Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

O time mais querido da cidade

Há tempos ouvi no programa “São Paulo de todos os tempos”, da rádio Eldorado , de um historiador, o dia em que o São Paulo Futebol Clube foi escolhido como o time mais querido da cidade. Ele contou que Getúlio Vargas foi ao Pacaembu na década de 40 para comemorar o dia do trabalhador, 1º de maio. São Paulo, na época, sentia-se traído desde a época da Revolução Constitucionalista, movimento deflagrado pelos paulistas contra a ditadura de Getúlio Vargas, que não queria promulgar nova Constituição para o país.

Então, os alto-falantes anunciaram a presença do ditador, que foi recebido com vaia estrondosa. Mas Getúlio não se abalou e falou ao então governador Ademar de Barros: “Puxa, eu não sabia que o senhor era impopular!” Mas, na época, o povo era muito educado. Passado o momento da vaia, vieram os desfiles das equipes paulistas que participariam do Torneio de Início. Uma a uma, as equipes eram apresentadas pelos alto-falantes. Quando entrou o time que levava o nome da cidade, São Paulo Futebol Clube, os aplausos foram demasiados, em uma forma de mostrar fidelidade ao estado de São Paulo contra o então ditador. Desde então, por ser o time mais aplaudido no Pacaembu, foi escolhido como o time mais querido da cidade.

Combinado Budapest Honvéd-Ferencváros Kinizsi (HUN) 6 x 2 Botafogo – Amistoso Internacional 1956

Na sua 121ª Partida Internacional, o Botafogo de Garrincha e Nílton Santos foi até a Hungria e fez um Jogo de muitos Gols contra um Combinado entre o Grande Honvéd de Puskas, Kocsis, Bozsik, Czibor e cia e o Ferencváros. O placar foi de 6 à 2 para os Hungaros. Veja os Gols da partida.

http://www.youtube.com/watch?v=QDusPWPSIes

Capa do Jornal da Tarde de 07.04.1976

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A seleção tem uma ordem: Atacar

A ordem é do treinador Osvaldo Brandão, para o jogo da Seleção Brasileira, esta noite, em Assunção, contra o Paraguai. O time foi escalado com:  Valdir Perez, Nelinho, Miguel, Amaral e Marco Antonio. Chicão e Rivelino. Gil, Enéas, Zico e Joãozinho. 

Na semana que passou o Jornal da Tarde fechou suas portas e não circula mais.  Nas segundas-feiras o jornal tinha um caderno de esportes que ficou nas nossas memórias.  Nelson Rodrigues tinha uma coluna neste Caderno de Esportes e nós, paulistas, podíamos nos deliciar com seus comentários.

Uma coisa é certa: Tudo Passa!

 

Os sons da rádio de 1977

O gol de Basílio na final do Paulista de 1977  tem   narração nas vozes de Fiori Gigliotti, José Italiano, Jose Silvério e Osmar Santos .

Na narração de José Italiano, corintiano fanático, ouve-se a entrada do repórter de campo Geraldo Blota, passando uma emoção que jamais ouvi na rádio. Para ouvir, independente do clube do coração, pois trata-se de registros históricos de nossos narradores.
Para abrir a página:
http://radioamantes.wordpress.com/tag/jose-italiano/

Depois deste registro histórico, relembrei as transmissões da TV Gazeta, com as figuras impolutas nas narrações,  José Italiano e Peirão de Castro.
José Italiano, corintiano  fanático e Peirão de Castro, santista fanático. Quando acontecia o clássico Corinthians x Santos, a  característica peculiar era a narração a partir do meio de campo do Corinthians pelo José Italiano e quando a bola voltava e entrava no ataque do Santos, entrava Peirão de Castro. As provocações eram hilariantes.

Lembro-me  que quando um atacante do  Santos dava um chute fraco e que saia longe do gol, o Zé Italiano chamava o reporter de campo Geraldo Blota e perguntava: E aí GB? Você viu o chutinho dele ?
Aí entrava o GB e falava: fraquinho….fraquinho.
Geraldo Blota, GB,  tinha verdadeira adoração pelo Corintians, a ponto de jogar o microfone para o alto e dar cambalhotas atrás do gol do advesário quando o Timão fazia gol.
Também no  som da rádio de 1977  tem gravada a Chamada do Futebol Paulista de 1977. Essa chamada foi feita no exato dia de 28 de Setembro de 1977 e Ficou no ar até o dia 02 de Outrubro do Mesmo ano…Por que?Porque era a estreia na Radio Globo Nacional(nome de transição para o nome atual,pois a Radio Globo SP era a Radio Nacional SP) do ”Pai da Materia” Osmar Santos,e que iria narrar o jogo da Semi-Final do Campeonato Paulista,Corinthians x São Paulo(o vencedor foi o Corintians)!

