Definição no futebolês:
– jogar a bola por um lado do jogador e pegar pelo outro.
Este lance era chamado de meia-lua no Sul, pois o desenho do drible lembra a Lua visível pela metade. No Rio era chamado de gaúcha, devido a um ponta gaucho que jogou no Rio e driblava desta forma. Hoje acho que já virou também drible da vaca no Rio. Mas foi em São Paulo que o lance foi designado drible da vaca. Porque será drible da vaca? As vacas driblam o touro? Alguém já viu um jogo de futebol na fazenda? Dizem que quem trouxe o nome para o Rio de Janeiro foi o Garrincha, que teria driblado muitas vacas em Pau Grande. Com certeza mais uma lenda.
Como contribuição histórica ao texto, na hipótese que um jogador ficasse machucado nesta jogada, poderíamos ouvir o narrador esportivo Pedro Luiz dizer: “adentra o tapete verde o facultativo do time da casa para atender half-esquerdo”. Ou seja, entra em campo o médico do time da casa para atender o lateral esquerdo.
O último e famoso drible da vaca que se tem notícia foi aquele que Pelé aplicou em Mazurkievicz, goleiro do Uruguai, na Copa do México em 1970.
Fonte: Livro 7000 horas de futebol.
Mas trocando em miúdos, alguém sabe porque o nome drible da vaca?
Arquivo do Autor: Gilberto Maluf
A razão do “Bicho” no futebol
Bicho é como chamam o prêmio que os jogadores recebem por vitórias e até por empates. Em 1923, quando o Vasco subiu à primeira divisão carioca, um rico cerealista da Rua do Acre, vascaíno apaixonado, resolveu premiar com dinheiro os jogadores do seu clube. Mas isso era proíbido, em plena vigência do amadorismo. Então, antes dos jogos, o cerealista ia ao vestiário para dizer aos jogadores o que ganhariam se vencessem o jogo. Nesse tempo, as notas de dinheiro tinham uma espécie de determinação zoológica: 5 mil-réis representavam um cachorro; 10 um coelho; 20 um peru; 50 um galo; 100 uma vaca e 400 uma vaca de quatro pernas. Os jogadores perguntavam:
– Qual o bicho de hoje?
E o cerealista respondia
– Um coelho.
Dependendo do jogo, valia um galo e até uma vaca. Numa partida final, entrava no bolso do campeão uma vaca de quatro pernas…..
Crônica do jornalista e radialista Luiz Mendes
Para Registro: já estava para publicar quando surgiu uma dúvida: Como as notas de dinheiro poderiam ter relação com animais? Fui ao Google e acessei as notas de 5 e 10 mil réis. Não tem bicho nenhum nas notas. Portanto, a determinação se fazia de acordo com a tabela do jogo do bicho. Um galo = 50.
Exatamente como era a gíria do dinheiro.
Vicente Mateus – Frases famosas
Vicente Matheus (1908- 1997)
Ex-presidente do Corinthians,chegou da Espanha em 1914. Ele presidiu o clube por oito mandatos: 1959, 72, 73, 75, 77, 79, 87 e 89. Durante esses mandatos, o Corinthians conquistou os títulos mais importantes de sua história. O Paulista de 1977, acabando com o jejum de 23 anos sem título e o Brasileiro de 90 .Vicente Matheus tornou-se famoso filósofo por suas frases sem pé nem cabeça. Muitas delas nem eram verdadeiras, mas foram atribuídas a ele por pura brincadeira. O ex-presidente morreu em 9 de fevereiro de 1997 de câncer generalizado. Dona Marlene Mateus falou após a queda do Corinthians para a Segunda Divisão: Ainda bem que o Vicente não viu. Seria mais uma morte para ele.
Certa vez, viajando pela Europa, o presidente corintiano foi parar dentro de um museu. Mostraram quadros famosos, relíquias mil e chegaram perto de uma grande urna.
Vicente Mateus, alegre, bonachão e com os trejeitos que só ele tinha perguntou:
– O que tem nesta urna?
– Aqui, estão as cinzas do Napoleão!
Mateus: – Puxa! Como ele fumava, hein? ( Risadas )
“DESCICLOPÉDIA”
Frases Verdadeiras
“Quem está na chuva é para se queimar.”
“Quero mesblar jovens e velhos da diretoria.”
“Tive uma infantilidade muito triste.”
