Arquivo do Autor: Vitor Dias

Sobre Vitor Dias

Sou pesquisador do futebol mineiro, sobretudo das divisões inferiores e outros torneios estaduais. Tenho contribuído para a RSSSF Brasil com vários campeonatos da Segunda Divisão e também com edições do Torneio Incentivo, além de colaborar com pesquisas de pendências do Campeonato Mineiro. Meu foco de pesquisa são dados estatísticos do futebol mineiro, tendo como interesse estatísticas do futebol brasileiro como um todo, com ênfase em Minas Gerais.

Campeonato Potiguar 1942 – Os clubes se rebelam contra o Paysandu, um testa-de-ferro do ABC

Clubes participantes:

  • ABC Futebol Clube
  • ALECRIM Futebol Clube
  • AMÉRICA Futebol Clube
  • Centro Esportivo FORÇA E LUZ
  • Clube ATLÉTICO Potiguar
  • PAYSANDU Sport Club
  • SANTA CRUZ Futebol Clube

Quem era o Paysandu

O Paysandu foi fundado em 1927 a partir de uma dissidência do América, disputou apenas o campeonato de 1928, e foi reorganizado anos depois para o campeonato de 1937. Desde sua reorganização, pairavam suspeitas de que se tratava de um clube mantido por baixo dos panos por Vicente Farache, eterno mecenas e mandatário de facto do ABC. Coincidência ou não, o Paysandu nunca tirou um ponto sequer do ABC em jogos de campeonato. Vejam a lista de confrontos entre os dois a partir de 1937: 10 jogos, 10 vitórias do ABC, sendo três delas entregas de pontos (WO).

CampeonatoDataEquipePlacarEquipe
1937domingo, 13/06/1937ABC5-0Paysandu
1937sábado, 04/09/1937ABC9-1Paysandu
1938domingo, 15/05/1938ABC4-2Paysandu
1938domingo, 04/09/1938ABC9-1Paysandu
1939domingo, 21/05/1939ABC6-0Paysandu
1939data desconhecidaABC1-WOPaysandu
1940domingo, 25/08/1940ABC1-WOPaysandu
1941domingo, 03/08/1941ABC2-1Paysandu
1941domingo, 08/02/1942ABC1-WOPaysandu
1942domingo, 12/07/1942ABC4-0Paysandu

As suspeições dos demais clubes em relação ao Paysandu atingiram seu nível máximo em 1942. Mais do que nunca, em 1941 o Paysandu foi decisivo no título do ABC: conquistou três pontos preciosos contra o Santa Cruz, evitando que o clube fosse campeão e ainda por cima quebrando sua invencibilidade, e novamente perdeu os dois jogos contra o ABC – no segundo jogo, o clube azul sequer entrou em campo, tendo recorrido ao velho instituto da entrega de pontos.

Dessa forma, o Atlético, apoiado por Alecrim, América, Força e Luz e Santa Cruz, ingressou com um pedido de desfiliação do Paysandu, atitude que desencadeou uma crise sem precedentes na Federação Norte-rio-grandense de Desportos, que culminou na suspensão de jogos e no eventual abandono do campeonato de 1942.

Em represália a esse movimento dos demais clubes, alguns esportistas do ABC – seu diretor Vicente Farache e alguns atletas – sabotaram a preparação da seleção do Rio Grande do Norte, que foi facilmente abatida no Campeonato Brasileiro pela seleção da Paraíba logo na primeira fase.

Em 12 de outubro, na reta final de resolução da crise, o Conselho Geral da FND se reuniu e suspendeu o Paysandu por 3 anos, e em 19 de outubro foi eleito para a presidência da Federação um militar paulista, o Capitão José Porfírio da Paz, figura histórica do São Paulo Futebol Clube, que estava servindo em Natal naquele período. Por fim, em 12 de fevereiro de 1943, um ato da presidência da FND anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942.

