O Alecrim Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Natal (RN). A sua Sede fica localizada na Rua dos Caicós (antiga Avenida Sete), nº 1.722, no bairro Alecrim, em Natal/RN.
História
Fundado no domingo, do dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, João Café Filho, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino.
O local da fundação foi o sítio Vila Maria, pertencente a Cândido Medeiros, na atual Rua General Fonseca e Silva, próximo da atual Igreja São Pedro em Natal/RN, no então longínquo bairro do Alecrim (na época o bairro era considerado zona rural de Natal-RN). Lauro Cândido de Medeiros foi o 1º presidente.
A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Com efeito, o clube esmeraldino fundou e manteve uma escola noturna para essas crianças.
Dessa forma o Alecrim atendia a um apelo de uma campanha nacional patrocinada pelo Presidente da República do Brasil Venceslau Brás, que tinha como objetivo erradicar o analfabetismo no país.
No início o time era formado por negros e índios
Além do mais, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente por negros e descendentes de índios(moradores do bairro), o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.
O Vingador
O Alecrim nos anos 60 era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.
Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0 a 0 com o Americano (RJ); 2 a 1 no Democrata de Governador Valadares (MG); 2 a 0 no Fortaleza (CE); 1 a 1 com o Treze (PB); 2 a 2 com o Náutico de Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1 a0 com gol do artilheiro Rui.
Único Presidente da República a jogar num clube de futebo
O Alecrim é o único clube da história do futebol brasileiro que teve um (futuro) presidente da república jogando em suas fileiras. Trata-se de João Café Filho, 18º presidente do Brasil(1954-1955). Café Filho foi goleiro titular da onzena “periquito” em 1918 e 1919.
Mané Garrincha
O Alecrim teve a honra de ter contado com Garrincha por uma partida, foi no dia 4 de fevereiro de 1968, no estádio Juvenal Lamartine. O craque das “pernas tortas”, usou a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1 a 0, gol de Duda.
Com público de mais de 6 mil pagantes, e renda de Cr$ 21.980,00, o Alecrim formou com: Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga.
O rubro-negro pernambucano jogou com: Delcio; Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair; Valter e Soares; Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, os jogadores Garcia (pertencente ao Riachuelo de Natal) e Evaldo (pertencente ao América de Natal).
Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga
Grandes personagens
Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Lauro Cândido de Medeiros, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Silvio Tavares, Clóvis Motta, Joca Motta,Cel.Veiga, Walter Dore, Brás Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel.
Sete vezes campeão Potiguar
O clube potiguar é heptacampeão estadual: 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986. Quatro vezes campeão do Torneio Início(1926, 1961, 1966 e 1972); e um título do Campeonato Potiguar da 2ª Divisão de 2022.
O Verdão é o 3º clube potiguar com maior número de participações na Série A, com 3 participações. Ao todo são 11 participações em campeonatos nacionais, sendo as mais recentes a Série D, em 2011, e a Copa do Brasil de 2015.
Participou da elite do futebol nacional em 1963, 1964 e 1986, sendo o único representante do estado nas três ocasiões. Nas primeiras participações do Verdão, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), ainda denominava o Campeonato Brasileiro de “Taça Brasil”. Em 1986, na terceira participação, já era chamado de Brasileiro.
ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello
Colaborou: Adeilton Alves
FOTOS: Tribuna do Norte
FONTES: site do clube – texto de Carlos Alberto N. de Andrade, Prof. da Universidade do Estado do RN
O Paysandu foi fundado em 1927 a partir de uma dissidência do América, disputou apenas o campeonato de 1928, e foi reorganizado anos depois para o campeonato de 1937. Desde sua reorganização, pairavam suspeitas de que se tratava de um clube mantido por baixo dos panos por Vicente Farache, eterno mecenas e mandatário de facto do ABC. Coincidência ou não, o Paysandu nunca tirou um ponto sequer do ABC em jogos de campeonato. Vejam a lista de confrontos entre os dois a partir de 1937: 10 jogos, 10 vitórias do ABC, sendo três delas entregas de pontos (WO).
Campeonato
Data
Equipe
Placar
Equipe
1937
domingo, 13/06/1937
ABC
5-0
Paysandu
1937
sábado, 04/09/1937
ABC
9-1
Paysandu
1938
domingo, 15/05/1938
ABC
4-2
Paysandu
1938
domingo, 04/09/1938
ABC
9-1
Paysandu
1939
domingo, 21/05/1939
ABC
6-0
Paysandu
1939
data desconhecida
ABC
1-WO
Paysandu
1940
domingo, 25/08/1940
ABC
1-WO
Paysandu
1941
domingo, 03/08/1941
ABC
2-1
Paysandu
1941
domingo, 08/02/1942
ABC
1-WO
Paysandu
1942
domingo, 12/07/1942
ABC
4-0
Paysandu
As suspeições dos demais clubes em relação ao Paysandu atingiram seu nível máximo em 1942. Mais do que nunca, em 1941 o Paysandu foi decisivo no título do ABC: conquistou três pontos preciosos contra o Santa Cruz, evitando que o clube fosse campeão e ainda por cima quebrando sua invencibilidade, e novamente perdeu os dois jogos contra o ABC – no segundo jogo, o clube azul sequer entrou em campo, tendo recorrido ao velho instituto da entrega de pontos.
