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Estádio Doutor Hercílio Luz – 99 anos

por Fernando Alécio
Diretor de Memória e Cultura do C. N. Marcílio Dias

A casa do Clube Náutico Marcílio Dias foi inaugurada em 2 de outubro de 1921. O nome rende homenagem ao governador que sancionou a Lei 1.352/21, cedendo a área ao clube enquanto o Marcílio Dias existir. É o mais antigo estádio de futebol em uso no futebol profissional de Santa Catarina.

Vista aérea do Estádio Doutor Hercílio Luz. Foto: Flávio Roberto/CNMD
Vista aérea do Estádio Doutor Hercílio Luz. Foto: Flávio Roberto/CNMD

De acordo com o livro História do Clube Náutico Marcílio Dias — O Livro do Centenário, o terreno onde se localiza o estádio, situado no centro de Itajaí, era ocupado pelo Marcílio Dias desde 1919, sendo necessários pesados investimentos por parte do clube para transformar o local numa praça esportiva, uma vez que se tratava de terreno alagadiço.

“Estão bem adiantados os serviços de alinhamento do campo de Foot-Ball do C. N. Marcilio Dias sito à Avenida Sete de Setembro”, noticiou o jornal A União em julho de 1919. Em 1920, foram plantados 44 eucaliptos em torno do campo para drenar o solo pantanoso. Cada uma dessas árvores recebeu simbolicamente o nome de diretores e sócios marcilistas.

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Partiu dos deputados Carlos Moreira de Abreu e Abelardo Luz a proposição de um projeto de lei para que a área fosse cedida ao Marcílio Dias, tendo em vista as melhorias que o clube estava promovendo no local. A proposta foi aprovada pelo Congresso Representativo (atual Assembleia Legislativa) de Santa Catarina e transformada na Lei nº 1.352/21, sancionada pelo governador Hercílio Pedro da Luz em 10 de setembro de 1921.

Inauguração

Menos de um mês após a lei ser sancionada, foi inaugurada a “Praça de Desportos Dr. Hercílio Luz”. Durante o dia 2 de outubro de 1921, uma série de atividades marcaram a inauguração não só do campo de futebol, mas também de uma quadra de basquete e pista de atletismo. A quadra de tênis já havia sido inaugurada em maio daquele ano.

Foto aérea de Itajaí no final da década de 1920, onde se vê o campo rodeado de árvores. Acervo FGML
Foto aérea de Itajaí no final da década de 1920, onde se vê o campo rodeado de árvores. Acervo FGML

A festa começou pela manhã com o plantio de 23 árvores de cedro. Após belo discurso, Victor Konder (que seria Ministro da Viação e Obras Públicas entre 1926 e 1930 no governo de Washington Luís) declarou inaugurada a praça esportiva. No início da tarde, o público acompanhou com curiosidade a primeira partida de xadrez com figuras vivas realizada no Brasil.

Aspecto do estádio em 1938. Acervo FGML
Aspecto do estádio em 1938. Acervo FGML

Outra novidade foram as provas de atletismo. Pela primeira vez os itajaienses viram competições de lançamento de peso, salto em altura, corrida de barreiras, salto em distância, lançamento de disco, salto em altura com vara, corrida rasa de 400 metros, lançamento de dardo e corrida rasa de 100 metros. O evento de inauguração da praça esportiva ficou conhecido como Festa da Primavera.

Reformas e ampliações

Os esforços dos marcilistas na década de 1940 se concentraram na reforma do estádio. O terreno foi murado, o campo remodelado e construído um portal na entrada da Avenida Sete de Setembro. O futebol ficou três anos inativo, retornando após a reinauguração do gramado em 1949. Até o conde Giuseppe Martinelli, que ergueu o famoso Edifício Martinelli na cidade de São Paulo, contribuiu financeiramente com as obras ao passar por Itajaí em 1943.

