Arquivo da categoria: 44. Maurício Neves

EDUARDO, O XERIFE DO MORRO DO POSTO

Corria o ano de 1982. O futebol brasileiro ainda sangrava a derrota de Sarriá e procurava por novos heróis, ou por algo que devolvesse o sentido à bola que se jogava. No meu caso, um garoto de nove anos que teve na Copa da Espanha sua primeira desilusão amorosa, algo que devolvesse o sentido à vida que se vivia, depois do sonho destroçado pelos pés de Paolo Rossi. Cada qual à sua maneira, os torcedores buscavam uma nova esperança. Era preciso reconciliar-se com o jogo.

Eu reencontrei o futebol em um pequeno palco do sul do país. “Estádio Vidal Ramos Júnior, o próprio da municipalidade”, dizia Aldo Pires de Godoy na Rádio Clube. Naquela noite de inverno o Inter de Lages entrou em campo para encarar o Joinville, que reinava absoluto em terras catarinenses. E era certo que aquele Joinville seria outra vez campeão catarinense, não havia força capaz de impedir o quinto título seguido tricolor. O que queríamos é que naquela noite, apenas naquela noite, a história fosse diferente. Que o Joinville levasse suas taças, mas não com uma vitória em nosso quintal. Havia sido assim na Taça Governador do Estado, disputada no primeiro semestre. Joinville campeão, mas sem vencer o Internacional.

Liderado pelo craque Nardela, o adversário buscou o ataque. Mas suas iniciativas paravam em um beque parrudo, peito estufado, altivez cangaceira. A barba espessa sobre a pele castigada, a cara de poucos amigos, nada era acolhedor em Eduardo. Poderia ser um bandido de um faroeste de Sergio Leone. Todavia, para nós lageanos, os colorados eram mocinhos, e bandidos eram os outros. Por isso Eduardo era o nosso xerife. Como morava no bairro do Morro do Posto, assim ficou conhecido: Eduardo, o Xerife do Morro do Posto.

Amigos, o embate foi épico. O Joinville atacava em bloco e Eduardo desbaratava a trama ofensiva sem sutilezas. Carrinhos, voadoras, cabeçadas na bola e nas chuteiras, chutes giratórios, tudo sem mexer um músculo facial. Houvesse uma gravação do que fez Eduardo naquela noite e os atuais lutadores de MMA mudariam de profissão, envergonhados. Talvez se transformassem em jardineiros para cultivar petúnias.

Outros tempos. Defender era um ofício sério, que prescindia de sorrisos ou boas maneiras. Eduardo não era violento, apenas herdara a impávida rudeza do homem lageano. Honrava suas chuteiras pretas e sua insígnia em forma de estrela. Era um cumpridor de seus deveres. Um boi de botas. Um sério.

Eduardo pôs os atacantes tricolores em debandada e o Joinville ficou acuado em sua metade de campo. O Inter estabeleceu o cerco. Apenas Eduardo ficou na intermediária defensiva, onde recolhia as rebatidas desesperadas do adversário para repor o Inter no ataque. Vinha o chutão, Eduardo amaciava a bola no peito estufado e a despachava para o companheiro melhor colocado.

De tanto pressionar, o Inter conseguiu um pênalti. Martinho Bin executou o goleiro Hélio Fernandes com a frieza habitual e anotou o único gol da noite. Os jogadores vieram comemorar junto ao pavilhão social onde eu estava com meu pai, e procurei no emaranhado de braços erguidos o nosso xerife. Não, ele não estava entre os que festejavam o gol. Eduardo já havia retornado ao seu posto, sozinho, e ajeitava a camisa por dentro do calção, esperando o jogo recomeçar.

Eduardo, estampa de bandido, autoridade de xerife

Pelo registro histórico, diga-se que naquele ano o Joinville venceu a Taça Governador e o campeonato estadual, mas não superou o Inter em nenhuma oportunidade. Nos dois jogos no Ernesto Schlemm Sobrinho, empates sem gols. Nos dois jogos no Vidal Ramos Júnior, vitórias coloradas pelo escore mínimo. Ser campeão era uma coisa. Dobrar o Inter de Eduardo em 1982 era algo bem diferente.

