CRICIÚMA NA TAÇA LIBERTARORES DE 1992.

Depois de surpreender o país com a conquista da Copa do Brasil de 1991, o Criciúma do atacante Jairo Lenzi foi muito bem na Libertadores de 1992, chegando a bater o São Paulo por 3×0 na primeira fase. Nas quartas-de-final, porém, caiu diante do próprio tricolor de Telê Santana, com o mérito de ter sido um dos times que deram mais trabalho ao futuro bicampeão da América e do Mundo.

Veja a campanha do Criciúma na Libertadores.

Criciúma 3×0 São Paulo.

Estádio: Heriberto Hülse.

Gol: Jairo Lenzi, Gelson e Adilson Gomes.

San José 1×2 Criciúma.

Estádio: Jesús Bermúdez.

Gols: Gelson e Jairo Lenzi.

Bolívar 1×1 Criciúma.

Estádio: Hernando Siles.

Gol: Jairo Lenzi.

São Paulo 4×0 Criciúma.

Estádio: Morumbi.

Criciúma 5×0 San José.

Estádio: Heriberto Hülse.

Gols: Everaldo (3), Jairo Lenzi e Adilson Gomes.

Criciúma 2x1Bolívar.

Estádio: Heriberto Hülse.

Gols: Roberto Cavalo e Grizzo.

OITAVAS-DE-FINAL.

Sporting Cristal (PER) 1×2 Criciuma.

Estádio: San Martin de Porras.

Gols: Everaldo e Jairo Lenzi.

Criciúma 3×2 Sporting Cristal.

Estádio: Heriberto Hülse.

Gols: Wilson, Gelson e Everaldo.

QUARTAS-DE-FINAL.

São Paulo 1×0 Criciúma.

Estádio: Morumbi.

Criciúma 1×1 São Paulo.

Estádio: Heriberto Hülse.

Gol: Jairo Lenzi.

Números da campanha:

10 – jogos:

6 – vitórias:

2 – empates.

2 – derrotas:

19 – gols pró.

12 – gols contra.

Maiores artilheiros:

6 gols: Jairo Lenzi.

5 gols: Everaldo;

3 gols: Gélson.

NOSSO PRIMEIRO TIME NA LIBERTADORES.

Campeão da primeira Taça Brasil, em 1959, derrotando o Santos de Pelé já em 1960, o Bahia foi também o primeiro representante brasileiro na história da Libertadores, criada naquele mesmo ano. Mas não passou da primeira fase. O tricolor voltou a disputá-la em 1964 (como vice da Taça Brasil) e em 1989 (como campeão Brasileiro).

Vejas as campanhas:

1960: 1º FASE.

San Lorenzo 3×0 Bahia.

Estádio: Nuevo Gasômetro.

Bahia 3×2 San Lorenzo.

Estádio: Fonte Nova.

Gols: Carlitos, Flávio e Marito.

1964: FASE PRELIMINAR.

Deportivo Itália 0x0 Bahia.

Estádio: Olímpico Caracas.

Deportivo Itália 2×1 Bahia.

Estádio: Olímpico Caracas.

Gol: Vevé.

1989: QUARTAS DE FINAL.

Internacional (RS) 1×2 Bahia.

Estádio: Beira Rio.

Gols: Zé Carlos e Gil.

Marítimo (VEN) 0x0 Bahia.

Estádio: Brigido Iriarte.

Deportivo Táchira (VEN) 1×1 Bahia.

Estádio: Pueblo Nuevo de Táchira.

Gol: Gil.

Bahia 1×0 Internacional (RS).

Estádio: Fonte Nova.

Gol: Charles.

Bahia 3×2 Marítimo (VEN).

Estádio: Fonte Nova.

Gols: Charles (2) e Osmar.

Bahia 4×1 Deportivo Táchira (VEN).

Estádio: Fonte Nova.

Gols: Zé Carlos, Osmar, Charles e Marquinhos.

OITAS-DE-FINAL.

Universitário (PER) 1×1 Bahia.

Estádio: Monumental de Ate.

Gol: Osmar.

Bahia 2×1 Universitário (PER).

Estádio: Fonte Nova.

Gols: Marquinhos e Charles.

QUARTAS-DE-FINAL.

Internacional (RS) 1×0 Bahia.

