A Taça do Mundo é nossa!! Na tarde de domingo, do dia 21 de Junho de 1970, a Seleção Brasileira colocou a Itália na roda e se sagrou Tricampeã do Mundo ao golear pelo placar de 4 a 1, no Estádio Azteca, na final do Copa do Mundo FIFA, no México. Os gols da partida foram marcados por Pelé, Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto Torres. Boninsegna fez o gol de honra dos.
Com a conquista, o Brasil encerrou uma campanha de seis vitórias em seis jogos, tornando-se a 1ª equipe a ter 100% de aproveitamento nas Eliminatórias e na Copa do Mundo. Além disso, também foi o primeiro time a chegar ao tricampeonato mundial, fato que lhe garantiu a posse definitiva da taça Jules Rimet. Além deste título, o Brasil foi campeão também em 1958 e 1962.
Com todos os jogadores disponíveis para a partida, Zagallo levou a campo o que tinha de melhor para a Seleção Canarinho. Os italianos vinham de uma batalha histórica contra a Alemanha Ocidental na semifinal da Copa do Mundo. Altamente considerado um dos melhores jogos da história dos Mundiais, a partida terminou com triunfo da Azzurra por 4 a 3, após dois tempos extras. Os 90 minutos terminaram empatados em 2 a 2, a Itália chegou a sair na frente na prorrogação, sofreu novo empate e finalmente fez o gol da classificação, aos 114 minutos de partida.
Todo esse desgaste fez com que o Brasil chegasse à final com um pouco mais de disposição física. Além disso, a Itália é sempre um grande adversário, por sua escola tradicional de futebol, mas a Alemanha de Gerd Mûller e Franz Beckenbauer se apresentava como um dos melhores times do torneio.
A partida ainda marcou uma série de feitos individuais para a Seleção Brasileira. Jairzinho terminou o Mundial como vice-artilheiro, com sete gols, e se tornou o primeiro campeão a marcar em todos os seis jogos de sua seleção. Pelé voltou a marcar em uma final de Copa do Mundo e se tornou o único jogador três vezes campeão mundial da história. O Rei ainda terminou a competição com seis assistências, um recorde até hoje em passes para gol na mesma edição de um Mundial.
História do jogo
Apesar do cansaço da semifinal, a Itália começou bem a partida no calor do Azteca. Em um início equilibrado, a Azzurra foi a primeira a finalizar na final da Copa do Mundo. A oportunidade surgiu logo aos dois minutos de jogo, em finalização de fora da área de Riva, que foi muito bem defendida por Félix.
Nos minutos seguintes, o Brasil ameaçou em duas cobranças de falta de Rivellino, mas a ‘Patada Atômica’ não acertou em cheio nenhuma delas. Uma foi para fora e a outra para as mãos do goleiro Albertosi. Mas o arqueiro italiano não levaria tanta sorte na próxima chance.
O relógio marcava 18 minutos de jogo quando Tostão bateu lateral pela esquerda. Rivellino, de primeira, esperou a bola quicar para alçá-la na área. Era só o que ele precisava fazer. em meio aos gigantes italianos, Pelé, de 1,72 metro de altura, subiu muito e testou para o fundo da rede. Estava aberto o placar na Cidade do México.
Após o gol de Pelé, a Itália ficou um pouco atordoada em campo e deu espaço para o Brasil dominar mais a partida. Os italianos só voltariam à carga perto dos 30 minutos de primeiro tempo, em chutes de fora da área sem muito perigo. O jogo parecia controlado, mas nunca se pode subestimar a Itália em um jogo de Copa do Mundo.
Aos 37 minutos, em bola tocada por Brito, Clodoaldo tentou sair jogando com um toque de calcanhar para Everaldo, sem ver o companheiro. O meia também não enxergou a chegada de Roberto Boninsegna, que roubou a bola e, depois de dividida entre Félix e Brito, completou para o gol vazio: 1 a 1.
O Brasil quase desempatou a partida antes do intervalo. Na verdade, chegou a fazer o 2 a 1, quando Pelé dominou a bola dentro da área e chutou de bico para o fundo do gol italiano. Mas o juiz alemão Rudi Glockner anulou o tento, marcado aos 45 minutos de jogo. O árbitro pegou a bola e saiu para o túnel, encerrando o primeiro tempo.
Segundo tempo
Disposta a decidir o jogo, a Seleção Brasileira voltou em outra velocidade para a segunda etapa. Logo aos dois minutos, Carlos Alberto fez ultrapassagem, recebeu de Jairzinho e cruzou seco. A bola passou pela pequena área, mas Pelé não conseguiu completar para o gol.
Mais solto no meio, Gérson subia ainda mais, pressionando o sistema defensivo da Itália, que apelava para as faltas. Foram várias oportunidades de bola parada na entrada da área italiana nos primeiros 15 minutos de segundo tempo. Em uma delas, Pelé rolou para Rivellino, que bateu de direita e a bola explodiu na trave. Na outra, a Patada Atômica veio direto e só não estufou a rede porque Albertosi fez uma defesa monumental.
A única boa chance da Itália nesse início de segundo tempo veio quando Domenghini tentou cruzar, a bola bateu em Everaldo e parou na rede pelo lado de fora. Mas o domínio era brasileiro e não demorou para a Seleção transformar a pressão no desempate.
Aos 20 minutos do segundo tempo, Gérson pegou sobra após jogada de Jairzinho. Na intermediária, cortou para a perna esquerda e soltou uma bomba. A Canhotinha de Ouro só parou no fundo da rede, um golaço de tirar o fôlego no Azteca, o primeiro de Gérson na Copa do Mundo.