Naquela noite, o Inter venceu com o gol de Bin e com a autoridade de Eduardo, nos pés de quem o jogo se encerrou exatamente no nonagésimo minuto. Após dominar a derradeira rebatida do Joinville, o Xerife pisou na bola e ficou estático. Assertivo, olhou para o árbitro José da Silva Melo que, entendendo o gesto, apitou o fim. Melhor para todos. Eduardo não deixaria o Joinville fazer um gol nem que a partida fosse até o amanhecer.
A Rádio Clube já havia escolhido, por unanimidade, o melhor em campo. Eduardo receberia um radinho a pilha, oferecimento da Loja Magnetron. O repórter Evaldir Nascimento alcançou Eduardo quando este já deixava o gramado e o interpelou: “- Eduardo, você acaba de ganhar este rádio National Panasonic, fidelidade em ondas curtas, médias e longas, como o melhor jogador da noite!”

Sem interromper sua caminhada, Eduardo disse rangendo dentes: “- Não quero. Não fiz mais do que a minha obrigação”.

E desceu a escadaria rumo ao vestiário, onde deixaria sua camisa vermelha, sua estrela dourada e suas chuteiras pretas. Dentro de instantes voltaria a ser apenas Eduardo Antunes de Castro, misturado entre outros lageanos no último ônibus circular com destino ao Morro do Posto, sem querer mais que um prato de comida e o reconfortante sono dos justos.

O futebol sente saudade de você, Eduardo.

S.C. FORÇA JOVEM – LAJES PINTADAS/RN

NOME: SPORT CLUB FORÇA JOVEM
FUNDAÇÃO: 
CIDADE: LAJES PINTADAS/RN
SITUAÇÃO: AMADOR
CURIOSIDADE: A EQUIPE É RESULTADO DE UM PROJETO SOCIAL QUE VISA DAR ATIVIDADE ESPORTIVAS A JOVENS E CRIANÇAS, E REVELAR TALENTOS.

FONTES:

http://atribunalp.blogspot.com.br

http://odiariolajespintadense.blogspot.com.br

TORNEIO JOÃO CARLOS LEÃO FILHO – 1964

EQUIPES PARTICIPANTES:

 

EQUIPE

CIDADE

001

ESPORTE CLUBE INTERNACIONAL LAGES

002

GRÊMIO ATLÉTICO GUARANY LAGES

003

SOCIEDADE ESPORTIVA E RECREATIVA OLINKRAFT LAGES

 1º TURNO

26.01.1964

OLINKRAFT

1-0

GUARANY

02.02.1964

INTERNACIONAL

1-0

OLINKRAFT

09.02.1964

GUARANY

2-1

INTERNACIONAL

 2º TURNO 

16.02.1964

OLINKRAFT

2-1

GUARANY

23.02.1964

INTERNACIONAL

1-0

OLINKRAFT

01.03.1964

INTERNACIONAL

0-0

GUARANY

 

 

 

J

V

E

D

GP

GC

PG

01º

INTERNACIONAL

04

02

01

01

03

02

05

02º

OLINKRAFT

04

02

00

02

03

03

04

03º

GUARANY

04

01

01

02

03

04

03

 * COM ESTES RESULTADOS, O ESPORTE CLUBE INTERNACIONAL DE LAGES SAGROU-SE CAMPEÃO CATARINENSE – TORNEIO JOÃO CARLOS LEÃO FILHO DE 1964.

Fonte: Arquivos de Maurico Neves de Jesus

Eles sonhavam conquistar o Maracanã

Mauricio Neves (@badsnows no Twitter)

O Flamengo entra em campo amanhã de manhã para tentar o seu segundo título na mais tradicional competição de divisões de base do país. Vinte e um anos separam os dois torneios e muita coisa mudou ao longo de duas décadas. Uma delas, sem dúvida, é a visibilidade da competição.

