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Mavilis Futebol Clube – Rio de Janeiro (RJ): Duas edições no Estadual de 1933 e 34

Escudo raro de 1930

Por Sérgio Mello

O Mavilis Football Club foi uma agremiação do bairro do Caju, situado na zona norte (vizinho a zona portuária), da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A história começou com o surgimento da Fábrica de Tecidos Pau Grande, em 1878, no bairro de Pau Grande (terra de Mané Garrincha), no distrito de Vila Inhomirim, em Magé (na região Metropolitana), do estado do Rio de Janeiro.

Em 1885, passou a se chamar Companhia de Fiação e Tecidos Pau Grande (CFTPG). Um de seus diretores era o gaúcho Manuel Vicente Lisboa, comerciante e atacadista de tecidos, considerado pelos demais sócios o responsável pela reorganização da empresa. De 1889 a 1896, foi o presidente.

Em 1891 a CFTPG adquiriu da Companhia Manufatureira Cruzeiro do Sul a Fábrica Cruzeiro, que estava em construção na área de uma chácara existente na Rua Barão de Mesquita, nº 82, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Em 1892, a CFTPG passou a se chamar Companhia América Fabril.

Em 1903, a empresa cresceu ainda mais, ao comprar a Fábrica Bonfim, que havia pertencido à Companhia União Industrial São Sebastião, e que se localizava na Rua General Gurjão, nº 25, no bairro do Caju – próximo à estação inicial da Estrada de Ferro Rio d’Ouro.

Em 1910, construiu uma nova unidade fabril ao lado da Fábrica Bonfim, no nº 81 da mesma rua. Em homenagem ao Manuel Vicente Lisboa, essa fábrica acabou sendo batizada de “Mavilis”, sigla formada pelas primeiras sílabas de seu nome.

Para controlar o lazer de seus funcionários, a empresa criou, em 1919, a Associação dos Operários da América Fabril. Mas além dela, as unidades fabris também tinham seus times próprios.

Por exemplo, a Fábrica Pau Grande sustentava o S.C. Pau Grande, em que, a partir de 1947, jogou um garoto de 14 anos chamado Manuel dos Santos, mais conhecido por “Garrincha”.

A Fábrica Cruzeiro apoiava o Andarahy Athletico Club, que jogava num terreno vizinho, situado na rua Barão de São Francisco, nº 236, que depois pertenceu ao America F.C., que nada tinha a ver com o América Fabril.

Nessa leva, surgiu a ideia de se criar um time, inspirado no antigo Mavilis Brasileiro F.C., que foi fundado por moradores do Bairro de São Cristóvão, principalmente os operários da Fábrica Mavilis e Bonfim (um dos tentáculos da Cia. América Fabril).

Time posado do Mavilis, em 1930

Fundação do Mavilis F.C.

Assim, foi Fundado na terça-feira, do dia 23 de setembro de 1913, por Manuel Vicente Lisboa, que definiu o nome utilizando as primeiras silabas do nome e sobrenomes: MAnuel VIcente LISboa = MAVILIS. O sócio nº 1, foi Joel de Sousa Martins (ex-jogador do Fluminense).

Foram os seus pioneiros: Silva, Constantino, Isnard Pires, Evaristo Teixeira e muitos outros que não mediram sacrifícios e deram o passo inicial para fundar uma nova agremiação. Pelo apoio que receberam da Fábrica Mavilis.

Primeira Diretoria

A 1ª Diretoria foi liderado pelo Presidente Manuel Vicente Lisboa, que tinha os seguintes diretores: Evaristo Teixeira Ferreira; Guilherme Paraense Filho; Manuel Silva, Adelino da Fontes, Antônio Corrêa Torres, Antônio da Silva Guimarães, Constantino Teixeira e Pedro Chagas.

Dentre os nomes acima, uma curiosidade: Guilherme Paraense Filho era filho do tenente do Exército e atleta de Tiro Esportivo do Fluminense, Guilherme Paraense, que foi o 1º brasileiro a conquistar medalha de ouro, na Olimpíada de Antuérpia (Bélgica), na terça-feira, do dia 3 de agosto de 1920.

Bandeira do Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

As cores e o responsável pela aquisição do campo

As cores escolhidas foi o vermelho e azul, inspirado na bandeira inglesa, que na época dominavam as indústrias nesta cidade. A sua Sede e a Praça de Esportes (Praia do Retiro Saudoso) ficavam localizados na Rua Carlos Seidl, nº 993, no simpático bairro do Caju, na zona norte do Rio.

A construção de seu campo teve no desportista Afonso Bebiano um abnegado ao extremo, pois foi quem doou ao clube uma vasta área, na ocasião pantanosa, mas que graças aos verdadeiros mavilenses, conseguiram aterrá-la e construir ali sua praça de esportes.

Uma das primeiras preocupações de seus dirigentes, foi estipular a mensalidade de um tostão antigo, importância essa que em 1913, os seus fundadores encontravam dificuldade para saldar.

Outras modalidades

Além do futebol, o Mavilis foi um dos pioneiros no Futebol de Salão (Futsal) na Guanabara, contando com uma equipe de voleibol. Na década de 60, tinha a ‘queda de braço’, onde clube foi bicampeão com o seu atleta Raimundo Teixeira, na categoria de peso mosca; assim como uma equipe da Pesca Desportiva, criada sob a direção do sr. José Secundo, e filiada à Federação de Pesca.

Fase áurea na década de 30

Em que pese ter permanecido como um clube amadorista a ‘era de ouro’ do Mavilis FC, foi ainda no período amadorista do futebol brasileiro, isso até o ano de 1932. Em 1929, com os seus Primeiros e Segundos Quadros, o Mavilis Football Club, sagrou-se campeão da Liga Suburbana.

Em 1932, quando o Botafogo levantou o último título do amadorismo, o Mavilis realizou excelente campanha, chegando ao vice-campeonato, na antiga AMEA. Mais tarde passou a ser filiado da Liga Suburbana de Desportos e finalmente ajudou a fundar o Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol (FCF).

Duas participações na Elite do Futebol Carioca

O Rubro-anil do Caju disputou duas edições do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, em 1933 e 1934. O maior momento feito do Mavilis aconteceu em 1934, quando terminou na 2ª colocação do Campeonato Carioca da 1ª Divisão, organizado pela AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).

Como o Mavilis ingressou no Carioca da 1ª Divisão? Na quinta-feira, do dia 9 de Março de 1933, a AMEA se encontrava em “maus lenções”, com a debandada do Fluminense, Vasco, Flamengo, America, Bangu e Bonsucesso. Diante dessa crise, a entidade convidou o Mavilis, Confiança, River, Olaria e Carioca para recompor o certame.

Mavilis é eliminado pelo Botafogo no Torneio Início de 1933

O Torneio Início do Carioca da AMEA de 1933, foi realizado no domingo, às 11h25min., do dia 16 de abril, no Estádio General Severiano, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio. O Mavilis estreou com vitória diante do Sport Club Brasil (Urca), pelo placar de 1 a 0. O time formou: China; Genaro e Bagueth; Nenê, Silvério e Procópio; Alvinho, Pisca, Aragão, Hélio e Honorino

O árbitro foi Vicente Neiva Filho. Porém, na segunda fase, o Rubro-Anil do Caju caiu para o Botafogo, que venceu por 3 a 0. O clube da Estrela Solitária chegou na final, mas acabou derrotado pelo São Christóvão Athletico Club por 3 a 0. O time Cadete ficou com o título, enquanto o Botafogo ficou com o vice.

Mavilis fica na 7ª posição no Carioca de 1933

Na tarde chuvosa de domingo, do dia 21 de maio de 1933, o Mavilis debutou na Elite do Futebol Carioca, diante do Engenho de Dentro, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju, na zona norte do Rio.

Um bom público compareceu para prestigiar o Rubro-Anil do Caju, que apesar da boa atuação, ficou no empate em 2 a 2. Na primeira etapa, o Mavilis abriu o 0000ppppplacar por intermédio do atacante Honorino.

Na etapa complementar, Mario soltou um foguete para deixar tudo igual. Aos 40 minutos, novamente, Mario fez o 2º tento, colocando o Engenho de Dentro em vantagem. Logo depois, após um escanteio, Pisca I testou de forma fulminante deixando placar em ippgualdade. O árbitro foi o sr. Pedro Gomes de Carvalho. Nos Segundos Quadros, o Mavilis goleou o oponente por 4 a 0.

O Mavilis: Medonho; Nenê e Bagueth; Camisa, Silvério e Pequenino; Araujo, Harven (Pisca I), Aragão, Honorino e Camarinha.

Engenho de Dentro: Walter; China e Virada; Quino, Adelino e Rubens; 23, Mario, Manolo, Antônio e Aduane.