Imagens das obras na década de 1940. Acervo FGML
Imagens das obras da reforma na década de 1940. Acervo FGML

Entre as décadas de 1960 e 1970, o Estádio Doutor Hercílio Luz chegou a ser considerado como um dos melhores estádios de Santa Catarina. Os alambrados começaram a ser construídos no dia 12 de novembro de 1959. Na ocasião estiveram presentes no ato da colocação do primeiro poste cerca de 200 pessoas, que comemoraram com fogos de artifício.

Arquibancada coberta em obras, provavelmente 1960. Acervo FGML
Arquibancada coberta em obras, provavelmente 1960. Acervo FGML

Ainda em 1959 foi iniciada a construção da arquibancada coberta, obra concluída por volta de 1961. Para financiar parte das obras, o clube vendeu em 1956 o terreno onde estavam as quadras de tênis, aos fundos do estádio, onde atualmente se encontra um edifício na Avenida Marcos Konder. A arquibancada recebeu o nome “Mascarenhas Passos”, numa justa homenagem ao primeiro presidente do clube.

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Outra imagem da arquibancada coberta ainda em construção. Acervo FGML

O primeiro jogo noturno no estádio ocorreu em 17 de junho de 1964, quando foi inaugurado o sistema de iluminação, com refletores dispostos em quatro torres. O jogo de inauguração dos refletores foi um amistoso vencido pelo Marcílio Dias contra o Coritiba, por 1 a 0, gol do atacante Aquiles.

Teste dos refletores, 1964. Acervo FGML
Teste dos refletores, 1964. Acervo FGML

Na década de 1970 percebeu-se a necessidade de ampliar a capacidade do estádio, motivando a construção da arquibancada descoberta, o popular “esquenta galho”, erguido entre 1979 e 1981. Finalmente, em 1990 foi construído o lance de arquibancada localizado atrás de um dos gols, dando ao Estádio Doutor Hercílio Luz o aspecto que conserva até os dias atuais.

Estádio Doutor Hercílio Luz na década de 1990. Acervo FGML
Estádio Doutor Hercílio Luz na década de 1990. Acervo FGML

Atualidade

Entre 2017 e 2020, o estádio passou por uma série de melhorias, como troca de gramado, reforço na iluminação, pintura, novos bancos de reserva, nova academia e novo departamento médico e de fisiologia, reforma dos vestiários e implantação de sistema de drenagem, instalação de placar eletrônico, entre outras obras de modernização.

Também foi reforçada a identidade do estádio como casa do Marcílio Dias, com a construção do escudo do clube em concreto e a realocação do busto do Imperial Marinheiro atrás do gol da Avenida Marcos Konder. De acordo com o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol, publicado pela CBF em 2016, a capacidade atual do Estádio Doutor Hercílio Luz é de 6.010 pessoas.

FONTE

Artigo originalmente publicado em Clube Náutico Marcílio Dias – Diretoria de Memória e Cultura.

Amistoso em 1924 – C. S. Paysandu (Brusque) 4 x 1 Operário F. B. C. (Itajaí)

No dia 7 de setembro de 1924, feriado da Independência do Brasil, o Club Sportivo Paysandu recebeu na Praça de Esportes Coronel Carlos Renaux, em Brusque (SC), a visita do Operário Foot-Ball Club da vizinha cidade de Itajaí (na época, Itajahy) para a disputa de um amistoso. O quadro local se impôs com autoridade e venceu a partida pelo placar de 4 a 1.

Segundo o jornal Gazeta Brusquense, o espetáculo foi atrapalhado pela “chuva miúda e irritante”, que deixou  o campo “demasiadamente escorregadio em algumas partes e alagado em outras”. No jogos dos aspirantes ou “segundo quadro”, também deu Paysandu: 3 a 0.

C.S. PAYSANDU 4 x 1 OPERÁRIO F.B.C.