Na então Taça São Paulo de Juniores, em 1990, poucos jogos eram televisionados. Já em 2011, os times mais populares tiveram todas as suas partidas transmitidas por pelo menos um dos três canais que cobrem a competição. Assim, a torcida do finalista Flamengo já se habitou a nomes como César, Marlon, Muralha, Lorran, Negueba, Rafinha e outros. Em contraste, o time liderado por Djalminha em 1990 teve apenas dois de seus onze jogos televisionados em rede nacional, ambos pela Bandeirantes: a estreia contra o Botafogo de Ribeirão Preto e a final contra o Juventus.Fla 3x0 Inter, jrs

A vitória que ganhou contorno de lenda foi a que valeu a vaga para a semifinal. O Flamengo poderia até empatar com o Corinthians, mas aplicou uma volumosa goleada de 7×1 diante de um Pacaembu lotado pela Fiel, no dia do aniversário da cidade de São Paulo. Na preliminar, um amistoso de profissionais reviveu a rivalidade entre os estados, e a seleção paulista liderada por Mirandinha bateu uma pitoresca seleção carioca, com “craques” como Macula e Alcindo. A goleada rubro-negra fez o país voltar os olhos para o garoto Djalminha, autor de cinco gols naquela tarde, um deles de antologia, por cobertura.Fla 7x1 Corinthians

O que poucas pessoas lembram é que o maior destaque do Flamengo na competição até então era Marcelinho, ainda sem a alcunha “Carioca”, assim como o zagueiro Júnior ainda não era “Baiano”. O time carioca estava sendo eliminado pela Portuguesa do artilheiro Sinval, na terceira fase, até que Marcelinho acertou uma de suas cobranças de falta no último minuto. Na disputa de pênaltis, melhor para o Flamengo: 4×1.

O problema para o técnico Ernesto Paulo era que aquele seria o último jogo de Marcelinho na Taça São Paulo. Ele e seus companheiros Marquinhos e Paulo Nunes foram convocados para a seleção brasileira de juniores que disputaria a Copa Atlântica, em Las Palmas, na Espanha. Mas foi justamente a ausência de três destaques do time que fez o talento de Djalminha explodir naquele distante janeiro. No último dia do mês, com o apoio de cinco mil rubro-negros que foram ao Pacaembu incentivar o Urubu contra o Moleque Travesso, Júnior Baiano recebeu um passe perfeito de Djalminha e encobriu o goleiro juventino Alessandro. A alegria com o título da Taça São Paulo foi uma das poucas dos torcedores do Flamengo com aqueles jogadores. Djalminha, Paulo Nunes e Marcelinho levantariam muitas taças em suas carreiras, mas a maioria bem longe do Maracanã que sonhavam conquistar.

A seguir, os jogos do Flamengo na Taça São Paulo de Juniores de 1990:

Flamengo 1×1 Botafogo (Ribeirão Preto)
6 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores
Vila Belmiro – Santos
Gol do Flamengo: Fabinho, de cabeça

Flamengo 1×0 Nacional (São Paulo)
8 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores
Clube Portuários – Santos
Cartões vermelhos: Marquinhos (Fla) e Ernesto Paulo (Fla)
Flamengo: Adriano, Mário Carlos, Tita, Edmilson e Piá; Marquinhos, Marcelinho e Fabinho; Paulo Nunes, Nélio e Luís Antônio. Técnico: Ernesto Paulo
Nacional: Nelson, Girlando (Claudinei), Luciano, Pedro e Carlos Fernando; Antônio Carlos, Zeomar e Roberto; Marcelo (Robson), Flávio e Valdinei.
Gol: Nélio aos 32 do 1º tempo.

Flamengo 2×0 Central Brasileira (Cotia)
10 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores
Clube Portuários – Santos
Gols: Paulo Nunes (2).

Flamengo 2×1 Criciúma
12 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores
Vila Belmiro – Santos
Gols: Djalminha (Fla) e Everaldo (Criciúma) no 1º tempo; Paulo Nunes (Fla) no 2º tempo.