“O difícil não é fácil.”
“De gole em gole, a galinha enche o papo.”
“Peço aos corinthianos que compareçam às urnas para naufragar nossa chapa.”
“Não veio o Falcão, mas comprei o Lero-lero.” (referindo-se ao jogador Biro-biro)
Frases Falsas
“Isso é uma faca de dois legumes.”
“O Sócrates é invendável e imprestável.”
“Depois da tempestade vem a ambulância.”
“Agradeço à Antárctica pelas Brahmas que nos mandou.”
“Vou realizar uma anestesia geral para quem tiver a mensalidade atrasada”
Esta também deve fazer parte do folclore, falsa: O Timão ia contratar um grande e caríssimo jogador pelo preço de 60 milhões. No ato da compra muita festa, toda a mídia presente, cartolagem em penca e em determinada hora Vicente Mateus eufórico, garboso, chamou o seu secretário e ordenou:
– Faz um cheque de 60 milhões e compra o craque!
O secretário ficou azul, pálido, chamou o Mateus num canto e disse:
– Presidente, como se escreve esse valor no cheque?
Vicente Mateus, quase perde o rebolado, mas se recuperou logo e
disse: Ora, você não sabe resorver os probremas, né? Faz logo 2 cheques de 30.
A seleção de todos os tempos
A extinta revista Realidade, publicação da Editora Abril de São Paulo, consultou cerca de cem jornalistas esportivos do Brasil para eleger a seleção brasileira de todos os tempos. E publicou um bonito album com fotos dos 11 eleitos. Como o álbum foi publicado entre 1969/1970, mais adiante veremos se entre 1970/2008 teríamos jogadores que pudessem tomar o lugar de melhor jogador da seleção de todos os tempos.
A distribuição em campo obedeceu ao sistema em voga na época da escolha, o 4-2-4.
Ficou assim: Gilmar, Djalma Santos, Domingos da Guia, Orlando e Nilton Santos. Zito e Didi. Garrincha, Leônidas, Pelé e Ademir.
Realmente um time maravilhoso.
Eu acho que tivemos alguns quarto-zagueiros melhores do que o Orlando, e entre eles cito dois,o Airton que foi do Grêmio, e o atual titular da seleção, o Juan que foi do Flamengo . Esta é a única posição em que há vários jogadores melhores do que o escolhido. A outra dúvida é se o Ronaldo Fenômeno poderia jogar no lugar do Leônidas.
Fonte: 7000 horas de futebol
Trocando figurinhas de futebol
As figurinhas de futebol fez-me buscar as lembranças do já longínquo 1960, pelos lados do Bairro da Vila Mariana em São Paulo. Após ter-me lembrado do Álbum da Quigol, fui buscar mais gente que ainda sentem um pouco de nostalgia com o assunto. Segue bate-papo por e-mail entre 6 saudosos colecionadores de figurinhas de futebol.
Eu colecionava figurinhas das balas futebol. Tinha uma
vantagem, eu estudava na escola Roberto Simonsem Rua Monsenhor Andrade (Bras) bem perto da loja A AMERICANA, Rua do Gazometro, fabricante e distribuidoras das balas futebol, de Jordão Bruno Sacomanni.Tirava muitas carimbadas, me lembro do goleiro Gilmar, e do Lima, ponta direita do Palmeiras, duas das
carimbadas. Sai de lá com muitos prêmios. Fui tambem muitas vezes tirar a Abreugrafia (Chapa do Pulmão) no Clemente Ferreira, naquele casarão amarelo da rua da Consolação.Era uma exigência para qualquer coisa que fossemos
fazer. Bons tempos aqueles hein? Mario Lopomo
Ótimos tempos sim Lopomo !!!! (Não voltam mais) Você foi um colecionador “mais moderno” Lopomo, as figurinhas das “Balas Futebol” que eu colecionava eram aquelas do final dos anos 30 e começo dos anos 40,tempos de Tim, Perácio, Batatais e outros (do Rio) e King, Zarzur, Zezé Procopio, Echevarrietta e outros de São Paulo… O Gylmar devería ter uns 10 anos de idade, porém o tempo não importa e sim a brincadeira sadía que nos proporcionava…quanto ao Clemente Ferreira (aquele casarão amarelo) ainda deve estar naquele local…não sei se com a mesma ação benemérita à população em geral. Valeu !!! Abraços do amigo Flavio Rocha
Querido Flavio, começo onde voce termina: e assim, todos nós, fomos
vivendo.A sua história é igual a nossa e de muita gente que, como seu e o meu pai vieram do interior tentar a sorte a São Paulo. Através desta decisão deles, São Paulo tornou-se nosso ponto de referência. O Buenos Aires, acho que ainda existe, no mesmo lugar, quase em frente a Estação Santana do Metro.Obrigado
Flavio e foi assim mesmo que fomos vivendo. Um 2008 maravilhoso! Marco
Antonio .
