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Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1919: Brasil conquista seu 1º título no continente

BRASIL CAMPEÃO

Por: Sérgio Mello

Após ter sido realizado na Argentina (1916) e Uruguai (1917), respectivamente, a 3ª edição do Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1919, aconteceu no Brasil. Na realidade a competição deveria ter acontecido um ano antes, porém devido a epidemia mundial de gripe espanhola adiou em um ano. A doença vitimou mais de 50 milhões de pessoas pelo mundo, só no Brasil matou mais de 35 mil.

URUGUAI VICE-CAMPEÃO

Para fazer bonito, o Estádio da Rua Guanabara (atual Estádio das Laranjeiras e de propriedade do Fluminense), foi construído para o torneio, com capacidade para 25 mil torcedores, na época era o maior estádio das Américas. Localizado na Rua Guanabara, atual Rua Pinheiro Machado, no bairro das Laranjeiras, situado na Zona Sul do Rio/RJ.

ARGENTINA 3º LUGAR

O torneio contou com a participação de quatro países: Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. O regulamento simples, todos contra todos e aquele que somasse mais pontos ficaria com o título.

CHILE 4º COLOCADO

Brasil estreia com goleada

Na tarde de domingo, às 15 horas, do dia 11 de maio de 1919, a Seleção Brasileira não tomou conhecimento e goleou o Chile pelo placar de 6 a 0, no Estádio das Laranjeiras, que estava lotado. Os gols foram assinalados por Haroldo, uma vez; Neco, duas vezes e Arthur Friedenreich, que balançou as redes em três oportunidades.

Seleção Brasileira: Marcos de Mendonça; Píndaro e Bianco; Sérgio Pires, Amílcar e Gallo; Menezes, Neco, Arthur Friedenreich, Haroldo e Arnaldo. Comissão Técnica: Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.

Chile: Guerrero; Gatica e Poirier; Baez, Baeza e Gonzalez; Fuentes, Dominguez, Francia, Muñoz e Varas.     

Seleção Brasileira conquistou primeiro grande título no Campeonato Sul-Americano de 1919, sediado no Estádio de Laranjeiras

Segundo jogo e nova vitória

A segunda partida, aconteceu na tarde de domingo, às 15h30min., do dia 18 de maio de 1919, quando o Brasil bateu a Argentina por 3 a 1, novamente com o Estádio das Laranjeiras estava abarrotado. Os gols da partida, foram assinalados por Heitor, Amílcar e Millon para os brasileiros e Carlos Izaguirre fez o de honra para “Los Hermanos”. O árbitro da partida foi o uruguaio A. Minoli.

Seleção Brasileira: Marcos de Mendonça; Píndaro e Bianco; Sérgio Pires, Amílcar e Fortes; Millon, Heitor, Arthur Friedenreich, Neco e Arnaldo. Comissão Técnica: Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.

Argentina: Isola; Castagnola e Reys; Mattozzi, Uslenghi e Martin; Calomino, Laiolo, Clarke, Izaguirre e Perinetti.

EM PÉ (esquerda para a direita): Píndaro, Sérgio Pires, Marcos de Mendonça, Fortes, Bianco e Amílcar;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Millon, Neco, Arthur Friedenreich, Heitor e Arnaldo.  

Brasil e Uruguai ficam no empate

Brasileiros e uruguaios venceram os seus dois jogos e se enfrentaram para definir quem ficaria com a taça! De um lado, a Celeste lutando pelo seu 3º título e do outro, a Seleção Canarinho buscando uma inédita conquista.

Na tarde de sábado, às 15h30min., do dia 25 de maio de 1919, bola rolando e o que se viu foi uma partida truncada e muito disputada. Final de jogo e o empate em 2 a 2, no Estádio das Laranjeiras (adivinha? Casa cheia!). O árbitro foi o chileno R. L. Todd.

Nos 18 primeiros minutos houve uma grande superioridade dos uruguaios que abriram dois gols com Isabelino Gradín e H. Scarone. Com o desenrolar da peleja o Brasil conseguiu reequilibrar a partida. Mas foi no segundo tempo, que a Seleção Canarinho voltou com tudo, chegando ao empate com dois gols de Neco.

Seleção Brasileira: Marcos de Mendonça; Píndaro e Bianco; Sérgio Pires, Amílcar e Fortes; Millon, Neco, Arthur Friedenreich, Heitor e Arnaldo. Comissão Técnica: Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.

Uruguai: Saporiti; Varella e Foglino; Vauzzino, Zibecchi e Nagun; H. Scarone, Carlos Scarone, Carlos, Gradin e Maran. Técnico: Severino Castillo.

Reunião definiu o jogo-extra

Após o resultado, no período da tarde e começo da noite, os Srs. Hector Gomes, presidente da Confederacion Sudamericana, B. Pereyra e R. Mibelli, delegados uruguaios, tiveram uma conferência com a diretoria e membros da comissão terrestre da Confederação Brasileira, tendo ficado resolvido:

a) desempatar o Campeonato Sul- Americano na próxima quinta-feira, 29 do corrente;

b) começar a prova ás 2 horas da tarde em virtude das prorrogações que podem ir até 3 horas, de acordo com o regulamento;

c) propor o Sr. J. Barbera, juiz argentino, para servir no desempate.

EM PÉ (esquerda para a direita): Sérgio Pires, Fortes, Millon, Bianco, Marcos de Mendonça, Neco, Píndaro, Amílcar, Heitor, Arnaldo e Arthur Friedenreich.

Jogo-extra e prorrogação: veio o título inédito para o Brasil

 Apesar do Brasil ter um saldo melhor (8 a 3), o regulamento previa nesse caso, um jogo-extra e, se persistisse o empate: prorrogação. Então, na tarde de quinta-feira, às 14 horas, do dia 29 de maio de 1919, Brasil e Uruguai voltaram a campo para definir o campeão.

Após 150 minutos (com direito a duas prorrogações), o Brasil superou o desgaste físico e bateu o Uruguai por 1 a 0, ficando com o inédito título do Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1919.

A partida terminou empatado em 0 a 0. Veio a prorrogação e um novo empate sem ninguém ter balançado as redes. Aí veio a 2ª prorrogação! Não precisa ser um gênio para deduzir o nível absurdo de esgotamento físico e emocional dos dois lados.  A partir daí o que restou foi a famosa frase: “Coração na ponta da chuteira”, a Seleção Brasileira foi para cima.

Aos 2 minutos do primeiro tempo da segunda prorrogação saiu o gol do Brasil. Neco avança pelo lado esquerdo e dá excelente lançamento para Arthur Friedenreich, que muito bem colocado, chutou firme a meia-altura, sem chance para o arqueiro uruguaio Cayetano Saporiti, que viu a bola morrer no fundo das redes.

Um baixinho invocado, de pele escura, olhos caros, filho de funcionário público e com mãe negra aproveitou a situação para anotar o gol do título brasileiro: Arthur Friedenreich, nascia ali o 1º herói do futebol brasileiro, para o delírio de 27.500 torcedores presentes no Estádio das Laranjeiras.

Artilharia foi verde e amarela

Os brasileiros Arthur Friedenreich e Neco foram os artilheiros do Campeonato Sul-Americano de 1919, com quatro gols cada um. Além da dupla outros quatro brasileiros também deixaram a sua marca na competição: Haroldo, Heitor, Amílcar e Millon, com um gol cada.

EM PÉ, NA PARTE ACIMA (esquerda para a direita): Bianco, Píndaro, Sérgio Pires, Píndaro, Amílcar e Fortes;  
EM PÉ, NA PARTE ABAIXO (esquerda para a direita): Marcos de Mendonça, Millon, Neco, Arthur Friedenreich, Heitor e Arnaldo.  

