, no domingo, do dia 5 de julho de 1938, ao bater o Sport Club Rodrigues pelo placar de 4 a 2, no estádio da Avenida Francisco Bicalho, que margeia os bairros do Santo Cristo e de São Cristóvão, situados na Zona Central do Rio.

Os gols foram assinalados pelo meia esquerda Hugo e João, com dois tentos cada para o Mavilis; enquanto Alyrio e Gato fizeram os gols do SC Rodrigues. O árbitro foi o sr. Abilio dos Santos. Na preliminar, os Segundo Quadros, do Mavilis goleou o SC Rodrigues pelo placar de 7 a 2.

Mavilis: Waldemar; Deport e Oswaldo; Alô, Leleco e Tavares; João, Carlos, Walter, Hugo e Moinho.

SC Rodrigues: Phantasma; Alberto e Carijó; Nunes, Herculano e Carestia; Lindo, Bahia, Gato, Marinho e Alyrio.

Conforme pretensões da diretoria mavilense, no lugar desta velha sede esportiva, deverá surgir um belo ginásio.

Mavilis foi um dos fundadores do DA

Na quinta-feira, do dia 07 de julho de 1949, o Mavilis foi um dos fundadores do Departamento Autônomo (DA). O seu melhor resultado aconteceu em 1969, quando terminou com o vice-campeonato, ao perder na decisão para o Atlético Clube Nacional.

Mavilis enfrentou o Flamengo

Na tarde de domingo, do dia 04 de janeiro de 1942, os profissionais do Flamengo enfrentaram, em amistoso, o Mavilis (que tinha ingressado recentemente na Federação Metropolitana, para disputar a Segunda Divisão), no Caju.

Venceu o Rubro-Negro

A luta, como não podia deixar de ser, atraiu ao seu local um público numeroso, que não regateou aplausos ante o espetáculo movimentado que caracterizou o match durante todo o seu transcurso.

A arbitragem do match, esteve a cargo do sr. Pereira da Silva, cujo desempenho satisfez plenamente. Na preliminar, o Tira Teima F. C. venceu o Sapucaia, pela contagem de 3 a 1.

Embora o Flamengo fosse apontado como franco favorito, todavia o seu triunfo não foi fácil. Lutaram os rubro-negros frente a um conjunto que, além de soberanamente organizado, possui ainda um entusiasmo que em certos momentos superou a técnica a superioridade da equipe do campeão de terra e mar.

Assim, o Flamengo teve que agir com bastante cautela, para vencer após uma batalha renhida pela contagem de 5 a 3. Os gols foram marcados pelos rubro-negros por Waldyr (três tentos), Nandinho e Lupércio, um gol cada. Pelo Mavilis, o atacante Vareta, duas vezes, e Djalma, de pênalti, fizeram os gols.

Quadros

Flamengo: Hélio; Barradas e Assumpção; Biguá, Hélio e Médio; Lupércio, Nandinho, Waldyr, Vevé e Jarbas.

Mavilis: Jagunço; Tavares e Waldyr; Aguiar, Tarzan e Flavio; Leléco, Otto, Osmar, 64 (Djalma) e Vareta.

Utilidade Pública

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O clube foi declarado de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº 936, na terça-feira, do dia 15 de setembro de 1959.

Números de sócios em 1967

Em 1967, o uniforme era camisa branca listras azuis e vermelhas, horizontais e calções azuis. Além do Futebol, o clube ainda contava com Futebol de Salão (Futsal), Voleibol, Tênis de Mesa, Torneios de Pesca e Queda de Braço. Nesse ano (1967), o clube contava com o seguinte número de associados: 326 contribuintes; 578 remidos; 22 beneméritos e 13 atletas.

Anos 60: tempos de ‘vacas magras

Embora o futebol fosse a sua principal atividade esportiva, várias vezes o clube viu-se obrigado a ficar afastado do campeonato amador promovido pelo DA, por dificuldades financeiras.

Em 1966, por faltar-lhes condições ficou ausente do campeonato, com a finalidade de poder brilhar em 1967, contudo houve a falta de sorte do Mavilis, que foi atingido pelas enchentes do princípio do ano e os muros que circundam o seu estádio ruíram e na reconstrução dos mesmos.

O dinheiro reservado para custear sua participação no DA foi usado nas obras. Com isso, o Mavilis não disputou o certame do Departamento Autônomo (DA) de 1967.

Diretoria de 1967:

Presidente – Jaime de Melo Borges;

Vice-presidente – Luís de Oliveira;

1º Secretário – Antônio Teixeira Filho;

2º Secretário – Irio Ferreira dos Santos;

1º Tesoureiro – Sátiro da Conceição;

2º Tesoureiro – Paulo dos Santos Sportistch;

Diretor do Departamento de Veteranos – Pedro Fonseca.

Vitrine de troféus do Mavilis, dentre eles um busto de Getúlio Vargas. 

Títulos conquistados em 1913 a 1969:

Campeão do 1º e 2º Quadros da Liga Brasileira de Desportos (1923);

Campeão da Liga Suburbana (1929);

Campeão Carioca dos Segundos Quadros da Segunda Divisão (1931);

Vice-campeão da ANEA, sendo que o Botafogo foi o campeão (1932);

Vice-campeão do Torneio Início do Campeonato Carioca (1934);

Campeão da Zona Sul da Federação Atlética Suburbana (1938);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1951);

Campeão da Série Urbana, na categoria de Aspirantes (1951);

Supercampeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1957);

Campeão de Aspirantes da Série Alfredo Tranjan (1957);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1958);

Campeão da Disciplina (1960);

Vice-campeão do Torneio Major Aulio Nazareno, na categoria Infanto-juvenil (1961);

Campeão do Torneio Início Infanto-juvenil (1962);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Durval Figueiredo (1963);

Campeão da Série Durval Figueredo de amadores (1963);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Almir Santos (1964);

Bicampeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria Mosca médios (1963-64);

Vice-campeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria nos Médios (1963-64).