Em junho de 1933, o Mavilis acabou perdendo um dos destaques, o atacante Honorino, que se transferiu para o Bonsucesso Futebol Clube.

Somente na sexta rodada, o Mavilis obteve a sua 1ª vitória no Carioca de 1933. No domingo, do dia 09 de julho, o Rubro-Anil do Caju foi até a Rua João Pinheiro, no bairro da Piedade, vencendo de forma convincente o brioso River Football Club pelo placar de 3 a 0.

Os gols foram assinalados por Camarinha, no final do 1º tempo.  Anníbal no início da segunda etapa e, novamente, Camarinha, deu números finais ao jogo. Carlos de Carvalho, o “Americano” (Andarahy AC), foi o árbitro da peleja.

River: Nicanor; Pery e Luiz II; Orestino, Gradim e Bolão; China, Manoelzinho, Alemão (Bebeto) e Mies.

Mavilis: Medonho; Bagueth e Genaro; Pequenino, Camisa e Annibal; Alô, Aragão, Goulart, Galhoti e Camarinha.

Campanha do Mavilis em 1933

21 de maioMavilis FC2X2Engenho de Dentro AC
28 de maioOlaria AC2X2Mavilis FC
11 de junhoMavilis FC3X3SC Cocotá
18 de junhoMavilis FC1X4Botafogo FC
25 de junhoSC Brasil1X1Mavilis FC
09 de julhoRiver FC0X3Mavilis FC
23 de julhoMavilis FC3X3Andarahy AC
30 de julhoAA Portuguesa3X3Mavilis FC
27 de agostoMavilis FC2X2Confiança AC
03 de setembroEngenho de Dentro AC3X1Mavilis FC
10 de setembroMavilis FC2X4Olaria AC
1º de outubroBotafogo FC3X0Mavilis FC
29 de outubroMavilis FC4X1River FC
05 de novembroAndarahy AC2X2Mavilis FC
12 de novembroMavilis FC3X2AA Portuguesa
19 de novembroConfiança AC4X2Mavilis FC
26 de novembroMavilis FC2X1SC Brasil
03 de dezembroSC CocotáWOXMavilis FC *

* Um dia antes da partida, o Mavilis entregou os pontos ao Cocotá, enviando Ofício a AMEA, comunicando que não iria comparecer na Ilha do Governador.  

No final, o Mavilis fechou o Campeonato Carioca da 1ª Divisão de 1933, na 7ª posição (num total de 10 clubes): foram 16 pontos em 18 jogos; com quatro vitórias; oito empates e seis derrotas; marcando 36 gols, sofrendo 40 e um saldo negativo de quatro.

O time-base de 1933, do Mavilis: Medonho (Agostinho, Ismael ou China); Nenê (Genaro ou Mello) e Bagueth (Oswaldo ou Genesio); Annibal (Pequenino), Silvério e Camisa; Alô (Ernani ou Araujo), Hermes (Harven ou Tita), Aragão (Mario ou Pisca I), Honorino (Freire ou Goulart) e Camarinha (Galhoti).

Mavilis vice-campeão do Torneio Início de 1934

Um pequeno público compareceu no estádio do Andarahy, na Rua Barão de São Francisco, no bairro do Andaraí, na zona norte do Rio, a fim de assistir o Torneio Início entre os clubes da 1ª Divisão da AMEA, tanto que a renda não chegou a alcançar oitocentos mil réis!

O Mavilis estreou vencendo, no 2º jogo, o River pelo placar de 2 a 1. Arbitragem ficou a cargo do sr. Alfredo da Silva Mesquita. O Mavilis jogou assim: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

O River: Alipio; Francisco e Mello; Rocha, Malaquias e Antonio; Canedo, Oliveira, Couto, Dutra e Luiz.

Na segunda fase, com arbitragem do sr. Carlos de Carvalho, o Mavilis bateu o Confiança, por 2 a 0. O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Confiança: Couto, Altair e Josué; Elias, Waldemar e Syrio; Euclydes, Rosas, Freitas, Salvador e Martiniano.

Na semifinal, o Mavilis e Olaria empataram sem gols, porém no 1º critério de desempate, o Rubro-Anil do Caju avançou por 2 escanteios a zero. O árbitro foi Alfredo da Silva Mesquita.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Olaria: João; Alfredo e Armindo; Germano, Augusto e Joaquim (Viveiros); Horácio, Rubem Gago, Vieira; Corrêa e Pierre.

Na grande final, com arbitragem de Sebastião de Campos Cesário, Botafogo e Mavilis empataram sem gols, no tempo normal. Na prorrogação, o clube da Estrela Solitária venceu por 1 a 0. O herói foi o atacante Pirica, autor do gol do título. Com isso, o Mavilis ficou com o vice do Torneio Início de 1934.

O Mavilis: Antônio; Alfredo e Genaro; Silvério, Alô e Antônio; João, Augusto, Ary, Freire e Motta Filho.

Botafogo: Germano; Orlando e Vicente; Affonso, Waldyr e John; Eloy, Beijinho, Carvalho Leite, Jayme e Pirica.

Vice-campeão Carioca de 1934

Na estreia do Carioca de 1934 – no domingo, do dia 15 de abril – O Mavilis venceu o Engenho de Dentro por 2 a 1, no Estádio Retiro Saudoso, na Rua Carlos Seidl, no Caju.

Os gols foram assinalados por Ary e Aragão para o Mavilis; enquanto Mário fez o tento de honra do Engenho de Dentro. Sebastião de Campos Cesário foi árbitro da partida. O time do Caju formou assim: Ninho; Alfredo e Genaro; Parreira, Silvério e Alô II; Antoninho, Juca, Aragão, Pisca II e Ary e Alô II (Cap.).

No returno, o Mavilis venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 a 0 (Gols de Honório e Chavão, ambos na etapa final), em casa, no domingo, do dia 22 de julho de 1934. No final foram 13 pontos em 11 jogos; com seis vitórias, um empate e cinco derrotas; marcando 29 gols, sofrendo 26 e um saldo positivo de três tentos, terminando na 2ª colocação.


Campanha do Mavilis em 1934

15 de abrilMavilis FC2X1Engenho de Dentro AC
22 de abrilBotafogo FC4X2Mavilis FC
29 de abrilMavilis FC4X2Olaria AC
13 de maioSC Cocotá4X3Mavilis FC
20 de maioMavilis FC3X3Andarahy AC
03 de junhoAA Portuguesa1X3Mavilis FC
10 de junho *Mavilis FCWOXRiver FC
24 de junhoSC BrasilXWOMavilis FC
1º de JulhoConfiança ACXWOMavilis FC
15 de JulhoEngenho de Dentro ACXWOMavilis FC
22 de julhoMavilis FC2X0Botafogo FC
29 de julho **Olaria AC3X0Mavilis FC
5 de agostoMavilis FCWOXSC Cocotá
12 de agostoMavilis FC7X3AA Portuguesa
9 de setembroRiver FCXWOMavilis FC
23 de setembroMavilis FCWOXSC Brasil
30 de setembroMavilis FCWOXConfiança AC
13/01/1935Andarahy AC5X3Mavilis FC

* Em razão da recusa da AMEA, em não inscrever o atleta Alfredo da Silva, do River FC, por não conter a assinatura do presidente do clube e haver este atestado o boletim em data anterior a do requerimento feito pelo jogador. O River FC, em represália, não compareceu ao jogo do dia 10 de junho contra o Mavilis FC, perdendo por WO.

** A partida foi interrompida e concluída em 28 de outubro de 1934.

Os demais WO não foram computados, pois os clubes abandoram a competição.

Mavilis é colocado na 2ª Divisão da FMD e desiste de participar do Carioca de 1935

Arquibancadas do tradicional Mavilis, que com apoio dos moradores e comércio da localidade poderá desaparecer, dando lugar a outra, confortável e digna de clube.

Com a criação da nova entidade carioca (Federação Metropolitana de Desportos, no dia 11 de dezembro de 1934), ficou definido em reunião, na sexta-feira, do dia 08 de março de 1935, os seguintes integrantes da Primeira Divisão: Vasco da Gama, Botafogo, Bangu, Carioca, Andarahy, Olaria, Brasil e Madureira.

A decisão de colocar o clube para a Segunda Divisão, da FMD, não agradou a diretoria do Mavilis. Após Assembleia, na terça-feira, do dia 07 de maio de 1935, ficou decidido que o clube não iria participar do campeonato da FMD. E assim, o Mavilis nunca mais voltou a disputar a Elite do Futebol Carioca.

Campeão na Federação Suburbana de 1938

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O Mavilis ajudou a fundar a Federação Athletica Suburbana (FAS), onde se sagrou campeão da Zona Sul, no domingo, do dia 5 de julho de 1938, ao bater o Sport Club Rodrigues pelo placar de 4 a 2, no estádio da Avenida Francisco Bicalho, que margeia os bairros do Santo Cristo e de São Cristóvão, situados na Zona Central do Rio.