Dessa forma, o Atlético, apoiado por Alecrim, América, Força e Luz e Santa Cruz, ingressou com um pedido de desfiliação do Paysandu, atitude que desencadeou uma crise sem precedentes na Federação Norte-rio-grandense de Desportos, que culminou na suspensão de jogos e no eventual abandono do campeonato de 1942.
Em represália a esse movimento dos demais clubes, alguns esportistas do ABC – seu diretor Vicente Farache e alguns atletas – sabotaram a preparação da seleção do Rio Grande do Norte, que foi facilmente abatida no Campeonato Brasileiro pela seleção da Paraíba logo na primeira fase.
Em 12 de outubro, na reta final de resolução da crise, o Conselho Geral da FND se reuniu e suspendeu o Paysandu por 3 anos, e em 19 de outubro foi eleito para a presidência da Federação um militar paulista, o Capitão José Porfírio da Paz, figura histórica do São Paulo Futebol Clube, que estava servindo em Natal naquele período. Por fim, em 12 de fevereiro de 1943, um ato da presidência da FND anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942.
Jogo 1, 13h30 – SANTA CRUZ 0-1 ATLÉTICO Árbitro: Hermes Marques de Amorim Gol: Ubarana
Jogo 2, 14h05 – PAYSANDU 2-0 FORÇA E LUZ Árbitro: Salatiel Silva Gols: Pajeú e Tico
Jogo 3, 14h40 – AMÉRICA 2-0 ALECRIM Árbitro: José Gomes de Carvalho
Semifinais
Jogo 4, 15h15 – ABC 5-0 ATLÉTICO Gols: Taperoá (2), Badof (2), Simão
Jogo 5, 15h50 – PAYSANDU 0-2 AMÉRICA
Final
Jogo 6, 16h40 – ABC 0-2 AMÉRICA Gols: Stephenson, Piri.
Campeão do Torneio Início: AMÉRICA
CAMPEONATO POTIGUAR 1942
Fórmula de disputa: pontos corridos em turno e returno.
Tabela do primeiro turno:
Data
Mandante
Placar
Visitante
domingo, 17/05/1942
Alecrim
3-1
Atlético
domingo, 24/05/1942
Santa Cruz
4-2
Força e Luz
domingo, 07/06/1942
Paysandu
3-1
América
domingo, 14/06/1942
Força e Luz
0-10
ABC
domingo, 21/06/1942
Atlético
1-3
Santa Cruz
domingo, 05/07/1942
América
1-2
Alecrim
domingo, 12/07/1942
ABC
4-0
Paysandu
domingo, 19/07/1942
Atlético
4-3
Força e Luz
domingo, 26/07/1942
Santa Cruz
3-6
América
sábado, 01/08/1942
Alecrim
2-2
Paysandu
domingo, 09/08/1942
ABC
–
Atlético
domingo, 16/08/1942
América
9-3
Força e Luz
domingo, 23/08/1942
Alecrim
2-2
Santa Cruz
domingo, 30/08/1942
Paysandu
–
Atlético
domingo, 13/09/1942
Força e Luz
–
Alecrim
domingo, 20/09/1942
Atlético
–
América
sem data original
Santa Cruz
–
Paysandu
sem data original
Alecrim
–
ABC
sem data original
ABC
–
Santa Cruz
sem data original
América
–
ABC
sem data original
Força e Luz
–
Paysandu
Em 24/07/1943, o Conselho Geral da FND se reuniu e resolveu, por maioria de votos, suspender o Paysandu Sport Club, tendo em vista as suspeitas de irregularidades e beneficiamento ao ABC Futebol Clube. Em 30/07/1943, o mesmo Conselho Geral destituiu o presidente da FND, Gentil Ferreira de Sousa. Ainda não conseguimos encontrar a publicação desses atos oficiais nos jornais da época.
As partidas de campeonato entre os dias 09/08 e 20/09 foram adiadas por atos de Gentil Ferreira de Sousa como presidente da FND. Mas, como os demais clubes já o desconheciam como presidente da federação, foram disputadas algumas dessas partidas de campeonato.