E as balas? . Eram brancas, não eram? Meu álbum, na página do São Paulo Futebol Clube, agrupava os seguintes jogadores: Mario, Saverio, Mauro, Bauer, Rui, Noronha, Leonidas, Ponce de Leon, Remo, Teixerinha (não lembro de todos…), e na página do Palmeiras: Oberdan, Caieira, Turcão…Lima…e, se engano não houver, o fabuloso Lula, coice de mula – pelo chute violento e certeiro – e figurinha carimbada. Do Corinthians, lembro de um certo jogador bigodudo, conhecido como “cabecinha de ouro”, Balthazar, se bem me lembro. Acho que a coleção do Lopomo é posterior. E a
tua, Flavio, anterior. Será que a minha coleção datava dos anos 40/50?
Lary Ramos Coutinho –
Morando na rua Alfandega, pertinho da rua do Gasômetro, ia sempre na
“bolsinha” na porta da A Americana, onde se fabricava as Balas Futebol,
trocando, comprando e jogando “bafa-a-bafa” com outros garotos. Seu pai trabalhou na Lacta, na José A. Coelho. Muito tempo? A Lacta foi um grande cliente, vendi muita embalagem de Sonho De Valsa, Diamante Negro, Bis etc. já na Barão do Triunfo. Flávio, seu texto é, no mínimo, FABULOSO, um passeio encantador pelas alamedas da saudade. Rodar pião, balas Futebol, empinar pipas, brincar de “mãe da rua” uma-na-mula, pega-pega, palha-ou-chumbo, chocar caminhão etc…. pela mãe do padre, v. só causa mal-estar ao meu coração mas, continue, por favor. Vamos continuar gozando nestes retornos a
nossa meninice. Um ótimo e feliz Ano Novo, extensivo a toda sua família.
Abraços. Modesto
Colecionei figurinhas Balas Futebol de 1950 a 1956. Quando Gilmar era
figurinha carimbada estávamos em 1955. Como o “Girafa” nasceu em 1930, ele estava com 25 anos. LARY: Realmente, as balas futebol eram brancas. E açucaradas e mastigáveis, como disse a nossa colega, Bernadete. No time do São Paulo que você escalou, faltou somente o Friaça. Depois vinha Ponce de Leon, Leônidas, Remo e Teixeirinha. No Palmeiras o Lula aquele ponta direita que tinha o apelido de “coice de mula” era de 1947, deve ter ido um pouco mais alem, jogando pelo Palmeiras. Oberdã, Turcão e Palante. Waldemar Fiume,
Luiz Villa e Sarno. Lima, Canhotinho. Aquiles, Jair e Rodrigues. É de 1950. Flavio.
Mario Lopomo
Caro Flavio, eu também colecionava balas futebol, e jamais, jamais consegui completar um album, era impossível, tinha as dificeis, não eram carimbadas, só dificeis, tinha as carimbadas que eram dificilimas, e tinha uma que era o distintivo da CBD, era impossivel, acho que tinha umas duas ou tres, porque ninguem conseguia completar o album.Tinha um jogador que era figurinha dificil que morou ao lado de minha casa, o Elson do Nacional da Comendador Souza.Agora, realmente, as balas eram intragáveis de tão doce, jogavamos
fora. Abraços e um 2008 com bastante figur..quero dizer sucesso.Beira
Álbum de Figurinhas
Nos anos 40 e 50 a garotada colecionava as figurinhas de futebol que eram
confeccionadas pela A Americana. As balas Futebol não primavam pelo sabor,
mas ninguém estava interessado nisso. Seu consumo prendia-se apenas às
figurinhas de jogadores de futebol ocultas pela embalagem. Havia as
figurinhas fáceis e difíceis e uma especialmente difícil, a “carimbada”. Só
com esta podia-se completar os álbuns de figurinhas que dava direito aos
valiosos prêmios prometidos.