Os gols foram assinalados pelo meia esquerda Hugo e João, com dois tentos cada para o Mavilis; enquanto Alyrio e Gato fizeram os gols do SC Rodrigues. O árbitro foi o sr. Abilio dos Santos. Na preliminar, os Segundo Quadros, do Mavilis goleou o SC Rodrigues pelo placar de 7 a 2.

Mavilis: Waldemar; Deport e Oswaldo; Alô, Leleco e Tavares; João, Carlos, Walter, Hugo e Moinho.

SC Rodrigues: Phantasma; Alberto e Carijó; Nunes, Herculano e Carestia; Lindo, Bahia, Gato, Marinho e Alyrio.

Conforme pretensões da diretoria mavilense, no lugar desta velha sede esportiva, deverá surgir um belo ginásio.

Mavilis foi um dos fundadores do DA

Na quinta-feira, do dia 07 de julho de 1949, o Mavilis foi um dos fundadores do Departamento Autônomo (DA). O seu melhor resultado aconteceu em 1969, quando terminou com o vice-campeonato, ao perder na decisão para o Atlético Clube Nacional.

Mavilis enfrentou o Flamengo

Na tarde de domingo, do dia 04 de janeiro de 1942, os profissionais do Flamengo enfrentaram, em amistoso, o Mavilis (que tinha ingressado recentemente na Federação Metropolitana, para disputar a Segunda Divisão), no Caju.

Venceu o Rubro-Negro

A luta, como não podia deixar de ser, atraiu ao seu local um público numeroso, que não regateou aplausos ante o espetáculo movimentado que caracterizou o match durante todo o seu transcurso.

A arbitragem do match, esteve a cargo do sr. Pereira da Silva, cujo desempenho satisfez plenamente. Na preliminar, o Tira Teima F. C. venceu o Sapucaia, pela contagem de 3 a 1.

Embora o Flamengo fosse apontado como franco favorito, todavia o seu triunfo não foi fácil. Lutaram os rubro-negros frente a um conjunto que, além de soberanamente organizado, possui ainda um entusiasmo que em certos momentos superou a técnica a superioridade da equipe do campeão de terra e mar.

Assim, o Flamengo teve que agir com bastante cautela, para vencer após uma batalha renhida pela contagem de 5 a 3. Os gols foram marcados pelos rubro-negros por Waldyr (três tentos), Nandinho e Lupércio, um gol cada. Pelo Mavilis, o atacante Vareta, duas vezes, e Djalma, de pênalti, fizeram os gols.

Quadros

Flamengo: Hélio; Barradas e Assumpção; Biguá, Hélio e Médio; Lupércio, Nandinho, Waldyr, Vevé e Jarbas.

Mavilis: Jagunço; Tavares e Waldyr; Aguiar, Tarzan e Flavio; Leléco, Otto, Osmar, 64 (Djalma) e Vareta.

Utilidade Pública

Acervo de Sérgio Mello – campo do Mavilis, na década de 70

O clube foi declarado de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº 936, na terça-feira, do dia 15 de setembro de 1959.

Números de sócios em 1967

Em 1967, o uniforme era camisa branca listras azuis e vermelhas, horizontais e calções azuis. Além do Futebol, o clube ainda contava com Futebol de Salão (Futsal), Voleibol, Tênis de Mesa, Torneios de Pesca e Queda de Braço. Nesse ano (1967), o clube contava com o seguinte número de associados: 326 contribuintes; 578 remidos; 22 beneméritos e 13 atletas.

Anos 60: tempos de ‘vacas magras

Embora o futebol fosse a sua principal atividade esportiva, várias vezes o clube viu-se obrigado a ficar afastado do campeonato amador promovido pelo DA, por dificuldades financeiras.

Em 1966, por faltar-lhes condições ficou ausente do campeonato, com a finalidade de poder brilhar em 1967, contudo houve a falta de sorte do Mavilis, que foi atingido pelas enchentes do princípio do ano e os muros que circundam o seu estádio ruíram e na reconstrução dos mesmos.

O dinheiro reservado para custear sua participação no DA foi usado nas obras. Com isso, o Mavilis não disputou o certame do Departamento Autônomo (DA) de 1967.

Diretoria de 1967:

Presidente – Jaime de Melo Borges;

Vice-presidente – Luís de Oliveira;

1º Secretário – Antônio Teixeira Filho;

2º Secretário – Irio Ferreira dos Santos;

1º Tesoureiro – Sátiro da Conceição;

2º Tesoureiro – Paulo dos Santos Sportistch;

Diretor do Departamento de Veteranos – Pedro Fonseca.

Vitrine de troféus do Mavilis, dentre eles um busto de Getúlio Vargas. 

Títulos conquistados em 1913 a 1969:

Campeão do 1º e 2º Quadros da Liga Brasileira de Desportos (1923);

Campeão da Liga Suburbana (1929);

Campeão Carioca dos Segundos Quadros da Segunda Divisão (1931);

Vice-campeão da ANEA, sendo que o Botafogo foi o campeão (1932);

Vice-campeão do Torneio Início do Campeonato Carioca (1934);

Campeão da Zona Sul da Federação Atlética Suburbana (1938);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1951);

Campeão da Série Urbana, na categoria de Aspirantes (1951);

Supercampeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1957);

Campeão de Aspirantes da Série Alfredo Tranjan (1957);

Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo (1958);

Campeão da Disciplina (1960);

Vice-campeão do Torneio Major Aulio Nazareno, na categoria Infanto-juvenil (1961);

Campeão do Torneio Início Infanto-juvenil (1962);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Durval Figueiredo (1963);

Campeão da Série Durval Figueredo de amadores (1963);

Vice-campeão de Aspirantes da Série Almir Santos (1964);

Bicampeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria Mosca médios (1963-64);

Vice-campeão Carioca de ‘Queda Braço’, na categoria nos Médios (1963-64).

Campeão da Série Comitê Olímpico Brasileiro, do Departamento Autônomo (1969);

Vice-campeão do Departamento Autônomo, categoria adultos (1969);

Alguns jogadores revelados:

Pascoal, Espanhol e Vicente (o Pé de Ouro), no amadorismo (Vasco da Gama e depois, São Cristóvão); Djalma (Flamengo); Gualter (Bangu, Fluminense e São Cristóvão); Joel (Fluminense); Santo Cristo (São Cristóvão, Vasco da Gama e outros); Constantino (Sedan, da França); Sérgio (Vasco da Gama); Jurandir (Athletico Paranaense); Tião (Coritiba);. o ponta-direita Tonho (Bangu, em 1967); O ponta esquerda Antônio Carlos (Botafogo, em 1989), centroavante Nando (Flamengo, em 1989).

O alambrado do campo do Mavilis, no Caju. O clube está trabalhando para construir o novo muro, pois o antigo foi derrubado pelos temporais no início de 1967.

Fim da linha do Mavilis

Na década de 70, o clube participou com as equipes de base. Além disso, o campo era utilizado pela escolinha de futebol e o juvenil do Fluminense treinavam ali. Em 1980, começou a derrocada, após a Cia. América Fabril ter entrado na justiça com pedido de reintegração da posse, pelo que fez um depósito de Cr$ 42 milhões como indenização pelas benfeitorias da sede do Mavilis Futebol Clube. Vale lembrar que os terrenos da Rua Carlos Seidl, no Caju foram cedidos pela União e Indústria América Fabril, em 1913.

A Associação de Moradores do Caju e a diretoria do Mavilis, alegavam que parte dos terrenos pertencia a Marinha e ao Arsenal de Guerra, e, além disso, a fábrica, falida em 1975, não poderia dispor da quantia depositada, a menos que houvesse algum grupo interessado na utilização da área.

O espaço físico possuía 10 mil m² divididos em um campo de futebol, duas quadras de futebol Society, bar, vestiários e um galpão para festas e prática de esportes.

A relação entre o clube e os moradores da região era estreita, uma vez que o Mavilis cumpria uma função social, cedendo espaço para o lazer dos moradores mais humildes e acolhendo os desabrigados.

Na época, a presidente da Associação de Moradores do Caju, Shirley Salim, revelou que o Mavilis foi a salvação” quando 30 barracos da comunidade do Buraco da Lacraia foram destruídos por um incêndio em outubro de 1982: “Os moradores foram instalados justamente aqui. E agora estou pedindo espaço para quatro famílias que não têm onde ficar“.

As cinco favelas do bairro, segundo o diretor social Edgar Antônio da Silva, eram as mais beneficiadas, pois ali elas promoviam festas e partidas de futebol sem que nada lhes seja cobrado.