Em 03/08/1942, a Presidência da FND, através do Ato nº 07/1942, publicado no jornal A República de 04/08/1942 e abaixo transcrito, anulou as resoluções do Conselho Geral do dia 24/07/1942:
Ato nº 7
O Presidente da Federação Norte-riograndense de Desportos, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo estatuto em vigor e
considerando que o Conselho Geral reuniu-se em sessão extraordinária no dia 24 de julho passado;
considerando que somente os clubes em dia com os cofres da Federação podem tomar parte nas deliberações do Conselho Geral;
considerando que, pelo art. 76 do estatuto, as resoluções do Conselho Geral são nulas, desde que para elas tenha discutido e votado representante de clube em débito para com a Federação;
considerando que o filiado Paisandú Esporte Clube requereu a anulação das decisões da referida sessão do Conselho Geral para o que juntou certidão competente provando que o filiado América Futebol Clube estava em débito para com a Federação no dia da realização da supracitada sessão do Conselho Geral econsiderando o art. 25, letra e, do estatuto vigente,
RESOLVE anular as resoluções do Conselho Geral do dia 24 de julho passado, bem como os efeitos delas decorrentes.
Natal, 3 de agosto de 1942.
Gentil Ferreira de Souza Presidente
Em 09/08/1942, segundo notícia divulgada pelo jornal A República em 11/08/1942, a diretoria da Confederação Brasileira de Desportos se reuniu para deliberar sobre a situação da FND:
A CRISE NO FUTEBOL POTIGUAR
RIO, 9 – A diretoria da C.B.D., ontem, reunida sob a presidência do sr. Luiz Aranha, tomou conhecimento da crise que se manifestou na Federação Norteriograndense de Desportos e resolveu realizar diligências a fim de esclarecer a situação. Nesse sentido, serão solicitadas informações pela entidade máxima dos dirigentes do futebol naquele Estado. Como é do conhecimento dos nossos leitores, vários clubes da F. N. D., insinuando haver o Paisandú A. C. (sic) se deixado derrotar pelo clube A. B. C., e como não lograssem a convocação do Conselho Superior pelo presidente da Federação, sr. Gentil Ferreira de Sousa, resolveram depô-lo, passando a presidência ao sr. Sílvio Tavares, vice-presidente e deliberaram, ainda, eliminar o Paisandú. Levado o caso ao conhecimento do Conselho Regional do Rio Grande do Norte, resolveu este intervir, determinando fosse reintegrado o presidente, sr. Gentil Ferreira de Sousa, no que não foi obedecido, tanto assim que a C. B. D. recebeu, ontem, comunicação da eleição do sr. Porfírio da Paz, antigo esportista de São Paulo, para a presidência da Federação Norteriograndense. A Confederação somente poderá agir em caso de recurso legal impetrado pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa.
Em 10/09/1942, o jornal carioca Diário de Notícias publicou que Gentil Ferreira de Sousa recorreu à CBD, que conheceu do recurso e o reconduziu à presidência da FND, mas manteve a suspensão ao Paysandu decidida pelo Conselho Geral, notícia replicada pelo jornal A República em 13/09/1942:
Reconduzido ao seu posto o presidente da Federação Norte-Riograndense de Desportos
Anuladas, pela diretoria da C. B. D., todas as resoluções tomadas pelo Conselho Geral daquela entidade nortista, na sessão em que foi destituído o sr. Gentil Ferreira de Souza
RIO, 10 (Pelo Aéreo) – O “Diário de Notícias”, em sua edição de hoje, divulga o seguinte:
“A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, em sua reunião de ontem, deu provimento ao recurso interposto pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa contra o ato do Conselho Geral da Federação Norte-riograndense de Desportos que o destituiu da presidência dessa entidade. A sessão foi presidida pelo sr. Teixeira de Lemos, vice-presidente, tendo comparecido os srs. Célio de Barros, secretário-geral, Pizarro Filho, tesoureiro, Castelo Branco, presidente do Conselho Técnico de Futebol, além do representante da Federação Norte-riograndense, sr. Paulo de Carvalho. A sessão terá prosseguimento no próximo sábado às 14 horas.
A resolução da diretoria da C. B. D. está assim redigida:
‘A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, conhecendo do recurso interposto pelo dr. Gentil Ferreira de Sousa, da resolução do Conselho Geral da Federação Norte Riograndense de Desportos, que, em reunião de 30 de julho último, o destituiu da presidência da mesma Federação, e usando o poder que lhe confere o art. 76, do Estatuto, resolve:
1º – Anular todas as resoluções do Conselho Geral, tomadas na referida reunião.
Não foi publicada nota da respectiva convocação, nem se provou ter sido feita por ofício aos seus membros competentes, inclusive o presidente da Federação, que devia também presidi-la.
2º – Anular o ato nº 7 do presidente da Federação tornando sem efeito a resolução do Conselho Geral, tomada na reunião de 24 do mesmo mês.
Ainda quando tivesse o presidente da Federação competência para anular qualquer resolução do Conselho Geral, e ainda quando estivesse em mora com a entidade um dos clubes que dela participaram, certo é que os quatro restantes contra os quais nada se arguiu representavam a maioria do Conselho, sendo legal, portanto, a sua resolução.
3º – Mandar que o presidente reintegrado reúna, mediante prévia convocação e dentro dos dez dias úteis que se seguirem à comunicação da presente, o Conselho Geral, para conhecer do pedido de desfiliação do Paisandú Esporte Clube e deliberar a respeito de tudo quanto julgue necessário aos interesses da Federação dentro de sua competência.’”
