O Drama de Pedro Rocha

Meia clássico,o uruguaio Pedro Rocha passa há três anos por calvário que minou sua capacidade de movimentação e sua fala. Por esse motivo, este repórter não consegui acesso direto ao ex-jogador. Porém, os relatos de sua saúde são totalmente fidedignos, pois foram contados por pessoas que mudaram suas vidas em função do problema crônico do ídolo tricolor: sua esposa, Gladys Cuesta, a Mabel e seu filho Pedro Rocha Cuesta.

É em uma casa no bairro paulistano de Santo Amaro que vivem os três. O dia a dia da família uruguaia (com coração brasileiro), como afirma o filho – é no jargão futebolístico, uma decisão de campeonato. Pedro Rocha precisa de cuidados constantes. Tem dificuldade para andar,o que o relegou a precisar de uma cadeira de rodas para tomar banho e de ajuda para se expressar.”O coração e a memória estão bem. Ainda não há cura para a doença, mas os médicos estão buscando melhoras para um quadro ideal”, afirma Pedrinho, hoje com 43 anos.

Pedro Rocha tem 67 anos. Em 2008, surgiram os primeiros sintomas da atrofia no mesencéfalo, parte do cérebro responsável por coordenar junto a outra partes do órgão os movimentos do corpo e a fala. Foi aos poucos .Há três anos ele estava totalmente normal. Andava normalmente, dirigia mas notamos algumas situações em que ele começou a sentir descontrole para dirigir. Pensamos que era depressão, estresse, e começamos a consultar médicos.

É uma doença que vai jogando para baixo. Estamos vendo os resultados, conta o filho.

Desde então a vida da família mudou bastante. Dona Mabel, também com 67 anos, passou a viver para cuidar do marido. Pedrinho, ex-jogador do Palmeiras que não vingou e se tornou técnico, não pôde mais sair de São Paulo. Os demais filhos, Sandra 44 e Gonzalo 35 ,também estão sempre próximos do pai. O São Paulo custeia as necessidades médicas, que não são poucas, e oferece profissionais. Todos na esperança de ver o ex-camisa 10 da Celeste.

A LONGA EXCURSÃO DO TREZE-PB EM 1962.

O Treze de Campina Grande-PB realizou uma longa excursão de 20 jogos ao Norte e parte do Nordeste no ano de 1962. Foram 14 vitorias, 5 derrotas e 1 empate. Confira os jogos:

08/04/1962-Treze 1x 2 Rio Negro (AM)  Local: Manaus-AM
11/04/1962-Treze 1x 2 Sul América (AM)  – Local: Manaus-AM
15/04/1962-Treze 5x 1 Fast (AM)  – Local: Manaus-AM
16/04/1962-Treze 1x 0 São Francisco (PA) – Local: Santarém-PA
18/04/1962-Treze 6x 0 São Raimundo (PA)  – Local: Santarém-PA
20/04/1962-Treze 0x 0 América (PA)  – Local: Santarém-PA
22/04/1962-Treze 3x 2 Seleção de Castanhal (PA)  – Local: Santarém-PA
25/04/1962-Treze 1x 0 Combinado de Macapá (AP) – Local: Macapá-PA
28/04/1962-Treze 5x 1 C.E.A.(AP) – Local: Macapá-AP
29/04/1962-Treze 0x 1 Santana (AP)  – Local: Macapá-AP
01/05/1962-Treze 3x 1 Macapá (AP)  – Local: Macapá-AP
04/05/1962-Treze 3×2  Maranhão (MA)  – Local: São Luiz-MA
08/05/1962-Treze 2x 1 Moto Clube (MA)  – Local: São Luiz-MA
11/05/1962-Treze 0x 1 Sampaio Correa (MA)  – Local: São Luiz-MA
12/05/1962-Treze 3x 1 Piauí (PI)  – Local: Teresina-PI
13/05/1962-Treze 2x 3 Flamengo (PI)  – Local: Teresina-PI
19/05/1962-Treze 4×1  Fluminense (PI) – Local: Teresina-PI
20/05/1962-Treze 5x 2 Flamengo (PI)  – Local: Teresina-PI
23/05/1962-Treze 5x 3 Volante (CE)  – Local: Juazeiro-CE
27/05/1962-Treze 1x 0 Guarany (CE)  – Local: Juazeiro-CE