Flamengo 0x0 Santos
14 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores
Vila Belmiro – Santos
Obs.: Na fase classificatória, os jogos empatados sem gols eram decididos nos pênaltis, e o vencedor levava um ponto, contra nenhum do perdedor. Neste jogo, o Flamengo venceu por 5×4.

Flamengo 3×1 Tuna Luso
16 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (2ª fase)
Canindé – São Paulo
Gols: Piá (Fla) no 1º tempo; Marcelinho (Fla), Luciano (Tuna, pênalti) e Djalminha (Fla) no 2º tempo.

Flamengo 1×1 Portuguesa
18 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (3ª fase)
Canindé – São Paulo
Cartão vermelho: Tita (Flamengo)
Gol do Flamengo: Marcelinho (falta) aos 44 do 2º tempo.
Obs.: Nos pênaltis, o Flamengo venceu por 4×1.

Flamengo 1×2 Juventus (São Paulo)
21 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (4ªs de final)
Rua Javari – São Paulo
Flamengo: Adriano, Mário Carlos, Edmilson, Júnior Baiano e Piá; Rodrigo Dias, Fabinho e Djalminha; Luís Antônio, Nélio e William. Técnico: Ernesto Paulo.
Juventus: Alessandro, Canela, Emerson, Índio e Vagner (Carlão); Aleba, Ed Wilson e Fernando (Índio II); Rogério, Ricardo e Silva.
Gols: Nélio aos 6 e Índio II aos 39 do 1º tempo; Rogério a 1 do 2º tempo.
Obs.: O goleiro Adriano, do Flamengo, defendeu um pênalti cobrado por Ricardo aos 34 do 1º tempo.

Flamengo 7×1 Corinthians
25 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (4ªs de final)
Pacaembu – São Paulo
Árbitro: João Paulo Araújo
Flamengo: Adriano, Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá (Selé); Edmilson, Rodrigo Dias (Fábio Augusto), Fabinho e Djalminha; Nélio e Luís Antônio. Técnico: Ernesto Paulo
Corinthians: Márcio, Joice, Robson, Santana (Duda) e Bezerra; Pardal, Ari Bazão, Luís Fernando e Alemão; Abelardo e Juarez (Wladimir).
Gols: Nélio aos 15, Djalminha (falta) aos 29 e Djalminha (pênalti) aos 42 do 1º tempo; Piá aos 5, Wladimir aos 9, Djalminha (pênalti) aos 17, Djalminha (de cabeça) aos 34 e Djalminha (de cobertura) aos 42 do 2º tempo.

Flamengo 3×0 Internacional (Porto Alegre)
29 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (semifinal)
Estádio Municipal – Suzano
Árbitro: Walter Borges de Queiroz
Flamengo: Adriano, Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá; Rodrigo Dias (Fábio Augusto), Djalminha e Luís Antônio; Nélio (William) e Fabinho.
Inter: Alberto, Célio, Sandro, Colovine e Carlos; Murilo, Marcelo e Moreno; Calil (Leandro), Fábio e Gilmar (Luís Fernando). Técnico: Abílio Reis.
Gols: Luís Antônio aos 20 do 1º tempo; Fabinho aos 18 e Djalminha (falta) aos 36 do 2º tempo.

Flamengo 1×0 Juventus (São Paulo)
31 de janeiro de 1990
Taça São Paulo de Juniores (final)
Pacaembu – São Paulo
Flamengo: Adriano, Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá; Rodrigo Dias, Fábio Augusto (William), Fabinho e Djalminha; Luís Antônio e Nélio. Técnico: Ernesto Paulo.
Juventus: Alessandro, Canela (Fernando), Emerson, Índio e Vagner ; Aleba, Índio II e Ricardo Vieira; Ed Wilson, Carmo e Silva.
Gol: Júnior Baiano aos 28 do 1º tempo.


Fontes: O Globo, JB, Revista Placar, minhas anotações e gravações da época.