O mesmo ofício da CBD foi republicado no jornal A República em 17/09/1942 por ordem do Ato nº 16 do presidente reconduzido da FND.
Com a aproximação do Campeonato Brasileiro de Seleções, a FND resolveu, como de praxe, suspender definitivamente o campeonato em 19/09/1942, que já tinha na prática sido paralisado pelos sucessivos adiamentos de partidas durante a crise. A estreia da seleção do Rio Grande do Norte foi marcada pela CBD para o dia 11/10/1942, em Natal, contra a seleção da Paraíba, partida mais tarde remarcada para a cidade de João Pessoa.
Em 27/09/1942, o Diário de Notícias (RJ) divulgou que as determinações da CBD não foram cumpridas: o presidente reconduzido Gentil Ferreira de Sousa não convocou o Conselho Geral, em desacordo com o determinado pela CBD, e os outros cinco clubes (Alecrim, América, Atlético, Força e Luz e Santa Cruz), como consequência, enviaram à CBD protestos contra a atuação de Gentil Ferreira de Sousa. Em 29/09/1942, o mesmo jornal divulgou que a CBD, em reunião no dia 28/09/1942, resolveu destituir novamente Gentil Ferreira de Sousa da presidência da FND, determinando que o vice-presidente assuma a presidência e convoque o Conselho Geral da entidade no prazo legal.
Em 08/10/1942, O Diário divulgou que alguns jogadores do ABC, entre os quais Gageiro, Tico, Edgar e Acácio, não compareceram ao último treino da seleção potiguar em 07/10/1942; que Gageiro e Tico estariam exigindo roupas, sapatos e dinheiro para se integrar a equipe; que Vicente Farache – diretor do ABC, mecenas histórico do clube e mandatário de facto do alvinegro – se negou a fornecer material a seus jogadores, não só para os treinos mas também para a partida contra a seleção paraibana. Contudo, havia outros jogadores do ABC presentes no treino – Joãozinho, Badof e Saravoti. De fato, os quatro primeiros não viajaram à Paraíba e os três últimos compareceram à viagem e entraram em campo. O placar do jogo foi Paraíba 6×0 Rio Grande do Norte, quebrando uma invencibilidade histórica da seleção potiguar contra a vizinha seleção paraibana. É bastante possível que esse ato de sabotagem de esportistas do ABC esteja ligado à crise em curso, como retaliação aos demais clubes.
Em 28/10/1942, o jornal Diário de Notícias (RJ) divulgou que a diretoria da CBF, em reunião no dia 27/10/1942, solicitou esclarecimentos à FND sobre as resoluções tomadas pelo Conselho Geral da entidade, após a destituição definitiva de Gentil Ferreira de Sousa. Em 30/10/1942, o mesmo jornal divulgou que, no dia 29/10/1942, um telegrama da FND para a CBD comunicou que, no dia 12 do mesmo mês, o Conselho Geral da FND se reuniu e deliberou pela exclusão do Paysandu Esporte Clube por 3 (três) anos e que, em Assembleia Geral de 17 de outubro, foi eleito para o cargo de presidente da FND o Capitão José Porfírio da Paz.
O campeonato não foi retomado após o fim da crise. Outros eventos esportivos e amistosos iam sendo realizados a cada domingo. Por fim, o Ato nº 023/1943 da Presidência da FND, publicado no jornal A Ordem de 16 de fevereiro de 1943 e abaixo transcrito, anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942:
Ato nº 23
O Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 25, letra f, do estatuto em vigor,
considerando que o campeonato oficial da cidade de 1942 foi interrompido desde o dia 2 de agosto de 1942 em virtude dos atos ns. 6, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 17 do mesmo ano;
considerando que o referido campeonato teve, apenas, nove (9) jogos realizados, constantes da respectiva tabela e relativos ao primeiro turno;
considerando que o estádio desta Federação requer algumas e inadiáveis benfeitorias, naturalmente antes do início da temporada desportiva do corrente ano;
considerando que o prosseguimento do campeonato de 1942 não atende aos interêsses da administração desta entidade, além do que dificultará o preparo prévio dos clubes para o campeonato do corrente ano;
considerando que é pensamento da atual diretoria desta entidade seja promovida a temporada desportiva do corrente ano dentro dos prazos determinados pelo estatuto e regulamento em vigor;
considerando que os filiados Clubes (sic) Atlético Potiguar, América F. C., Santa Cruz F. C. e Alecrim F. C., pelos seus representantes se pronunciaram coletivamente e contrariamente ao não prosseguimento (sic) do campeonato de 1942;
considerando que o cancelamento do campeonato de 1942 e consequente anulação dos jogos já realizados condizem, não apenas com os interêsses desta Federação, mas também com os daqueles filiados, os quais, em conjunto, já o solicitaram a esta entidade;
considerando que os aludidos filiados, pelos seus delegados, constituem a maioria dos membros do Conselho Geral desta federação; econsiderando o pronunciamento sobre o assunto da Confederação Brasileira de Desportos, em o ofício 227/43, assim redigido: ‘Ilmo. Sr. Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol. Acusando o recebimento do seu of. n. 18/43, venho informar a essa filiada que esta Confederação apenas opinou que prosseguissem na disputa do Campeonato de 1942, até seu término, como determinava a tabela. Essa orientação, não constituindo lei, poderá ser aceita ou não por essa Entidade, de acôrdo com seus próprios interesses. Valho-me do ensejo para assegurar a V. S. a certeza de meu elevado apreço. (a) Manoel Furtado de Oliveira – Subsecretário’;
RESOLVE cancelar, no interêsse desta Federação e da maioria dos clubes que lhe são filiados, o campeonato oficial da cidade de 1942 e, consequentemente, anular todas as disputas realizadas, na vigência daquela temporada desportiva.