O Mavilis contava com 384 sócios que, desde 1976, não pagavam a taxa de manutenção mensal de Cr$ 50,00. O barzinho estava arrendado e os Cr$ 100 mil que a diretoria do clube receberia não seriam suficientes para o pagamento de Cr$ 140 mil pelo fornecimento de energia ou de Cr$ 20 mil semanais pelo trabalho do zelador.

Infelizmente, após uma longa batalha judicial com a Cia. América Fabril, então em liquidação judicial, o Mavilis Futebol Clube acabou perdendo. Mesmo com o clamor dos moradores do Caju, o Rubro-Anil do Caju acabou sendo despejado, a sede destruída, colocando um ponto final em mais de 70 anos de história!  

Imagem visto de cima de como está atualmente a antiga sede e o campo do Mavilis (linha vermelha)

ARTE: desenho dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

FOTOS:  Estadio – Supplemento Semanal Sportivo de O Cruzeiro (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – Google Maps Street View – Acervo de Sérgio Mello

FONTES: A Luta Democrática (RJ) – Jornal do Brasil (RJ) – Jornal do Commercio (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – O Globo (RJ) – Nilo Dias – O Jornal (RJ) – Última Hora (RJ)

Clube Atlético Osasco – Osasco (SP): Fundado em 1914!

Por Sérgio Mello

Clube Atlético Osasco foi uma agremiação do município de Osasco, localizado na Região Metropolitana da cidade de São Paulo. Fica a 15,5 km da capital do estado de São Paulo. A localidade conta com uma população de 728.615 habitantes, segundo a prévia do censo (IBGE/ 2022).

Fundado na quarta-feira, do dia 14 de Outubro de 1914, o ‘Club Athletico Osasco’, sendo o 1º Clube social de Osasco. A sua Sede social ficava na Rua Erasmo Braga (antiga Rua André Rovai), nº 900, no bairro Presidente Altino, em Osasco/SP.

Até meados dos anos 20 era apenas um clube de futebol e não possuía uma sede. Foi o Coronel Delfino Cerqueira que em 1925, emprestou ao presidente do Clube Atlético Osasco, Dante de Lúcia, 12 contos de Réis, o que era muito dinheiro na época.

O dinheiro deveria ser utilizado pelo clube para construir sua sede na antiga Rua André Rovai, hoje Erasmo Braga. O dinheiro foi para pagar ao empreiteiro José Rodrigues.

O clube passaria a ter outras dependências no mesmo loteamento na Rua “O”, esquina com Rua “Q”. Dez metros de frente por 50 da frente aos fundos, entre os lotes 66, fundos do lote 67 ao lado.

Alguma coisa saiu errada e o clube teve que devolver o dinheiro com quase 10 anos de atraso, para a viúva do Coronel. Assim, podemos concluir que nada do que foi vivido pelos munícipes da capital deixou de ter seu “eco” no distrito de Osasco.

O desenvolvimento econômico, a vanguarda cultural, a ocupação urbana e populacional também aconteceram em Osasco. E só para começar a nova década (1931), o distrito e a capital iniciam com a sua população triplicada e com isso Osasco sai dos seus 4 mil habitantes em 1920 para 10 mil em 1930.

Osasco derrotou o São João de Jundiahy

No domingo, do dia 20 de fevereiro de 1921, o Osasco enfrentou, em amistoso, fora de casa, o forte time do São João Football Club, de Jundiaí/SP. Na partida entre os Segundos Quadros, empate em 2 a 2. No jogo de fundo, o Club Athletico Osasco venceu pelo placar de 2 a 1.

O Primeiro Quadro do C. A. Osasco estava assim constituído: Rovai; Mario e Beppe; Foretaleza, Paulo e Alvim; Morino, Arthur, Horacio, Thadeu e Carlin.

Sede social do C.A. Osasco

Colaborou: Moisés H G Cunha

ARTE: desenhos dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

FONTES & FOTOS: Hagop Garagem – A Gazeta (SP)

Sport Club Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), fundado em 1936!

Por Sérgio Mello

O Sport Club Rio de Janeiro foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Um grupo de 30 jovens apaixonados pelo ‘esporte bretão’ Fundaram no final de agosto de 1932, no bairro da Tijuca, o Sport Club Rio de Janeiro.

A sua 1ª diretoria era composta pelos srs. Linneu de Freitas, José Garcia, Waldemar Bonelli, Alexandre Fiani e Álvaro Sampaio. O “Mundo Esportivo” foi escolhido pela diretoria para ser o órgão oficial do clube.

Posteriormente, o clube foi reorganizado no domingo, do dia 1º de Março de 1936. A sua Sede social ficava localizado na Rua Maria Amália, nº 29, no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio/RJ. A sua Praça de Esportes ficava situado na Rua Ferreira Andrade, nº 122, no bairro do Cachambi, na Zona Norte do Rio/RJ.

Além do futebol, o Sport Club Rio de Janeiro possuia uma equipe forte no basquete. Como fonte de renda, o clube arrecadava com as mensalidades dos sócios, assim como os eventos na sede como música dançante, carnaval, etc.

No sábado, do dia 6 de novembro de 1937, em assembleia geral, foi definido a nova diretoria, que foi empossada no sábado, do dia 4 de Dezembro do mesmo ano. A diretoria foi composta com os seguintes membros e os seus respectivos cargos:

Presidente – Miguel Diab;

Vice-presidente – Octavio Amaury;

1º secretário – Miguel Pedreira;

2º secretário – Mario Pedreira;

1º Thesoureiro – Paulo Carreiro;

2º Thesoureiro – Oswaldo Loureiro;

Diretor de Football – Odilon Araujo;

Diretor de Basketball – Hélio Baptista.

Documento: Acervo de Auriel de Almeida

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FOTO: A Manhã (RJ)

FONTES: A Batalha (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – Jornal dos Sports (RJ) – Mundo Esportivo (RJ) – O Jornal (RJ)

Escudo o início de 2000: Alecrim Futebol Clube – Natal (RN)

O Alecrim Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Natal (RN). A sua Sede fica localizada na Rua dos Caicós (antiga Avenida Sete), nº 1.722, no bairro Alecrim, em Natal/RN.

História

Fundado no domingo, do dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, João Café Filho, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino.

O local da fundação foi o sítio Vila Maria, pertencente a Cândido Medeiros, na atual Rua General Fonseca e Silva, próximo da atual Igreja São Pedro em Natal/RN, no então longínquo bairro do Alecrim (na época o bairro era considerado zona rural de Natal-RN). Lauro Cândido de Medeiros foi o 1º presidente.

A ideia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Com efeito, o clube esmeraldino fundou e manteve uma escola noturna para essas crianças.

Dessa forma o Alecrim atendia a um apelo de uma campanha nacional patrocinada pelo Presidente da República do Brasil Venceslau Brás, que tinha como objetivo erradicar o analfabetismo no país.

No início o time era formado por negros e índios

Além do mais, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente por negros e descendentes de índios (moradores do bairro), o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.

O Vingador

O Alecrim nos anos 60 era chamado de “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.

Exemplo de força do clube verde nesta década foi o caso do Rampla Júnior do Uruguai que numa excursão ao Brasil estava invicto: 0 a 0 com o Americano (RJ); 2 a 1 no Democrata de Governador Valadares (MG); 2 a 0 no Fortaleza (CE); 1 a 1 com o Treze (PB); 2 a 2 com o Náutico de Recife; vindo a perder finalmente para o Alecrim por 1 a 0 com gol do artilheiro Rui.

Único Presidente da República a jogar num clube de futebol

O Alecrim é o único clube da história do futebol brasileiro que teve um (futuro) presidente da república jogando em suas fileiras. Trata-se de João Café Filho, 18º presidente do Brasil (1954-1955). Café Filho foi goleiro titular da onzena “periquito” em 1918 e 1919.

Mané Garrincha

O Alecrim teve a honra de ter contado com Garrincha por uma partida, foi no dia 4 de fevereiro de 1968, no estádio Juvenal Lamartine. O craque das “pernas tortas”, usou a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1 a 0, gol de Duda.

Com público de mais de 6 mil pagantes, e renda de Cr$ 21.980,00, o Alecrim formou com: Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga.

O rubro-negro pernambucano jogou com: Delcio; Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair; Valter e Soares; Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, os jogadores Garcia (pertencente ao Riachuelo de Natal) e Evaldo (pertencente ao América de Natal).

Augusto; Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho; Estorlando e João Paulo; Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga

Grandes personagens

Os grandes dirigentes, baluartes e abnegados da história do Alecrim foram: Bastos Santana, Severino Lopes, Lauro Cândido de Medeiros, Humberto Medeiros, Cel. Veiga, Cel. Pedro Selva, Silvio Tavares, Clóvis Motta, Joca Motta, Cel.Veiga, Walter Dore, Brás Nunes, Rubens Massud, Wober Lopes Pinheiro, Gabriel Sucar, Cel. Solon Andrade, além do grande patrono Monsenhor Walfredo Gurgel.