Curiosidades pós-jogo

Após o apito final da partida, apesar dos esforços empregados pelos policiais não conseguiram evitar que os torcedores brasileiros invadissem o gramado para carregar nos ombros os jogadores brasileiros pelo inédito título.  

A Taça Rio Branco foi oferecida pelo Ministro do Exterior, o Dr. Domício da Gama, fez a entrega ao Dr. Arnaldo Guinle, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, uma rica e artística taça destinada ao campeão.

Preços durante a competição: o valor da arquibancada estava 5$000 (cinco mil réis) e a geral 3$000 (três mil réis). A cerveja 1$300 (um mil e trezentos réis); água mineral 1$000 (um mil réis); soda 600 réis e guaraná 800 réis. Os Bondes que levaram a maioria dos torcedores custavam 200 réis.

Tabela dos jogos do Sul-Americano de 1919

1ª Rodada:

Domingo, 11 de maio, às 15 horasBrasil6X0ChileEstádio das Laranjeiras
3ª-feira, 13 de maio (feriado), às 14 horasUruguai3X2ArgentinaEstádio das Laranjeiras

2ª Rodada:

Sábado, 17 de maio, às 14 horasUruguai2X0ChileEstádio das Laranjeiras
Domingo, 18 de maio, às 15h30min.Brasil3X1ArgentinaEstádio das Laranjeiras

3ª Rodada:

5ª-feira, 22 de maio, às 15h30min.Argentina4X1ChileEstádio das Laranjeiras
Domingo, 25 de maio, às 15h30min.Brasil2X2UruguaiEstádio das Laranjeiras

Jogo-Extra:

5ª-feira, 29 de maio, às 14 horasBrasil1X0UruguaiEstádio das Laranjeiras

BRASIL        1        X        0        URUGUAI

LOCALStadium da Rua Guanabara, no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio/RJ
CARÁTERFinal do Campeonato Sul-Americano de 1919
DATAQuinta-feira, do dia 29 de maio de 1919
HORÁRIO14 horas (de Brasília)
RENDANão divulgado
PÚBLICO27.500 pagantes
ÁRBITROJuan Pedro Barbera (ARG)
AUXILIARESErnesto Matozzi (ARG) e Armindo Castagnola (ARG)
BRASILMarcos de Mendonça (Fluminense); Píndaro (Flamengo) e Bianco (Palestra Itália, atual Palmeiras); Sérgio Pires (Paulistano-SP), Amílcar (Corinthians) e Fortes (Fluminense); Millon (Santos), Neco (Corinthians), Friedenreich (Paulistano), Heitor (Palestra Itália-SP) e Arnaldo (Santos). Comissão Técnica: Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.
URUGUAICayetano Saporiti; Manuel Varela e Alfredo Foglino; Rogelio Naguil, Alfredo Zibechi e José  Vanzzino; José Pérez, Héctor Scarone, Angel Romano, Isabelino Gradín e Rodolfo Marán. Técnico: Severino Castillo.
GOLArthur Friedenreich, aos 2 minutos (Brasil), no 1º Tempo da segunda prorrogação.

Classificação Final do Sul-Americano 1919

PAÍSESPGJVEDGPGCSG
BRASIL74311239
Uruguai54211752
Argentina2312770
Chile03311211

Elenco da Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1919

ATLETASCLUBES
Marcos de MendonçaFluminense F.C. (RJ)
Píndaro de CarvalhoC.R. Flamengo (RJ)
Bianco GambiniS.S. Palestra Itália (SP)
Sérgio PiresC.A. Paulistano (SP)
Amílcar BarbuyS.C. Corinthians Paulista (SP)
Fortes FilhoFluminense F.C. (RJ)
Adolpho MillonSantos F.C. (SP)
NecoS.C. Corinthians Paulista (SP)
Arthur FriedenreichC.A. Paulistano (SP)
Heitor DominguesS.S. Palestra Itália (SP)
Arnaldo SilveiraSantos F.C. (SP)
DyonísioC.A. Ypiranga (SP)
PalamoneA.A. Mackenzie College (SP)
LaísFluminense F.C. (RJ)
PicagiliS.S. Palestra Itália (SP)
MartinsSão Cristóvão A.C. (RJ)
CarregalC.R. Flamengo (RJ)
ArlindoAmerica F.C. (RJ)
HaroldoSantos F.C. (SP)
GalloC.R. Flamengo (RJ)
Luiz MenezesBotafogo F.C. (RJ)
JunqueiraC.R. Flamengo (RJ)


A Comissão Técnica composta por Arnaldo da Silveira (capitão), Amílcar, Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto convocaram 22 jogadores, todos o eixo Rio São Paulo: sendo 10 cariocas e 12 paulistas.

O clube mais cedeu jogadores foi o Flamengo com quatro atletas. Depois com três jogadores: Palestra Itália, Santos e Fluminense. Na sequencia, com dois atletas o Paulistano e o Corinthians. Com um jogador, cinco clubes: Botafogo, America, São Cristóvão, Mackenzie College e Ypiranga.

DESENHOS DOS ESCUDOS E UNIFORMES: Sérgio Mello

FOTOS: O Malho (RJ) – Arquivo Nacional – Vida Sportiva (RJ)

FONTES: CBF – Wikipédia – O Malho (RJ) – Vida Sportiva (RJ) – Jornal do Commercio (RJ) – Correio da Manhã (RJ)

Fotos Raras de 1973: Despedida de Mané Garrincha!

Por que os dois uniformes possuíam o escudo da FUGAP?

A partida que marcou a despedida de Mané Garrincha tinha uma curiosidade. Afinal, os dois selecionados entraram em campo com uniformes cujo escudo era um losango com a sigla FUGAP.  

Afinal, o que era? Bom, FUGAP quer dizer: Fundação Garantia do Atleta Profissional, entidade foi criada durante o governo de Carlos Lacerda/Estado da Guanabara, por determinação do Decreto “N” nº 107, na segunda-feira, do dia 09 de dezembro de 1963.

A Fundação de Garantia ao Atleta Profissional (FUGAP) é uma das poucas entidades a dar algum tipo de auxílio aos ex-jogadores. A FUGAP está localizada em uma pequena sala no complexo Célio de Barros, e sobrevivia com 2% da renda líquida dos jogos no Maracanã.

Roteiro da Despedida de Mané

Garrincha após se despedir deu a última volta olímpica no Maracanã

O vice-presidente da FUGAP, Gilbert informou a programação da despedida de Mané Garrincha. As duas preliminares foram confirmadas:

A partir das 19h15min., artistas de telenovelas x cantores, e, logo em seguida, às 20h15min., veteranos de 1958 e 1962 (Valdir, Jair Marinho, Belini, Orlando, Nilton Santos, Zózimo, Zito, Bauer, Maurinho, Chinezinho, Servílio, Canhoteiro e outros) x time da ADEG.

A partida da “Despedida de Mané Garrincha” estava programada para começar às 22 horas, entre a Seleção Nacional x Selecionado Estrangeiro.

O Flamengo cedeu o casarão da Rua Jaime Silvado, em São Conrado, para concentrar os jogadores.

Na ocasião, a ADEG, CBD e FUGAP abriram mão de suas taxas e a única despesa que os organizadores do espetáculo terão e da ordem de apenas 15 mil cruzeiros, referente ao quadro móvel do estádio do Maracanã.