TORNEIO INÍCIO

Domingo, 10/05/1942
Local: Estádio Juvenal Lamartine, Natal/RN

Quartas de final

Jogo 1, 13h30 – SANTA CRUZ 0-1 ATLÉTICO
Árbitro: Hermes Marques de Amorim
Gol: Ubarana

Jogo 2, 14h05 – PAYSANDU 2-0 FORÇA E LUZ
Árbitro: Salatiel Silva
Gols: Pajeú e Tico

Jogo 3, 14h40 – AMÉRICA 2-0 ALECRIM
Árbitro: José Gomes de Carvalho

Semifinais

Jogo 4, 15h15 – ABC 5-0 ATLÉTICO
Gols: Taperoá (2), Badof (2), Simão

Jogo 5, 15h50 – PAYSANDU 0-2 AMÉRICA

Final

Jogo 6, 16h40 – ABC 0-2 AMÉRICA
Gols: Stephenson, Piri.

Campeão do Torneio Início: AMÉRICA

CAMPEONATO POTIGUAR 1942

Fórmula de disputa: pontos corridos em turno e returno.

Tabela do primeiro turno:

DataMandantePlacarVisitante
domingo, 17/05/1942Alecrim3-1Atlético
domingo, 24/05/1942Santa Cruz4-2Força e Luz
domingo, 07/06/1942Paysandu3-1América
domingo, 14/06/1942Força e Luz0-10ABC
domingo, 21/06/1942Atlético1-3Santa Cruz
domingo, 05/07/1942América1-2Alecrim
domingo, 12/07/1942ABC4-0Paysandu
domingo, 19/07/1942Atlético4-3Força e Luz
domingo, 26/07/1942Santa Cruz3-6América
sábado, 01/08/1942Alecrim2-2Paysandu
domingo, 09/08/1942ABCAtlético
domingo, 16/08/1942América9-3Força e Luz
domingo, 23/08/1942Alecrim2-2Santa Cruz
domingo, 30/08/1942PaysanduAtlético
domingo, 13/09/1942Força e LuzAlecrim
domingo, 20/09/1942AtléticoAmérica
sem data originalSanta CruzPaysandu
sem data originalAlecrimABC
sem data originalABCSanta Cruz
sem data originalAméricaABC
sem data originalForça e LuzPaysandu

Em 24/07/1943, o Conselho Geral da FND se reuniu e resolveu, por maioria de votos, suspender o Paysandu Sport Club, tendo em vista as suspeitas de irregularidades e beneficiamento ao ABC Futebol Clube. Em 30/07/1943, o mesmo Conselho Geral destituiu o presidente da FND, Gentil Ferreira de Sousa. Ainda não conseguimos encontrar a publicação desses atos oficiais nos jornais da época.

As partidas de campeonato entre os dias 09/08 e 20/09 foram adiadas por atos de Gentil Ferreira de Sousa como presidente da FND. Mas, como os demais clubes já o desconheciam como presidente da federação, foram disputadas algumas dessas partidas de campeonato.

Em 03/08/1942, a Presidência da FND, através do Ato nº 07/1942, publicado no jornal A República de 04/08/1942 e abaixo transcrito, anulou as resoluções do Conselho Geral do dia 24/07/1942:

Ato nº 7

O Presidente da Federação Norte-riograndense de Desportos, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo estatuto em vigor e

considerando que o Conselho Geral reuniu-se em sessão extraordinária no dia 24 de julho passado;

considerando que somente os clubes em dia com os cofres da Federação podem tomar parte nas deliberações do Conselho Geral;

considerando que, pelo art. 76 do estatuto, as resoluções do Conselho Geral são nulas, desde que para elas tenha discutido e votado representante de clube em débito para com a Federação;

considerando que o filiado Paisandú Esporte Clube requereu a anulação das decisões da referida sessão do Conselho Geral para o que juntou certidão competente provando que o filiado América Futebol Clube estava em débito para com a Federação no dia da realização da supracitada sessão do Conselho Geral e considerando o art. 25, letra e, do estatuto vigente,

RESOLVE anular as resoluções do Conselho Geral do dia 24 de julho passado, bem como os efeitos delas decorrentes.