Natal, 12 de fevereiro de 1943
Capitão José Porfírio da Paz Presidente
FONTES:Biblioteca Nacional (jornais A Ordem e Diário de Notícias) – Repositório do LABIM/UFRN (jornal O Diário) – Material de pesquisa de Arthur Pierre dos Santos Medeiros (jornal A República)
O Alecrim Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Natal (RN). A sua Sede fica localizada na Rua dos Caicós (antiga Avenida Sete), nº 1.722, no bairro Alecrim, em Natal/RN.
História
Fundado no domingo, do dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, João Café Filho, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino.
O local da fundação foi o sítio Vila Maria, pertencente a Cândido Medeiros, na atual Rua General Fonseca e Silva, próximo da atual Igreja São Pedro em Natal/RN, no então longínquo bairro do Alecrim (na época o bairro era considerado zona rural de Natal-RN). Lauro Cândido de Medeiros foi o 1º presidente.
A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Com efeito, o clube esmeraldino fundou e manteve uma escola noturna para essas crianças.
Dessa forma o Alecrim atendia a um apelo de uma campanha nacional patrocinada pelo Presidente da República do Brasil Venceslau Brás, que tinha como objetivo erradicar o analfabetismo no país.
No início o time era formado por negros e índios
Além do mais, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente por negros e descendentes de índios(moradores do bairro), o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.
O Vingador
O Alecrim nos anos 60 era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.
Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0 a 0 com o Americano (RJ); 2 a 1 no Democrata de Governador Valadares (MG); 2 a 0 no Fortaleza (CE); 1 a 1 com o Treze (PB); 2 a 2 com o Náutico de Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1 a0 com gol do artilheiro Rui.
Único Presidente da República a jogar num clube de futebol
O Alecrim é o único clube da história do futebol brasileiro que teve um (futuro) presidente da república jogando em suas fileiras. Trata-se de João Café Filho, 18º presidente do Brasil(1954-1955). Café Filho foi goleiro titular da onzena “periquito” em 1918 e 1919.
Mané Garrincha
O Alecrim teve a honra de ter contado com Garrincha por uma partida, foi no dia 4 de fevereiro de 1968, no estádio Juvenal Lamartine. O craque das “pernas tortas”, usou a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1 a 0, gol de Duda.
Com público de mais de 6 mil pagantes, e renda de Cr$ 21.980,00, o Alecrim formou com: Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga.
O rubro-negro pernambucano jogou com: Delcio; Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair; Valter e Soares; Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, os jogadores Garcia (pertencente ao Riachuelo de Natal) e Evaldo (pertencente ao América de Natal).
Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga
Grandes personagens
Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Lauro Cândido de Medeiros, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Silvio Tavares, Clóvis Motta, Joca Motta,Cel.Veiga, Walter Dore, Brás Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel.
Sete vezes campeão Potiguar
O clube potiguar é heptacampeão estadual: 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986. Quatro vezes campeão do Torneio Início(1926, 1961, 1966 e 1972); e um título do Campeonato Potiguar da 2ª Divisão de 2022.
O Verdão é o 3º clube potiguar com maior número de participações na Série A, com 3 participações. Ao todo são 11 participações em campeonatos nacionais, sendo as mais recentes a Série D, em 2011, e a Copa do Brasil de 2015.
Participou da elite do futebol nacional em 1963, 1964 e 1986, sendo o único representante do estado nas três ocasiões. Nas primeiras participações do Verdão, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), ainda denominava o Campeonato Brasileiro de “Taça Brasil”. Em 1986, na terceira participação, já era chamado de Brasileiro.
ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello
Colaborou: Adeilton Alves
FOTOS: Tribuna do Norte
FONTES: site do clube – texto de Carlos Alberto N. de Andrade, Prof. da Universidade do Estado do RN
O Alecrim Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Natal (RN). A sua Sede fica localizada na Rua dos Caicós (antiga Avenida Sete), nº 1.722, no bairro Alecrim, em Natal/RN.