Campeão da Série Comitê Olímpico Brasileiro, do Departamento Autônomo (1969);

Vice-campeão do Departamento Autônomo, categoria adultos (1969);

Alguns jogadores revelados:

Pascoal, Espanhol e Vicente (o Pé de Ouro), no amadorismo (Vasco da Gama e depois, São Cristóvão); Djalma (Flamengo); Gualter (Bangu, Fluminense e São Cristóvão); Joel (Fluminense); Santo Cristo (São Cristóvão, Vasco da Gama e outros); Constantino (Sedan, da França); Sérgio (Vasco da Gama); Jurandir (Athletico Paranaense); Tião (Coritiba);. o ponta-direita Tonho (Bangu, em 1967); O ponta esquerda Antônio Carlos (Botafogo, em 1989), centroavante Nando (Flamengo, em 1989).

O alambrado do campo do Mavilis, no Caju. O clube está trabalhando para construir o novo muro, pois o antigo foi derrubado pelos temporais no início de 1967.

Fim da linha do Mavilis

Na década de 70, o clube participou com as equipes de base. Além disso, o campo era utilizado pela escolinha de futebol e o juvenil do Fluminense treinavam ali. Em 1980, começou a derrocada, após a Cia. América Fabril ter entrado na justiça com pedido de reintegração da posse, pelo que fez um depósito de Cr$ 42 milhões como indenização pelas benfeitorias da sede do Mavilis Futebol Clube. Vale lembrar que os terrenos da Rua Carlos Seidl, no Caju foram cedidos pela União e Indústria América Fabril, em 1913.

A Associação de Moradores do Caju e a diretoria do Mavilis, alegavam que parte dos terrenos pertencia a Marinha e ao Arsenal de Guerra, e, além disso, a fábrica, falida em 1975, não poderia dispor da quantia depositada, a menos que houvesse algum grupo interessado na utilização da área.

O espaço físico possuía 10 mil m² divididos em um campo de futebol, duas quadras de futebol Society, bar, vestiários e um galpão para festas e prática de esportes.

A relação entre o clube e os moradores da região era estreita, uma vez que o Mavilis cumpria uma função social, cedendo espaço para o lazer dos moradores mais humildes e acolhendo os desabrigados.

Na época, a presidente da Associação de Moradores do Caju, Shirley Salim, revelou que o Mavilis foi a salvação” quando 30 barracos da comunidade do Buraco da Lacraia foram destruídos por um incêndio em outubro de 1982: “Os moradores foram instalados justamente aqui. E agora estou pedindo espaço para quatro famílias que não têm onde ficar“.

As cinco favelas do bairro, segundo o diretor social Edgar Antônio da Silva, eram as mais beneficiadas, pois ali elas promoviam festas e partidas de futebol sem que nada lhes seja cobrado.

O Mavilis contava com 384 sócios que, desde 1976, não pagavam a taxa de manutenção mensal de Cr$ 50,00. O barzinho estava arrendado e os Cr$ 100 mil que a diretoria do clube receberia não seriam suficientes para o pagamento de Cr$ 140 mil pelo fornecimento de energia ou de Cr$ 20 mil semanais pelo trabalho do zelador.

Infelizmente, após uma longa batalha judicial com a Cia. América Fabril, então em liquidação judicial, o Mavilis Futebol Clube acabou perdendo. Mesmo com o clamor dos moradores do Caju, o Rubro-Anil do Caju acabou sendo despejado, a sede destruída, colocando um ponto final em mais de 70 anos de história!  

Imagem visto de cima de como está atualmente a antiga sede e o campo do Mavilis (linha vermelha)

ARTE: desenho dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

FOTOS:  Estadio – Supplemento Semanal Sportivo de O Cruzeiro (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – Google Maps Street View – Acervo de Sérgio Mello

FONTES: A Luta Democrática (RJ) – Jornal do Brasil (RJ) – Jornal do Commercio (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – O Globo (RJ) – Nilo Dias – O Jornal (RJ) – Última Hora (RJ)

GREFFEM – Grêmio Recreativo e Esportivo dos Funcionários da FEM (Fábrica de Estruturas Metálicas) S/A – Volta Redonda (RJ)

Por Sérgio Mello

GREFFEM – Grêmio Recreativo e Esportivo dos Funcionários da FEM (Fábrica de Estruturas Metálicas) S/A, é uma agremiação esportiva e recreativa vinculada à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) da cidade de Volta Redonda (RJ). 

Localizado na Região Sul Fluminense, a Cidade do Aço fica a 127 km da capital do estado do Rio de Janeiro, contando com uma população de 261.584 habitantes, segundo o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022.

Fundado na quinta-feira, do dia 26 de Junho de 1986, a fábrica (FEM) é uma unidade da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), com intuito de promover atividades sociais, culturais e esportivas para seus associados, que são funcionários da FEM/CSN

A sua Sede (edifício Guilherme Guinle, no Clube dos Funcionários da CSN) fica situada na Rua Gal. Osvaldo Pinto da Veiga, 231/ 8º andar, no bairro Vila Santa Cecília, em Volta Redonda (RJ).