Sete vezes campeão Potiguar

O clube potiguar é heptacampeão estadual: 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986. Quatro vezes campeão do Torneio Início (1926, 1961, 1966 e 1972); e um título do Campeonato Potiguar da 2ª Divisão de 2022.  

O Verdão é o 3º clube potiguar com maior número de participações na Série A, com 3 participações. Ao todo são 11 participações em campeonatos nacionais, sendo as mais recentes a Série D, em 2011, e a Copa do Brasil de 2015.

Participou da elite do futebol nacional em 1963, 1964 e 1986, sendo o único representante do estado nas três ocasiões. Nas primeiras participações do Verdão, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), ainda denominava o Campeonato Brasileiro de “Taça Brasil”. Em 1986, na terceira participação, já era chamado de Brasileiro.

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

Colaborou: Adeilton Alves

FOTOS: Tribuna do Norte

FONTES: site do clube – texto de Carlos Alberto N. de Andrade, Prof. da Universidade do Estado do RN

Guarani Esporte Clube – Divinópolis (MG): 2º Escudo

Guarani Esporte Clube é uma tradicional agremiação da Cidade de Divinópolis (MG). Fundado no dia 20 de setembro de 1930, como Guarani Sport Club, quando José de Oliveira reuniu os amigos para a formação de um time de futebol.

Em 1936, com o surgimento da LMDD (Liga Municipal de Desportos de Divinópolis) Guarani entrou no campeonato da cidade, e mandava seus jogos em um campo onde hoje é a sede da Copasa, entre os bairros Esplanada e Bela Vista.

Os primeiros anos de história do Guarani foram marcados pela rivalidade com o Ferroviário, time da cidade que contava com os funcionários da Rede Ferroviária Estadual, setor forte da indústria em Divinópolis. Neste período o Guarani consolidou o seu nome no futebol divinopolitano e da região centro-oeste.

Em 1954 foi inaugurada a iluminação do Farião, fato marcante para um clube do interior de Minas. Um dos motivos maiores foi para fazer frente a torcida do Ferroviário, o rival da cidade. Nesta ocasião houve um amistoso contra o Botafogo-RJ, um dos maiores times da época, para comemorar a inauguração.

O curioso é que no Botafogo daquele amistoso, estava presente um jogador que viria a ser um dos maiores atletas que o Brasil já viu: Garrincha, ainda novo e desconhecido, pisou no Farião pela primeira vez.

Em 1961, quando na ocasião foi vice-campeão mineiro, o Guarani perdeu o título nas últimas duas rodadas. O torneiro era disputado por pontos corridos. A equipe divinopolitana só ficou atrás do Cruzeiro, campeão daquele ano. Era a melhor campanha do clube até então, o que fortaleceu ainda mais a paixão do divinopolitano pelo Bravo Bugre. Em 1964, o Guarani conquista o título do Torneio Início, vencendo o Atlético na decisão por pênaltis, após empate de 0 a 0 no tempo normal.

Após idas e vindas entre o amadorismo e o profissionalismo, o time se tornou profissional de forma definitiva em 1976. No ano de 1979 o atacante Fernando Roberto foi o artilheiro da competição, marcando 15 gols, ficando a frente de nomes como Reinaldo, Éder e tantos outros.

Em 1981, obtém seu melhor desempenho em competições nacionais, terminando na 4ª colocação da Taça de Bronze, equivalente atual Campeonato Brasileiro da Série C.

Em 1994, o conquista o título do Campeonato Mineiro da 2ª Divisão. No time capitaneado por Brandãozinho, diversos nomes que entraram para a galeria de ídolos do clube, como Assis, Hgamenon, Renato Paulista, Tarcísio e vários outros. Para este campeonato, foram inscritas dez equipes de todo o estado, a maior parte composta por história e tradição no futebol estadual.

A década de 2000 foi muito positiva para o Guarani. Apesar de começar no Módulo 2 em 2000 e conseguir o vice campeonato da competição, ao perder o título para o Mamoré de Patos de Minas, o time conquistou feitos grandiosos nessa década, mostrando para Minas e para o Brasil a força da torcida e da camisa vermelha que tanto representa do Centro Oeste Mineiro.

Em 2001 o Bugre estava novamente na Elite, porém não conseguiu se manter. A força que o impulsiona pra cima mais uma vez empurrou o Bugre para o título mineiro do Módulo II, numa campanha impecável. No time, nomes como Glaysson, Hgamenon, Maurício, Maurinho Veras, Lela, Helbert e diversos que marcaram seus nomes na galeria de campeões alvirrubros.

De 2003 a 2009 o Bugre permaneceu na elite, sempre travando grandes duelos com Atlético, Cruzeiro, América e todos do interior. Sua melhor campanha neste período, foi no ano de 2008, onde Brandãozinho comandou o time numa heróica campanha que terminou com a 5ª colocação. Neste time, nomes como Jajá (artilheiro do campeonato com 7 gols), Willian César, Haender, Eládio, Micão, Cafu, entre outros.

Em 2009 porém a equipe não repetiu a boa campanha do ano anterior e foi rebaixado ao Módulo II. Uma grave crise financeira e administrativa se abateu sobre o clube que parecia abandonado. E assim ficaria, não fosse a união que se fez para tirar o Bugre dessa situação.

Edílson de Oliveira, presidente na década de 80 e comandante de grandes campanhas com o clube, retornou após muito tempo, para provar mais uma vez que a camisa vermelha de Divinópolis tem força!

Após um início de campeonato em que o time parecia não ir muito longe, o Guarani reagiu na hora certa, e contra tudo saiu vencedor, Campeão Mineiro mais uma vez, provando que a História e a Tradição desse clube são imortais.

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

Colaborou: Fabiano Rosa Campos

FONTES & FOTO: redes sociais do clube – Arquivo Público da Prefeitura de Divinopolis (MG)

Liga de Sports da Marinha – Rio de Janeiro (RJ): disputou o Torneio dos Campeões de 1937

Por Sérgio Mello

A Liga de Sports da Marinha (LSM) é a entidade desportiva máxima da Marinha, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O processo de fundação de entidades esportivas e clubes ampliou-se de maneira significativa no Brasil nos anos iniciais do século XX. Esse movimento chegou também às Forças Armadas.

Apesar de alguns esportes já serem praticados de forma corriqueira por oficiais e praças da Marinha, até 1915 não existia nenhuma regulamentação institucional dessas práticas.

Preocupados em centralizar a organização desses jogos e normatizar a participação dos militares da MB, um grupo de oficiais se reuniu no Clube Naval e Fundou na quinta-feira, do dia 25 de Novembro de 1915, cuja regulamentação institucional se deu por meio do Aviso nº 1, de 4 de janeiro de 1916.

O Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), com sede na Avenida Brasil, nº 10.590 – bairro da Penha, na Zona Norte do Rio (RJ), teve sua origem na Liga de Sports da Marinha, que foi Posteriormente, pelo Decreto nº 24.581, de 5 de julho de 1934, a Liga de “Sports” da Marinha passou a ser subordinada a então Diretoria do Pessoal da Marinha, que mais tarde foi extinta pelo Decreto-Lei nº 2.296, de 10 de junho de 1940, mesmo ato que criou o Departamento de Educação Física da Marinha.

Historicamente, a Marinha do Brasil possui uma tradição de inovar no que tange aos investimentos multiesportivos, o que ocorre desde a criação da Liga de Sports da Marinha (LSM).

Enquanto o Exército Bra­sileiro focava em uma tendência moo esportiva em 1915, com a Liga Militar de Football do Exército (fundado em 22 de junho de 1915), a Marinha diversificava o processo de gestão esportiva apostando em modalidades aquáticas, como natação, water polo, remo e vela.

Os ditos espor­tes militares, exercícios físicos funcionais voltados à tropa, foram traduzidos para o campo competitivo e inseridos como atividades da LSM, assim como o pró­prio futebol, que foi adotado como esporte e serviu, além de prática interna, como mecanismo de duelo de performance atlética entre Exército e Marinha.

O início do século XX foi marcado pela criação de diversas ligas, que passaram a regular o esporte no país e acabaram por fundar a Federação Brasileira de Sportem 1914; após um biênio, essa entidade se conver­teria na Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

O Departamento de Educação Física da Marinha foi extinto pelo Decreto-Lei nº 7.467, de 16 de abril de 1945 e foi reativado pelo Decreto-Lei nº 9.265, de 17 de maio de 1946, como Departamento de Esportes da Marinha, denominação esta alterada para Centro de Esportes da Marinha pelo Decreto nº 32.742, de 7 de maio de 1953.

O Centro de Esportes da Marinha teve, novamente, sua denominação alterada para Centro de Educação Física da Marinha pelo Decreto nº 70.161, de 18 de fevereiro de 1972.