Aliados: escudo e fichas de grandes jogos

escudos aliadosFui alertado pelo Ielo de que o escudo do Aliados permanecia inédito, e fui atrás. Não achei nada em cartório, mas entrevistei um dos últimos torcedores do Aliados, o senhor Vivaldino Athayde. Viva, como é mais conhecido, se tornou torcedor do Inter de Lages quando o Aliados fechou as portas, mas ainda guarda uma carteirinha de sócio do Aliados com o escudo original do time: um círculo de bordas vermelhas com a parte interna amarela, onde se inscreve em letras vermelhas e justificadas a palavra ALIADOS.

Eu já havia visto nas fotos do time outros dois escudos, sempre no formato circular. Um exatamente igual ao do América do Rio, apenas invertendo as cores: letras vermelhas em fundo branco. O outro foi usado nas camisas do goleiro Tena: círculo branco com as iniciais AFC em arial negrito. Também há registro do Aliados jogando com camisas brancas com a inscrição do nome ALIADOS F.C. no peito.

aliados

Viva explica a confusão dos escudos: “O escudo oficial é o círculo com Aliados escrito dentro, ocupando toda a área. O problema é que esse escudo era bordado em Porto Alegre, em Lages tinha que ser bordado à mão e era difícil. Assim, quando um jogo de camisa estragava, não tinha escudo para repor. Por isso o Aliados jogou muitas vezes sem escudo, ou só escrito o nome, ou com o escudo AFC na camisa do Tena. Depois disso, um diretor aliadino que era torcedor do América, trouxe do Rio vários escudos do América para bordar,  já que as iniciais eram as mesmas, mas foi usado em um jogo e os torcedores não gostaram. Essa confusão era só na camisa mesmo, o escudo oficial sempre foi o círculo com o nome Aliados dentro, com a letra no formato do escudo do América”.

Assim, nas palavras de um de seus últimos sócios, o Aliados tem finalmente o mistério do escudo esclarecido. O oficial é este, publicado neste artigo, e que pode ser visto também na foto, nas camisas dos jogadores de linha. Note-se, na camisa do goleiro, o escudo com as iniciais em arial.

***

Depois de oito anos disputando amistosos e torneios não oficiais, o Aliados venceu o primeiro campeonato municipal de Lages ao bater o Vasco, na final, por 2×1, em 1951.  Os dois gols aliadinos foram marcador por Túlio Bolão, ambos de cabeça. Além de exímio cabeceador, Túlio ficou conhecido em Lages pelos gols de bicicleta e por ser ritmista da Orquestra Guanabara, que animava os mais finos bailes sociais da cidade, e também os convescotes das casas noturnas alternativas.

Naquele mesmo ano, o Aliados recebeu as faixas do poderoso Carlos Renaux, de Brusque, que reluzia o famoso ataque formado por Julinho, Aderbal, Teixeirinha, Euclides e Petruski. Os brusquenses venceram por 5×4.

Campeão lageano de 1951, o Aliados representou a cidade no campeonato catarinense daquele ano, que só veio a ser disputado em 1952. Em jogos de ida e volta, os aliadinos foram eliminados ao perder a prorrogação no jogo de volta para o Cruzeiro, do Joaçaba. Depois daquelas partidas, os principais jogadores do Cruzeiro – Vicente, Orá, Bodinho, Ortiz, Esnel e Dinha – seriam contratados por três clubes lageanos, Aliados, Inter e Vasco. Anos mais tarde Esnel chegaria à Ponte, ao São Paulo e à seleção brasileira, enquanto Dinha seria titular no Grêmio de Porto Alegre. Mas aí já é história para outro artigo.

Fichas dos jogos citados:

Aliados 2×1 Vasco
1º Campeonato Citadino de Lages – 16 de setembro de 1951
Estádio Municipal Areião de Copacabana – Lages
Renda: Cr$ 4290,00
Árbitro: Tenente Jorge Klier
Aliados: Isauro, Russil e Félix; Decarli, Lambança e Brandão; Túlio, Eustálio, Emilio, Aldo Neves e Guinha.
Vasco: Daniel, Gevaerd e Juca; Bertoldo, Nuta e Erasmo; Miro, Bertoli, Tavares, Edu e Ernani.
Gols: Túlio e Guinha, ambos de cabeça, para o Aliados; e Miro para o Vasco, todos no 1° tempo.
Obs.: Com esse resultado o Aliados conquistou o Campeonato Citadino de 1951.