-Equipe Esportiva naquele jogo:
Narrador:Osmar Santos

Comentarios:Loureiro Junior;

Participação Especial:Valdir Amaral,Pedro Luiz e Mario Moreis;

Reportagem:Juarez Soares,Oscar Ulysses,Roberto Carmona,Henrique Guilherme e Castilho de Andrade . Acessar:

 

 

Ari Barroso, locutor esportivo flamenguista roxo

Por falar mal do Vasco da Gama, o locutor esportivo Ari Barroso, flamenguista roxo, foi impedido de transmitir um jogo Vasco x Flamengo, e….. justo ele não iria transmitir? Claro que sim, mesmo que fosse em cima de uma telhado próximo ao estádio de São Januário. Dizem que era o telhado de um galinheiro.

http://www.extra.ufjf.br/noticias/especiais/Ary/telhado.gif

A estréia da gaitinha aconteceu na transmissão do jogo Vasco x São Cristovão, que que o Vasco venceu por 7 x 1. Foram, portanto, oito apitos de gaita. O sucesso causou frenesi e aumentou com a escandalosa parcialidade do locutor: os gols do Flamengo eram comemorados com sopros mais longos que das outras equipes. 

Ari transmitia os jogos  desde o ano de 1936 pela Rádio  Cruzeiro do Sul no Rio de Janeiro, e mais tarde pela televisão   . 

Não era o cara mais indicado para ser locutor esportivo porque não era imparcial. Tinha predileção pelo C R Flamengo, e se enervava quando o seu time não ia bem, principalmente quando o jogo era contra  o seu mais temível adversário o Fluminense . Num determinado jogo entre esses dois times, quando  o Fluminense dava um calor no seu Flamengo, ele dizia: Lá vai o Telê,  meuDeus!

 Quando o Flamengo era atacado ele dizia mensagens do tipo:  “Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar.”

Mais uma de suas narrações: ” Falta na entrada da área contra o Flamengo. Barreira sendo fomada. Goleiro apreensivo. Ari não se continha: É uma falta perigosíssima contra o Flamengo. Eu não quero nem ver.!”

Alem de locutor esportivo foi, jornalista, produtor de espetáculos teatrais, compositor de música popular , animador de programas  de calouros de rádio e televisão, músico (era pianista) chefe de família e político. Foi ele, Ari Barroso, como vereador da cidade do Rio de Janeiro em 1948 fez o projeto legislativo  para a construção do estádio do Maracanã para a disputa do campeonato mundial de 1950.

Mario Lopomo, www. extra.ufif.br

 

Pavão e Tomires – Um matava e o outro enterrava

Conversando com um jornalista amigo, fiquei sabendo que o Santos até hoje não pagou o passe do Pavão junto ao Flamengo.  A compra ocorreu na segunda parte da década de 50.  Ou seja, já se faziam maracutaias desde aquela época.

Aí me lembrei de um amigo torcedor do América, que frequenta o Maracanã desde 1951, ou seja, tem história.  Ele diz  que Tomires numa dividida não pouparia nem a mãe.

A mágoa fica por conta da decisão do carioca de 1955, onde  a dupla de zaga da Gávea, Tomires e Pavão, bateu todos os recordes mundiais de faltas violentas em um único prélio, transformando o Maracanã em um circo romano. Esse último comentário das Histótias do Brasil, contadas por Luiz Antonio Simas.

Segue foto da primeira linha de defensores do Flamengo, com o Goleiro Chamorro , o Pavão e o Tomires.  O Tomires é o moreno à esquerda. 

http://lh6.ggpht.com/-IkOr4LaV8a4/UAyiKGS9osI/AAAAAAACcj8/A25uLFxJXmo/chamorro%25252C%252520pav%2525C3%2525A3o%252520e%252520tomires.jpg

 