Data: 07/09/1924

Local: Coronel Carlos Renaux – Brusque (SC)

Árbitro: Henrique Bosco

Gols: não disponível

PAYSANDU: Sassy I; Rudy, Zanão, José, Pedro e Becker; Senador, Pedro II, Jacob, Appel e Sassy II.

OPERÁRIO: Adolpho; Mendonça, Pimenta, Coca e Cachopa; Lúcio, Emílio, Antonio, Alberto, Pedro e Canário.

FONTE

Gazeta Brusquense

 

Exposição de colecionadores – Marcílio Dias 98 anos

No dia 17 de março de 2017, o Clube Náutico Marcílio Dias, um dos clubes mais tradicionais do futebol catarinense, completou 98 anos de existência. No sábado, dia 18, a diretoria do clube promoveu um grande evento para comemorar o aniversário do Rubro-Anil e, dentre as atrações, abriu espaço para exposição dos acervos de colecionadores de artigos históricos do clube.

Camisas, flâmulas, jornais, revistas, álbuns, súmulas de jogos, estatutos, carteirinhas de sócios, exemplares do livro “Torneio Luiza Mello – Marcílio Dias Campeão Catarinense de 1963” e outros artigos de diversas épocas foram expostos na Sala de Troféus, localizada nas dependências do Estádio Dr. Hercílio Luz, em Itajaí. Uma das preciosidades foi a carteirinha de sócio que pertenceu a Gabriel Collares, um dos fundadores do clube, além de camisas de jogo da década de 1980.

Participaram da exposição os colecionadores de camisas Marcelo Sagaz Baião, Felipe Leonardo Vieira e Giuliano Nazari, e os pesquisadores Fernando Alécio e Gustavo Melim. Durante a programação de aniversário do Marcílio Dias, também foi realizada a primeira edição do Seminário de História do Futebol Itajaiense, iniciativa do Grupo Memória do Futebol Catarinense, que abordou temas relacionados à história do quase centenário “Marinheiro”.

Dufles (ex-Santos, Atlético-MG e Marcílio Dias)

No dia 26 de fevereiro de 1938, nascia em Bauru (SP) o atacante Dulphe Jeronymo Adalberto de Cunto, ou Dufles, como era mais conhecido. Iniciou a carreira junto com Pelé no Bauru Atlético Clube, o Baquinho, e depois tornou-se um verdadeiro cigano do futebol, atuando em diversas equipes, entre elas Santos, Bangu, Atlético Mineiro, Guarani de Ponta Grossa e Marcílio Dias.

Dulfes (o penúltimo agachado) no Santos, em 1958. Foto: Guilherme Guarche/Terceiro Tempo

A passagem do centroavante no clube catarinense foi breve, mas marcante. Contratado para o lugar do ídolo Idésio, que havia se transferido do Marcílio para o Metropol de Criciúma, Dufles estreou com a camisa do Marinheiro na primeira rodada do Campeonato Catarinense de 1963, em 3 de novembro de 1963, quando marcou o gol da vitória do Marcílio por 2 a 1 sobre o Figueirense, em Florianópolis.

Dufles (o terceiro agachado) em 1967, no Ferroviário de Tubarão. Foto: Terceiro Tempo.

De acordo com o livro “Torneio Luiza Mello – Marcílio Dias Campeão Catarinense de 1963”, Dufles atuou em dez partidas na competição e anotou quatro gols, sendo uma das figuras do escrete marcilista na conquista do título estadual. Também participou da campanha do título do campeonato da Liga Itajaiense de 1963.

Além de goleador nato e exímio cabeceador, Dufles tinha temperamento imprevisível. Conta-se que, certa vez, aos ser vaiado pela torcida, abaixou o calção e virou-se para a arquibancada, numa atitude que hoje certamente lhe renderia uma bela punição. Permaneceu em Itajaí de novembro de 1963 a agosto de 1964. Outros clubes catarinenses que defendeu foram o Próspera de Criciúma e o Ferroviário de Tubarão. Dufles faleceu em 10 de novembro de 2004.