O Ponto Frio (30 mil ingressos pela bagatela de Cr$ 300 mil cruzeiros) e Banco Delfin-Rio compraram 400 mil cruzeiros de ingressos para a distribuição entre seus clientes.

Ingressos (locais e valores)

Os ingressos foram vendidos na véspera (terça-feira, do dia 18 de dezembro de 1973) e no dia do jogo, se encerrando às 20 horas. O local das vendas foi nas 16 agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no Rio Grande, nos seguintes locais:

Zona Sul

Rua Voluntários da Pátria, 254, no bairro de Botafogo;

Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no bairro de Copacabana;

Largo Machado, 35, no bairro de Catete;

Rua Carlos Vasconcelos, 43, no bairro da Tijuca;

Centro do Rio

Rua 1º de Março, 64, no Centro;

Rua das Marrecas, 19, no bairro de Lapa;

Praça Mauá, 7, no Centro;

Subúrbio (atual Zona Norte)

Rua Padre Manso, no bairro de Madureira;

Rua Nicarágua, 517, no bairro da Penha;

Rua Teixeira Soares, 39, no bairro da Praça da Bandeira;

Campo de São Cristóvão, 378, no bairro de São Cristóvão;

Zona Rural (atual Zona Oeste)

Praça Raul Boaventura, 61, no bairro de Campo Grande;  

Baixada Fluminense

Avenida Getúlio Moura, 1.399, no município de Nilópolis;

Rua Otávio Tarquino, 87, no município de Nova Iguaçu;

Avenida Dr. Arruda Negreiros, 399, no município de São João de Meriti;

Região Serrana

Avenida 15 de Novembro, 350, no município de Petrópolis.

No 2 do jogo, os postos da ADEG também venderam os ingressos, das 9 as 19 horas:

Theatro Municipal, na Rua Treze de Maio, no Centro;

Mercadinho Azul, no bairro de Copacabana;

Posto Esso, na Av. Epitácio Pessoa;

Rua José Alvarenga, 127, no Centro de Duque de Caxias;

No estádio Mario Filho, o Maracanã, as bilheterias e os portões foram abertos a partir das 18h30min. Os ingressos estavam com os seguintes valores:

SETORESPREÇOS
Camarote nobreCr$ 1.500,00
Camarote lateralCr$ 175,00
Camarote de curvaCr$ 125,00
Cadeira lateral especialCr$ 50,00
Cadeira lateralCr$ 30,00
Cadeira de curvaCr$ 25,00
ArquibancadaCr$ 10,00
GeralCr$ 2,00
Geral (militar e/ou fardado)Cr$ 1,00

Homenagens

Uma linda homenagem na despedida de Garrincha

Pela manhã, às 10 horas da quarta-feira, do dia 19 de dezembro de 1973, a ECT homenageou Garrincha com o lançamento de um carimbo comemorativo, no Gabinete da Presidência da empresa. Às 11h30min., foi entregue no MEC o convite para o Ministro da Educação, o Sr. Jarbas Passarinho, que recebeu um autografo do “Anjo das Pernas Tortas”.  

No período da tarde, às 16h30min., Garrincha, acompanhado de toda a diretoria da FUGAP, foi recebido, em audiência especial, no Palácio Laranjeiras, para entregar ao Presidente da República, Sr. Emílio Garrastazu Médici, o convite para assistir a festa da gratidão. No jogo, Médici assistiu o jogo, em uma cabine de rádio, uma vez que a Tribuna de Honra estava passando por reformas.

O dia ainda teve o lançamento em todas as livrarias, o livro “Garrincha, o Demônio de Pernas Tortas”, de autoria de Renato Peixoto dos Santos, no qual o jogador fala de seus sonhos (terminar a carreira no Vasco da Gama), suas tristezas (perder a Copa do Mundo de 1966) e seu time de todos os tempos (no qual por modéstia escalou Julinho na ponta direita).    

EM PÉ (esquerda para a direita): Carlos Alberto Torres, Félix, Brito, Piazza, Clodoaldo e Everaldo;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Nocaute Jack (massagista), ManéGarrincha, Rivellino, Jairzinho, Pelé, Paulo César Caju e Mário Americo (massagista).

Crônica do JS

O Jornal dos Sports assim fez a crônica da partida que marcou a despedida de Mané Garrincha, na noite (22 horas) do dia 19 de dezembro de 1973, no Maracanã para um público superior a 155 mil pagantes:  

“O Estádio Mário Filho viveu ontem um dia de grande festa, fazendo com que a homenagem a Garrincha se transformasse em tudo aquilo que se esperava. O Estádio lotou para mostrar sua gratidão ao maior ponta-direita do mundo e para assistir a um desfile de grandes estrelas, tendo ainda a satisfação de ver que Pelé continua como Rei.

Numa jogada sensacional, driblando seguidamente cinco adversários, ele fez o primeiro gol da Seleção de Brasileiros na vitória de 2 a 1 sobre a de Estrangeiros.

Mas, sobretudo, houve um momento, no primeiro tempo, que todo o Estádio ficou de pé para aplaudir a jogada tão esperada: Garrincha pegou a bola, jogou por entre as pernas de Brunei, entrou na área, mas chutou mal. Para a torcida foi alegria e ao mesmo tempo tristeza, porque ela reviveu as diabruras de Mané, sabendo que foi aquela a última vez.

Mas aos 23 minutos, o maior volume de jogo dos Estrangeiros resultou em gol. Everaldo falhou ao atrasar a bola e Brindisi, de direita, chutou sem defesa para Félix.

A tristeza acabou quando Garrincha pegou na bola. Ele era o dono da festa e mais uma vez aos 26 minutos, deixou saudades na torcida: cruzou na conta para Jair, que dominou no peito e chutou, mas Andrada pós a corner.

Aos 30 minutos, antes do programado Garrincha teve que deixar o campo. O jogo foi paralisado e ele deu a volta olímpica, jogando a camisa, chuteiras e meias para a torcida.

Garrincha arrancando em direção ao gol e levando o público ao delirio!

Com a entrada de Zequinha, a partida foi reiniciada, permitindo com isso mais  pressão dos brasileiros, que empataram numa jogada sensacional de Pelé. Ele recebeu de Clodoaldo na intermediária, driblou cinco adversários e, na saída de Andrada, tocou para o gol.

No segundo tempo, o jogo caiu. Pelas inúmeras substituições e pelo cansaço dos dois times. Como os brasileiros tinham mais reservas, puderam aguentar mais e pressionar, pois o time de estrangeiros recuou. Inclusive a partida perdeu a sua grande estrela, que vinha sendo Pelé, que mostrou que ainda continua sendo o maior jogador do mundo.

Com a pressão, os brasileiros conseguiram desempatar aos 20 minutos, numa arrancada de Jairzinho pela direita. Ele passou por seu marcador e cruzou rasteiro. Luís Pereira, que acompanhava o lance, tocou de direita, quase caindo, para as redes. Depois houve mais substituições e o jogou caiu, com os jogadores procurando deixar o tempo passar”.  

Mané Garrincha concedendo entrevista ao, então repórter de campo, Washington Rodrigues, o “Apolinho” e ao jovem Luiz Orlando (filho do lendário apresentador e narrador Orlando Batista, que cobriu 14 copas do mundo).