ARTIGO DA SEMANA NÚMERO 37/2010 ENCERRADO

 

As 23 maiores freguesias!!! – Edu Cacella. 10 votos
A fatídica excursão do Botafogo ao RS em 1932 – José Ricardo Almeida 8 votos

O primeiro clássico vovô de Sergipe – Julio Diogo. 7 votos

O drama de Pedro Rocha – Alexandre Martins. 6 votos

Nos Bastidores Do Departamento De Arbitros Do Rio, de Alexandre Martins. 3 votos

A padronização na escalação dos jogadores nos primórdios do futebol no Maranhão – Ramsses Silva 2

A longa excursão do Treze (PB) em 1962 – Ricardo Amaral. 2 voto

Excursão do Colo Colo (BA) em 1960 – Júlio Diogo 2 voto

 Bangu o único que jamais venceu, de Gilvanir Alves 1 voto
 O Corinthians em excursão por gramados gaúchos, de Jorge Costa 1 voto

Inauguração do campo do Engenho de Dentro A.C. de Jorge Costa 1
Clubes de Sergipe – Sport Clube Soxcialista de Julio Diogo 1

.

TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO DO SERGIPE DE FUTSAL – 1959

Em 1959 para comemorar o seu 50º aniversário, o CLUBE SPORTIVO SERGIPE de Aracaju organizou um torneio quadrangular, que teve no IATE CLUBE DE ARACAJU o seu campeão. Abaixo os dados da competição:

TORNEIO DO 50º ANIVERSÁRIO – 1959

Data: 18 de outubro de 1959
Local: Quadra do Iate Clube

1º JOGO – IATE CLUBE 5-1 VASCELBANK

2º JOGO – SERGIPE 2-1 A MODA

FINAL – IATE CLUBE 4-1 SERGIPE

EXCURSÃO DO MILIONÁRIOS A SERGIPE EM 1959

Em 1959 esteve na capital sergipana a equipe do Milionários do Rio de Janeiro, formada por ex-atletas profissionais cariocas. Disputou duas partidas amistosas, com os seguintes resultados:

MILIONÁRIOS 3-2 VASCO
Data: 15 de agosto de 1959
Local: Estádio de Aracaju
Juiz: Valdemar Meireles
Gols: Moacir Bueno (2) e Santo Cristo / Caboclo e Joel
Milionários: Neném; Mauro e Índio; Wilson, Neca e Medeiros; Jorge Cruz, Durval, Santo Cristo, Moacir Bueno e Esquerdinha.
Vasco: Leomar; Deda e Geraldão; Toinho, Wilson e Regis; Bispo, Caboclo (Joel), Cabo (Paulo), Sinho (Jaime) e Misso.

SELEÇÃO SERGIPANA 3-2 MILIONÁRIOS
Data: 16 de agosto de 1959
Local: Estádio de Aracaju
Juiz: Valdemar Meireles
Gols: Jorgival, Mamede e Luiz Manoel / Moacir Bueno e Jorge Cruz
Milionários: Neném; Mauro e Índio; Wilson (Velau), Neca e Medeiros; Jorge Cruz, Durval, Santo Cristo, Moacir Bueno e Esquerdinha.
Seleção Sergipana: Nivaldo; Regis e Delmar; Helenias, Agostinho e Tarati; Braz, Jorgival, Mamede (Luiz Manoel), Bia e Calango (Daruanda).