O GREFFEM tem uma história ligada ao esporte na região, tendo participado de competições de futebol em divisões inferiores do Campeonato Carioca, na década de 90

Em 1993, o clube participou da IV Copa Vale do Paraíba de Futebol Amador, promovida pela Liga Desportiva de Volta Redonda (LDVR). Participaram da competição:

AE Retiro – América – Campo Alegre – ASFUSVE – Fluminense de Vassouras – Humaitá – Juventude – Nacional de Barra Mansa – Nacional de Itatiaia – Nova Geração – Parreiras – Porto Futebol Clube – Opala Sport – Verona –Unidos – XV de Novembro.  

Clubes de funcionários de grandes empresas, como o “Clube dos Funcionários da CSN(que parece ser a entidade principal que gerencia as atividades sociais e esportivas dos funcionários da CSN em geral, incluindo os da FEM), são comuns em Volta Redonda e oferecem uma ampla gama de atividades, como:

Diversas modalidades esportivas (futsal, vôlei, basquete, ginástica artística, etc.); Eventos sociais e culturais; Infraestrutura de lazer (piscinas, quadras, etc.)

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FONTES: Anotações pessoais – Jornal dos Sports (RJ)  

Foto colorizada: Seleção Carioca, vice-campeã do Campeonato Brasileiro de Seleções estaduais de 1954

Seleção Carioca de 1954
EM PÉ (esquerda para a direita): Mirim (Vasco da Gama), Ari (Flamengo), Pinheiro (Fluminense) Ivan (America), Osvaldinho (America) e Nilton Santos (Botafogo);
AGACHADOS (esquerda para a direita): Mané Garrincha (Botafogo), Ademir Menezes (Vasco da Gama), Leônidas da Selva (America), Didi (Fluminense) e Sabará (Vasco da Gama). 

Nesta foto aparece uma das formações da Seleção Carioca durante o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1954. Na ocasião, a Seleção Carioca que tinha nomes como Ademir Menezes e os então futuros bicampeões mundiais pela Seleção Brasileira Garrincha, Didi e Nilton Santos, alcançou o vice-campeonato, a Seleção Paulista conquistou o título nacional após duas vitórias na final (3 a 1 e 4 a 3) contra a Seleção Carioca.

FONTE: Jornal dos Sports (RJ)

Sport Club Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), fundado em 1936!

Por Sérgio Mello

O Sport Club Rio de Janeiro foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Um grupo de 30 jovens apaixonados pelo ‘esporte bretão’ Fundaram no final de agosto de 1932, no bairro da Tijuca, o Sport Club Rio de Janeiro.

A sua 1ª diretoria era composta pelos srs. Linneu de Freitas, José Garcia, Waldemar Bonelli, Alexandre Fiani e Álvaro Sampaio. O “Mundo Esportivo” foi escolhido pela diretoria para ser o órgão oficial do clube.

Posteriormente, o clube foi reorganizado no domingo, do dia 1º de Março de 1936. A sua Sede social ficava localizado na Rua Maria Amália, nº 29, no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio/RJ. A sua Praça de Esportes ficava situado na Rua Ferreira Andrade, nº 122, no bairro do Cachambi, na Zona Norte do Rio/RJ.

Além do futebol, o Sport Club Rio de Janeiro possuia uma equipe forte no basquete. Como fonte de renda, o clube arrecadava com as mensalidades dos sócios, assim como os eventos na sede como música dançante, carnaval, etc.

No sábado, do dia 6 de novembro de 1937, em assembleia geral, foi definido a nova diretoria, que foi empossada no sábado, do dia 4 de Dezembro do mesmo ano. A diretoria foi composta com os seguintes membros e os seus respectivos cargos:

Presidente – Miguel Diab;

Vice-presidente – Octavio Amaury;

1º secretário – Miguel Pedreira;

2º secretário – Mario Pedreira;

1º Thesoureiro – Paulo Carreiro;

2º Thesoureiro – Oswaldo Loureiro;

Diretor de Football – Odilon Araujo;

Diretor de Basketball – Hélio Baptista.

Documento: Acervo de Auriel de Almeida

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FOTO: A Manhã (RJ)

FONTES: A Batalha (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – Mundo Esportivo (RJ) – O Jornal (RJ)

Foto Rara de 1949: Estádio do Maracanã – Rio de Janeiro (RJ)

Vista áerea do Maracanã

Na época, a construção do estádio foi muito criticada por Carlos Lacerda, na época Deputado Federal e inimigo político do durante mandato do então General de Divisão e Prefeito do Distrito Federal do Rio de Janeiro, Marechal Ângelo Mendes de Moraes, pelos gastos e, também, devido à localização escolhida para o estádio, defendendo que o mesmo fosse construído em Jacarepaguá.

Ainda assim, apoiado pelo jornalista Mario Rodrigues Filho, Mendes de Morais conseguiu levar o projeto para frente. Na área escolhida, situava-se uma arena destinada à corrida de cavalos. A concorrência para as obras foi aberta pela prefeitura do Rio de Janeiro em 1947, tendo como projeto arquitetônico vencedor o apresentado por Miguel Feldman, Waldir Ramos, Raphael Galvão, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro.

O projeto vencedor previa um estádio para 155.250 pessoas, sendo 93 mil lugares com assento, 31 mil lugares para pessoas em pé, 30 mil cadeiras cativas, 500 lugares para a tribuna de honra e 250 para camarotes. O estádio ainda contaria com tribuna de imprensa com espaço para 20 cabines de transmissão, 32 grupos de sanitários e 32 bares.