CANTORES           3        X        1        ATORES

LOCALEstádio Mario Filho, o ‘Maracanã’
CARÁTERDespedida de Mané Garrincha – 1ª Preliminar
DATAQuarta-feira, do dia 19 de dezembro de 1973
HORÁRIO19 horas e 15 minutos (De Brasília)
RENDACr$ 1.383.121,00
PÚBLICO131.555 pagantes (155 mil presentes).
ÁRBITRONão divulgado
CANTORESZeca do Conjunto do Simonal; Simonal (Paulo Sérgio Vale), Armando Migliácio, Gato Felix dos Novos Baianos e Agnaldo Timóteo (Paulinho Tapajós, depois Erlon Chaves); Mazola e Betinho (Jorge Ben); Rui do MPB4 (Silvio César), Chico Buarque (Galvão), Tobias (Morais) e Miltinho do MPB4 (Paulinho da Viola).
ATORESJadilson Santana; Mieli (Nicolau), Pitanga, Maurício do Vale e Edson França; Arnaud Rodrigues (Ivan) e João Carlos Barroso; Petraglia, Milton Morais (Carlos Eduardo Dolabela, depois Fúlvio Stefanini, Grande Otelo e Iata Anderson), Francisco Cuoco (Dari Reis) e Adriano Stewart.    
GOL(S)Jorge Bem (Cantores); Francisco Cuoco (Atores); Jorge Bem (Cantores); Galvão (Cantores).

ADEG          1        X        1        SELEÇÃO DO BI MUNDIAL

LOCALEstádio Mario Filho, o ‘Maracanã’
CARÁTERDespedida de Mané Garrincha – 2ª Preliminar
DATAQuarta-feira, do dia 19 de dezembro de 1973
HORÁRIO20 horas e 15 minutos (De Brasília)
RENDACr$ 1.383.121,00
PÚBLICO131.555 pagantes (155 mil presentes).
ÁRBITROGeraldino César (F.C.F.)
ADEGBarbosa; Joel Martins, Djalma Dias, Altair e Pampoline; Constantino (Antoninho) e Jansen (Barbosinha); Ademir Menezes (Sabará), Airton do Flamengo, Décio Esteves e Calazans (Zé Carlos).
BI MUNDIALAdalberto; Jair Marinho, Belini, Orlando e Nilton Santos; Zito (Bauer) e Zózimo; Julinho (Maurinho), Chinesinho, Vavá (Quarentinha) e Zagallo (Bené).
GOL(S)Vavá aos 6 minutos (Bi Mundial), no 1º Tempo. Pampoline aos 2 minutos (ADEG), no 2º Tempo.  
CURIOSIDADEO 1º tempo teve a duração de 30 minutos, enquanto no segundo tempo foi de apenas 17 minutos. Um total de 47 minutos.

SELECIONADO BRASILEIRO    2        X        1        SELECIONADO ESTRANGEIRO

LOCALEstádio Mario Filho, o ‘Maracanã’
CARÁTERDespedida de Mané Garrincha
DATAQuarta-feira, do dia 19 de dezembro de 1973
HORÁRIO22 horas (De Brasília)
RENDACr$ 1.383.121,00
PÚBLICO131.555 pagantes (155 mil presentes).
ÁRBITROArmando Marques (apitou o 1º tempo) e Arnaldo César Coelho (apitou o 2º tempo)
AUXILIARESManuel Espezim Neto (FCF) e José Roberto Wright (FCF)
BRASILFélix (Leão); Carlos Alberto Torres (Zé Maria), Brito (Luís Pereira), Piazza e Everaldo (Marinho Chagas); Clodoaldo (Zé Carlos) e Rivellino (Manfrini); Garrincha (Zequinha), Jairzinho (André), Pelé (Ademir da Guia) e Paulo César Caju (Mario Sérgio). Técnico: Mario Jorge Lobo Zagallo
ESTRANGEIROSAndrada; Forlan, Alex, Reyes (Olevanski) e Brunel; Dreyer e Pedro Rocha; Houseman (Babington), Brindisi, Doval e Onishenko (Levtchev). Técnico: Mário Travaglini
GOL(S)Brindisi aos 23 minutos (Estrangeiros); Pelé aos 38 minutos (Brasil), do 1º Tempo. Luís Pereira aos 20 minutos (Brasil), do 2º Tempo.

Segundo o Jornal dos Sports, Pelé foi o grande nome da partida. Abaixo destacamos alguns dos principais nomes da partida:

Roberto Rivellino – Uma das figuras de destaque. Correu muito e criou várias boas jogadas de estilo. Deu um drible em Doval que arrancou aplausos da galera.  

Mané Garrincha – O nome da noite, quando recebeu a primeira bola, o estádio Mário Filho cheio vibrou. Era o dono da festa e só por isso já merecia a nora máxima. Mas para lembrar o demônio de duas Copas, deu um drible por baixo das pernas de Brunel, o último “João”.

Pelé – Foi o grande nome da noite. Marcou um golaço sensacional, quando passou por cinco adversários e tocou na saída desesperada de Andrada. Continua Rei.  

Os gringos do jogo

O combinado estrangeiro contava com Andrada (Vasco), Forlan e Pedro Rocha (São Paulo), Alex (América-RJ), Reyes e Doval (Flamengo) e Dreyer (Coritiba). O técnico foi Mário Travaglini.

O argentino convidado Brindisi, que jogava pelo Huracán e seleção argentina, abriu o placar. Pelé, com um golaço, em jogada individual, empatou ainda no primeiro tempo. Luís Pereira fez no segundo o gol da vitória da seleção.

Curiosidades sobre a grana que Garrincha recebeu nesse jogo  

Foram arrecadados mais de US$ 160 mil. Garrincha, então com 40 anos, comprou sete casas (para as filhas), outra na Tijuca, um carro Mercedes-Benz (usado) e uma casa de shows no bairro de Vila Isabel, onde sua companheira e cantora Elza Soares poderia se apresentar.

Infelizmente, Mané Garrincha, morreu pobre, uma década depois, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo. Apesar do final não sido da forma como os fãs do Gênio das Penas Tortas, a história desse craque merece ficar guardado nos corações dos brasileiros e do resto do mundo! Obrigado Mané, por tudo que fez pelo Brasil!

Vídeo do jogo: https://www.youtube.com/watch?v=_vX07RXj5dE

FOTOS: Jornal dos Sports – Acervo pessoal

FONTES: Jornal dos Sports (RJ)

Confrontos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense diante das Seleções Nacionais (1911-2024)

RAIO-X de todas as partidas do Grêmio contra Seleções nacionais, ao longo de sua história (1911-2024)

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense ao longo da sua história já entrou em campo para enfrentar seleções nacionais em 54 oportunidades. E, os números são favoráveis ao Tricolor Gaúcho, com um aproveitamento de 42,6% de vitórias: foram 23 vitórias (42,6%), 19 empates (35,2%) e 12 derrotas (22,2%); marcando 82 gols (média de 1,5 gol por partidas), sofrendo 65 tentos (média de 1,2 gol por partidas) e um saldo positivo de 17 gols.