Natal, 3 de agosto de 1942.

Gentil Ferreira de Souza
Presidente

Em 09/08/1942, segundo notícia divulgada pelo jornal A República em 11/08/1942, a diretoria da Confederação Brasileira de Desportos se reuniu para deliberar sobre a situação da FND:

A CRISE NO FUTEBOL POTIGUAR

RIO, 9 – A diretoria da C.B.D., ontem, reunida sob a presidência do sr. Luiz Aranha, tomou conhecimento da crise que se manifestou na Federação Norteriograndense de Desportos e resolveu realizar diligências a fim de esclarecer a situação. Nesse sentido, serão solicitadas informações pela entidade máxima dos dirigentes do futebol naquele Estado. Como é do conhecimento dos nossos leitores, vários clubes da F. N. D., insinuando haver o Paisandú A. C. (sic) se deixado derrotar pelo clube A. B. C., e como não lograssem a convocação do Conselho Superior pelo presidente da Federação, sr. Gentil Ferreira de Sousa, resolveram depô-lo, passando a presidência ao sr. Sílvio Tavares, vice-presidente e deliberaram, ainda, eliminar o Paisandú. Levado o caso ao conhecimento do Conselho Regional do Rio Grande do Norte, resolveu este intervir, determinando fosse reintegrado o presidente, sr. Gentil Ferreira de Sousa, no que não foi obedecido, tanto assim que a C. B. D. recebeu, ontem, comunicação da eleição do sr. Porfírio da Paz, antigo esportista de São Paulo, para a presidência da Federação Norteriograndense. A Confederação somente poderá agir em caso de recurso legal impetrado pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa.

Em 10/09/1942, o jornal carioca Diário de Notícias publicou que Gentil Ferreira de Sousa recorreu à CBD, que conheceu do recurso e o reconduziu à presidência da FND, mas manteve a suspensão ao Paysandu decidida pelo Conselho Geral, notícia replicada pelo jornal A República em 13/09/1942:

Reconduzido ao seu posto o presidente da Federação Norte-Riograndense de Desportos

Anuladas, pela diretoria da C. B. D., todas as resoluções tomadas pelo Conselho Geral daquela entidade nortista, na sessão em que foi destituído o sr. Gentil Ferreira de Souza

RIO, 10 (Pelo Aéreo) – O “Diário de Notícias”, em sua edição de hoje, divulga o seguinte:

“A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, em sua reunião de ontem, deu provimento ao recurso interposto pelo sr. Gentil Ferreira de Sousa contra o ato do Conselho Geral da Federação Norte-riograndense de Desportos que o destituiu da presidência dessa entidade. A sessão foi presidida pelo sr. Teixeira de Lemos, vice-presidente, tendo comparecido os srs. Célio de Barros, secretário-geral, Pizarro Filho, tesoureiro, Castelo Branco, presidente do Conselho Técnico de Futebol, além do representante da Federação Norte-riograndense, sr. Paulo de Carvalho. A sessão terá prosseguimento no próximo sábado às 14 horas.

A resolução da diretoria da C. B. D. está assim redigida:

‘A diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, conhecendo do recurso interposto pelo dr. Gentil Ferreira de Sousa, da resolução do Conselho Geral da Federação Norte Riograndense de Desportos, que, em reunião de 30 de julho último, o destituiu da presidência da mesma Federação, e usando o poder que lhe confere o art. 76, do Estatuto, resolve:

1º – Anular todas as resoluções do Conselho Geral, tomadas na referida reunião.

Não foi publicada nota da respectiva convocação, nem se provou ter sido feita por ofício aos seus membros competentes, inclusive o presidente da Federação, que devia também presidi-la.

2º – Anular o ato nº 7 do presidente da Federação tornando sem efeito a resolução do Conselho Geral, tomada na reunião de 24 do mesmo mês.

Ainda quando tivesse o presidente da Federação competência para anular qualquer resolução do Conselho Geral, e ainda quando estivesse em mora com a entidade um dos clubes que dela participaram, certo é que os quatro restantes contra os quais nada se arguiu representavam a maioria do Conselho, sendo legal, portanto, a sua resolução.