História
Fundado no domingo, do dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, João Café Filho, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino.
O local da fundação foi o sítio Vila Maria, pertencente a Cândido Medeiros, na atual Rua General Fonseca e Silva, próximo da atual Igreja São Pedro em Natal/RN, no então longínquo bairro do Alecrim (na época o bairro era considerado zona rural de Natal-RN). Lauro Cândido de Medeiros foi o 1º presidente.
A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Com efeito, o clube esmeraldino fundou e manteve uma escola noturna para essas crianças.
Dessa forma o Alecrim atendia a um apelo de uma campanha nacional patrocinada pelo Presidente da República do Brasil Venceslau Brás, que tinha como objetivo erradicar o analfabetismo no país.
No início o time era formado por negros e índios
Além do mais, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente por negros e descendentes de índios(moradores do bairro), o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.
O Vingador
O Alecrim nos anos 60 era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.
Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0 a 0 com o Americano (RJ); 2 a 1 no Democrata de Governador Valadares (MG); 2 a 0 no Fortaleza (CE); 1 a 1 com o Treze (PB); 2 a 2 com o Náutico de Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1 a0 com gol do artilheiro Rui.
Único Presidente da República a jogar num clube de futebol
O Alecrim é o único clube da história do futebol brasileiro que teve um (futuro) presidente da república jogando em suas fileiras. Trata-se de João Café Filho, 18º presidente do Brasil(1954-1955). Café Filho foi goleiro titular da onzena “periquito” em 1918 e 1919.
Mané Garrincha
O Alecrim teve a honra de ter contado com Garrincha por uma partida, foi no dia 4 de fevereiro de 1968, no estádio Juvenal Lamartine. O craque das “pernas tortas”, usou a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1 a 0, gol de Duda.
Com público de mais de 6 mil pagantes, e renda de Cr$ 21.980,00, o Alecrim formou com: Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga.
O rubro-negro pernambucano jogou com: Delcio; Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair; Valter e Soares; Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, os jogadores Garcia (pertencente ao Riachuelo de Natal) e Evaldo (pertencente ao América de Natal).
Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga
Grandes personagens
Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Lauro Cândido de Medeiros, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Silvio Tavares, Clóvis Motta, Joca Motta,Cel.Veiga, Walter Dore, Brás Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel.
Sete vezes campeão Potiguar
O clube potiguar é heptacampeão estadual: 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986. Quatro vezes campeão do Torneio Início(1926, 1961, 1966 e 1972); e um título do Campeonato Potiguar da 2ª Divisão de 2022.
O Verdão é o 3º clube potiguar com maior número de participações na Série A, com 3 participações. Ao todo são 11 participações em campeonatos nacionais, sendo as mais recentes a Série D, em 2011, e a Copa do Brasil de 2015.
Participou da elite do futebol nacional em 1963, 1964 e 1986, sendo o único representante do estado nas três ocasiões. Nas primeiras participações do Verdão, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), ainda denominava o Campeonato Brasileiro de “Taça Brasil”. Em 1986, na terceira participação, já era chamado de Brasileiro.
ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello
Colaborou: Adeilton Alves
FOTOS: Tribuna do Norte
FONTES: site do clube – texto de Carlos Alberto N. de Andrade, Prof. da Universidade do Estado do RN
O Nacional Esporte Clube(NEC) foi uma agremiação da cidade de Natal (RN). O “Áureo-verde” foi Fundado na quarta-feira, do dia 20 de Agosto de 1947. A sua Sede social ficava localizado na Rua da Lua (atual Rua São Francisco), nº 23, no bairro das Rocas, na Zona Leste de Natal/RN. O NEC também promovia diversos eventos, como a Festa Junina, bailes de carnaval.
O Nacional começou no futebol disputando as competições organizadas pela Liga Desportiva das Rocas (LDR). O seu ápice aconteceu na década de 70, quando o Nacional disputouquatro ediçõesdoCampeonato Potiguar da Segunda Divisão da FNF (Federação Norte-rio-grandense de Futebol): 1976,1977, 1978e1979, foi d bairro da Cidade Alta, em Natal/RN.
O Humaytá Futebol Clube foi uma agremiação da cidade de Mossoró (conta com uma população de 264.577 habitantes, segundo o censo demográfico do IBGE de 2022), localizado a 281 km da capital (Natal) do estado do Rio Grande do Norte.
Fundado na terça-feira, do dia 14 de outubro de 1919, o Humaytá Futebol Clube foi 1º grêmio esportivo da cidade de Mossoró/RN. O clube participou de diversas edições do Campeonato Citadino de Mossoró, onde travou grandes jogos com os seus adversários da época, como o Centro Esportivo Mossoroense, o Palmeiras Futebol Clube e o Ipiranga Esporte Clube.
