Nos anos 40 e 50 a garotada colecionava as figurinhas de futebol que eram
confeccionadas pela A Americana. As balas Futebol não primavam pelo sabor,
mas ninguém estava interessado nisso. Seu consumo prendia-se apenas às
figurinhas de jogadores de futebol ocultas pela embalagem. Havia as
figurinhas fáceis e difíceis e uma especialmente difícil, a “carimbada”. Só
com esta podia-se completar os álbuns de figurinhas que dava direito aos
valiosos prêmios prometidos.
Mas vou falar do Álbum de Figurinhas da Quigol, editado em 1959. Os
jogadores eram colocados no centro de uma bola de futebol, lembram da bola
Drible de 1959, marrom?
Pois bem, neste álbum constavam os times do Rio e de São Paulo. Entre os
times figuravam alguns times “pequenos “e vou citar alguns jogadores da
Ferroviária de Araraquara que me vêm á mente. O goleiro era o Rosã, na
defesa tínhamos o Cardarelli, o Dirceu, o Porunga. No meio Dudu e Bazzani.
Na frente Peixinho, Faustino, Baiano e Beni. É o que lembro. Já os times
grandes é mais fácil para nos lembrar-mos. A gente olhava para as fotos dos
jogadores e ficávamos embevecidos.
Mas outra coisa que marcava era jogar figurinha, ou seja, jogar “bafa”. A
gente jogava contra um outro “ajuntador” de figurinhas. Colocavamos cada um
uma quantidade de figurinhas e aquele que virasse qualquer quantidade ,
levava. Só não podia virar a mão, pois tinha malandragem com o dedo polegar.
A coisa era assim: Antes de tirar o par ou impar para ver quem ia tentar
virar primeiro as figurinhas, falávamos: Mão-a-mão! Vai entender…..porque
mão-a-mão?
Para encerrar, eu tinha uma alentada quantidade de figurinhas, era bastante
e carregava numa caixa de sapatos, e todo orgulhoso andava procurando
“algum “jogador de bafa para ver se eu o rapelava. Encontrei um com apenas 1
figurinha. Olhei com desprezo para o menino e falei: Vamos jogar?
E não é que o menino me rapelou todo o meu pacote de figurinhas?
Mas ele me devolveu todas e me ensinou a ser mais humilde. Tomei minha
primeira lição de moral entre os 8/9 anos de idade.
Álbum de Figurinhas era o nosso video-game.
Grande Gilberto e suas recordações. Parece que vivemos no mesmo bairro e na mesma época.
Neste álbum haviam figurinhas carimbadas que eram difíceis e as assinadas, praticamente impossíveis que fechavam o álbum. No time da Ferroviária o Bazzani era carimbado e eu nunca consegui esta figurinha.
Que época memorável. Obrigado por nos remeter a ela.
Marcos Falcon