Nesse percurso, o Grêmio teve como melhor desempenho uma invencibilidade de 14 jogos (1982-1993); enquanto a pior performance foi um jejum sem vitórias de seis partidas (1969-1980)

ANOSCLUBERESULTADOSPAÍSES
1911Grêmio0X3Uruguai
1916Grêmio2X1Federação Atlética do Uruguai
1949Grêmio2X1Guatemala
1949Grêmio2X0Guatemala
1949Grêmio5X3Guatemala
1949Grêmio4X0Guatemala
1949Grêmio1X1Guatemala
1949Grêmio4X1El Salvador
1949Grêmio4X0El Salvador
1949Grêmio2X1Honduras
1949Grêmio5X0Costa Rica
1953Grêmio3X3México
1956Grêmio0X0Argentina
1959Grêmio1X1Uruguai
1959Grêmio0X2Argentina
1961Grêmio1X0Grécia
1961Grêmio1X2Bulgária
1961Grêmio0X2União Soviética (URSS)
1962Grêmio0X1Bulgária
1962Grêmio0X4Bulgária
1962Grêmio5X2Romênia
1962Grêmio1X5União Soviética (URSS)
1962Grêmio0X3União Soviética (URSS)
1966Grêmio2X0União Soviética (URSS)
1968Grêmio1X1Romênia
1969Grêmio1X0Hungria
1969Grêmio0X3Peru
1969Grêmio1X1Peru
1975Grêmio0X1Uruguai
1976Grêmio2X2Uruguai
1977Grêmio1X1Uruguai
1980Grêmio1X1Uruguai
1981Grêmio3X2El Salvador
1981Grêmio2X0Honduras
1982Grêmio0X0Peru
1982Grêmio0X2Honduras
1982Grêmio1X1El Salvador
1982Grêmio2X1El Salvador
1984Grêmio1X0Argélia
1985Grêmio0X0Peru
1985Grêmio2X2Peru
1985Grêmio3X2Bolívia
1985Grêmio1X1Honduras
1985Grêmio4X1Honduras
1988Grêmio2X0Honduras
1988Grêmio2X0Honduras
1988Grêmio2X2Costa Rica
1992Grêmio1X1Guatemala
1992Grêmio1X1Honduras
1992Grêmio1X1Honduras
1993Grêmio1X0Irã
1993Grêmio0X2Irã
1994Grêmio1X0Tailândia
1994Grêmio0X0Nigéria

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense também enfrentou Combinados Internacionais, com um excelente aproveitamento de 71,4% de vitórias. Foram sete jogos, com cinco vitórias (71,4%), um empate (14,3%) e uma derrota (14,3%); 22 gols pró (média de 3,1 gols por partidas), cinco tentos contra (média de 0,7 gol por partidas) e um saldo de 17 gols.

ANOSCLUBERESULTADOSPAÍSES
1955Grêmio7X0Sel. Payssandu
1961Grêmio0X2Silésia
1961Grêmio1X1Cracóvia
1962Grêmio2X1Macedônia
1962Grêmio1X0Macedônia
1981Grêmio4X0Sel. Maldonado
1981Grêmio7X1Sel. Tegucigalpa 

Ao todo, somando essas duas listas (Seleções nacionais e combinados internacionais), o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense realizou 61 jogos, com 28 vitórias (45,9%), 20 empates (32,8%) e 13 derrotas (21,3%); marcando 104 gols (média de 1,7 gol por partidas), sofrendo 70 tentos (média de 1,2 gol por partidas) e um saldo positivo de 34 gols.

FONTE: Pesquisa de Adriano Marcel

Fotos raras de 1969: Seis Craques da Seleção Brasileira

Zagueiro – Joel Camargo
Zagueiro – Djalma Pereira Dias Júnior, ‘Djalma Dias
Lateral-direito – Carlos Alberto Torres
Meia direita – Gérson de Oliveira Nunes
Ponta esquerda – Jonas Eduardo América, ‘Edu’
Ponta direita – Jair Ventura Filho, ‘Jairzinho’

FOTOS: Acervo pessoal

Fotos posadas da Seleção Brasileira: Final da Copa do Mundo de 1970

EM PÉ (esquerda para a direita): Carlos Alberto Torres, Félix, Piazza, Brito, Clodoaldo e Everaldo;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Mário Américo (massagista), Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé, Rivellino e Nocaute Jack (massagista). 

A Taça do Mundo é nossa!! Na tarde de domingo, do dia 21 de Junho de 1970, a Seleção Brasileira colocou a Itália na roda e se sagrou Tricampeã do Mundo ao golear pelo placar de 4 a 1, no Estádio Azteca, na final do Copa do Mundo FIFA, no México. Os gols da partida foram marcados por Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres. Boninsegna fez o gol de honra dos.

Com a conquista, o Brasil encerrou uma campanha de seis vitórias em seis jogos, tornando-se a 1ª equipe a ter 100% de aproveitamento nas Eliminatórias e na Copa do Mundo. Além disso, também foi o primeiro time a chegar ao tricampeonato mundial, fato que lhe garantiu a posse definitiva da taça Jules Rimet. Além deste título, o Brasil foi campeão também em 1958 e 1962.

Com todos os jogadores disponíveis para a partida, Zagallo levou a campo o que tinha de melhor para a Seleção Canarinho. Os italianos vinham de uma batalha histórica contra a Alemanha Ocidental na semifinal da Copa do Mundo. Altamente considerado um dos melhores jogos da história dos Mundiais, a partida terminou com triunfo da Azzurra por 4 a 3, após dois tempos extras. Os 90 minutos terminaram empatados em 2 a 2, a Itália chegou a sair na frente na prorrogação, sofreu novo empate e finalmente fez o gol da classificação, aos 114 minutos de partida.

Todo esse desgaste fez com que o Brasil chegasse à final com um pouco mais de disposição física. Além disso, a Itália é sempre um grande adversário, por sua escola tradicional de futebol, mas a Alemanha de Gerd Mûller e Franz Beckenbauer se apresentava como um dos melhores times do torneio.

A partida ainda marcou uma série de feitos individuais para a Seleção Brasileira. Jairzinho terminou o Mundial como vice-artilheiro, com sete gols, e se tornou o primeiro campeão a marcar em todos os seis jogos de sua seleção. Pelé voltou a marcar em uma final de Copa do Mundo e se tornou o único jogador três vezes campeão mundial da história. O Rei ainda terminou a competição com seis assistências, um recorde até hoje em passes para gol na mesma edição de um Mundial.

História do jogo

EM PÉ (esquerda para a direita): Carlos Alberto Torres, Félix, Brito, Piazza, Clodoaldo, Everaldo e Admildo Chirol (preparador físico);
AGACHADOS (esquerda para a direita): Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino. 

Apesar do cansaço da semifinal, a Itália começou bem a partida no calor do Azteca. Em um início equilibrado, a Azzurra foi a primeira a finalizar na final da Copa do Mundo. A oportunidade surgiu logo aos dois minutos de jogo, em finalização de fora da área de Riva, que foi muito bem defendida por Félix.

Nos minutos seguintes, o Brasil ameaçou em duas cobranças de falta de Rivellino, mas a ‘Patada Atômica’ não acertou em cheio nenhuma delas. Uma foi para fora e a outra para as mãos do goleiro Albertosi. Mas o arqueiro italiano não levaria tanta sorte na próxima chance.

O relógio marcava 18 minutos de jogo quando Tostão bateu lateral pela esquerda. Rivellino, de primeira, esperou a bola quicar para alçá-la na área. Era só o que ele precisava fazer. em meio aos gigantes italianos, Pelé, de 1,72 metro de altura, subiu muito e testou para o fundo da rede. Estava aberto o placar na Cidade do México.

Após o gol de Pelé, a Itália ficou um pouco atordoada em campo e deu espaço para o Brasil dominar mais a partida. Os italianos só voltariam à carga perto dos 30 minutos de primeiro tempo, em chutes de fora da área sem muito perigo. O jogo parecia controlado, mas nunca se pode subestimar a Itália em um jogo de Copa do Mundo.

Aos 37 minutos, em bola tocada por Brito, Clodoaldo tentou sair jogando com um toque de calcanhar para Everaldo, sem ver o companheiro. O meia também não enxergou a chegada de Roberto Boninsegna, que roubou a bola e, depois de dividida entre Félix e Brito, completou para o gol vazio: 1 a 1.

