Crônica de Mario Lopomo
Em 1970 jogavam no Morumbi Palmeiras x Fluminense. Pedi licença para o chefe do plantão esportivo da Radio Bandeirantes, João Zanforlin, para ir ao Morumbi. Com uma credencial entrei para o gramado e fiquei ao lado de José Paulo Andrade, que naquele dia fez a abertura da jornada esportiva. A minha estada ali ao lado do Zé Paulo, sentado na beirada da linha lateral, tinha o propósito de pegar a camisa do Ademir da Guia para dar a meu filho mais velho , que tinha nascido uns dois meses antes. A beira do gramado , estava Dulcídio Wanderley Boschilla como bandeirinha, mas na verdade era arbitro, naquele ano ainda um novato que já vinha chamando atenção com belas arbitragens. Naquela tarde de sábado meio chuvoso, ele corria do meio do campo até a linha de fundo, próximo ao gol da entrada. Sempre que podia dava uma paradinha e falava algo pra nós.
Passou por nós e disse:
Poxa, esse Cesar só fica em impedimento, não posso deixar de marcar.
Como arbitro ele progrediu muito e em 1974 era considerado o melhor do futebol brasileiro, apitando os dois jogos da final do campeonato Paulista que naquela época, para nos era mais importante que o campeonato brasileiro.
No final dos anos 1980, na decisão do campeonato paulista Corinthians x São Paulo, Boschilla que tinha sofrido um acidente de carro, que ele perdeu a esposa, ele se restabelecia, mesmo assim foi chamado para apitar aquele jogo decisivo.
Foi a única vez que um arbitro de futebol foi aplaudido por todos torcedores ao entrar em campo.
Dulcídio Wanderley Boschilla faleceu em São Paulo, vitimado por um câncer, em 14 maio de 1998, aos 59 anos. Foi um dos emblemáticos árbitros de todos os tempos no futebol