Estádio: Beira Rio.

Bahia 0x0 Internacional (RS).

Estádio: Fonte Nova.

Números das campanhas em três participações:

14 – jogos:

6 – vitórias:

5 – empates:

3 – derrotas:

18 – gols pró:

15 – gols contra:

Maiores artilheiros:

5 gols: Charles.

3 gols: Osmar.

2 gols: Gil, Marquinhos e Zé Carlos.

O Urso do David

Armando Nogueira viu a Hungria jogar em 1954 e ficou maravilhado. Só falava de Puskas, e Kocsis, e Czibor. Nelson Rodrigues deitava e rolava com o deslumbramento do amigo. “Armando, como um time tão bom perdeu para uma seleção cintura-dura?” E ironizava, chamando os míticos magiares de “a Hungria do Armando”.

Laerte em ação

Laerte em ação

Quase ninguém no Brasil viu a Hungria do Armando jogar, mas durante décadas se falou daquele timaço assim, a Hungria do Armando. Lembrei disso ao ver David Coimbra afirmar no Redação Sportv que o melhor centroavante do mundo foi Laerte, o Urso. David já escreveu sobre as qualidades de Laerte, dentre as quais o chute mortal e a estatura de um metro e setenta e três, a altura dos craques. O único senão de Laerte, diz David, era que só jogava com as vestes de Próspera e Criciúma, os times da Capital do Carvão. Bastava vestir outra camisa e perdia seus poderes, passava a ser um centroavante fútil, cotidiano e tributável. Deixava de ser Laerte, o Urso, para ser Laerte, mais um na multidão.

Algumas pessoas devem ter se perguntado: “Seria Laerte mais um dos personagens do David? Mais uma daquelas criaturas que das ruas do IAPI desvendam os mistérios do mundo?” Em verdade, vos digo: Laerte, o Urso, existiu. Eu o vi jogar e atropelar zagueiros com seu corpo ursídeo. Ele parece, mas não é um personagem de David Coimbra.

Laerte Aracy Sérgio nasceu em Urussanga, em 26 de agosto de 1957. Em 1978, ainda garoto, fez alguns jogos pelo Comerciário, que no 17 de março daquele ano passou a se chamar Criciúma Esporte Clube. Laerte, o Urso, fez o primeiro gol da história do Criciúma que ainda não era Tigre, porque vestia azul. E foi fazendo gols, o Urso, de todos os jeitos. Quando deixou o estádio Heriberto Hülse, em 1981, era o maior artilheiro da história do Criciúma, com 54 gols.

A primeira vez que vi Laerte foi quando ele veio a Lages, enfrentar o Inter. Já era o temido Urso. E no Inter de Lages tinha um zagueiro chamado Eduardo, cara de bandido e porte de xerife, morava no bairro Morro do Posto, e por isso era chamado de Eduardo, o Xerife do Morro do Posto.

Foi o duelo anunciado, como dois pistoleiros que fossem se encontrar ao cair do sol. Laerte, o Urso, versus Eduardo, o Xerife do Morro do Posto. “Não vai sobrar pedra sobre pedra”, anunciava o narrador Aldo Pires de Godói na Rádio Clube, chamando o povo para estádio Vidal Ramos. O povo foi. Eu fui. E vi.

Laerte, o último agachado, disfarçado de ponta-esquerda no Criciúma de 1978

Laerte, o último agachado, disfarçado de ponta-esquerda no Criciúma de 1978

Foram vinte e quatro minutos intensos. Pernadas, puxões nas camisas, cotoveladas. O Urso e o Xerife se engalfinhavam, caíam no chão, levantavam poeira. Vinte e quatro minutos um contra o outro, sem que nenhum dos dois tocasse na bola. Havia o jogo, lá longe, e o duelo. Eu assistia ao duelo.

De repente, Eduardo se viu sozinho. Olhava para os lados e não via o Urso, que sumira como num passe de mágica. Ouviu um palavrão berrado pelo goleiro Luiz Fernando Xixi e olhou para trás. Era o Urso, matando a bola no peito antes de estufar as redes coloradas no vigésimo quinto minuto da peleja. Ele ainda fez mais um, e o Inter só empatou em três as três porque era um bom time, liderado por Mikimba, tio do Ronaldinho Gaúcho que ainda nem pensava em nascer.