Aliados 4×5 Carlos Renaux (Brusque)
16 de novembro de 1951 – Entrega de faixas para o Aliados
Estádio Municipal Areião de Copacabana – Lages
Árbitro: Dirceu Mendes
Aliados: Isauro (Andrade), Russil e Félix; Vicente, Binha e Wilton; Tulio, Eustálio, Emilio, Aldo Neves e Guinha (Luzardo).
Renaux: Mário, Afonso e Ivo; João, Bolonini e Calico; Julinho, Aderbal, Teixeirinha, Euclides e Petruski.
Gols: Teixeirinha, Euclides, Aderbal (2) e Russil (contra) para o Renaux; Guinha (2), Vicente e Túlio para o Aliados.

Cruzeiro (Joaçaba) 2×2 Aliados
27 de abril de 1952 – Campeonato Catarinense de 1951
Estádio Oscar Rodrigues da Nova – Joaçaba
Gols: Emilio e Guinha para o Aliados; Bodinho e Gérson para o Cruzeiro.

Aliados 2×2 Cruzeiro (Joaçaba)

4 de maio de 1952 – Campeonato Catarinense de 1951
Estádio Municipal Areião de Copacabana – Lages
Árbitro: Newton Manguilhote
Aliados: Isauro, Russil e Wilton Meningite; Decarli, Jorge e Lambança; Túlio Bolão, Aldo, Emílio, Eustálio e Guinha.
Cruzeiro: Pedrinho, Chico e Konder; Elpídio, Vicente e Orá; Bodinho, Gérson, Ortiz, Esnel e Dinha.
Gols: Ortiz (Cruzeiro) aos 9 e Aldo Neves (falta) aos 20 do 1° tempo; Guinha aos 3 e Esnel (Cruzeiro) aos 43 do 2° tempo.
Obs.: Na prorrogação o Cruzeiro venceu por 3×1 e eliminou o Aliados. Ortiz (2) e Bodinho marcaram para o Cruzeiro e Emilio descontou para o Aliados.

Fontes: Vivaldino Athayde, uma identificação de sócio do Aliados, acervo do autor, acervo do Correio Lageano. Foto do Aliados: acervo Clóvis Fava / Blog do Pardal. Arte do escudo: Daniel Galvani.

O Inter sob neve

Li no blog http://oglobo.globo.com/blogs/bolademeia o post Você sabia? Futebol brasileiro já teve jogos debaixo de neve, que relembrou as partidas Esportivo x Grêmio, em Bento, e Chapecoense x Criciúma, em 1979.
Naquela mesma noite, 30 de maio de 1979, Internacional e Avaí jogaram em Lages debaixo de uma nevasca inesquecível e enfrentando um frio de 2 graus negativos. Os vendedores dos tradicionais pastéis e iguarias de amendoim, naquela noite, vendiam conhaque!
Durante o intervalo, nevou muito forte, e quando os times voltaram para o segundo tempo o campo estava absolutamente branco.

Internacional 1×1 Avaí (Florianópolis)
30 de maio de 1979 – Campeonato Estadual
Estádio Municipal Vidal Ramos Junior – Lages
Árbitro: Francisco Simas, auxiliado por Edvaldo Coelho e Silvio Theodoro da Costa
Inter: Luiz Fernando, Chicão, Nivaldo, Eduardo e Clademir; Bin, Daniel e Vanusa; Jorge Guilherme, Wilson (Jones) e Vacaria.
Avaí: Zé Carlos, Deide, Beto, Adaílton e Rosa Lopes; Lourival, Katinha e Lima; Valter, Jorge Luiz e Zé Paulo (Nilson).
Gols: Jorge Luiz aos 11 do 1° tempo; Jones aos 10 do 2° tempo.