Mas vou falar do Álbum de Figurinhas da Quigol, editado em 1959. Os
jogadores eram colocados no centro de uma bola de futebol, lembram da bola
Drible de 1959, marrom?
Pois bem, neste álbum constavam os times do Rio e de São Paulo. Entre os
times figuravam alguns times “pequenos “e vou citar alguns jogadores da
Ferroviária de Araraquara que me vêm á mente. O goleiro era o Rosã, na
defesa tínhamos o Cardarelli, o Dirceu, o Porunga. No meio Dudu e Bazzani.
Na frente Peixinho, Faustino, Baiano e Beni. É o que lembro. Já os times
grandes é mais fácil para nos lembrar-mos. A gente olhava para as fotos dos
jogadores e ficávamos embevecidos.
Mas outra coisa que marcava era jogar figurinha, ou seja, jogar “bafa”. A
gente jogava contra um outro “ajuntador” de figurinhas. Colocavamos cada um
uma quantidade de figurinhas e aquele que virasse qualquer quantidade ,
levava. Só não podia virar a mão, pois tinha malandragem com o dedo polegar.
A coisa era assim: Antes de tirar o par ou impar para ver quem ia tentar
virar primeiro as figurinhas, falávamos: Mão-a-mão! Vai entender…..porque
mão-a-mão?
Para encerrar, eu tinha uma alentada quantidade de figurinhas, era bastante
e carregava numa caixa de sapatos, e todo orgulhoso andava procurando
“algum “jogador de bafa para ver se eu o rapelava. Encontrei um com apenas 1
figurinha. Olhei com desprezo para o menino e falei: Vamos jogar?
E não é que o menino me rapelou todo o meu pacote de figurinhas?
Mas ele me devolveu todas e me ensinou a ser mais humilde. Tomei minha
primeira lição de moral entre os 8/9 anos de idade.
Álbum de Figurinhas era o nosso video-game.
O jogo do gol de placa no Maracanã – 1961
Leiam o texto fiel da narrativa do gol de placa de Pelé acontecido no Maracanã. ( jornal o Globo )
…….O tempo passa, 40 minutos do primeiro tempo. Bola com Gilmar que descarrega a bola para a lateral. Recebe Dalmo que entrega a Pelé que recua e vem receber a bola na sua intermediária, bem perto da área do golkiper Gilmar.
Pelé recebe e controla a bola e imprime velocidade e vai avançando desde a sua intermediária e alcança o campo tricolor, sempre vigiado e acossado por jogadores adversários . Vem sobre ele Pinheiro, Pelé se livra de Pinheiro e avança célere em busca da grande área tricolor. Dribla de passagem Clóvis e leva também de roldão Jair Marinho e numa estocada se vê diante de Castilho e toca fora do alcance do goleiro.
Alguns mais exaltados, afirmavam que aquele gol teria que valer por dois. De fato, o gol foi tão espetacular que arrancou aplausos de todos os torcedores que, de pé, esquecendo-se de suas paixões clubísticas e embora empunhando bandeiras tricolores, proporcionaram uma cena jamais vista no maracanã. Foram quase dois minutos de palmas, contados a relógio, enquanto Pelé desaparecia debaixo dos abraços dos companheiros.
Com relação ao jogo, podemos afirmar que torna-se cada vez mais difícil encontrar adjetivos para traduzir o que está jogando a equipe do Santos. No mínimo, teríamos que repetir o chavão, frisando que é verdadeira máquina. Máquina que se encontra bem ajustada, engrenada e azeitada, peças perfeitas e que se ajustam de forma incrível. Começaríamos por Pelé e Coutinho que, no futebol, repetem os fechos das histórias românticas: nasceram um para o outro. Quando uma parte, o outro sabe o que fazer, como se tivessem estudado as jogadas dentro da pensão onde moram, em Santos. Eles se juntam aos demais jogadores que forma um conjunto harmônico de futebol bonito, rápido e eficiente.
O Fluminense, antes de tudo, teve um comportamento técnico e disciplinar exemplar. Jogou bem, mas o Santos está numa forma esplendorosa. Um clube difícil de ser vencido. Castilho realizou milagres e se tornou uma das grandes figuras da partida.
Detalhes do jogo.
5 de março de 1961.
Competição: Torneio Rio São Paulo.