Tergiverso. O assunto é Laerte, o Urso. Se marcasse com qualquer camisa os gols que marcava pelos times de Criciúma, teria jogado com Pelé no Cosmos, com Falcão na Roma, com Platini na Vecchia Signora do Lédio Carmona. Aliás, se ele pudesse viajar no tempo e pegar a vaga de Puskas na Hungria de 1954, e se a Hungria jogasse com a camisa azul do Criciúma, o mundo seria diferente hoje, e ninguém faria troça com Armando Nogueira e David Coimbra. Aquela seria a Hungria de Laerte, o Urso, campeã mundial de 1954.

Obs.: Laerte, eterno nos corações dos criciumenses e do David Coimbra, morreu em abril de 2004. Mais sobre o Criciúma e sobre o Urso no Almaque do Criciúma, a ser lançado pelo João Nassif no final do ano. Texto meu, originalmente publicado no blog do Lédio Carmona.

Futebol Theco: Cambalhota Coletiva

Sabe aquele ditado: “Quer aparecer? Enfia uma melancia no pescoço“! Pois bem, os jogadores de um clube do Campeonato da 3ª Divisão da República Tcheca escolheram uma outra forma de aparecer! A escolha foi original. O zagueiro deu um chutão e os demais jogadores numa bela coreografia deram uma cambalhota coletiva!    

FONTE:  http://www.youtube.com/watch?v=DKjlg-_C518

ARTIGO DA SEMANA 039/2010 ENCERRADO

Artigo da Semana 039/10:

-Fênix Foot-ball Club de São Luís de Ramsses Silva 11 votos

-O ano que o Vitória passou o Ypiranga em títulos de Franklin Carvalho e Ingressos de jogos históricos de Gilberto Maluf 9 votos
-Botafogo do Anil – 77 anos de glórias de Ramsses Silva 8 votos

-Maga – O Íbis catarinense, de Adalberto Klüser 5 votos

-Curiosidades da Série D, de Michel McNish 3 votos

-Aliados, o Rei de Lages – de Mauricio Neves 2 votos

-Torneio 8 de Abril – 1967, de Júlio Diogo, Curiosidades Série C 2010 de Michel McNish e Laranjeiras-SE de Julio Diogo 1 voto

Goleadas de 6 x 0

O futebol é pródigo de goleadas e em busca na Internet e no meu arquivo pessoal, separei algumas delas, neste caso as de 6 x 0. Abaixo, 10 dessas goleadas.

BANGU (RJ) 6 x 0 ANDARAÍ (RJ)
Data: 31/07/1904
Amistoso Estadual
Local: Jardim da Fábrica Bangu
Árbitro:Mr. Moreton
Gols: John Stark (4), Frederich Jacques, Thomas Donohoe
BANGU: William Procter, James Hartley e José Villas Boas; Augusto Rosemberg, Clarence Hibbs e William Hellowell; Andrew Procter, Thomas Donohoe, John Stark, Francisco de Barros e Fred. Jacques.
ANDARAÍ:Tom Emery, Fred Geldeards e Fred Smith; Harry Softon, Jack Farrington e Tom Harrison; M. Smith, Aníbal Bibiano; R. Cross, Geson Smith e Jack Walmsley.

SANTOS (SP) 6 X 0 FLAMENGO (RJ)
Data:04/07/1920
Amistoso Estadual
Local: Estádio de Vila Belmiro / Santos (SP)
Árbitro: Odilon Penteado
Gols: Ary Patuska (2), Haroldo Domingues, Constantino penalt e Castelhano (2)
SANTOS: Tuffy; Cícero e Bilú; Pereira, Marba e Ricardo; Millon, Constantino, Ary, Castellano e Arnaldo
FLAMENGO: Kuntz; Sisson e Telefone; Dourado, Sidney Pullen e Japonês; Machado, Galvão Bueno, Choco, Geraldo e Junqueira.