No total, a área coberta do estádio atingiria 150 mil m², com altura total de 24m. As obras iniciaram-se na segunda-feira, do dia 02 de agosto de 1948, data do lançamento da ‘pedra fundamenta’. Trabalharam na construção cerca de 1.500 homens, tendo se somado a estes mais 2.000 nos últimos meses de trabalho. Apesar de ter entrado em uso em 1950, as obras só ficaram completas em 1965.

Em seu projeto original, o Maracanã tinha seu formato oval, medindo 317 metros em seu eixo maior e 279 metros no menor. Media 32 metros de altura, o que corresponde a um prédio de seis andares, e a distância entre o espectador mais distante o centro do campo era de 126 metros.

A cobertura protegia parcialmente as arquibancadas em toda a sua circunferência. Na cobertura foram montados os refletores, que funcionavam a vapor de mercúrio. Desde 1962, até as reformas realizadas na década de 2000, a medida do gramado era de 110 por 75 metros.

Havia um fosso que separava o campo das cadeiras inferiores que media três metros de profundidade com bordas em desnível. O acesso ao gramado dava-se por meio de quatro túneis subterrâneos que começavam nos vestiários. Existiam cinco vestiários no estádio, sendo utilizados normalmente apenas três, um para cada time que disputa uma partida de futebol e outro para a arbitragem.

Sua inauguração deu-se com a realização de uma partida de futebol amistosa entre seleções do Rio de Janeiro versus São Paulona sexta-feira, do dia 16 de junho de 1950, vencida pelos paulistas por 3 a 1.

O meio-campista da equipe carioca, Didi, do Fluminense, foi o autor do 1º gol no Estádio Municipal (que depois ganhou o nome de Mario Filho, popularmente conhecido por: Maracanã) e o Osvaldo Pisoni foi o 1º goleiro a sofrer gol no estádio.

FONTE: GuarAntiga – Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro – site Estádio Maracanã

Liga de Sports da Marinha – Rio de Janeiro (RJ): disputou o Torneio dos Campeões de 1937

Por Sérgio Mello

A Liga de Sports da Marinha (LSM) é a entidade desportiva máxima da Marinha, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O processo de fundação de entidades esportivas e clubes ampliou-se de maneira significativa no Brasil nos anos iniciais do século XX. Esse movimento chegou também às Forças Armadas.

Apesar de alguns esportes já serem praticados de forma corriqueira por oficiais e praças da Marinha, até 1915 não existia nenhuma regulamentação institucional dessas práticas.

Preocupados em centralizar a organização desses jogos e normatizar a participação dos militares da MB, um grupo de oficiais se reuniu no Clube Naval e Fundou na quinta-feira, do dia 25 de Novembro de 1915, cuja regulamentação institucional se deu por meio do Aviso nº 1, de 4 de janeiro de 1916.

O Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), com sede na Avenida Brasil, nº 10.590 – bairro da Penha, na Zona Norte do Rio (RJ), teve sua origem na Liga de Sports da Marinha, que foi Posteriormente, pelo Decreto nº 24.581, de 5 de julho de 1934, a Liga de “Sports” da Marinha passou a ser subordinada a então Diretoria do Pessoal da Marinha, que mais tarde foi extinta pelo Decreto-Lei nº 2.296, de 10 de junho de 1940, mesmo ato que criou o Departamento de Educação Física da Marinha.

Historicamente, a Marinha do Brasil possui uma tradição de inovar no que tange aos investimentos multiesportivos, o que ocorre desde a criação da Liga de Sports da Marinha (LSM).

Enquanto o Exército Bra­sileiro focava em uma tendência moo esportiva em 1915, com a Liga Militar de Football do Exército (fundado em 22 de junho de 1915), a Marinha diversificava o processo de gestão esportiva apostando em modalidades aquáticas, como natação, water polo, remo e vela.

Os ditos espor­tes militares, exercícios físicos funcionais voltados à tropa, foram traduzidos para o campo competitivo e inseridos como atividades da LSM, assim como o pró­prio futebol, que foi adotado como esporte e serviu, além de prática interna, como mecanismo de duelo de performance atlética entre Exército e Marinha.

O início do século XX foi marcado pela criação de diversas ligas, que passaram a regular o esporte no país e acabaram por fundar a Federação Brasileira de Sportem 1914; após um biênio, essa entidade se conver­teria na Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

O Departamento de Educação Física da Marinha foi extinto pelo Decreto-Lei nº 7.467, de 16 de abril de 1945 e foi reativado pelo Decreto-Lei nº 9.265, de 17 de maio de 1946, como Departamento de Esportes da Marinha, denominação esta alterada para Centro de Esportes da Marinha pelo Decreto nº 32.742, de 7 de maio de 1953.

O Centro de Esportes da Marinha teve, novamente, sua denominação alterada para Centro de Educação Física da Marinha pelo Decreto nº 70.161, de 18 de fevereiro de 1972.

Finalmente, passou a ter a denominação atual, Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), pelo Decreto nº 73.058, de 31 de outubro de 1973.

Posteriormente, suas atividades foram regulamentadas pelo Decreto nº 76.687, de 27 de novembro de 1975, que foi revogado pelo Decreto nº 84.781, de 11 de junho de 1980 e alterado pela Portaria nº 110, de 30 de janeiro de 1986, do então Ministro da Marinha, tendo sido, posteriormente, regulamentada pela Portaria nº 20, de 6 de fevereiro de 1997.

A citada Portaria de regulamentação foi revogada pela Portaria nº 63, de 6 de novembro de 1998, do Comando de Operações Navais (ComOpNav), que aprovou uma nova regulamentação.