O PRIMEIRO CLÁSSICO VOVÔ DE SERGIPE

Interessanta matéria publicada na Gazeta de Sergipe no ano de 1963 de autoria do Prof. Tito sobre a primeira partida entre Cotinguiba e Sergipe. Este clássico é apelidado de “clássico vovô” por serem as equipes mais antigas e tradicionais do futebol sergipano:

“Naquele longinquo ano de 1916, desportistas como Godofredo Menezes, Constancio Vieira, Alexandre Polto, Clemente Freitas, Lauro Souza, Josué e muitos outros, ainda em plena flor da juventude, contribuíram decisivamente para que Cotinguiba e Sergipe que só praticavam o remo adotassem o futebol.
E duarnte alguns meses, num campinho improvisado na Praça Pinheiro Machado, os jogadores de Cotinguiba e Sergipe, reunidos indistintamente, realizaram treinos e mais treinos para adestrarem a pratica do futebol, que naquela época ainda era pouco conhecido entre nós.
Juntos, ou seja num combinado Sergipe-Cotinguiba jogaram pela primeira vez “prá valer” contra o Sergipe F.C. (atual E.C. Propriá) que já era na época, veterano deste esporte. Saíram vencedores os aracajuanos por 4×0 e ganharam com isto um valiosíssimo troféu, oferecido pela firma comercial “Ao Preço Fixo”.
Porém finda as comemorações pela estrondosa vitória, surgia o impasse: A quem pertenceria o rico troféu ? Teremos que nos separar para decidir com quem fica a taça, concluíram os atletas.
E assim foi feito. Cada clube encomendou seus uniforme e os preparativos eram cada vez mais intensos para o primiro encontro futebolístico, que foi marcado para o dia 10 de dezembro de 1919.
Abaixo a ficha técnica desta partida histórica entre estes dois grandes rivais do futebol sergipano:

SERGIPE 3-2 COTINGUIBA
Data: 10 de dezembro de 1919
Local: Praça Pinheiro Machado, em Aracaju / SE
Juiz: Edgar Magalhães
Gols: Roque (2) e Clóvis (contra) / Godofredo (2)
Sergipe: Alonso; Cravo e Oliveira; Constancio Viera, Lauro e Rolinha; Josué, Vitor, Moraes, Roque e Mendes.
Cotinguiba: Alexandre; Alberto e Travassos; Bessa, Godofredo e Eduardo; Clóvis, Nelson, Chaves, Valdemar e Paulo.

Aí está amigos a história do primeiro jogo Sergipe x Cotinguiba, o “vovô” dos clássicos do futebol sergipano.”

Sampaio Corrêa – a eterna indecisão na base

imagesCA2TYAY2

José de Oliveira Ramos (adaptação: Ramssés de Souza Silva)
Contra a importação de “craques”
O soccer maranhense tinha progredido, lamentando-se apenas a mania que tomava vulto da importação desenfreada de “craques” de outros centros, em detrimento dos nossos jogadores. Isso era um desestímulo ao processo de preparação de bons valores, um desprezo à “safra”. Luso e F.A.C. cada dia mais se reforçavam com as importações, trazendo atletas do Amazonas, Pará e outros centros mais desenvolvidos. A importação, como ainda hoje acontece, não obedecia a uma necessidade premente, dentro de uma programação cuidadosamente feita. Era o mesmo ímpeto de hoje: contratar sempre. Pouco havia a preocupação de entremear-se o atleta importado com os nossos nativos.