BANGU (RJ) 0 x 6 FLUMINENSE (RJ)
Data: 05/08/1923
Campeonato Carioca
Local: Estádio das Laranjeiras
Árbitro: Virgílio Fredrighi
Gols: Zezé 14 e Coelho 40/1º,Welfare 15, Welfare 18, Coelho 38 e Chico Netto 41/2º
FLUMINENSE: Ramos, Chico Netto e Fortes; Vinhaes, Nascimento e Junqueira; Paulo Vianna, Zezé, Welfare, Coelho e Moura Costa.
BANGU: Gabriel, Brilhante e Luiz Antônio; Guerra, Joppert e Oswaldo; Frederico, Anchyses, John Hartley, Nestor e Antenor.

LEOPOLDINA RAILWAY (RJ) 0 X 6 ESPERANÇA DE FRIBURGO (RJ)
Data: 22/08/1935
Amistoso Interestadual
Local: Cordeiro
Árbitro: Djalma Azevedo e depois José Bichar
Gols: ….
LEOPOLDINA RAILWAY: Walter (Cidade), Chateau e Heitor, Canejo, Luciano e Ramos, Onestaldo, Jaú, Fidélis, Osvaldo e Costa
ESPERANÇA: Odécio, Gabriel e Belém, Olinto, Jaú e Luis, Rubens, Quintino, Santos, Mota e Angenor

FLUMINENSE (RJ) 6 X 0 BONSUCESSO (RJ)
Data: 07/03/1938
Torneio Municipal
Local: Estádio de Laranjeiras.
Árbitro: Carlos de Oliviera Monteiro.
Renda: 2:866$000
Público: 570 pagantes.
Gols: Sandro 05, 24 e 33, Romeu 35, Bioró 37 e 51
FLUMINENSE: Batatais (Nascimento); Guimarães e Machado; Santamaria, Brant e Milton; Bioró, Romeu, Sandro, Tim e Hércules / Técnico: Carlos Carlomagno.
BONSUCESSO: Inglêz; Newton e Mário; Camisa, Neco (Vergara) e Otto; Nelsinho, Euclydes, Gradim, Nunes e Odyr / Técnico: Gradim.

BOTAFOGO (RJ) 6 x 0 GOIÂNIA (GO)
Data: 25/01/1959
Local: Estádio Pedro Pedrossian / Goiânia (GO)
Árbitro: Aírton Vieira de Morais
Amistoso Interestadual
Público: 6.615 pagantes
Gols: Quarentinha 18 e 26, Didi 23/1º e 41/2º e Garrincha 24 e 36/2º
BOTAFOGO: Ernâni (Adalberto), Cacá (Beto), Thomé (Jorge) e Nílton Santos; Pampolini (Ronald) e Paulistinha; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim
(Rossi), Édison (Zagallo) e Quarentinha / Técnico: João Saldanha.
GOIÃNIA: Agildo, Manduca e Herman; João Preto, Gilberto (Didiu) e Cléver (Foca); Élson (Peru), Cisquinho, Laílson (César), Lili e Salsicha (Orestes).

SELEÇÃO DE HAMBURGO (AL) 0 X 6 SANTOS (SP)
ta: 11/06/1959
Amistoso Internacional
Local: Hamburgo (ALE)
Público: 17.000
Gols: Pelé 08, Coutinho 15 E 17/1º, Dorval 18, Coutinho 26 e Dorval 36
SELEÇÃO: Banse, Mantena e Boekenberg, Muller, Herder e Vermelker,Sanmann, Gronau, Gorska, Voss e Poerschke
SANTOS: Laércio, Dalmo e Pavão, Paulo (Feijó), Ramiro e Zito, Dorval, Álvaro (Afonso), Coutinho, Pelé (Alfredinho) e Pepe
Obs: Coutinho tinha na época 15 anos

SANTOS (SP) 6 X 0 BAHIA (BA)
Data: 25/01/1964
Taça Brasil 1963
Local: Estádio do Pacaembu / São Paulo
Renda: Cr$ 12.432.800,00
Gols: Pelé (2), Pepe (2), Coutinho e Mengálvio (SFC)
SANTOS: Gilmar; Ismael, Mauro e Geraldino; Haroldo e Lima; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
BAHIA: Nadinho; Hélio, Henrique, Roberto e Ivan; Nilsinho e Mário; Valença (Vermelho), Vevé, Hamilton e Biriba