Dulcídio Vanderlei Boschilla

Crônica de Mario Lopomo

Em 1970 jogavam no Morumbi Palmeiras x Fluminense.  Pedi licença para o chefe do plantão esportivo da Radio Bandeirantes, João Zanforlin, para ir ao Morumbi. Com uma credencial entrei para o gramado e fiquei ao lado de José Paulo Andrade,  que naquele dia fez a  abertura da jornada esportiva. A minha estada ali ao lado do Zé Paulo, sentado na beirada da linha lateral, tinha o propósito de pegar a camisa do Ademir da Guia para dar a meu filho mais velho , que tinha nascido uns dois meses antes.  A beira do gramado , estava  Dulcídio Wanderley Boschilla como bandeirinha, mas na verdade era arbitro, naquele ano ainda um novato que já vinha chamando atenção com belas arbitragens. Naquela tarde de sábado meio chuvoso, ele corria do meio do campo até a linha de fundo, próximo ao gol da entrada. Sempre que podia dava uma paradinha e falava algo pra nós.                                                                                   

Passou por nós e disse:                                                                                                                                                         

Poxa, esse Cesar só fica em impedimento, não posso deixar de marcar.  

Como arbitro ele progrediu muito e em 1974 era considerado o melhor do futebol brasileiro, apitando os dois jogos da final do campeonato Paulista que naquela época, para nos era mais importante  que o campeonato brasileiro.

No final dos anos 1980, na decisão do campeonato paulista Corinthians x São Paulo, Boschilla que tinha sofrido um acidente de carro, que ele perdeu a esposa, ele se restabelecia, mesmo assim foi chamado para apitar aquele jogo decisivo.

 Foi a única vez que um arbitro de futebol foi aplaudido por todos torcedores ao entrar em campo.

 

Dulcídio Wanderley Boschilla faleceu em São Paulo, vitimado por um câncer, em 14 maio de 1998, aos 59 anos. Foi um dos emblemáticos árbitros de todos os tempos no futebol

Renato, um craque do passado

Craque da Portuguesa – Renato Violani

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Renato Violani se consagrou no ataque da Portuguesa compondo a vitoriosa equipe campeã do Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955. Nascido em 1º de março de 1922, no bairro da Saúde em São Paulo, e falecido em 13 de outubro de 2000, iniciou sua carreira futebolística em 1940, no Estrela da Saúde, clube fundado por seu pai e tios, logo passando para o Juventus e a seguir para o Palmeiras.

 

Em 1945 foi contratado pela Portuguesa, que defendeu até 1955, atuando de ponta e meia-direita. Foi na Portuguesa que obteve suas maiores conquistas, como integrante daquela que é considerada a melhor equipe da Lusa de todos os tempos: Muca, Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.

Pela Portuguesa conquistou ainda a Fita Azul, por turnês invictas pela Europa em 1951 e, em 1954, novamente a Portuguesa fez uma bela campanha na Europa ficando com o titulo de BI-Fita Azul.

 

Durante a primeira excursão da Portuguesa pela Europa, Renato despertou interesse do futebol francês. Contudo, devido à situação do pós-guerra e por sua família estar em São Paulo, o jogador preferiu permanecer no País.

 

Fez parte da seleção paulista que participou do confronto inaugural do Estádio do Maracanã em 1950. Os paulistas jogaram com: Osvaldo, Homero e Dema; Djalma Santos, Brandãozinho e Alfredo; Renato, Rubens (Luizinho), Augusto, Ponce de Leon, Pinga (Carbone) e Brandãozinho II (Leopoldo).

 

Fez parte também da seleção paulista campeão brasileiro de 1952, cuja base era a equipe da Portuguesa

Após se desligar da Portuguesa, em 1955, para tratar de negócios familiares, ainda encontrou tempo para jogar como amador, novamente no Estrela da Saúde, disputando o Campeonato Paulista da 2ª Divisão por mais três anos.

 

Continuou em contato com o futebol, participando ativamente do esquadrão do Veteranos Paulista FC e na várzea pelo Estado Novo FC, que defendeu até meados dos anos 70.

 

Mesmo tendo encerrado sua carreira profissional, manteve contato permanente com os clubes que defendeu e cultivou amizades feitas ao longo de sua carreira, participando sempre de eventos comemorativos dos clubes do estado de São Paulo, geralmente acompanhado dos amigos Oberdan Catani, Turcão, Canhotinho, Nena e Gustavo. Aliás amigos foi o que Renato Violani mais conquistou, com seu espírito alegre e comunicativo.

Por Mario Lopomo

Obs: Vi jogos do  Estrela da Saude em 1962 no bairro do Jabaquara em São Paulo. O Renato sempre estava presente nos jogos do Estrela.