(ESPORTE – Um mergulho no tempo – Página 463 – Dejard Ramos Martins – Livro editado em 1989)
Fundado no dia 25 de março de 1923 – 86 anos completados – o Sampaio Corrêa Futebol Clube era o representante maranhense no Campeonato Brasileiro da Série C em 2008, programado para ser iniciado no dia 24 de maio, diante do Paysandu, no estádio Mangueirão (ou seria na Curuzu?) em Belém.
Isto, no aspecto chamado profissional, onde o time vivia às turras para conquistar o primeiro turno do Estadual- tarefa nada fácil, como foi demonstrada, haja vista que, dos 9 pontos disputados o time conquistou apenas 4.
O site oficial do clube divulgava o planejamento traçado, acreditava-se na gestão, onde estava destacado o interesse na ascendência para a Série B do Campeonato Brasileiro no ano de 2009. A pouco mais de um mês para a estréia na competição nacional, percebia-se que ainda existe uma nuvem escura “demorando a passar” sobre as hostes do Tricolor de São Pantaleão. O time estava sem treinador. Isto se considerarmos que Arlindo Azevedo foi contratado para comandar a parte física e atlética do clube.
Pela formação que entrou em campo já sob o comando interino de Arlindo (Rodrigo Ramos; Ricardo Feltre, Robinho, Johildo e Almir; Tica, Cristiano, Marcinho e Juninho; Tico Mineiro e Tiago Miracema) e principalmente em função do resultado obtido (1 a 1) o Sampaio Corrêa teria fatalmente muitas dificuldades para ascender à Série B. Dessa formação, o zagueiro Robinho não “era mais” titular. Essa posição pertencia a Leandro.
Quem observar bem vê que, Rodrigo Ramos, Leandro, Almir, Cristiano, Tico Mineiro e Tiago Miracema não são maranhenses. São seis jogadores “oriundi” e esse número foi ainda aumentado para as disputas da competição nacional. E é neste ponto que pretendíamos chegar. Abordar o assunto da formação do elenco profissional, quase sempre com jogadores provenientes de outros estados. Desse elenco quase não fez parte algum jogador maranhense. E por quê? Porque nenhum é trabalhado de forma adequada, como exige o atual futebol.
O Sampaio Corrêa sempre foi assim. É cultural. Quem lembra da formação do time campeão brasileiro de 1972 e de 1997? Pois aí vai. Depois de empate em 1 a 1 no tempo normal diante do Campinense da Paraíba, o tricolor conquistou a vitória por 5 a 4 na cobrança de penalidades, através do zagueiro Neguinho (frise-se, zagueiro “maranhense”). O time realizou 17 jogos, conquistou 8 vitórias, 4 empates e sofreu 5 derrotas. Conquistou 22 pontos. Marcou 19 gols e sofreu 8. Pelezinho foi o artilheiro do time com 8 gols marcados. O time: Jurandir; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdecir Lima; Gojoba, Djalma Campos e Edmilson Leite; Lima, Pelezinho e Jaldemir. Desses, eram maranhenses Célio Rodrigues, Neguinho, Gojoba, Djalma Campos e Pelezinho.
Em 1997 não foi diferente. Com um time comandado pelo técnico Pinho formando com Geraldo; Erly, Gelásio, Ney e Lélis; Luís Almeida, Renato Carioca, Ricardo (Edmilson) e Adãozinho; Jô (Cal) e Marcelo Baron. No time titular não havia sequer um jogador nascido no Maranhão. Foi campeão invicto. O que ficou para o patrimônio? Só a conquista e, certamente, os prejuízos financeiros.
Mas esse último detalhe só serve para confirmar a cultura “boliviana” de não dar o devido e necessário valor ao jogador nativo. É bem verdade que, em 1972, entre os cinco maranhenses do time (Célio Rodrigues, Neguinho, Gojoba, Djalma Campos e Pelezinho), Gojoba e Pelezinho já estavam na curva descendente, depois de alcançarem sucesso no Sport Recife e na seleção brasileira. Célio Rodrigues, Neguinho e Djalma Campos não eram mais tão jovens.