Finalmente, passou a ter a denominação atual, Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), pelo Decreto nº 73.058, de 31 de outubro de 1973.

Posteriormente, suas atividades foram regulamentadas pelo Decreto nº 76.687, de 27 de novembro de 1975, que foi revogado pelo Decreto nº 84.781, de 11 de junho de 1980 e alterado pela Portaria nº 110, de 30 de janeiro de 1986, do então Ministro da Marinha, tendo sido, posteriormente, regulamentada pela Portaria nº 20, de 6 de fevereiro de 1997.

A citada Portaria de regulamentação foi revogada pela Portaria nº 63, de 6 de novembro de 1998, do Comando de Operações Navais (ComOpNav), que aprovou uma nova regulamentação.

Por intermédio da Portaria nº 120, de 31 de março de 2008, foi transferida a subordinação do CEFAN para o Comando de Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN).

Revogada esta última, passou à subordinação do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN), por meio da Portaria nº 65, de 24 de fevereiro de 2010, e tendo suas atividades e organização estruturadas pelo presente Regulamento, aprovado pela Portaria nº 81, de 7 de junho de 2016, do CGCFN, revogada pela Portaria nº 30, de 14 de maio de 2020, do CGCFN, que acrescentou em sua organização uma Assessoria de Sustentabilidade e um Elemento de Controle Interno.

Desde sua criação, o CEFAN tem orientação voltada para o desporto e o aperfeiçoamento físico dos militares da Marinha do Brasil (MB), preparando atletas para competições de nível nacional e internacional.

Torneio dos Campeões de 1937

No futebol, a Liga de Sports da Marinha (LSM) fez alguns amistosos, como no domingo, do dia 14 de Janeiro de 1934, quando enfrentou a Seleção Paulista, onde acabou derrotada pelo placar de 3 a 2, no Estádio General Severiano, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio/RJ.

O Torneio dos Campeões de 1937 foi promovido pela Federação Brasileira de Futebol (não pela CBD) com os campeões estaduais de 1936. Assim, os campeões estaduais de 1936 de São Paulo e Rio de Janeiro foram aqueles que ganharam os campeonatos patrocinados pela APEA – Associação Paulista de Esportes Athléticos e Liga Carioca de Futebol, respectivamente.

Houve uma Seletiva entre o Aliança FC, campeão da cidade de Campos dos Goytacazes, o time da Liga de Sports da Marinha e o Rio Branco de Vitória/ES, que e classificou para disputar o Torneio.

No 1º jogo da Seletiva (eliminatório), na noite dequarta-feira, do dia 06 de janeiro de 1937, a Seleção da Liga de Sports da Marinha foi até Campos dos Goytacazes, e venceu o Alliança Football Club pelo placar de 2 a 0. Os gols foram assinalados pelos dianteiros Paranhos e Aldo. Os grandes destaques da partida foram Mascotte, Paranhos, Fraga e Chaves. Roberto Porto (Liga Carioca) foi o árbitro do jogo.

Liga de Sports da Marinha: Perpetuo; Batistaca e Fraga (cap.); Chaves, Jorcelyno e Appolinário; Mascotte, Paranhos, Sessenta, Aldo e Gaúcho. Técnico: Nicolas Ladany. Reservas: Belmiro, Veiga, 29, Fraga II, Pará e Estanislao

Nae última partida da Seletiva (eliminatório), no domingo, do dia 10 de janeiro de 1937, o Rio Branco recebeu a visita da a Liga de Sports da Marinha,noEstádio Punare Bley, em Vitória/ES. A partida terminou empatada sem gols.

Com isso, o jogo foi para a prorrogação e o Rio Branco venceu por 2 a 0. Renato abriu o placar aos 7 minutos do 1º tempo da prorrogação e Caxambu definiu o marcador na etapa final. Roberto Porto foi o árbitro da peleja, que expulsou o capitão da Liga, Fraga.

Rio Branco: Dias; Humberto e Vicente; Allemão, José Pereira e Manduquinha; Marcionilio (Thales), Alcy, Caxambú, Lucinio (cap.) e Renato.

Liga de Sports da Marinha: Belmiro; Batistaca e Fraga (cap.); Chaves, Jorcelyno e Appolinário; Mascotte, Paranhos, Sessenta, Aldo e Pará. Técnico: Nicolas Ladany. Reservas: Perpetuo, Veiga, 29, Fraga II, Gaúcho e Estanislao

Com isso, a Liga de Sports da Marinha não conseguiu acesso a chave principal do Torneio dos Campeões de 1937. O Atlético Mineiro se sagrou campeão. Uma curiosidade é que na quarta-feira, do dia 25 de Agosto de 2023, se reuniram o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues e dirigentes do Galo, onde foi sacramenta homologação do Campeonato Brasileiro de Clubes como título nacional. Com isso, o Atlético Mineiro passou a ter três títulos do Campeonato Brasileiro: 1937, 1971 e 2021.

Recorte da imagem: Moisés H G Cunha

ARTE: desenho do escudo e uniforme – Sérgio Mello

FONTES: Revista do CEFAN/CDM Podium Naval, Ano II/ Nº02 “Centenário da Liga Sports da Marinha” – Diário de Notícias (RJ) – Correio da Manhã (RJ) – O Globo Sportivo (RJ) – O Imparcial (RJ)

Aliança Atlética FNM – Duque de Caxias (RJ): disputou o Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais de 1962

Por Sérgio Mello

O Aliança Atlética FNM (Fábrica Nacional de Motores) foi uma agremiação da cidade de Duque de Caxias, localizado na Baixada Fluminense do estado do Rio de Janeiro. Fundado, no ‘Dia do Trabalhador’, na quinta-feira, do dia 1º de Maio de 1952, por funcionários da extinta Fábrica Nacional de Motores S.A., o Aliança Atlética FNM (ou Fenemê).

A sua Sede social e a Praça de Esportes ficavam próximos a fábrica, localizados na Vila Operária, no Km 23, às margens da Estrada de Petrópolis, no Distrito de Xerém, em Duque de Caxias.

A construção da Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi iniciada em 1940, no governo de Getúlio Vargas, na cidade de Duque de Caxias (RJ), distrito de Xerém.  Ela foi idealizada pelo Brigadeiro Antônio Guedes Muniz, tendo sido oficialmente fundada em 13 de junho de 1942, para a construção de motores aeronáuticos, que seriam utilizados em aviões de treinamento militar. 

Era a época da II Guerra Mundial, e em troca da utilização de bases militares no nordeste brasileiro, o governo norte americano deu incentivos financeiros e assistência técnica, para a construção tanto da FNM, como da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

A fábrica foi instalada próxima à escarpa da Serra do Mar, pois a localização amorteceria os custos da produção, por conter a temperatura e pressão ideal para a construção dos motores. O terreno obtinha fácil acesso à Rodovia Rio-Petrópolis e à Estrada de Ferro Rio d’Ouro, facilitando o contato com a capital federal e com a chegada de técnicos e funcionários e transporte de equipamentos. Além disso, os rios Capivari, Mato Grosso e Saracuruna banhavam a região, gerando assim, a água industrial necessária para abastecer a FNM.

Como forma de diversão e entretenimento nas horas de folga, os operários resolveram fundar agremiações sociais e esportivas, como o Aliança Atlética FNM, a Associação Atlética Piauí e o Vila Nova Futebol Clube. Cada clube foi criado por trabalhadores nascidos fora do estado que batizaram seus respectivos clubes com nomes ligados as suas origens. Muitos ônibus vinham de localidades vizinhas para enfrentar os três times fenemenses.

Com o incentivo da indústria estatal de motores, o Aliança da FNM disputava inúmeros torneios contra agremiações amadoras de Duque de Caxias e times de empresas estatais, como o da antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Em 1977, a FNM foi vendida para a Fiat. Anos depois, a fábrica de Xerém, encerrando as suas atividades.

Na década de 50, a Fábrica Nacional de Motores S.A., tinha uma Coluna no jornal Folha de Caxias, e nela (1958) foi citado que o clube era rubro-cinza. Posteriormente, passou a utilizar o azul e amarelo.

O futebol era o carro-chefe do Fenemê, mas também promovia atividades recreativas e culturais, atraindo públicos de fora da cidade, como as confraternizações de 1º de maio, data que se celebra o Dia do Trabalhador e o Carnaval, sempre regadas com muita dança e animação.

Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais de 1962

No começo, o time de futebol realizou diversos amistosos, quadrangulares até que em 1962, participou da competição mais importante da sua história: Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais, que reunia os campeões dos campeonatos dos municípios do estado do Rio de Janeiro.  

Alguns participantes: Americano Futebol Clube (Macaé); Esperança Futebol Clube (Nova Friburgo); Associação Atlética Cabofriense (Cabo Frio); Fluminense Futebol Clube (São João da Barra); Teresópolis Futebol Clube (Teresópolis).