Fonte: http://baudomarcilio.blogspot.com.br/

Cobrazil Football Club de Itajaí

Esse é o Cobrazil Football Club da Cidade de Itajaí (SC). O clube foi fundado no mês de agosto de 1940 (não há registro do dia). Foi campeão do Torneio Início e do Campeonato Municipal de Itajaí de 1942. Mandava seus jogos no Estádio Doutor Haroldo Cintra.

Era o time da Companhia de Mineração e Metalurgia do Brasil. Extinguiu-se com o fim das atividades da fábrica no porto em 1943.

Fonte: Gustavo Melim Gomes

Campeonato Citadino de Itajaí (SC) – 1963

Há meio século, no dia 8 de março de 1964, o Clube Náutico Marcílio Dias conquistava pela quarta vez consecutiva o título de campeão de Itajaí. Com uma vitória por 3 a 2 sobre o arquirrival Almirante Barroso, o Marinheiro faturou o campeonato da categoria profissional (Divisão Especial) da Liga Itajaiense de Desportos (LID) de 1963, que se somou aos títulos obtidos nos três anos anteriores (1960, 1961 e 1962).

A estreia do Rubro-Anil na competição deu-se de forma massacrante. Em 13 de outubro de 1963, o Marcílio não teve piedade do Tiradentes da Barra do Rio e venceu por 7 a 2. Duas semanas depois, o Marinheiro empatou em 1 a 1 com o Barroso. Entre novembro de 1963 e fevereiro de 1964, o campeonato citadino ficou paralisado em função da realização do Torneio Luiza Mello – competição também vencida pelo Marcílio e homologada como campeonato estadual em 1983.

Em março de 1964, foi retomado o torneio da LID. No dia primeiro daquele mês, o Marinheiro aplicou nova goleada no Tiradentes, desta vez por 4 a 1, e o clássico contra o Barroso na última rodada definiria o campeão. No começo do jogo, um susto: Hélio abriu o placar para o Barroso, logo aos seis minutos. O Rubro-Anil chegou ao empate com o artilheiro Aquiles, aos 15 minutos.

No segundo tempo, Odilon, aos seis minutos, virou o jogo para o Marinheiro. Godeberto igualou novamente aos 26. Mas o Marcílio tinha Aquiles e foi dele o gol do título, aos 33 minutos da etapa final, concluindo cruzamento de Ratinho pela direita. Menos de um mês após comemorar o título do Torneio Luiza Mello (em 23 de fevereiro de 1964), o Marcílio Dias voltava a ser campeão e consolidava sua hegemonia no futebol praiano.

 

CAMPANHA DO MARCÍLIO DIAS (CAMPEÃO)

13/10/1963 – Marcílio Dias 7 x 2 Tiradentes (Barra do Rio)

27/10/1963 – Almirante Barroso 1 x 1 Marcílio Dias

01/03/1964 – Tiradentes (Barra do Rio) 1 x 4 Marcílio Dias

08/03/1964 – Marcílio Dias 3 x 2 Almirante Barroso

 

FICHA TÉCNICA DA DECISÃO

Marcílio Dias 3 x 2 Almirante Barroso

Data: 08/03/1964

Local: Estádio Dr. Hercílio Luz (Itajaí-SC)

Árbitro: Otacílio Pedro Ramos

Gols: Hélio; Aquiles (2) e Odilon.

Marcílio Dias: Jorge; Marzinho, Djalma, Joel Santana e Joel Reis; Sombra e Odilon; Ratinho, Salvador (Dão), Aquiles e Renê. Técnico: Milton Gonçalves.

Almirante Barroso: Leibnitz; Maurício (Moreli), Ferreira, Antenor e Osni; Nelinho e Zito; Hélio, Mima, Pereirinha e Godeberto. Técnico: Alípio Rodrigues.