Humaytá e o bando de Lampião
O episódio, ocorrido às13 horas, da segunda-feira, do dia 13 de junho de 1927, mostrou a coragem, a determinação e a união dos mossoroenses. A população, liderada pelo então prefeito Rodolfo Fernandes, reuniu-se, armou-se como pôde e conseguiu defender a cidade do ataque de Lampião e seu bando. A resistência inesperada de Mossoró é hoje um marco histórico e motivo de orgulho para os seus cidadãos.
O famoso cangaceiro e seu grupo planejavam saquear a próspera cidade, que na época já se destacava por sua produção de sal e petróleo. No entanto, ao contrário de outras localidades, Mossoró reagiu: montou barricadas, distribuiu armas entre seus moradores e aguardou o bando de cangaceiros. Quando o combate começou, a coragem dos mossoroenses prevaleceu, resultando na retirada do bando e marcando a resistência como um triunfo da cidade sobre o temível Lampião.
Como tudo aconteceu
No entanto, o clima festivo foi abruptamente interrompido com a notícia que começou a circular: Virgulino Ferreira, o temido cangaceiro conhecido como Lampião, estava se aproximando da cidade.
A sociedade de Mossoró estava fervilhando de animação na noite de domingo, do dia 12 de junho de 1927, graças a uma grande celebração organizada pelo Humaytá Futebol Clube. A festa, repleta de glamour, acontecia na véspera do dia de Santo Antônio.
Poucas horas antes, Lampião e seu bando haviam atacado a vila vizinha de São Sebastião (hoje conhecida como município de Governador Dix-Sept Rosado). Em questão de instantes, o rigoroso código de vestimenta da festa – branco para os cavalheiros e azul e branco para as damas – perdeu o seu charme. O acontecimento desfez o clima de elegância que prevalecia, abalando a elite do sertão que, até então, desfrutava de um momento de pura ostentação.
O coronel Rodolfo Fernandes, o prefeito, já havia alertado, nos últimos dias, sobre o perigo do ataque do rei do cangaço ao município. Contudo, a maioria dos residentes parecia desacreditada.
A tranquilidade era tamanha que, naquele mesmo dia, 12 de junho, Mossoró parecia mais absorvida pelo aguardado jogo de futebol entre Ipiranga e Humaytá do que pela possibilidade de uma invasão por Lampião. O jogo de futebol ocorreu sem maiores ocorrências. Porém, a atmosfera do baile mudou drasticamente.
Apesar dos esforços de alguns participantes e dos diretores do Humaytá para minimizar as notícias que chegavam de São Sebastião, a festa foi dominada por uma onda de inquietação e medo. O som agudo do apito da locomotiva ferroviária ecoava sobre o pânico dos mossoroenses, conforme descrito pelo jornalista Lauro da Escóssia, que testemunhou os eventos, em seu livro “Memórias de um Jornalista de Província”. Os trens começavam a se movimentar, conduzindo famílias e quantos quisessem fugir de Mossoró. Segundo ele, durante toda a noite e na manhã seguinte, a ferrovia permaneceu ininterruptamente agitada.
Nas primeiras horas da manhã de 13 de junho, muitos moradores de Mossoró, que naquela época contava com cerca de 20 mil habitantes, já haviam abandonado suas casas.
No entanto, o êxodo não era apenas um resultado do medo. A estratégia traçada pela prefeitura, que conseguiu assistência oficial em termos de armas e munições, porém não em efetivos para combate, era manter na cidade somente os cidadãos que pudessem estar armados.
Na avaliação do coronel Rodolfo Fernandes, um ambiente mais vazio aumentaria a chance de resistir à invasão do bando de cangaceiros. Havia algum tempo que Lampião cogitava a audaciosa tarefa de invadir Mossoró.
Essa seria a mais grandiosa tentativa de saque do seu bando, conforme relata o historiador Frederico Pernambucano de Mello em seu livro “Guerreiros do Sol”, onde argumenta que o cangaço era um modo de vida.
Pouco antes de alcançar a cidade, Lampião enviou um bilhete à prefeitura, numa clara tentativa de extorsão. No bilhete, Lampião exigia um pagamento de 400 contos de réis para poupar a cidade de um ataque.
Esse montante era ao menos dez vezes maior do que o que ele costumava solicitar em situações similares. Na tarde do feriado de Santo Antônio, 13 de junho, ele e seu bando já se posicionavam nas imediações do município potiguar.
Lampião, ao centro, e o seu bando
Sangue e areia mancharam a reputação do Rei do Cangaço
Lampião liderava um bando de 53 cangaceiros. No entanto, ele não esperava encontrar uma resistência composta por pelo menos 150 homens armados defendendo a cidade. O jornalista Lauro da Escóssia estava no local, testemunhando tudo de perto.
Durante toda a noite, disparos de armas podiam ser ouvidos. “Parecia uma noite de São João bem comemorada”, escreveu em O Mossoroense. Enquanto isso, as mulheres oravam a outro santo junino, Santo Antônio, homenageado naquele dia.