No final de maio de 1961, foi empossada a nova diretoria da Alliança Atlética F.N.M. Seus componentes:

Presidente – Jader Campos da Silva, Vice-presidente – Wilton Wendling;

1º Secretário – Aládio Costa;

1º Tesoureiro – Luís Gonzaga Frazão;

Diretor social – Antônio Gomes de Oliveira;

Diretores de Esportes – Athelo Pinheiro e Wilson Vasconcelos;

Procurador – Hélio Pereira de Araujo.

Clube desaparece na década de 70

As últimas notícias do clube se limitavam alguns jogos de outras equipes disputadas no campo da Aliança Atlética FNM até 1973. A partir daí mais nenhuma linha citou algo sobre essa simpática agremiação duquecaxiense.  

Algumas Formações

Time base de 1955: Pepê (Wantuil); Nilson e Jair; Garrincha (Pepe), Aurino e Tito (Otavio); Waltrudes (Adail), Tatão, Béca (Adelino), Noir, Ayrton.

Time base de 1956: Chico (Pepê); Getúlio (Adail) e Wilson; Otávio, Edmar e Pimpão (Ita); Maurício, Nortista, Aurélio, Zezé (Esmeraldino) e Noir (Jair).

Time base de 1957: Chico (Pepê); Airton e Getúlio (Juquinha); Tatão (Edmar), Jorge (Faria) e Ribamar (Josafá); Waltrudes, Adelino (Jorginho), Leandro, (Luiz Carlos), Noir e Lídio.

Time base de 1958: Pepê (Chico); Milsinho (Zuquinha) e Ribamar (João); Farias, Josafá e Adahyr; Luiz Carlos (Messias), Curimba (Adelmo), Ailton (Samuel), Aurélio (José) e Noir.

Time base de 1959: 103 (Pepê ou Jonas); Waltrudes (Izaias ou Zezinho) e Gois (Ribamar); Hélio (Messias), Pedro (Lamparina) e Girardi (Adahyr); Bittencourt (Zezinho), Agenor (Luiz Carlos), Frazão (Valmir ou Airton), Josias o ‘Caçula’ (Heraldo), Correia (Leandro) e Nélson (Mirim).

Time base de 1961: Iquimar (Beto); Isaías, Lamparina (Ribamar) e Mauro (Ivan); Sérgio (Lúcio) e Jorge (Siqueira); Airton (Maninho), Walmir (Samuel), Wanderley (Marinho), Leandro e Gilberto (Luiz Carlos).

ARTE: desenho do escudo e uniformes – Sérgio Mello

FOTOS: Diário da Noite (RJ)

FONTES: Correio da Manhã (RJ) – Folha de Caxias (RJ) – Diário da Noite (RJ) – História da ALFA – FNM – Jornal GGN (RJ) – O Fluminense (RJ) – O Jornal (RJ) – Página no Facebook “Retratos do Futebol Fluminense”, de Orlindo Farias – Última Hora (RJ)

América Futebol Clube – Fortaleza (CE): uma linda e rica história!

Por Sérgio Mello

O América Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Fortaleza (CE). Fundado na quinta-feira, do dia 11 de Novembro de 1920, tem a sua Sede social localizada na Avenida Monsenhor Bruno, nº 1.341, no bairro da Aldeota, em Fortaleza (CE).

O Mecão se filiou à FCF (Federação Cearense de Futebol), em 1921 e ficou até 1927. Depois retornou em 1933 a 1935; voltou em 1938. Dois anos depois um novo retorno (1940/1942). Em 1948 teve o período mais longo, ficando até 2007. Voltou em 2009 a 2010 e por fim de 2012 a 2015.

Nesse período, as maiores conquistas do Mecão foram os títulos do Campeonato Cearense da 1ª Divisão de 1935 e 1966 (além de campeão de futebol, também levantou as taças de futsal, basquete e vôlei). Nos anos de 1933, 1934, 1940, 1943, 1948 e 1954 o América foi vice-campeão estadual.

Em 1967, com a conquista estadual no ano anterior, o América assegurou a sua participação na Taça Brasil (principal competição nacional daquela época). O América ficou no Grupo Norte da Zona Norte, vencendo as duas finais contra o Paysandu SC, de Belém (campeão do Pará), por 1 a 0.

Em outubro de 1967, diante de um público de 40 mil pessoas, o América acabou eliminado da competição, após uma derrota, em casa, diante o Náutico Capibaribe (PE), pelo placar de 1 a 0.

História contada pelos ex-jogadores: Anibal e Aloisio

Para o Campeonato Cearense da 1ª Divisão de 1920, a Liga contava com quatro clubes: Ceará, Fortaleza, Bangú e Guarany. Em novembro de 1920, era fundado por um pequeno grupo de rapazes, o América Futebol Clube, sem, entretanto, maiores ambições para com o futuro do pequeno grêmio.

O América, nascido em 20, projetou-se em 1921 na Liga Secundária, sagrando-se campeão da categoria. E nesse mesmo ano. 1921, estando as forças políticas do futebol em pé de igualdade, o Ceará ao lado do Bangu e o Fortaleza formando dupla com o Guarany, manobrou o Ceará, com êxito, no sentido de promover o campeão da Liga Secundária para a Primeira Divisão. E foi assim: que, quase sem o pretender, o América se viu na primeira linha do nosso futebol, em 1921. Por conta do Ceará Sporting.

O “VOVÔ” E SEUS “NETINHOS”

Em entrevista feita em 1970, os ex-jogadores contaram a história do clube. Data daí, pelo depoimento de Anibal Bonfim e Aloisio Ribeiro, o apelido de “Vovô” com que ainda hoje é conhecido e tratado carinhosamente o Ceará. Como surgiu o termo “Netinhos”?

– “Silvio Gentil, presidente do Ceará, ficou eufórico com a sua jogada política, elevando o América de categoria e ficando com mais um voto para impor suas decisões na Primeira Divisão. E tomou-se de simpatias pelo América, para que muito contribuía; também, Crisantho Moreira da Rocha, que, estudante de Medicina no Rio, era ardoroso torcedor do America carioca, sendo, por aqui, torcedor e diretor do Ceará Sporting…” 

– “Sempre que se encontrava com a turma americana Silvio Gentil, um notável desportista, costumava dizer: “como vão os meus meninos endiabrados, os meus netinhos?”

E foi daí, do fato de sermos chamados de NETINHOS pelo Presidente do Ceará, que nós do América começamos a chamar a Silvio Gentil de nosso “Vovô”, apelido que, com o tempo, se passou para o próprio clube, muito adequado, por sinal, por ser o Ceará o mais antigo grêmio do futebol cearense”.

OS FUNDADORES DO AMERICA

O Estatuto do América Futebol Clube, de 1952 pela então diretoria presidida por José Mario Mamede: O Art. 1. da “Carta Magnarubra diz textualmente:

Art. 1. – O AMERICA FOOT-BALL CLUB (A.F.C)

– Fundado nesta cidade de Fortaleza a 11 de novembro de 1920, por Aloisio Gondim Ribeiro, Juvenal Pompeu de Souza Magalhães, Acrísio Faria de Miranda, Miguel de Aguiar Picanço, Dagoberto Rodrigues, Benicio Carneiro Girão, Anibal Câmara Bonfim, José Lino da Silveira, Aécio de Borba Vasconcelos, Marcílio Braune, Lívio Correia Amaro, José de Borba, Vládine Pompeu, João Ramos de Carvalho, Cláudio Vilela Lima, Galba Gomes Gurgel, José Xerez, Herialdo Maia Cunha, José Chagas de Oliveira, Mileide Morais, Gianpaolo Damasceno, Alberto Damasceno e entre outros.

Com isso, formando uma sociedade desportiva e recreativa, constituída de número ilimitado de sócios, com personalidade Jurídica de duração indeterminada e se regerá por estes Estatutos.

PRIMEIRO TÍTULO

Fundado em 20, no ano seguinte, como já ficou dito, o América sagrou-se campeão da Liga Secundária. Em 1969, com quase meio século não houvesse decorrido de lá para cá, Aloisio Ribeiro, o extrema esquerda Lulú dos seus tempos, e Anibal Câmara Bonfim, o grande centerfoward, recordam, com absoluta clareza, o time que foi campeão de 21 na categoria secundária.

– “Era este, o time, dizem categóricos: Benicio Girão (que foi o primeiro goleiro do America e morreu recentemente em 1969, na cidade de Sobral, onde era comerciante); Acrísio Miranda (também falecido, este no Rio) e Gaminha; Antônio Siqueira, Godofredo Fernandes e Juvenal Pompeu; Moésia Rolim (que foi Oficial do Exército, líder revolucionário do “tenentismo” e famoso orador), Sátiro Rodrigues, Anibal Bonfim, Barcelos e Aloisio Ribeiro (o Lulú).