O Brasil quase desempatou a partida antes do intervalo. Na verdade, chegou a fazer o 2 a 1, quando Pelé dominou a bola dentro da área e chutou de bico para o fundo do gol italiano. Mas o juiz alemão Rudi Glockner anulou o tento, marcado aos 45 minutos de jogo. O árbitro pegou a bola e saiu para o túnel, encerrando o primeiro tempo.

Segundo tempo

Mário Jorge Lobo Zagallo

Disposta a decidir o jogo, a Seleção Brasileira voltou em outra velocidade para a segunda etapa. Logo aos dois minutos, Carlos Alberto fez ultrapassagem, recebeu de Jairzinho e cruzou seco. A bola passou pela pequena área, mas Pelé não conseguiu completar para o gol.

Mais solto no meio, Gérson subia ainda mais, pressionando o sistema defensivo da Itália, que apelava para as faltas. Foram várias oportunidades de bola parada na entrada da área italiana nos primeiros 15 minutos de segundo tempo. Em uma delas, Pelé rolou para Rivellino, que bateu de direita e a bola explodiu na trave. Na outra, a Patada Atômica veio direto e só não estufou a rede porque Albertosi fez uma defesa monumental.

A única boa chance da Itália nesse início de segundo tempo veio quando Domenghini tentou cruzar, a bola bateu em Everaldo e parou na rede pelo lado de fora. Mas o domínio era brasileiro e não demorou para a Seleção transformar a pressão no desempate.

Aos 20 minutos do segundo tempo, Gérson pegou sobra após jogada de Jairzinho. Na intermediária, cortou para a perna esquerda e soltou uma bomba. A Canhotinha de Ouro só parou no fundo da rede, um golaço de tirar o fôlego no Azteca, o primeiro de Gérson na Copa do Mundo.

O golpe, que já seria duro para a Itália, ficou ainda pior apenas cinco minutos depois. Gérson lançou para a área e encontrou Pelé. De cabeça, o Rei escorou para Jairzinho, que, meio aos trancos e barrancos, completou para o gol, o sétimo dele no torneio. 

Com o 3 a 1 no placar, o Brasil se encontrava praticamente com as mãos na taça. Já cansada em campo, a Itália não mostrava muita força para reagir. E o Brasil seguia em busca do quarto gol, que veio aos 42 minutos, da melhor maneira possível.

A jogada começou lá atrás, quando Tostão voltou para ajudar Everaldo na marcação, roubando a bola de Domenghini. A pelota caiu nos pés de Brito, que a empurrou para Clodoaldo. O Corró aproveitou a descida de Pelé e Gérson para acioná-los e recebeu a bola em seguida.

A Itália tentou subir a marcação, mas Clodô tirou de letra. Foram quatro adversários batidos em uma sequência de dribles curtos: Riva, Rivera, Domenghini e Mazzola. Depois de limpar o lance, ele abriu para Rivellino, que se aproximou perto da linha central.

O movimento de Rivellino abriu espaço na ponta esquerda e foi para lá que Jairzinho se direcionou. O lançamento do Riva veio na meia altura, em velocidade, para o Furacão dominar e partir para cima da marcação. Após passar pelo primeiro adversário, Jair encontrou Pelé na meia lua da área.

Nesse momento, o Rei já sabia o que fazer. Mas caso não soubesse, havia Tostão, logo a frente dele, apontando para o lado direito da área. Era ali que apareceria Carlos Alberto Torres, em uma corrida fulminante, para receber o passe no espaço vazio e encher o pé, de primeira, para fazer o gol. Estava desenhado ali o maior símbolo daquela geração. O jogo bonito resumido em um lance, uma jogada, que teve de tudo. Drible, passe, improviso, dedicação, defesa, movimentos táticos, velocidade, enfim. Um gol brasileiro.

O gol foi a pá de cal em qualquer pretensão de virada dos italianos. Depois do tento do Capita, as duas equipes praticamente só esperaram o jogo acabar para a definição do título. Após o apito final, os jogadores brasileiros comemoraram em Êxtase. Torcedores, jornalistas e seguranças mexicanos invadiram o gramado, desesperados por qualquer peça de roupa de qualquer um dos jogadores. O Rei Pelé ficou apenas de cueca e ‘sombrero’, o tradicional chapéu do país, enquanto comemorava o título nos ombros do povo.

Estava escrita ali a mais bonita página da história do futebol. Uma trajetória tão bonita que não parecia de verdade. Que faz crer que este texto não é uma crônica, mas uma fábula. era como se o futebol fosse esse poder extraordinário do povo brasileiro, que o permitia ser amado pelo resto do mundo. Talvez seja por isso que o brasileiro ame tanto o futebol. Mas podemos ter certeza, principalmente depois da Copa de 1970: o futebol também nos ama de volta.

BRASIL  4  X  1  ITÁLIA

LOCALEstádio Azteca, na cidade do México (MEX)
CARÁTERFinal da Copa do Mundo de 1970
DATADomingo, do dia 21 de Junho de 1970
HORÁRIO12 horas (15 horas, em Brasília)
PÚBLICO107.412 pagantes
RENDANão divulgado
ÁRBITRORudi Georg Gloeckner (Alemanha Oriental)
AUXILIARESRudolf Scheurer (Suíça) e Angel Norberto Coerezza (Argentina)
ÁRBITRO RESERVAVital Loraux (Bélgica)
INSPETOR FIFAMihailo Andrejevic (Iugoslávia)
CARTÕES AMARELOSBurgnich (Itália) e Roberto Rivellino (Brasil)
BRASILFélix (nº 1); Carlos Alberto Torres (nº 4), Brito (nº 2), Piazza (nº 3) e Everaldo (nº 16); Clodoaldo (nº 5) e Gérson (nº 8); Rivellino (nº 11), Jairzinho (nº 7), Tostão (nº 9) e Pelé (nº 10). Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo
ITÁLIAAlbertosi (nº 1); Burgnich (nº 2), Cera (nº 5), Rosato (nº 6) e Facchetti (nº 3); Bertini (nº 10) e De Sisti (nº 16); Mazzola (nº 15), Domenghini (nº 13), Boninsegna (nº 20) e Riva (nº 11). Técnico: Ferruccio Valcareggi
SUBSTITUIÇÕESJuliano (nº 18), no lugar de Bertini (nº 10) e Rivera (nº 14), na vaga de De Sisti (nº 16), ambos na Itália.
GOLSPelé aos 18 minutos (Brasil); Boninsegna 37 minutos (Itália), no 1º Tempo. Gérson aos 20 minutos (Brasil); Jairzinho aos 25 minutos (Brasil); Carlos Alberto Torres aos 42 minutos (Brasil), no 2º Tempo.

FOTOS: Alberto Lopes Leiloeiro

FONTES: CBF  – Jornal dos Sports (RJ)

Copa do Mundo de Futebol: Ranking atualizado entre 1930 a 2022!!

A 22ª edição da Copa do Mundo de Futebol, de 2022, no Catar, organizado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol), chegou ao fim. A Argentina chegou ao seu 3º título. Após o empate no tempo normal (2 a 2), e nova igualdade na prorrogação (1 a 1), com a França, a decisão foi para a disputa de penalidades (foi a terceira vez que o campeão foi conhecido nos pênaltis! Em 1994, o Brasil bateu a Itália e em 2006 a Itália levou a melhor diante da França).