Por intermédio da Portaria nº 120, de 31 de março de 2008, foi transferida a subordinação do CEFAN para o Comando de Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN).

Revogada esta última, passou à subordinação do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), por meio da Portaria nº 65, de 24 de fevereiro de 2010, e tendo suas atividades e organização estruturadas pelo presente Regulamento, aprovado pela Portaria nº 81, de 7 de junho de 2016, do CGCFN, revogada pela Portaria nº 30, de 14 de maio de 2020, do CGCFN, que acrescentou em sua organização uma Assessoria de Sustentabilidade e um Elemento de Controle Interno.

Desde sua criação, o CEFAN tem orientação voltada para o desporto e o aperfeiçoamento físico dos militares da Marinha do Brasil (MB), preparando atletas para competições de nível nacional e internacional.

Torneio dos Campeões de 1937

No futebol, a Liga de Sports da Marinha (LSM) fez alguns amistosos, como no domingo, do dia 14 de Janeiro de 1934, quando enfrentou a Seleção Paulista, onde acabou derrotada pelo placar de 3 a 2, no Estádio General Severiano, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio/RJ.

O Torneio dos Campeões de 1937 foi promovido pela Federação Brasileira de Futebol (não pela CBD) com os campeões estaduais de 1936. Assim, os campeões estaduais de 1936 de São Paulo e Rio de Janeiro foram aqueles que ganharam os campeonatos patrocinados pela APEA – Associação Paulista de Esportes Athléticos e Liga Carioca de Futebol, respectivamente.

Houve uma Seletiva entre o Aliança FC, campeão da cidade de Campos dos Goytacazes, o time da Liga de Sports da Marinha e o Rio Branco de Vitória/ES, que e classificou para disputar o Torneio.

No 1º jogo da Seletiva (eliminatório), na noite dequarta-feira, do dia 06 de janeiro de 1937, a Seleção da Liga de Sports da Marinha foi até Campos dos Goytacazes, e venceu o Alliança Football Club pelo placar de 2 a 0. Os gols foram assinalados pelos dianteiros Paranhos e Aldo. Os grandes destaques da partida foram Mascotte, Paranhos, Fraga e Chaves. Roberto Porto (Liga Carioca) foi o árbitro do jogo.

Liga de Sports da Marinha: Perpetuo; Batistaca e Fraga (cap.); Chaves, Jorcelyno e Appolinário; Mascotte, Paranhos, Sessenta, Aldo e Gaúcho. Técnico: Nicolas Ladany. Reservas: Belmiro, Veiga, 29, Fraga II, Pará e Estanislao

Nae última partida da Seletiva (eliminatório), no domingo, do dia 10 de janeiro de 1937, o Rio Branco recebeu a visita da a Liga de Sports da Marinha,noEstádio Punare Bley, em Vitória/ES. A partida terminou empatada sem gols.

Com isso, o jogo foi para a prorrogação e o Rio Branco venceu por 2 a 0. Renato abriu o placar aos 7 minutos do 1º tempo da prorrogação e Caxambu definiu o marcador na etapa final. Roberto Porto foi o árbitro da peleja, que expulsou o capitão da Liga, Fraga.

Rio Branco: Dias; Humberto e Vicente; Allemão, José Pereira e Manduquinha; Marcionilio (Thales), Alcy, Caxambú, Lucinio (cap.) e Renato.

Liga de Sports da Marinha: Belmiro; Batistaca e Fraga (cap.); Chaves, Jorcelyno e Appolinário; Mascotte, Paranhos, Sessenta, Aldo e Pará. Técnico: Nicolas Ladany. Reservas: Perpetuo, Veiga, 29, Fraga II, Gaúcho e Estanislao

Com isso, a Liga de Sports da Marinha não conseguiu acesso a chave principal do Torneio dos Campeões de 1937. O Atlético Mineiro se sagrou campeão. Uma curiosidade é que na quarta-feira, do dia 25 de Agosto de 2023, se reuniram o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues e dirigentes do Galo, onde foi sacramenta homologação do Campeonato Brasileiro de Clubes como título nacional. Com isso, o Atlético Mineiro passou a ter três títulos do Campeonato Brasileiro: 1937, 1971 e 2021.

Recorte da imagem: Moisés H G Cunha

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FONTES: Revista do CEFAN/CDM Podium Naval, Ano II/ Nº02 “Centenário da Liga Sports da Marinha” – Diário de Notícias (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – O Imparcial (RJ)

Aliança Atlética FNM – Duque de Caxias (RJ): disputou o Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais de 1962

Por Sérgio Mello

O Aliança Atlética FNM (Fábrica Nacional de Motores) foi uma agremiação da cidade de Duque de Caxias, localizado na Baixada Fluminense do estado do Rio de Janeiro. Fundado, no ‘Dia do Trabalhador’, na quinta-feira, do dia 1º de Maio de 1952, por funcionários da extinta Fábrica Nacional de Motores S.A., o Aliança Atlética FNM (ou Fenemê).

A sua Sede social e a Praça de Esportes ficavam próximos a fábrica, localizados na Vila Operária, no Km 23, às margens da Estrada de Petrópolis, no Distrito de Xerém, em Duque de Caxias.

A construção da Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi iniciada em 1940, no governo de Getúlio Vargas, na cidade de Duque de Caxias (RJ), distrito de Xerém.  Ela foi idealizada pelo Brigadeiro Antônio Guedes Muniz, tendo sido oficialmente fundada em 13 de junho de 1942, para a construção de motores aeronáuticos, que seriam utilizados em aviões de treinamento militar. 