3º – Mandar que o presidente reintegrado reúna, mediante prévia convocação e dentro dos dez dias úteis que se seguirem à comunicação da presente, o Conselho Geral, para conhecer do pedido de desfiliação do Paisandú Esporte Clube e deliberar a respeito de tudo quanto julgue necessário aos interesses da Federação dentro de sua competência.’”

O mesmo ofício da CBD foi republicado no jornal A República em 17/09/1942 por ordem do Ato nº 16 do presidente reconduzido da FND.

Com a aproximação do Campeonato Brasileiro de Seleções, a FND resolveu, como de praxe, suspender definitivamente o campeonato em 19/09/1942, que já tinha na prática sido paralisado pelos sucessivos adiamentos de partidas durante a crise. A estreia da seleção do Rio Grande do Norte foi marcada pela CBD para o dia 11/10/1942, em Natal, contra a seleção da Paraíba, partida mais tarde remarcada para a cidade de João Pessoa.

Em 27/09/1942, o Diário de Notícias (RJ) divulgou que as determinações da CBD não foram cumpridas: o presidente reconduzido Gentil Ferreira de Sousa não convocou o Conselho Geral, em desacordo com o determinado pela CBD, e os outros cinco clubes (Alecrim, América, Atlético, Força e Luz e Santa Cruz), como consequência, enviaram à CBD protestos contra a atuação de Gentil Ferreira de Sousa. Em 29/09/1942, o mesmo jornal divulgou que a CBD, em reunião no dia 28/09/1942, resolveu destituir novamente Gentil Ferreira de Sousa da presidência da FND, determinando que o vice-presidente assuma a presidência e convoque o Conselho Geral da entidade no prazo legal.

Em 08/10/1942, O Diário divulgou que alguns jogadores do ABC, entre os quais Gageiro, Tico, Edgar e Acácio, não compareceram ao último treino da seleção potiguar em 07/10/1942; que Gageiro e Tico estariam exigindo roupas, sapatos e dinheiro para se integrar a equipe; que Vicente Farache – diretor do ABC, mecenas histórico do clube e mandatário de facto do alvinegro – se negou a fornecer material a seus jogadores, não só para os treinos mas também para a partida contra a seleção paraibana. Contudo, havia outros jogadores do ABC presentes no treino – Joãozinho, Badof e Saravoti. De fato, os quatro primeiros não viajaram à Paraíba e os três últimos compareceram à viagem e entraram em campo. O placar do jogo foi Paraíba 6×0 Rio Grande do Norte, quebrando uma invencibilidade histórica da seleção potiguar contra a vizinha seleção paraibana. É bastante possível que esse ato de sabotagem de esportistas do ABC esteja ligado à crise em curso, como retaliação aos demais clubes.

Em 28/10/1942, o jornal Diário de Notícias (RJ) divulgou que a diretoria da CBF, em reunião no dia 27/10/1942, solicitou esclarecimentos à FND sobre as resoluções tomadas pelo Conselho Geral da entidade, após a destituição definitiva de Gentil Ferreira de Sousa. Em 30/10/1942, o mesmo jornal divulgou que, no dia 29/10/1942, um telegrama da FND para a CBD comunicou que, no dia 12 do mesmo mês, o Conselho Geral da FND se reuniu e deliberou pela exclusão do Paysandu Esporte Clube por 3 (três) anos e que, em Assembleia Geral de 17 de outubro, foi eleito para o cargo de presidente da FND o Capitão José Porfírio da Paz.