VASCO DA GAMA (RJ) 6 X 0 BANGU (RJ)
Data : 03/04/1977
Campeonato Estadual
Local : Estádio De São Januário / Rio De Janeiro RJ)
Arbitro: Aírton Vieira de Morais
Público: 11.921
Gols : Ramon 05/1º, Orlando 04, Roberto Dinamite 12, Orlando 28, Ramon 40 e Luís Fumanchu
VASCO DA GAMA: Mazarópi, Orlando, Abel, Geraldo, Marco Antônio (Luís Augusto), Zé Mário, Helinho (Zandonaide), Dirceu, Luís Fumanchu, Roberto Dinamite e Ramon / Técnico : Orlando Fantoni
BANGU: Luís Alberto, Ademir, Serjão, Sérgio Cosme, Hamílton, Mauro, Ernesto, Jorge Nunes, Gilberto, Jair Pereira e Cláudio (Belisário) / Técnico : Alfredo Gonzalez

ARSENAL (ING) 6 X 0 BRAGA (POR)
Data: 15/09/2010
Local: Estádio Emirates Stadium, em Londres (Inglaterra)
Copa dos Campeões
Árbitro: Alain Hamer (LUX)
Auxiliares: François Mangen e Christian Holtgen (LUX)
Gols: Fábregas 09/1º e 08/2º, Arshavin 30/1º, Chamakh 34/1º e Vela 29 e 39/2º
ARSENAL: Almúnia; Sagna, Koscielny, Squillaci e Clichy; Song (Eboué), Wilshere, Nasri, Fábregas e Arshavin (Denilson); Chamakh (Vela) / Técnico: Arséne Wenger
BRAGA: Felipe; Miguel Garcia, Moisés, Rodríguez e Sílvio; Vandinho, Aguiar e Hugo Viana (Hélder Barbosa); Alan, Matheus (Mossoró) e Paulo César (Lima) / Técnico: Domingos Paciência

A trágica inauguração do anel superior da Fonte Nova

A TRÁGICA INAUGURAÇÃO DO ANEL SUPERIOR DA FONTE NOVA

No início dos anos 70, em plenos anos sombrios do endurecimento da ditadura militar prosperava a pornochanchada. Nesta, assistíamos a ex-miss Vera Fischer, Jardel Filho, Nuno Leal Maia, Milton Morais e outros. Na época morrem a inesquecível cantora Dalva de Oliveira e o poeta tropicalista Torquato Neto põe fim a sua inquietação criadora.
Começava a chegar a público as atrocidades cometidas pela quadrilha do policial Manoel Quadros, versão baiana do esquadrão da morte e a toda hora apareciam mais corpos.

O carnaval de Salvador era patrocinado pelas cervejarias CIBEB e Carlberg que se concentravam nos grandes trios elétricos. Já se podia brincar o carnaval na sede do Vitória que ficava então em Amaralina. Nas ruas se via o bloco carnavalesco Os internacionais e ainda dava pra levar a família pra Avenida Sete. Chegávamos pela manhã e levávamos nossas cadeiras amarrando-as ás que lá haviam. Quando chegávamos á noitinha para o desfile ainda estavam lá, acreditem se quiserem, ninguém roubava!

Nessa época é que ocorreu a inauguração do anel superior da Fonte Nova. Meu pai, desde os anos 50 vinha tendo atuação constante no mercado da engenharia civil do estado. Pra saber das obras e agilizar o pagamento dos serviços contava com conhecidos na máquina governamental. Durante vários anos, entre 1955 e 1973, trabalhou no antigo Departamento de Energia, sob a chefia de Lídio, inclusive quando Tarcísio Vieira de Melo “mandava” no setor onde meu pai varou dezenas de municípios para levar energia elétrica. Durante o primeiro governo ACM era com Barbosa Romeu, da Casa Civil, com quem procurava agilizar o empenho de suas notas.

Em 1969 meu pai, e seu irmão José Carvalho, criariam uma nova firma, a EMBACIL, em função das obras de iluminação da ampliação do Estádio da Fonte Nova. Desta forma, ao fim do primeiro governo de ACM lidei com a minha primeira greve, só que do lado patronal, o da empresa dos irmãos Carvalho. Era fim de semana, quando os operários costumavam receber, e o banco estava muito cheio. Assim, meu tio acabou atrasando o horário do pagamento do pessoal.