Atualmente, entretanto, em que pese constar do planejamento (e, pelo visto, isto consta apenas do planejamento mesmo e fica muito distante da prática) no seu item 2 (Gestão Futebol Profissional) que prevê “Valorizar os atletas maranhenses (Prata da Casa), adotando políticas de investimento, oferecendo condições de trabalho, para que no futuro o clube possa contar com o seu patrimônio (atleta) e contar com um elenco de atletas genuinamente maranhenses e com o retorno do investimento garantido.” Ou ainda no item 3 (Categoria de Base) que pretende ” – Aprimorar as instalações do CT com criação de alojamentos e vestiários; – Criar o Departamento de Capacitação de Talentos; – Criar Núcleo/Escolinhas na Grande São Luís em áreas adequadas e Pólos em Municípios do Estado, em regime de parcerias, visando também o social com incremento ainda mais as atividades esportivas; – Criar a Escolinha de Futebol Feminino, investindo nessa categoria, objetivando o fortalecimento dessa equipe para disputas de torneios e competições oficiais, haja vista a projeção nacional que essa modalidade tem proporcionado; – Fomentar a participação das Equipes de Base em torneios nacionais e internacionais dando mais experiência aos futuros craques; – Intensificar a política de investir em treinadores e jovens atletas para fortalecer o clube como um todo; – Mantendo o trabalho ascendente em todas as categorias promovendo ações junto aos atletas de base, preparando-os para chegarem ao time profissional prontos para atuar.” – o certo é que o Sampaio Corrêa não consegue sair do papel. Não sai do planejamento e, tanto isso é verdade que, tão logo conclui-se o primeiro turno do campeonato estadual, dirigentes e funcionários do clube viajam procurando contratar reforços para as disputas do Campeonato Brasileiro.
Estranho de tudo isso é que, oficialmente, ninguém sabe do fim ou da continuidade da parceria com o CEFAMA. Até onde se sabe – em que pese constar do Planejamento a construção de espaços e estrutura para o Trabalho de Base, o Sampaio Corrêa continua usando as dependências do CEFAMA, na Maiobinha em que pese a existência de uma área absurdamente grande no Turu. Não existe nenhuma “capacitação de profissionais” para o tal Departamento de Capacitação de Talentos e ninguém sabe da criação de “Núcleos” em São Luís ou em qualquer município do interior do Estado.
O que se sabe, entretanto, é que, num passado que não está muito distante, sem qualquer condição de trabalho e vivendo exclusivamente do empirismo, o ex-funcionário (???) Gil Babaçu – literalmente carregando um saco de material nas costas -, sem qualquer tipo de formação científica e sem um milímetro de apoio, fez surgir Wamberto (embora esse tenha sido adquirido junto ao extinto Ferroviário), William, Toninho, Izaías, Douglas, Donizete, Ronilson, Raí, Roy, Rubenilson, Hamilton Gomes e pelo menos mais de cinco dezenas de jogadores que, apesar das deficiências e da ausência de trabalho qualificado, andaram defendendo a camisa do Sampaio Corrêa com muita garra.
Era o “encarnado” que valorizava as cores da camisa tricolor.
Afirma-se, portanto, que é cultural em qualquer dirigente do Sampaio Corrêa, o “ato de contratar” e contratar sempre e sem qualquer justificativa, como disse na janela na abertura desta matéria, o falecido “boliviano” Dejard Ramos Martins. Parece que formar a base para, a partir daí formar também patrimônio, não é preocupação “boliviana” que exista além do papel e do Planejamento.
Djalma Campos, Rosclin, Luís Carlos, Ivanildo, Paulo Lifor, Bimbinha, Izaías, Ronilson sempre foram mais jogadores do que Fernando Carlos, Lima, Roberto Barra Limpa, Sabará, Dadá, Massaude, Marcelo Baron. Sabem por que? Porque lhes corre nas veias o sangue maranhense.