Era a época da II Guerra Mundial, e em troca da utilização de bases militares no nordeste brasileiro, o governo norte americano deu incentivos financeiros e assistência técnica, para a construção tanto da FNM, como da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

A fábrica foi instalada próxima à escarpa da Serra do Mar, pois a localização amorteceria os custos da produção, por conter a temperatura e pressão ideal para a construção dos motores. O terreno obtinha fácil acesso à Rodovia Rio-Petrópolis e à Estrada de Ferro Rio d’Ouro, facilitando o contato com a capital federal e com a chegada de técnicos e funcionários e transporte de equipamentos. Além disso, os rios Capivari, Mato Grosso e Saracuruna banhavam a região, gerando assim, a água industrial necessária para abastecer a FNM.

Como forma de diversão e entretenimento nas horas de folga, os operários resolveram fundar agremiações sociais e esportivas, como o Aliança Atlética FNM, a Associação Atlética Piauí e o Vila Nova Futebol Clube. Cada clube foi criado por trabalhadores nascidos fora do estado que batizaram seus respectivos clubes com nomes ligados as suas origens. Muitos ônibus vinham de localidades vizinhas para enfrentar os três times fenemenses.

Com o incentivo da indústria estatal de motores, o Aliança da FNM disputava inúmeros torneios contra agremiações amadoras de Duque de Caxias e times de empresas estatais, como o da antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Em 1977, a FNM foi vendida para a Fiat. Anos depois, a fábrica de Xerém, encerrando as suas atividades.

Na década de 50, a Fábrica Nacional de Motores S.A., tinha uma Coluna no jornal Folha de Caxias, e nela (1958) foi citado que o clube era rubro-cinza. Posteriormente, passou a utilizar o azul e amarelo.

O futebol era o carro-chefe do Fenemê, mas também promovia atividades recreativas e culturais, atraindo públicos de fora da cidade, como as confraternizações de 1º de maio, data que se celebra o Dia do Trabalhador e o Carnaval, sempre regadas com muita dança e animação.

Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais de 1962

No começo, o time de futebol realizou diversos amistosos, quadrangulares até que em 1962, participou da competição mais importante da sua história: Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais, que reunia os campeões dos campeonatos dos municípios do estado do Rio de Janeiro.  

Alguns participantes: Americano Futebol Clube (Macaé); Esperança Futebol Clube (Nova Friburgo); Associação Atlética Cabofriense (Cabo Frio); Fluminense Futebol Clube (São João da Barra); Teresópolis Futebol Clube (Teresópolis).

No final de maio de 1961, foi empossada a nova diretoria da Alliança Atlética F.N.M. Seus componentes:

Presidente – Jader Campos da Silva, Vice-presidente – Wilton Wendling;

1º Secretário – Aládio Costa;

1º Tesoureiro – Luís Gonzaga Frazão;

Diretor social – Antônio Gomes de Oliveira;

Diretores de Esportes – Athelo Pinheiro e Wilson Vasconcelos;

Procurador – Hélio Pereira de Araujo.

Clube desaparece na década de 70

As últimas notícias do clube se limitavam alguns jogos de outras equipes disputadas no campo da Aliança Atlética FNM até 1973. A partir daí mais nenhuma linha citou algo sobre essa simpática agremiação duquecaxiense.  

Algumas Formações

Time base de 1955: Pepê (Wantuil); Nilson e Jair; Garrincha (Pepe), Aurino e Tito (Otavio); Waltrudes (Adail), Tatão, Béca (Adelino), Noir, Ayrton.

Time base de 1956: Chico (Pepê); Getúlio (Adail) e Wilson; Otávio, Edmar e Pimpão (Ita); Maurício, Nortista, Aurélio, Zezé (Esmeraldino) e Noir (Jair).

Time base de 1957: Chico (Pepê); Airton e Getúlio (Juquinha); Tatão (Edmar), Jorge (Faria) e Ribamar (Josafá); Waltrudes, Adelino (Jorginho), Leandro, (Luiz Carlos), Noir e Lídio.

Time base de 1958: Pepê (Chico); Milsinho (Zuquinha) e Ribamar (João); Farias, Josafá e Adahyr; Luiz Carlos (Messias), Curimba (Adelmo), Ailton (Samuel), Aurélio (José) e Noir.

Time base de 1959: 103 (Pepê ou Jonas); Waltrudes (Izaias ou Zezinho) e Gois (Ribamar); Hélio (Messias), Pedro (Lamparina) e Girardi (Adahyr); Bittencourt (Zezinho), Agenor (Luiz Carlos), Frazão (Valmir ou Airton), Josias o ‘Caçula’ (Heraldo), Correia (Leandro) e Nélson (Mirim).

Time base de 1961: Iquimar (Beto); Isaías, Lamparina (Ribamar) e Mauro (Ivan); Sérgio (Lúcio) e Jorge (Siqueira); Airton (Maninho), Walmir (Samuel), Wanderley (Marinho), Leandro e Gilberto (Luiz Carlos).

ARTE: desenho do escudo e uniformes – Sérgio Mello

FOTOS: Diário da Noite (RJ)

FONTES: Correio da Manhã (RJ) – Folha de Caxias (RJ) – Diário da Noite (RJ) – História da ALFA – FNM – Jornal GGN (RJ) – O Fluminense (RJ) – O Jornal (RJ) – Página no Facebook “Retratos do Futebol Fluminense”, de Orlindo Farias – Última Hora (RJ)

Fotos raras, Crônica e ficha-técnica: Brasil 5 x 1 Paraguai, válido pela Taça Oswaldo Cruz de 1958

Brasil: De Sordi, Oreco, Dino Sani, Zózimo Gylmar, Bellini e o técnico Vicente Feola (em pé); Mário Américo (massagista), Joel, Didi, Vavá, Dida e Zagallo.