Foi um sufoco para meu pai. Eu e meu irmão tivemos de ir ajudar. Os operários foram para o escritório, que funcionava no próprio estádio, e fizeram um escarcéu, exigindo o pagamento. Ajudei a colocar um balcão pra separar a administração do pessoal em fúria. Nunca tinha visto aquilo! Tentamos contemporizar e pedimos para aguardar. Naquele tempo não tinha celular então não podíamos saber quanto tempo ia demorar meu tio no banco. Quando o dinheiro chegou foi um alívio. Nunca mais a EMBACIL foi buscar o dinheiro na hora. Meu tio passou a ser um dos primeiros a chegar ao Banco de Crédito Real que ficava ali no Relógio de São Pedro.

Depois a empresa levou meses pra receber. Como a obra foi encomendada pelo governador Luiz Viana Filho a empresa teve que fazer um acordo com o governador ACM sendo obrigado a dar 25% de desconto. Até hoje meu pai fala nisso! Acho que os outros empreiteiros, como Norberto Odebrecht e Nilton Simas, passaram pela mesma chantagem!

As obras acrescentaram um anel superior ao primeiro lance de arquibancadas que existia desde os anos 50. Sua capacidade aumentava de 40.000 para mais de 90.000 pessoas. Os jogos inaugurais ocorreram no dia 4 de março de 1971. Nesse dia estava “socado” de gente. Depois divulgaram um público de 94.000 pessoas, mas acredito que havia mais de 120.000, inclusive por terem mandado abrir as portas.

Havia ficado aborrecido na preliminar, quando nosso arquirrival ganhou do Flamengo por dois a um e, na partida principal, já estávamos tomando um a zero do Grêmio. Estávamos sentados na parte de cima da torcida do Vitória quando vimos o mundo vir abaixo no segundo tempo.

Não sabíamos quem e como havia começado, apenas víamos um mar de gente correndo e caindo do segundo para o primeiro nível das arquibancadas. Parecia leite derramando! Na torcida do Vitória todo mundo corria não se sabendo bem pra onde, pois o estádio “balançava” provocando uma verdadeira histeria coletiva parecendo mesmo que ia cair.

Nesse dia eu passei vergonha, pois morri de medo! Abandonei o meu irmão menor e saí correndo me pendurando na grade que separava a arquibancada do setor das cadeiras. Enquanto isto já via gente se jogando no fosso e adentrando o campo que já abrigava milhares de pessoas. Mesmo lotada a torcida do Vitória esvaziou em poucos minutos. Depois de algum tempo pendurado, e com a redução dos tremores, me dei conta do ridículo da minha atitude. Ora, se o estádio fosse cair mesmo, pouco iria adiantar estar pendurado na grade!

Só aí me lembrei de meu querido irmão, procurando ver onde estava. O descobri então um pouco atrás, pendurado como muitos na mesma grade. É que vários imitaram o meu gesto desesperado! Olhamos então o estrago à nossa volta. Vimos dezenas de milhares de pessoas andando a esmo. Outros milhares estavam no campo, muitos estirados imóveis, outros sendo socorridos, e ainda outros sendo levados por ambulâncias.

Imaginamos então o que nossos pais deviam estar pensando e então subimos a Ladeira da Fonte Nova de volta pra casa. Debitei á censura reinante os números divulgados pela imprensa, de dois mortos e dois mil feridos! Até hoje se divulga esta versão esquecendo que estávamos numa ditadura. Acho sim, que foi esta a maior tragédia da história da Fonte Nova e do Brasil e nunca a esquecerei.

Circularam na imprensa várias versões sobre o que teria ocorrido. Uma delas afirmava que uma lâmpada havia explodido outra que teria havido uma briga envolvendo várias pessoas. Independente do motivo em minha opinião o que pesou mesmo no incidente foi o inconsciente coletivo. É que durante as semanas anteriores os meios de comunicação deram ampla cobertura a uma discussão sobre a segurança do estádio com alguns especialistas levantando dúvidas. Um deles foi o radialista França Teixeira.

A política não poderia ficar de fora. Nas proximidades do estádio vi uma pichação contra o governo militar, que soube muito tempo depois tratar-se de uma iniciativa da Ação Popular-AP, pois a inauguração teve a presença do general-presidente Garrastazu Médici.