Durante o ataque, Lampião sofreu perdas significativas em seu bando. Colchete teve parte do crânio destruída por balas. Jararaca, após ser capturado, foi praticamente enterrado vivo.
Em menos de uma hora depois do início do confronto, o capitão do sertão – um dos muitos apelidos do famoso cangaceiro – percebeu que conquistar a cidade seria praticamente inalcançável.
Então, ele ordenou a retirada do seu bando, na tentativa de evitar mais baixas e proteger ainda mais sua reputação. “A partir desse momento, a estrela do bando começaria a brilhar cada vez menos”, escreveu o historiador Pernambucano de Mello.
Comemorada todos os anos, a data de 13 de junho é uma ocasião em que a cidade reverencia a sua resistência contra o bando de Lampião, a qual se tornou um símbolo da valentia e da unidade do povo de Mossoró.
O acontecimento é lembrado no Museu do Sertão, que reúne uma rica coleção de itens históricos e uma exposição permanente sobre o cangaço. Além disso, a cidade realiza uma encenação ao ar livre da resistência, chamada “Auto da Liberdade”, que atrai milhares de visitantes todos os anos. O espetáculo conta com a participação de atores locais e narra, de maneira dramática, os eventos daquele dia de 1927.
A data é sempre um lembrete do espírito de união, força e coragem da população mossoroense, que fez história ao ser a primeira cidade a resistir ao bando de cangaceiros de Lampião.
A resistência de Mossoró não só marcou a história da cidade como também sinalizou o início do declínio do cangaço no Nordeste brasileiro. A partir daí, a invencibilidade de Lampião foi questionada e outras localidades foram encorajadas a se opor à ameaça do cangaço. A corajosa cidade de Mossoró é uma prova viva de que, com união e determinação, é possível enfrentar e superar qualquer desafio.
ARTE: desenho do escudo e uniformes – Sérgio Mello
FOTO: Acervo de Walter Wanderley
FONTES: jornalista e escritor, Lauro da Escóssia – O Melhor de Natal
As principais informações são do extinto e centenário jornal “A República” – fundado as vésperas da proclamação do regime republicano pelo médico e político Pedro Velho de Albuquerque Maranhão -, nas costumeiras sessões “Várias” e “Notas Sportivas”, geralmente inseridas na página um ou dois do total de quatro páginas.
O Natal Football Club foi uma agremiação da cidade de Natal (RN). Em reunião realizado na residência de Alberto Roselli foiFundado na quarta-feira, do dia 18 de Maio de 1910, o Natal Football Club. A diretoria composta por somente três membros, ficou assim constituída:
Captain– Alberto Roselli;
Secretário – Salomão Filgueira;
Tesoureiro – Nizário Gurgel.
O uniforme adotado foi calça branca, camisa de listras brancas e encarnadas com o monograma NFL no bolso superior. Em pouco tempo, o clube já contava com mais de 20 sócios e projetava construir o seu “ground” na área do Prado Natalense (área do atual Palácio dos Esportes e Praça Pedro Velho), obsequiosamente cedido pelo Sport Club Natalense(fundado em dezembro de 1906 para corrida de cavalos).
Uma semana depois, foi Fundado na quarta-feira, do dia 25 de Maio de 1910, o Potyguar Football Club, de camisa cinza. A partir nascia o 1º grande clássico do futebol do Rio Grande do Norte. Os jogos entre as duas equipes dos primeiro e segundos quadros, pois não havia distinção, em “match-treinos” até outubro do mesmo ano.
Natal e ABC
O 1º jogo oficial de futebol, foi realizado no domingo, do dia19 de setembro de 1915, onde o Natal Football Club venceu pelo placar de 3 a 1 o ABC de Natal, na Praça Pedro Velho, onde se chamava o Ground da Praça, em Natal/RN.
O time posado do Natal Football Club
Essa e outras histórias no lançamento do livro
Na expectativa do lançamento do livro do jornalista Adriano de Souza – na próxima quinta-feira, às 17 horas, do dia 15 de agosto de 2024, no Bar 294, na Avenida Deodoro da Fonseca, 294, Petrópolis, em Natal (RN).
Como o articulista antecipou em duas reportagens e o mesmo fez o autor em entrevista a uma rádio local a obra “O Mais Querido – Uma História do ABC Futebol Clube” terá o capítulo de abertura dedicado ao pioneirismo da introdução e consolidação do esporte em Natal entre 1903 e 1920.
ARTE: Desenho do escudo, uniforme – Sérgio Mello
Colaborou: Fabiano Rosa Campos
FOTO: Jornal da Grande Natal
FONTES: A República – Jornal da Grande Natal (José Vanilson Julião) – Everaldo Lopes Cardoso “Da Bola de Pito Ao Apito Final” – José Procópio Filgueira Neto “Os Esportes em Natal” – João Cláudio de Vasconcelos Machado – “Tribuna de João Machado” (coluna na “Tribuna do Norte – 1964) – Tribuna do Norte