Finalmente dissipou-se a dúvida quanto ao treino da seleção brasileira, na quinta-feira, do dia 1º de maio de 1958. Como o Ministério do Trabalho não houvesse concretizado a sua proposta para que o prélio tivesse lugar no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ). A C.B.D. (Confederação Brasileira de Desportos) resolveu atender ao pedido do SESI, de São Paulo a fim de que a exibição se realize no Pacaembu.

Assim sendo os craques nacionais, depois de seu retorno de Araxá (MG), se apresentarão primeiramente aos olhos da torcida bandeirante. No domingo, do dia 4 de maio, todavia, estarão em atividade no Rio, para enfrentar a representação paraguaia no primeiro jogo pela Taça Oswaldo Cruz. A segunda peleia está confirmada para São Paulo, na quarta-feira, do dia 7 de maio.

A entidade brasileira convidou o árbitro austríaco, Erwin Hiergger para apitar a peleja, no Maracanã. Com a impossibilidade em atender o convite, a CBD acabou escolhendo o árbitro carioca Alberto da Gama Malcher (Federação Metropolitana de Futebol).

Paraguai: Aurelio González (Técnico), Edelmiro Arévalo, Juan Vicente Lezcano, Ignacio Achucarro, Salvador Villalba, Elígio Echagüe e Ramón Mayeregger (em pé); Juan Bautista Agüero, José del Rosario Parodi, Jorgelino Romero, Óscar Aguilera, Florencio Amarilla e o massagista.

Cr$ 50,00: arquibancadas na estreia do selecionado

Abertura dos portões do Maracanã às 12:45 horas, por ocasião da partida entre brasileiros e paraguaios – Aprovada a tabela de preços dos ingressos

A C.B.D. anunciou, ontem, preços dos ingressos para a parti da de apresentação do escrete brasileiro, frente ao do Paraguai, dia 4 de maio, no Estádio do Maracanã, na primeira partida da série de duas, pela posse do troféu “Oswaldo Cruz”.

Tais preços deverão prevalecer, também, por ocasião do segundo cotejo, dia 7, no Pacaembu. A tabela aprovada é a seguinte:

Camarotes: Cr$ 750,00;

Camarotes laterais: Cr$ 400,00;

Cadeiras numeradas: Cr$ 150,00;

Cadeiras sem número: Cr$ 80.00;

arquibancadas: Cr$ 50,00;

Gerais: Cr$ 20,00;

Militares e menores: Cr$ 15,00.

Garrincha (reserva), Mário Américo (massagista), Joel, Dida, De Sordi, Zagallo, Oreco, Didi, Dino Sani, Vavá (encoberto), Zózimo, Gylmar, Bellini, Vicente Feola (encoberto) e o juiz Alberto da Gama Malcher (ao fundo)

Programou a C. B. D. a venda antecipada dos ingressos, nos Teatros Municipal e João Caetano, a partir das seguintes datas: Cadeiras, 28 do corrente; Arquibancadas, 2 de maio, e as demais, das 9 horas em diante, do dia do jogo, nas bilheterias do próprio Estádio do Maracanã.

A preliminar desse encontro reunirá as equipes do Cruzeiro do Sul e do S. C. Maracanã. O cotejo entre as representações do Brasil e do Paraguai terá início às 15,30 horas e os portões do Estádio estarão abertos a partir das 12:45 horas.

De acordo com o regulamento da Taça “Oswaldo Cruz”, se houver empate após os dois jogos, permanecerá em poder do detentor.

Joel, Didi, Vavá, Dida e Zagallo, o ataque brasileiro

Crônica na integra do jogo, pelo Diário de Notícias

NÃO deixa de ser algo significativa uma vitória de um selecionado nacional sobre outro, por 5 a 1. E quando se trata de selecionados que se preparam para uma final de Taça do Mundo, um triunfo em tais proporções traz sempre algo de alentador.

Alentador, sim, deve ter sido para quantos assistiram o encontro de domingo, aquele resultado de 5 a 1 a favor da equipe brasileira. Porque, afinal de contas, ganhando de tal forma de uma equipe que já fora, inclusive, apontada como uma das favoritas do Mundial e que viera de uma vitória sobre os argentinos, em Assunção, seguida de uma derrota vendida a peso de grandes esforços, em Buenos Aires, os paraguaios deixam-nos o consolo de que, pelo menos não deverá ser o Brasil o concorrente mais fraco dentre os sul-americanos.

Vamos considerar, com excesso de otimismo, brilhantíssima a vitória do nosso quadro domingo último. Foi de certo, uma vitória espetacular, a tanto elevou-a o marcador de 5 a 1. Mas, devemos ter em conta que os números expressam mais a precariedade da defesa e do ataque paraguaios do que, propriamente, perfeição do trabalho do nosso conjunto.

Partindo-se desse ponto, temos que os brasileiros se impuseram, realmente, e realmente mereceram o triunfo. Fizeram-se senhores da situação logo aos primeiros dez minutos de jogo e manobram como bem entenderam, superando com surpreendente facilidade os homens da defesa contrária, que não apresentaram a menor ideia de coe são nem de valor individual, e aniquilando por completo a ação dos atacantes, dentre os quais José Parodi e Romero mostraram-se mais agressivos que os seus companheiros.