O golpe, que já seria duro para a Itália, ficou ainda pior apenas cinco minutos depois. Gérson lançou para a área e encontrou Pelé. De cabeça, o Rei escorou para Jairzinho, que, meio aos trancos e barrancos, completou para o gol, o sétimo dele no torneio.
Com o 3 a 1 no placar, o Brasil se encontrava praticamente com as mãos na taça. Já cansada em campo, a Itália não mostrava muita força para reagir. E o Brasil seguia em busca do quarto gol, que veio aos 42 minutos, da melhor maneira possível.
A jogada começou lá atrás, quando Tostão voltou para ajudar Everaldo na marcação, roubando a bola de Domenghini. A pelota caiu nos pés de Brito, que a empurrou para Clodoaldo. O Corró aproveitou a descida de Pelé e Gérson para acioná-los e recebeu a bola em seguida.
A Itália tentou subir a marcação, mas Clodô tirou de letra. Foram quatro adversários batidos em uma sequência de dribles curtos: Riva, Rivera, Domenghini e Mazzola. Depois de limpar o lance, ele abriu para Rivellino, que se aproximou perto da linha central.
O movimento de Rivellino abriu espaço na ponta esquerda e foi para lá que Jairzinho se direcionou. O lançamento do Riva veio na meia altura, em velocidade, para o Furacão dominar e partir para cima da marcação. Após passar pelo primeiro adversário, Jair encontrou Pelé na meia lua da área.
Nesse momento, o Rei já sabia o que fazer. Mas caso não soubesse, havia Tostão, logo a frente dele, apontando para o lado direito da área. Era ali que apareceria Carlos Alberto Torres, em uma corrida fulminante, para receber o passe no espaço vazio e encher o pé, de primeira, para fazer o gol. Estava desenhado ali o maior símbolo daquela geração. O jogo bonito resumido em um lance, uma jogada, que teve de tudo. Drible, passe, improviso, dedicação, defesa, movimentos táticos, velocidade, enfim. Um gol brasileiro.
O gol foi a pá de cal em qualquer pretensão de virada dos italianos. Depois do tento do Capita, as duas equipes praticamente só esperaram o jogo acabar para a definição do título. Após o apito final, os jogadores brasileiros comemoraram em Êxtase. Torcedores, jornalistas e seguranças mexicanos invadiram o gramado, desesperados por qualquer peça de roupa de qualquer um dos jogadores. O Rei Pelé ficou apenas de cueca e ‘sombrero’, o tradicional chapéu do país, enquanto comemorava o título nos ombros do povo.
Estava escrita ali a mais bonita página da história do futebol. Uma trajetória tão bonita que não parecia de verdade. Que faz crer que este texto não é uma crônica, mas uma fábula. era como se o futebol fosse esse poder extraordinário do povo brasileiro, que o permitia ser amado pelo resto do mundo. Talvez seja por isso que o brasileiro ame tanto o futebol. Mas podemos ter certeza, principalmente depois da Copa de 1970: o futebol também nos ama de volta.
BRASIL 4 X 1 ITÁLIA
LOCAL | Estádio Azteca, na cidade do México (MEX) |
CARÁTER | Final da Copa do Mundo de 1970 |
DATA | Domingo, do dia 21 de Junho de 1970 |
HORÁRIO | 12 horas (15 horas, em Brasília) |
PÚBLICO | 107.412 pagantes |
RENDA | Não divulgado |
ÁRBITRO | Rudi Georg Gloeckner (Alemanha Oriental) |
AUXILIARES | Rudolf Scheurer (Suíça) e Angel Norberto Coerezza (Argentina) |
ÁRBITRO RESERVA | Vital Loraux (Bélgica) |
INSPETOR FIFA | Mihailo Andrejevic (Iugoslávia) |
CARTÕES AMARELOS | Burgnich (Itália) e Roberto Rivellino (Brasil) |
BRASIL | Félix (nº 1); Carlos Alberto Torres (nº 4), Brito (nº 2), Piazza (nº 3) e Everaldo (nº 16); Clodoaldo (nº 5) e Gérson (nº 8); Rivellino (nº 11), Jairzinho (nº 7), Tostão (nº 9) e Pelé (nº 10). Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo |
ITÁLIA | Albertosi (nº 1); Burgnich (nº 2), Cera (nº 5), Rosato (nº 6) e Facchetti (nº 3); Bertini (nº 10) e De Sisti (nº 16); Mazzola (nº 15), Domenghini (nº 13), Boninsegna (nº 20) e Riva (nº 11). Técnico: Ferruccio Valcareggi |
SUBSTITUIÇÕES | Juliano (nº 18), no lugar de Bertini (nº 10) e Rivera (nº 14), na vaga de De Sisti (nº 16), ambos na Itália. |
GOLS | Pelé aos 18 minutos (Brasil); Boninsegna 37 minutos (Itália), no 1º Tempo. Gérson aos 20 minutos (Brasil); Jairzinho aos 25 minutos (Brasil); Carlos Alberto Torres aos 42 minutos (Brasil), no 2º Tempo. |
FOTOS: Alberto Lopes Leiloeiro
FONTES: CBF – Jornal dos Sports (RJ)
Certamente Roberto! A melhor Seleção de todos os tempos!
Forte abraço!
Saudades dessa Seleção que jogava por música!
Verdade Renato.
Saudade desse tempo do futebol romântico!
Forte abraço!
Eu tive o privilégio de ver de perto todos esses craques. Jogadores fora de série. Hoje em dia o que encontramos são pernas de pau que ganham uma fabula.
Fico pensando esses craques com o gramado, uniforme, salário de hoje o que eles fariam?
Abraços.