O campeonato não foi retomado após o fim da crise. Outros eventos esportivos e amistosos iam sendo realizados a cada domingo. Por fim, o Ato nº 023/1943 da Presidência da FND, publicado no jornal A Ordem de 16 de fevereiro de 1943 e abaixo transcrito, anulou todas as partidas e cancelou o certame de 1942:

Ato nº 23

O Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 25, letra f, do estatuto em vigor,

considerando que o campeonato oficial da cidade de 1942 foi interrompido desde o dia 2 de agosto de 1942 em virtude dos atos ns. 6, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 17 do mesmo ano;

considerando que o referido campeonato teve, apenas, nove (9) jogos realizados, constantes da respectiva tabela e relativos ao primeiro turno;

considerando que o estádio desta Federação requer algumas e inadiáveis benfeitorias, naturalmente antes do início da temporada desportiva do corrente ano;

considerando que o prosseguimento do campeonato de 1942 não atende aos interêsses da administração desta entidade, além do que dificultará o preparo prévio dos clubes para o campeonato do corrente ano;

considerando que é pensamento da atual diretoria desta entidade seja promovida a temporada desportiva do corrente ano dentro dos prazos determinados pelo estatuto e regulamento em vigor;

considerando que os filiados Clubes (sic) Atlético Potiguar, América F. C., Santa Cruz F. C. e Alecrim F. C., pelos seus representantes se pronunciaram coletivamente e contrariamente ao não prosseguimento (sic) do campeonato de 1942;

considerando que o cancelamento do campeonato de 1942 e consequente anulação dos jogos já realizados condizem, não apenas com os interêsses desta Federação, mas também com os daqueles filiados, os quais, em conjunto, já o solicitaram a esta entidade;

considerando que os aludidos filiados, pelos seus delegados, constituem a maioria dos membros do Conselho Geral desta federação; e considerando o pronunciamento sobre o assunto da Confederação Brasileira de Desportos, em o ofício 227/43, assim redigido: ‘Ilmo. Sr. Presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol. Acusando o recebimento do seu of. n. 18/43, venho informar a essa filiada que esta Confederação apenas opinou que prosseguissem na disputa do Campeonato de 1942, até seu término, como determinava a tabela. Essa orientação, não constituindo lei, poderá ser aceita ou não por essa Entidade, de acôrdo com seus próprios interesses. Valho-me do ensejo para assegurar a V. S. a certeza de meu elevado apreço. (a) Manoel Furtado de Oliveira – Subsecretário’;

RESOLVE cancelar, no interêsse desta Federação e da maioria dos clubes que lhe são filiados, o campeonato oficial da cidade de 1942 e, consequentemente, anular todas as disputas realizadas, na vigência daquela temporada desportiva.

Natal, 12 de fevereiro de 1943

Capitão José Porfírio da Paz
Presidente

FONTES: Biblioteca Nacional (jornais A Ordem e Diário de Notícias) – Repositório do LABIM/UFRN (jornal O Diário) – Material de pesquisa de Arthur Pierre dos Santos Medeiros (jornal A República)

Sociedade Esportiva Patrocinense (Patrocínio-MG) muda pela terceira vez de escudo

A Patrocinense, herdeira do antigo Clube Atlético Patrocinense, não consegue firmar sua identidade. Desde sua fundação (2010), já teve quatro escudos diferentes. Em 2016, estreou o quarto e atual escudo. Seguem os escudos da equipe:

Primeiro escudo da Patrocinense, tendo como base o brasão municipal (2010-2011)

Segundo escudo da Patrocinense, igual ao do antigo CAP mas com as iniciais do clube novo (2012-2014)

Terceiro escudo da Patrocinense, mais elaborado (2015)

Quarto e atual escudo da Patrocinense, pra mim o mais bem elaborado (2016). A camisa do clube, sem nenhum patrocínio, estampa a cruz amarela em tamanho bem grande.

Fontes:

  • Prefeitura de Patrocínio
  • Blog da Patrocinense
  • Facebook não-oficial da Patrocinense
  • Wikipédia
  • Um Grande Escudeiro
  • Facebook oficial do Uberaba Sport Club

Banco de dados de jornais digitalizados

Prezados,

Estou baixando e montando uma nuvem online de jornais digitalizados para ficar à disposição dos membros do blog. Os jornais que já estão na nuvem podem ser acessados e baixados neste link. Como o armazenamento será pago a partir de fevereiro de 2016 (a nuvem está no período grátis de 3 meses), quando essa data chegar irei pedir ajuda aos membros do blog que puderem colaborar comigo no pagamento da anuidade.