Joel, Dida e Zagallo, os jogadores do Flamengo

Tendo assinalado, sem maiores preocupações depois do primeiro tento, três a zero na primeira etapa, os brasileiros, provavelmente desestimulados pela fraqueza do adversário, desinteressaram-se do marcador, o que não lhes Impediu de marcar mais dois tentos, enquanto os paraguaios. graças a uma falta máxima do viril Belini, conseguiram o seu tento de honra, para fixar o marcador, finalmente, em 5 a 1.

OS SEIS TENTOS

Brasil 1 a 0 – Foi Zagallo que abriu a contagem, aos 12 minutos; recebendo um passe de Dino Sani, que invadira a área pela direita, o ponteiro rubro-negro, num belo ‘mergulho’ cabeceou, abrindo o placar.

Brasil 2 a 0 – Aos 13 minutos, um tiro de Dida levou a bola a resvalar nos pés do zagueiro Lescano e voltar aos de Vavá, que acompanhava Dida; emendando violentamente, Vavá assinalou o segundo.

Brasil 3 a 0 – Aos 33 minutos Dida, aproveitando um centro de Dino, de fora da área, desviou a bola com o calcanhar para ampliar.

Brasil 3 a 1 – O tento do Paraguai surgiu nos 33 minutos do segundo tempo. Arevalo, depois de impressionante e resistência dos demais jogadores (o mal é continental…) cobrando uma falta máxima de Belini em Pelayo.

Brasil 4 a 1 – Aos 37 minutos, aproveitando a bola rebatida na trave, na cobrança de um escanteio, Pelé (entrou aos 24 minutos do 2º tempo), que entrara em lugar de Dida, marcou o quarto tento.

Brasil 5 a 1 – Е, aоs 39 minutos, Zagallo, valendo-se de uma rebatida do guardião Mayeregger, assinalou o quinto e último tento brasileiro.

De Sordi, Vavá e Oreco

Destaques

Entre os brasileiros, que tiveram, como dissemos, uma tarefa cômoda, agradou especialmente, o trabalho de Dino e Zózimo, na defesa, e Didi, Vavá e Pelé, no alaque. É certo que Dida mostrou-se um elemento oportunista: Pelé foi, porém, mas agressivo, emprestou mais vida às investidas dos brasileiros nos poucos momentos em que esteve em campo.

Os demais ele mentos, regulares, apenas Oreco falhou muito. Em conjunto, nossa defesa apresentou-se mais falha do que ataque. Entre os guaranis, salientaram-se Arevalo e Exchague, na defesa, e José Parodi e Romero, no ataque.

Juan Bautista Agüero, José del Rosario Parodi, Jorgelino Romero, Óscar Aguilera e Florencio Amarilla, o quinteto avançado da Seleção do Paraguai

ARBITRAGEM

Funcionou na arbitragem o sr. Alberto Gama Malcher. Teve um trabalho suave, dado o comportamento amistoso dos jogadores, embora fossem assinalados alguns “fouls” e deixasse de marcar outros. Eunápio de Queirós e Frederico Lopes funcionaram como auxiliares.

Na preliminar, os quadros Maracanã e Cruzeiro do Sul empataram por 2 a 2. Foi apurada a renda de Cr$ 4.306.000.30, correspondente a 75.646 ingressos pagos, possivelmente umas oitenta mil pessoas terão assistido ao encontro de domingo.

BRASIL        5        X        1        PARAGUAI

LOCALEstádio Mario Filho, o ‘Maracanã’, no Rio de Janeiro (RJ)
CARÁTERTaça Oswaldo Cruz de 1958
DATADomingo, do dia 4 de maio de 1958
HORÁRIO15 horas e 15 minutos (de Brasília)
RENDACr$ 4.306.030,00
PÚBLICO75.646 pagantes
ÁRBITROAlberto da Gama Malcher (BRA)
AUXILIARESEunápio de Queirós (FMF) e Frederico Lopes (FMF)
BRASILGilmar; De Sordi, Bellini, Zózimo e Oreco; Dino Sani e Didi; Joel, Vavá, Dida (Pelé) e Zagallo. Técnico: Vicente Feola
PARAGUAIRamón Mayeregger, Edelmiro Arévalo e Juan Vicente Lezcano (Darío Segovia); Salvador Villalba, Ignacio Achucarro e Elígio Echagüe; Juan Bautista Agüero, José del Rosario Parodi, Jorgelino Romero (Raúl Aveiro), Óscar Aguillera e Florencio Amarilla (Gilberto Penayo). Técnico: Aurélio González
GOLSZagallo aos 12 minutos (BRA); Vavá aos 13 minutos (BRA); Dida aos 33 minutos (BRA); no 1º tempo. Edelmiro Arévalo, de pênalti, aos 33 minutos (PAR); Pelé aos 37 minutos (BRA); Zagallo aos 38 minutos (BRA), no 2º tempo.
PRELIMINARMaracanã 2 x 2 Cruzeiro do Sul
Joel e Zagallo

No segundo jogo, na quarta-feira, do dia 7 de maio de 1958, no Estádio do Pacaembu, terminou empatado sem abertura de contagem. Com esse resultado, a Seleção Brasileira se sagrou campeã da Taça Oswaldo Cruz.

TRABALHO DE PEQUISA: Sérgio Mello

FOTOS: Acervo de Amir Otoni de Oliveira

FONTES: Correio da Manhã (RJ) – Diário de Notícias (RJ) – O Jornal (RJ) –Tribuna da Imprensa (RJ)