Os argentinos levaram a melhor e bateram os franceses por 4 a 2, ficando com o título após 36 anos de jejum. Na disputa pelo 3º lugar, a Croácia venceu Marrocos por 2 a 1.

Em relação aos números algumas curiosidades!

Após o último jogo, a Copa do Mundo conta com um total de 956 jogos realizados, com um total de 2.699 gols, o que dá uma média de 2,82 gols por partida. Vale lembrar que essa média não caiu e nem subiu, mas se manteve.

A Seleção Brasileira e a Alemanha entraram nessa edição empatadas, na 1ª colocação no quesito: número de jogos. Como os alemães caíram na fase de grupos, agora o Brasil jogou 114 jogos, dois a mais do que os alemães (112).

O Brasil lidera com o maior número de vitórias (76 vezes), melhor ataque (237), e melhor média de gols marcados (2,08 contra 2,07 da Alemanha).

Argentina sobe uma posição

A bela campanha de “Los Hermanos” somado a ausência da Itália (pela segunda copa seguida), ajudou a ultrapassar o rival. Agora a Argentina ocupa a 3ª posição, com 158 pontos (dois a mais que a esquadra Azurra).

Mudança no ‘Top Ten’

Apesar da campanha ter sido decepcionante, a Bélgica é o novo integrante entre os 10 primeiros. Os Belgas passaram a Suécia (73 contra 70) e agora ocupam a 10ª colocação.

Croácia sobe o “elevador”

Em relação a Croácia vale lembrar que desde a sua primeira participação  em Copas, que foi em 1998 (terminou na 3ª colocação), esteve presente em 2002, 2006, 2014, 2018 (vice-campeã) e 2022 (3º lugar). Só não disputou em 2010. Com apenas seis edições, os croatas já ocupam a 19ª posição, superando seleções com mais participações.

Marrocos faz história

Na Copa de 1982, o desempenho de Camarões despertou a “profecia” de que um país do continente africano chegaria entre os quatro primeiros e/ou quiçá se sagraria campeão!

Quarenta anos depois, o título não veio, mas Marrocos conseguiu a melhor colocação na história de um representante da África: terminou na 4ª colocação.

A campanha histórica rendeu uma subida no Ranking! Agora o selecionado marroquino ocupa a 31ª posição, com 22 pontos, se tornando a segunda melhor do continente. A melhor ranqueada da África é Camarões, em 30º lugar, com 23 pontos.

Catar atingiu marca negativa

Se sobrou grana para erguer cidades modernas, estádios luxuosos, organização, faltou futebol para o selecionado catariano. Após perder os seus três jogos, marcando um gol e sofrendo sete, o Catar terminou na lanterna do Grupo A.

A vergonha não parou por aí, e o selecionado catariano foi a primeira a ser eliminada, na segunda rodada, e ficando como a segunda seleção a organizar uma Copa do Mundo a ser eliminada na fase de grupos.

A 1ª foi África do Sul em 2010. Porém os sul-africanos venceram um jogo, empataram outro e perderam uma vez. Com isso, a pior campanha de um país sede ficou, com folga, para o Catar.   

Mbappe é o artilheiro e Messi o melhor jogador

No que tange os prêmios individuais, o francês Kylian Mbappe foi o goleador máximo com 8 gols. Já Lionel Messi, que terminou em 2º lugar na artilharia com 7 gols, foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo do Catar.

Mbappe também subiu no ranking de maiores artilheiros em Copas do Mundo. O francês está em 5º lugar, com 12 gols ao lado do Rei Pelé. Na frente só outro francês Just Fontaine e o argentino Lionel Messi (13 gols), o alemão Gerd Müller (14 tentos), Ronaldo Fenômeno (15 gols) e outro alemão: Miroslav Klose (16 gols).  

A seleção da Copa de 2022

Apesar do vice, a França teve o maior número de jogadores: quatro. Depois, vem a surpreendente Marrocos com três atletas. Por fim, Croácia e Argentina com dois jogadores cada um. O melhor técnico foi o argentino Scaloni.   

Goleiro – Bono (Marrocos)

Lateral direito – Hakimi (Marrocos)

Zagueiro Central – Upamecano (França)

Quarto zagueiro – Gvardiol (Croácia)

Lateral esquerdo – Theo Hernández (França)

1º Volante – Amrabat (Marrocos)

2º Volante – Enzo Fernández (Argentina)

Meia – Luka Modrić (Croácia)

Atacante – Messi (Argentina)

Atacante – Griezmann (França)

Atacante – Mbappé (França)

Técnico – Lionel Scaloni (Argentina)

Ranking das Copas do Mundo de Futebol da FIFA, entre 1930 a 2022

.PAÍSESPGJVEDGPGCSGMG
BRASIL2471147619192371081292,1
ALEMANHA2251126821232321301022,1
ARGENTINA15888471724152101511,7
ITÁLIA1568345211712877511,6
FRANÇA1317339142013685511,9
INGLATERRA1187432222010468361,4
ESPANHA1106731171910875331,6
HOLANDA104553014119652441,7
URUGUAI88592513218976131,5
10ºBELGICA73512110206974-51,4
11ºSUÉCIA70511913198073071,6
12ºRÚSSIA67451910167754221,7
13ºMÉXICO666017152862101-391,0
14ºPORTUGAL57351706126141201,7
15ºPOLÔNIA57381706154950-11,3
16ºIUGOSLÁVIA56371608136046141,6
17ºSUÍÇA50411408195573-181,3
18ºHUNGRIA48321503148757302,7
19ºCROÁCIA47301308094333101,4
20ºREP. TCHECA41331205164749-21,4
21ºÁUSTRIA40291204134347-41,5
22ºCHILE40331107154049-091,2
23ºESTADOS UNIDOS35360808193964-251,1
24ºDINAMARCA33230906083129021,4
25ºPARAGUAI31270710103038-81,2
26ºCORÉIA DO SUL31380710213978-291,0
27ºCOLÔMBIA30220903103230021,5
28ºROMÊNIA29210805083032-21,4
29ºJAPÃO27250706122533-81,0
30ºCAMARÕES23260508132247-250,8
31ºMARROCOS22220507102025-50,9
32ºNIGÉRIA21210603122330-71,1
33ºCOSTA RICA21210605102239-171,0
34ºESCÓCIA19230407122541-161,1
35ºSENEGAL18120503041617-11,3
36ºGANA18150503071823-51,2
37ºPERU18170503102133-121,3
38ºEQUADOR17130502061414001,1
39ºBULGÁRIA17260308152253-310,8
40ºTURQUIA16100501042017032,0
41ºAUSTRÁLIA16200404121737-200,8
42ºARÁBIA SAUDITA14190402131444-300,7
43ºIRLANDA DO NORTE14130305051323-101,0
44ºTUNÍSIA14180305101426-120,8
45ºIRLANDA (EIRE)1413020803101000,8
46ºIRÃ13180304111331-180,7
47ºARGÉLIA12130303071319-61,0
48ºCOSTA DO MARFIM10090301051314-11,5
49ºÁFRICA DO SUL10090204031116-51,2
50ºNORUEGA09080203030708-11,0
51ºAlemanha Oriental0806020202050500,8
52ºGRÉCIA08090202060520-150,3
53ºUCRÂNIA07050201020507-21,0
54ºSÉRVIA07090201060915-61,0
55ºPAÍS DE GALES07080104030510-50,6
56ºESLOVÁQUIA04040101020507-21,3
57ºESLOVÊNIA04060101040510-50,8
58ºCORÉIA DO NORTE04070101050621-150,9
59ºCUBA04030101010512-71,7
60ºBÓSNIA E HERZEGOVINA03030100020404001,0
61ºJAMAICA03030100020309-61,0
62ºHONDURAS03090003060314-110,3
63ºNOVA ZELÂNDIA03060003030414-100,7
64ºANGOLA02030002010102-10,3
65ºISRAEL02030002010103-20,3
66ºEGITO02070002050512-70,7
67ºISLÂNDIA01030001020205-30,7
68ºKUWAIT01030001020206-40,7
69ºTRINIDAD E TOBAGO01030001020004-40,0
70ºBOLÍVIA01060001050120-190,2
71ºIRAQUE00030000030104-30,3
72ºTOGO00030000030106-50,3
73ºINDONÉSIA00010000010006-60,0
 74ºQATAR00030000030107-60,3
75ºSÉRVIA E MONTENEGRO00030000030210-80,7
76ºPANAMÁ00030000030211-90,7
77ºEMIRADOS ARABES00030000030211-90,7
78ºCHINA00030000030009-90,0
79ºCANADÁ00060000060212-100,3
80ºHAITI00030000030214-120,7
81ºREP. DEM. DO CONGO00030000030014-140,0
82ºEL SALVADOR00060000060122-211,2
PG – Pontos Ganhos
J – Jogos
V – Vitórias
E – Empates
D – Derrotas
GP – Gols pró
GC – Gols Contra
SG – Saldo de Gols
MG – Média de Gols