Se alguém quiser que eu baixe e disponibilize na nuvem algum acervo digitalizado, basta citá-lo nos comentários que irei fazer o possível para disponibilizá-lo.

Façam bom proveito do acervo!

Abraços,
Vítor Dias

Amistoso Interestadual – Sport Juiz de Fora 2×1 Internacional-RS

SPORT JUIZ DE FORA 2×1 INTERNACIONAL-RS
Data: 30 de agosto de 1953, 15:15
Local: Estádio José Procópio Teixeira Filho (Campo do Sport)
Renda: Cr$ 41.370,00
Preliminar: Sport JF 1×0 Glória (Campeonato Juizforano de Aspirantes)
Árbitro: Adelino Ribeiro de Jesus
Gols: Pirilo (2), Bodinho
SPORT: Tonico; Márcio, Luiz Gonzaga; Gabriel, Ary, Pedro; Rubem (Ary II), Amarílio, Pirilo, Douglas, Haroldo. Técnico: tenente Heribaldo Lira.
INTERNACIONAL: Milton; Florindo, Oreco; Paulinho, Salvador, Odorico; Luizinho, Salis, Bodinho, Jerônimo (Albery), Fernando (Canhotinho). Técnico: Teté.

Fonte: Folha Mineira (acervo digital da Biblioteca Nacional)

Campeonato Juizforano 1952

Participantes (todos de Juiz de Fora):

  1. Sport Club Juiz de Fora
  2. Tupi Football Club
  3. Tupynambás Futebol Clube
  4. Volante Futebol Clube

Regulamento: turno e returno em pontos corridos.

TABELA

Data Mandante Placar Visitante Estádio
24/08/1952 Tupynambás 0x3 Tupi Dr. José Paiz Soares
31/08/1952 Sport 8×2 Volante José Procópio Teixeira Filho
07/09/1952 Tupi 2×1 Volante Salles de Oliveira
14/09/1952 Tupynambás 2×2 Sport Dr. José Paiz Soares
12/10/1952 Volante 0x0 Tupynambás Dr. José Paiz Soares
19/10/1952 Sport 0x2 Tupi José Procópio Teixeira Filho
26/10/1952 Tupi 2×3 Tupynambás Salles de Oliveira
06/11/1952 Volante 2×6 Sport Dr. José Paiz Soares
09/11/1952 Volante 0x6 Tupi Dr. José Paiz Soares
16/11/1952 Sport 0x2 Tupynambás José Procópio Teixeira Filho
23/11/1952 Tupynambás 2×1 Volante Dr. José Paiz Soares
30/11/1952 Tupi 3×1 Sport Salles de Oliveira

CLASSIFICAÇÃO

Pos Time Pts J V E D GP GC SG
1 Tupi 10 6 5 0 1 18 5 13
2 Tupynambás 8 6 3 2 1 9 8 1
3 Sport 5 6 2 1 3 17 13 4
4 Volante 1 6 0 1 5 6 24 -18

Com estes resultados, o Tupi Football Club sagrou-se Campeão Juizforano de 1952.

Fonte: Folha Mineira (acervo digital da Biblioteca Nacional)

Torneio Municipal de Juiz de Fora 1952

O Torneio Municipal de Juiz de Fora, em 1952, foi um torneio oficial que preencheu o calendário da Liga de Desportos de Juiz de Fora entre o Torneio Início e o Campeonato da Cidade. Assim como os torneios municipais do Rio de Janeiro, foi disputado em turno único.

Participantes (todos de Juiz de Fora):

  1. Associação Atlética Volante
  2. Sport Club Juiz de Fora
  3. Tupi Football Club
  4. Tupynambás Futebol Clube

Regulamento: turno único com partidas em campo neutro.