FONTE:
Sampaio Corrêa – eterna indecisão na base (José de Oliveira Ramos – Jornal Pequeno on line, 8 de abril de 2009)
http://www.jornalpequeno.com.br/2009/4/8/Pagina104249.htm

A padronização na escalação dos jogadores nos primórdios do futebol no Maranhão

O futebol no Maranhão, assim como em outros lugares do país, teve seu início vinculado às elites locais e, portanto, de acesso restrito e segregador. Um esporte de cunho tão nobre quanto este, praticado por homens considerados verdadeiros cavalheiros, exigia certo padrão nos nomes dos atletas, e esta influência é notadamente estrangeira, nos quais se sobressaíam os sobrenomes, mas não estranha aos brasileiros, já que este também foi um legado de nossa colonização portuguesa, a exemplo dos nomes dos intelectuais e políticos a seguir: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Castro Alves, Deodoro da Fonseca, Machado de Assis, Nina Rodrigues, Campos Sales, Rodrigues Alves, Coelho Netto, Paula Ney, Lima Barreto, Medeiros e Albuquerque, Cruz e Souza, Araújo Porto Alegre, Barbosa de Godóis, Gomes de Sousa, Monteiro Lobato, Veiga Miranda, Oliveira Lima, entre outros. No futebol local isto ocorria, mas a forma como eram nominados os atletas deixa clara a forte influência britânica. Basta ver algumas das interessantes escalações dos primeiros tempos, como as destas equipes do FAC (Fabril Athletic Club) e do Maranhense FC (1910):

TEAM “A”
J. Mário, F. Machado, A. Gandra, F. Campos, A. Santos, J. Gomes, A. Faria, T. Downey, C. Reade, A. Figueiredo.
Capitain – J. Gomes.

TEAM “B”
A. Lima, B. Queiroz, M. A. Santos, A. Vieira, José Ferreira, D. Rodrigues, J. Santos, sobrinho, L. Mello, J. S. Soldatt e C. E. Clissold.
Capitain – C. E. Clissold.

Também na composição de times pequenos, como o União S. Club, a tônica ainda predominava: “J. Marinho, J. Meireles, Bilio, Hilton, Francisco, Custodio, F. Guimarães, Edgar, C. Martins, Carlos B. e J. Gomes. Rezervas: A. Valente e H. Gomes” [sic].
O FAC, o mais influente clube de futebol da época, foi o responsável por uma mudança de iniciativa na padronização das escalações, modificando essa desnecessária rigidez e permitindo o uso de nomes mais simples (Reinaldo, Cláudio, Euclides, Quincas) e até apelidos (Totó, Cutuba, Coroca), e isto deve ser datado a partir de 1916, como nestas escalações dos times internos do clube:

Os teams estão organizados da seguinte forma: – Black & White – Tavares (goal-keeper); Leite e Totó (full backs); Reinaldo, Claudio e Ferreira (half backs); Schloback, Fritz, Lebre, Anequim e Euclides (forwards). – Red & White – Avefar (goal-keeper); Cutuba e Lisboa (full backs); Borjes, Paiva e Quincas (half backs); Novas, Galas, Coroca, Bessa e Travasso (forwards) [sic].

Uma semana depois da partida citada, no jogo interno do FAC, já entre os teams White x Blue, a escalação do primeiro foi a seguinte: Torquatinho, Moleiro, Bananinha, Girafa, Cabo Zé, Camorim, Paraguai, Acari, Coutinho, Sepetiba e Terereca. Daí em diante, a nomenclatura dos atletas não mais se modificou, prevalecendo a utilização dos prenomes e apelidos.
Curiosamente, as funções dos jogadores, os lances da partida, a terminologia do campo, as bolas, os gols, tudo ainda continuava sendo expresso à inglesa, rigorosamente, criando um ambiente que relembrava as origens modernas do foot-ball. E isso perdurou ainda por muito tempo nos gramados do Maranhão.
De 1907 a 1930, o que se via nos jornais, não apenas na Pacotilha (uma das maiores referências jornalísticas do início do futebol maranhense), é um desfilar de palavras em inglês. Até durante as partidas, carinhosamente chamadas de matchs, era possível ouvir as pessoas gritando “hip, hip, hurrah!”, e outras expressões, como no jogo FAC 3×4 Tiradentes (navio), quando a torcida não parou de gritar no velho e bom idioma bretão, como relatam os periódicos da época.
Como é de se imaginar, isso tudo devia soar muito estranhamente aos ouvidos dos que integravam as camadas mais populares, assim como o próprio futebol em si, então um esporte novo, mas de acesso restrito aos cavalheiros de “boa estirpe”, caso também estivessem em dia com suas mensalidades nos clubes onde eram sócios…

FONTE:
Claunísio Amorim Carvalho
“Terra, grama e paralelepípedos (os primeiros tempos do futebol em São Luís: 1906-1930)”, Ed. Café & Lápis, São Luís, 2009.