AS CAMISAS NEM SEMPRE FORAM RUBRAS

Mas, um ano depois, Crisantho Moreira da Rocha chegava do Rio, cada vez mais empolgado pelo America carioca (que foi campeão de 22 – anos do centenário da Independência – no campeonato carioca) e trouxe um jogo de camisas vermelhas, com o escudo branco contendo as inicias do clube, exatamente iguais ás dos seu homônimo do Rio de Janeiro.

O primeiro Jogo de camisas do América, presente de Crisantho Moreira da Rocha, custou-lhe a importância de 330 mil réis, que representariam 33 centavos em 1969.

AS LUVAS DO QUINDERÉ

Outra interessante curiosidade: o América não surgiu com suas tradicionais camisas rubras. Em 1921, na Liga Secundária, seu uniforme era azul e branco, em listras verticais.

Guindado à Primeira Divisão por conta de um “golpe” político do Ceará, o América não possuía, contudo, condições técnicas à altura dos dois maiorais de então, ο Ceará e o Fortaleza.

Lulú recorda, com o olhar perdido na saudade, um Jogo do América com o Fortaleza, al por volta de 1921. Vez por outra, Anibal interfere, relembra algum episódio, faz alguma objeção, tece outras considerações.

– “Humberto Ribeiro foi, sem dúvida alguma, o maior jogador do futebol cearense, e talvez do próprio futebol brasileiro, no passado e se jogasse hoje (1969), um fenômeno como Pelé, ou como Tostão, pois não era escurinho.

Era o deus do Fortaleza, o maior craque da cidade, um ídolo do seu clube, respeitado pelos demais. O Fortaleza ia enfrentar o pequenino América, que apenas começava na Primeira Divisão.

Jogo fácil, facílimo para o time tricolor, composto dos melhores azes do nosso futebol de então, contra os “netinhos“, a meninada endiabrada (e desde então o América ganhou também o apelido de “Diabo rubro”).

O jogo ofereceu uma novidade: o goleiro do Fortaleza, o Quinderé (dono da livraria que tinha seu nome), entrou de luvas, à moda europeia. Bola vai, bola vem, eu peguei um bom passe (quem fala é o Lulú), Investi e atirei com força e com sorte. Gol! Quase desmaiei de alegria.

Não queria acreditar no que estava vendo. Fizera um gol no Fortaleza! Humberto Ribeiro veio de lá, deu uma bronca tremenda no Quinderé e exigiu que tirasse as luvas…”. No final o vencedor foi: “O Fortaleza acabou ganhando. Ninguém aguentava um time que tinha o Humberto Ribeiro como centerfoward”…

OUTRO TÍTULO EM 1923

Depois de explicar o que era a imponência e a expressão do Torneio Inicio naqueles idos, com a maior frequência pública e torcidas organizadas de moças elegantes da sociedade, Anibal e Aloisio revelam que em 1923 o América conquistou a sua primeira grande glória.

Sagrou-se campeão do Torneio Início daquele ano, com uma equipe formada por Ubiratam Negreiros (Irmão da saudoso Ubirajara e hoje funcionário do Banco do Brasil no Rio de Janeiro), Acrísio Miranda e Antônio Bessa; Eduardo Martins (e às vezes Antônio Araripe), Pão Doce e Juvenal Pompeu (este era o capitão do time); Deó (Moesia Rolini já viajara para o sul, como militar), Gilberto, Abelardo, Anibal Bomfim e Lulú (Aloisio Ribeiro).

EM FAVOR DOS FLAGELADOS

Com algumas raras fotografias, que tratam com o maior cuidado e carinho, os dois amigos desportistas vão contando novos episódios da gloriosa trajetória do América Foot-Ball Club no cenário esportivo de nossa terra.

RECORDA ANIBAL:

– “Em 1932, uma seca terrível assolou o Ceará. Era Interventor o Capitão Carineiro de Mendonça, que tudo, fez para atende raos flagelados. Dentre multas medidas, programou e realizou um torneio de futebol de craques veteranos. O América formou sua equipe e eu o Lulù vestimos novamente a Jaqueta rubra.

E esse time tal…”

“E vão identificando um a um os jogadores. Um dos zagueiros, é o ex-Interventor do Estado e ex-Prefeito de Fortaleza, Acrísio Moreira da Rocha, irmão de Crisantho, um dos beneméritos do América, o goleiro ainda era Ubiratan Negreiros; Euclides Laurentino, o popular Tom Mix, doublé de craque e compositor popular, veterano funcionário da Policia Civil e figura obrigatória das missas na Igreja do Rosário; e industrial Chico Figueiredo, também de camisa de goleiro, embora como jogador (Informação dos seus contemporâneos) não fosse grande coisa; José Bonfim, irmão de Jorge e de Lúcio era médio muito vigoroso-esclarecem, Eduardo Martins, velho funcionário da Prefeitura; Anibal e Lulú, ainda no vigor da juventude, nessa fase Imprecisa do homem, entre os 30 e os 40 anos, em que ninguém a olha nu será capaz de observar um sinal de velhice e vários outros estão presentes na histórica fotografia, que vai enriquecer esta reportagem.

CAMPEÃO DE 35 E DE 66

O América voltou a ser campeão em 1935 e depois em 1966. Quero saber de Anibal Bonfim e de Aloisio Ribeiro como reagem as emoções de um jogo de hoje, principalmente nos jogos em que o América Intervém:

mais muito entusiasmo. Fui, depois de jogador, árbitro da Federação por muitos anos, nos tempos do Capitão Juremir. E acho que, tanto como jogador, quanto como Juiz, deixe meu nome.

Recordo um jogo Ceará x Fortaleza, duríssimo como sempre, decisiva como quase sempre, e que não tinha juiz que desejasse apitar. O velho campo do Prado cheio, uma assistência enorme e quase a hora do jogo começar e não havia ainda juiz.

Estava afastado da ADC (hoje FCD) por conta de uma história de “colégio de árbitros” que haviam criado e como que não concordavam. Eis que se aproximam de mim o Capitão Juremir e o sr. Pedro Riquet que era então o Presidente do Fortaleza. Entregam-se o apito, me exigem que eu seja o juiz. Fui e tudo correu muito bem, graças a Deus. No final, o Ceará venceu por 4 a 3, em um jogo emocionante”.

PRIMEIRO CAPITÃO

Anibal Bonfim fala menos, parece não gozar de uma memória tão privilegiada quanto a do companheiro, embora mais moço que ele. Mas recorda muita coisa, com bastante precisão nos detalhes.

“Fui o primeiro “capitão” do time do América. Depois de mim, foi que velo o Juvenal. Portanto, tenho uma afinidade muito grande com o América. Mas perdi quase por completo o contacto com o velho e querido clube. Outras gerações, outras áreas sociais ocuparam o comando do América. E a gente vai ficando esquecido… Sabe como é!

Mas ainda torce pelo América?

“Vou sempre ao estádio. E quando o Fortaleza não está jogando, torço pelo América, sempre… Divido o meu coração entre o tricolor e o meu América”.

O AMERICA DE 1921

Na foto, uma das formações de 1921

Na foto, uma das suas primeiras equipes, em 1921, onde Anibal Bonfim, que era o center-forward e Aloisio Ribeiro, ponta esquerda. O mais alto (o quarto da esquerda para a direita) era Ubiratan Negreiros, que foi Procurador Juridico da Prefeitura de Fortaleza.

OS VETERANOS RUBROS EM 1932

Na foto, uma das formações de 1932

Ano mau para o Ceará. O então interventor Carneiro de Mendonça promoveu um torneio entre os veteranos dos clubes da Primeira Divisão, com renda em favor dos flagelados. Eis aí a equipe do América que participou daquela jornada há 37 anos passados…

Agachados, com um sorriso próprio da juventude, o zagueiro Acrísio Moreira da Rocha, que depois foi Interventor do Estado (cargo correspondente a Governador, no período que antecedeu à redemocratização de 1945) e Prefeito eleito de Fortaleza para dois mandatos de quatro anos.

O goleiro, sentado, é Ubiratan Negreiros, Irmão do saudoso Dr. Ubirajara Negreiros, que foi um dos baluartes do América. Em pé, bancando o goleiro à direita o hoje industrial Chico Figueiredo, que não era senão reserva, pois não era bom de bola… Lulu (Aloisio Ribeiro) e Anibal Bonfim, nossos informantes para esta reportagem, estão na linha dianteira, onde aparece também o popular Tom Mix (Euclides Laurentino, o segundo da esquerda para a direita, em pé).

ARTE: desenhos dos escudos e uniformes – Sérgio Mello

Colaborou: Fabiano Batista

FOTOS: Jornal Unitário (CE)

FONTES: Federação Cearense de Futebol (FCF) – reportagem de Ronald Proença do Jornal Unitário (CE)