Tabela:

Data Mandante Placar Visitante Estádio Cidade
30/03/1952 Tupynambás 1×1 Sport Salles de Oliveira Juiz de Fora
13/04/1952 Tupi 3×2 Volante José Procópio Teixeira Filho Juiz de Fora
20/04/1952 Sport 2×2 Tupi Doutor José Paiz Soares Juiz de Fora
11/05/1952 Volante 2×3 Tupynambás Salles de Oliveira Juiz de Fora
18/05/1952 Tupi 1×1 Tupynambás José Procópio Teixeira Filho Juiz de Fora
22/06/1952 Sport 1×1 Volante Doutor José Paiz Soares Juiz de Fora

 

Classificação:

Pos Equipe PP PG J V E D GP GC SG
1 Tupi 2 4 3 1 2 0 6 5 1
2 Tupynambás 2 4 3 1 2 0 5 4 1
3 Sport 3 3 3 0 3 0 4 4 0
4 Volante 5 1 3 0 1 2 5 7 -2

Tupi e Tupynambás disputaram um desempate para se averiguar o campeão.

TUPYNAMBÁS 0x0 TUPI (1×0 pro.)
Domingo, 29/6/1952
Estádio José Procópio Teixeira Filho (Sport)
Renda: Cr$ 13.857,00
Gol: Zu 135′ (2ª prorrogação)
TUPYNAMBÁS: Pavio; Timbinha, Canhoto; Valdinê, Demeure, Adair; Maneco, Valdinho, Tuzinho (Zu), Sinhô, Canhotinho. Técnico: tenente Heribaldo.
TUPI: Barbosa; Jorginho, Domício; Belozi, Paulinho (P. Garcia), Zé do Correio; Cotoco, Isaías, Vistrinho, Dario, Garbero (Toledinho). Técnico: capitão Roxânio do Prado.

Com estes resultados, o TUPYNAMBÁS sagrou-se Campeão do Torneio Municipal de Juiz de Fora 1952.

Fonte: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, jornal Folha Mineira.

Santos de Tereré, um abnegado participante do Campeonato Paraibano

O Santos Futebol Clube, de João Pessoa, foi fundado em 9/11/1949 e em 1954 disputou pela primeira vez o Campeonato Paraibano, na época chamado de “Misto”, por ter times profissionais e semiprofissionais. Ao longo de cinco décadas, o clube estabeleceu um recorde: participou ininterruptamente de 39 edições do Campeonato Paraibano, aproveitando-se de crises políticas e financeiras que acometeram os quatro grandes campeões do Estado ainda na ativa – Botafogo, Campinense, Treze e Auto Esporte -, que deixaram de jogar um ou outro campeonato.

O recorde do Santos de Tereré só foi batido por um desses quatro em 2013, quando o Botafogo alcançou a marca de 40 edições consecutivas jogando o campeonato.

Ao longo dos tempos, o Santos quase sempre foi figurante no campeonato, fazendo-se presente na parte de baixo da tabela, na companhia de times como Nacional de Cabedelo e Santa Cruz de Santa Rita. Contudo, ano sim ano também o Santos estava lá.

A partir dos anos 2000, o clube preferiu manter apenas categorias de base e abandonou o futebol profissional. O campo que o clube possui hoje situa-se no bairro Ernesto Geisel, em João Pessoa, podendo ser visto aqui, no Google Street View.

Recentemente, o clube foi lembrado em uma crônica no site Esporte São José do Sabugi pelo colunista Francisco Serpa, cuja reprodução autorizada segue abaixo:

Crônicas do Serpa: O Santos de Tereré

O mundo possuía o Santos de Pelé e companhia, um time que ganhava todos os campeonatos que disputava, aqui e em alhures; João Pessoa desfrutava do Santos de Tereré, um time que não ganhava campeonatos mas jogava com bastante raça e formava e ainda forma jovens para a vida.

Três desportistas sonhadores, Jonatas Figueiredo de Souza, Renato Queiroz Fernandes e José Walter Marinho Marsicano, no dia nove de setembro de 1949, sentados em uma Praça localizada na Rua Odon Bezerra, Tambiá, em frente ao atual prédio da Federação Paraibana de Futebol fundaram o Santos Futebol Clube de João Pessoa. Não resta dúvida que a escolha do nome foi uma singela homenagem ao time paulista.