Fluminense 1 x Santos 3.
Gols de : Pelé. Pelé. Pepe e Jaburu.
Local: Maracanã.
Juiz: Olten Ayres d Abreu.
Renda: 2.685.317,00
Santos: Laércio. Fiotti. Mauro. Calver e Dalmo. Zito e Mengalvio (Nei). Dorval. Coutinho. Pelé e Pepe (Sormani).
Fluminense: Castilho. Jair Marinho. Pinheiro. Clovis (Paulo) e Altair. Edmilson e Paulinho. Telê Santana (Augusto). Valdo. Jaburu e Escurinho.
Pênalti – A falta máxima
Desde que William McCrum, um goleiro irlandês, sugeriu a criação do pênalti à Internacional Board, que definia as regras do futebol, sua cobrança tornou-se um ritual. Cada vez mais importante, é a única infração cuja execução se permite mesmo depois de esgotado o tempo regulamentar. Em compensação, os outros goleiros, colegas do inventor, nunca mais dormiram sossegados.
“O goleiro é mesmo um mero solitário. E a hora do pênalti é só mais um momento de solidão para quem treina separado e até os gols tem que comemorar sozinho” assume Zetti, campeão brasileiro pelo São Paulo.
Para muitos uma covardia, para outros algo tão especial que deveria ser chutado pelo presidente do clube, o pênalti faz cem anos provocando polêmica nestes tempos em que se pensa na mudança das regras para agilizar o jogo – “A marcação do pênalti deveria se limitar às bolas que vão na direção do gol. Muitos lances que acontecem na área não teriam necessidade de uma cobrança direta, a onze jardas, como ocorre.” – sugere Zetti.
Mas nem sempre foi assim. O pênalti nasceu para punir com mais rigor as faltas que acontecem perto do gol, onde a cobrança simples era impraticável. Às vezes, quando ele não existia, juntava-se um bolo de jogadores dos dois times e poucos centímetros da linha do gol, aonde a bola raramente chegava. Como aconteceu no último minuto de um jogo entre Notts County e Stoke City, pela Copa da Inglaterra, em 1891. O zagueiro Henry, do Notts, que já vencia de 1×0, evitou o gol de empate tirando com a mão uma bola na linha. A cobrança, a poucos centímetros da meta, deu em nada: o goleiro do Notts colocou-se na frente da bola, como a regra permitia, e defendeu com facilidade. Mas ficou claro que algo deveria mudar. E depois dessa confusão finalmente aprovou-se a proposta do penalty kick, numa reunião em Glasgow, na Escócia, no dia 2 de junho de 1891.
Os ingleses e a imprensa foram desde o início os inimigos número um da novidade. Enquanto os jornais da época chamavam-no ironicamente de “pena de morte para os goleiros” e de “idéia maluca dos irlandeses”, os ingleses, inventores do futebol, se ofendiam. Acreditavam que um jogo disputado só por cavalheiros não precisava de regras para punir tão severamente jogadas desleais – elas simplesmente não existiriam. Uma doce ilusão britânica, mas que tinha até algum fundamento naqueles românticos primeiros tempos do esporte, quando o cavalheirismo parecia mesmo falar mais alto.
O Corinthians Tean, da Inglaterra, por exemplo, recusava-se a sequer tentar defender as cobranças. Seus goleiros, reconhecendo na marcação um recurso ilícito para impedir o gol quase certo, ficavam encostados na trave, deixando o gol escancarado. E os adversários, em retribuição, eram mais educados ainda, jogando sempre a bola para fora, de propósito. Por isso resolveu-se dar um basta a essa troca de favores, mudando a regra para os goleiros em 1905. Até então, eles tinham o direito de se adiantar seis jardas da linha do gol, mas agora são obrigados a ficar em baixo das traves. Essa foi à única mudança nas regras em cem anos.
Momento único no futebol, a ponto de ser escolhido por Pelé como a melhor forma de imortalizar seu milésimo gol, a cobrança de um pênalti é uma emoção diferenciada. Polêmica desde o momento da marcação da falta até a hora de sua conclusão. O goleiro teria se mexido ? O cobrador chutou mesmo da melhor maneira ? Se o pênalti não tivesse marcado o resultado teria sido outro ? O goleiro Gilmar dos Santos Neves, se acostumou a isso. Teve uma carreira de 22 anos de solidão.
Fonte- Placar