FONTES: Arquivo pessoal – FIFA

Foto posada de 2022: Seleção Brasileira de Futebol (CBF)

Em pé (esquerda para a direita): Alex Sandro, Bruno Guimarães, Casemiro, Fabinho, Bremer, Weverton, Ederson, Alisson, Eder Militão, Rodrygo, Pedro, Daniel Alves e Gabriel Martinelli.

Comissão técnica (esquerda para a direita): Luis Vagner, Ricard Sasaki, Guilherme Passos, Ricardo Rosa, Fabio Mahseredjian, Rodrigo Lasmar, Juninho Paulista, Ednaldo Rodrigues, Tite, Cléber Xavier, César Sampaio, Matheus Bachi, Taffarel, Thomaz Araújo e Bruno Baquete

Sentados (esquerda para a direita): Everton Ribeiro, Danilo, Gabriel Jesus, Lucas Paquetá, Thiago Silva, Neymar, Marquinhos, Antony, Richarlison, Raphinha, Fred, Alex Telles e Vinicius Júnior.

FONTE E FOTO: Divulgação Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

“Clássico do Rio Negro”: Brasil x Uruguai – 104 anos de tradição! Escudos e uniformes em 1916

O “Clássico do Rio Negro! Assim é conhecido no continente Sul-americano o jogo entre a Seleção Brasileira e o Uruguai, com 104 anos de grandes partidas, com diversos ingredientes como suor, sangue, lágrimas e emoções.

Uniforme pelo Brasil utilizado em 1916

Uniforme pelo Uruguai utilizado em 1916

Ao longo da história (contando com a vitória do Brasil por 2 a 0, nesta noite, em 17/11/2020, em Montevidéu), foram 77 jogos, com 37 vitórias para o Brasil, com 20 empates e 20 derrotas; 138 gols pró, 97 tentos contra; um saldo pomposo de 41 gols.

Sem nenhuma dúvida, é um dos maiores clássicos do futebol mundial. Tanto a Seleção Canarinho quanto La Celeste Olímpica são campeãs mundiais, campeãs sul-americana e campeões olímpicas, formados por jogadores renomados e campeões por todo o mundo, como Pelé, Schiaffino, Garrincha, Francescoli, Jairzinho, Álvaro Recoba, Nílton Santos, Diego Forlán e Luis Suárez, entre tantos outros craques.

A Seleção Uruguaia dominou o mundo na década de 1920 tendo suplantado às grandes moldes por ter sido a primeira seleção com futebol técnico e categoria, em vez do futebol de cruzamentos e chutões que dominava a Europa.

Já a Seleção Brasileira foi o que melhor dominou a arte do Esporte Bretão, levando à mestria o futebol técnico, o chamado Futebol-Arte, que valendo-se da categoria, improvisação, gingas e dribles, priorizava o ofensivo e o ataque.

O futebol brasileiro reencontrou seu auge após a Copa do Mundo de 1994, voltando a ser o mais temido e reverenciado do planeta. O Futebol uruguaio entrou em decadência na Década de 1990, porém nós últimos anos tem voltado ao seu auge sobretudo devido a ótima campanha na Copa do Mundo de 2010 e o título conquistado na Copa América de 2011, continuando a ser grande e respeitado, prosseguindo uma história de muita rivalidade com o Brasil, cheia de decisões, brigas, craques e gols, muitos gols.

Abaixo a ficha-técnica do Primeiro jogo entre as duas seleções, que aconteceu no domingo, do dia 12 de Julho de 1916, válido pelo 1º Campeonato Sul-Americano de futebol, realizado na Argentina. O Uruguai venceu, de virada, por 2 a 1.

BRASIL 1 x 2 URUGUAI

DATAEstádio do Club Gimnasia y Esgrima, em Buenos Aires (ARG)
CARÁTERCampeonato Sul-Americano de 1916
DATADomingo, do dia 12 de julho de 1916
PÚBLICO20 mil pagantes
ÁRBITROCarlos Fanta (Chile)
BRASILCasemiro, Orlando Pires e Nery; Lagreca, Sidney Pullen e Galo; Luiz Menezes, Alencar, Friedenreich, Mimi Sodré e Arnaldo. Ground Committeé: Joaquim de Souza Ribeiro, Benedicto Montenegro, Mário Sérgio Cardim e Sylvio Lagreca (capitão).
URUGUAISaporiti; Varela e Foglino; Germán Pacheco, Delgado e Vanzzino; Somma, Tognola, Pendibene, Gradín e Romano. Técnico: Jorge Germán Pacheco.
GOLSFriedenreich, aos 16 minutos (Brasil), no 1º Tempo. Gradin, aos 16 minutos (Uruguai); Tognola, aos 30 minutos (Uruguai),no 2º Tempo.

Menos de uma semana depois, em amistoso, as duas seleções voltaram a se enfrentar. No sábado, do dia 18 de Julho de 1916, o Uruguai recebeu a Seleção Brasileira, em Montevidéu (URU). Dessa vez, o selecionado Canarinho venceu pelo placar de 1 a 0, gol de Mimi Sodré (então, jogador do Botafogo Football Club). Abaixo a ficha-técnica do Segundo jogo entre as duas seleções e a 1ª vitória do Brasil.   

URUGUAI 0 x 1 BRASIL

LOCALEstádio Parque Central, em Montevidéu (URU)
CARÁTERAmistoso em 1916
DATASábado, do dia 18 de julho de 1916
PÚBLICO8 mil pagantes
ÁRBITROCarlos Fanta (Chile)
BRASILMarcos de Mendonça, Osny e Carlito; Amílcar, Lagreca e Facchini; Luiz Menezes, Alencar, Friedenreich, Mimi Sodré e Arnaldo. Ground Committeé: Joaquim de Souza Ribeiro, Benedicto Montenegro, Mário Sérgio Cardim e Sylvio Lagreca (capitão).
URUGUAICastro; Urdinarán e Foglino; Olivieri, Harley e Pascuariello; Pérez, Dacal, Broncini, Scarone e Bracchi. Técnico: Juan Harley (capitão).
GOLMimi Sodré, aos 12 minutos (Brasil), no 2º Tempo.

FONTES: Wikipédia – site da CBF