Por muitos anos o Santos Futebol Clube disputou a primeira divisão do campeonato paraibano de futebol com equipes modestas, utilizando jogadores jovens e prata da casa. Era um misto de juvenil com amador com garra e vontade competindo com os profissionais. Onde faltava recursos e meios, sobrava improvisação e disposição.

O seu eterno presidente José Walter Marsicano, que era conhecido por Tereré, dedicou-se tanto ao clube que o seu apelido foi incorporado pelo time, quando passou a ser carinhosamente denominado pelo torcedor e pela imprensa como o “Santos de Tereré”. Ele presidiu a agremiação por mais de trinta anos e nutriu no seio de sua família o amor pela agremiação, deixando o seu filho Leonardo Menezes Marsicano e o neto Leonardo Filho comandando a agremiação e não deixando o sonho acabar.

Vários jovens foram revelados nos quadros da base do Santos Futebol Clube e que posteriormente vestiram a camisa de times considerados grandes no estado e em centros maiores. Quem não se lembra do atacante “Zito Camburão”, do ponta esquerda “Vandinho”, do goleiro “Ademar”, do centroavante “Ary”, de “Marcos do Boi “ e tantos outros que a memória não recorda?

Em 1998 a agremiação resolveu suspender as suas atividades do departamento de futebol profissional, e dedicar-se exclusivamente as categorias de base que funcionam no seu centro de treinamento localizado no Bairro do Geisel, disputando anualmente todas as competições oficiais: desde fraudinha aos juniores.

Entre os títulos conquistados no futebol pelo Santos Futebol Clube, dois são bastante lembrados por seus dirigentes, o primeiro foi o título invicto do campeonato amador, quando seu treinador era o comentarista esportivo Ivan Bezerra Cavalcante, o segundo foi a conquista da segunda divisão do campeonato paraibano.

Como não poderia deixar de ser o Santos enfrentou várias crises durante a sua existência, em uma delas o time foi derrotado por 10 x 0 pelo Treze Futebol Clube, em Campina Grande. Nesse dia ninguém se entendeu, nem dentro nem fora de campo, e a discussão foi tão grande que no retorno esqueceram de trazer o material de jogo, que ficou na Rainha da Borborema.

Mesmo reconhecendo as dificuldades e a falta de políticas públicas destinadas aos clubes de futebol, em particular, aos pequenos, o sonho dos herdeiros de Walter Marinho Marsicano, o “Tereré”, é reativar o departamento de futebol profissional do Santos e voltar a disputar a primeira divisão, como nos bons e saudosos tempos.

Francisco Di Lorenzo Serpa
Membro da API, UBE e APP
falserpa@oi.com.br

O post original pode ser acessado aqui. Vale a pena visitar as outras colunas do Serpa, com várias histórias do futebol da Paraíba.

Assim como o caso do Floresta de Rio Branco/AC, o Santos de Tereré é mais um caso de clube que se confundiu com seu quase eterno mantenedor, e certamente há milhares de casos parecidos Brasil afora.

Lista de clubes cadastrados na Confederação Brasileira de Futebol

Prezados,

Aproveitando o gancho dos posts do Edu Cacella, informo que finalmente consegui tratar um arquivo que alguns aqui devem conhecer, que é o clubes_uf.pdf, um arquivo que estava disponível no site da CBF há alguns anos, mas foi retirado. Por anos, tentei tratá-lo e convertê-lo em texto.

Só hoje consegui um site para tratar esse arquivo. Assim, deixo-o aqui à disposição dos colegas para consulta.

Infelizmente, as informações são demasiado básicas: há apenas o nome completo do clube e seu código na CBF com a respectiva UF. Assim, não conseguimos saber exatamente de que cidade cada clube é, sobretudo nos casos de duplicidade de nomes. Ainda assim, acredito que esses arquivos poderão ser úteis.

Seguem os links:

clubes_uf.pdf

clubes_UF

Abraços a todos!