Arquivo da categoria: Curiosidades

João de Barros Football Club – Recife (PE): Fundado em 1914

O João de Barros Football Club foi precursor do América Futebol Clube da cidade do Recife (PE). Fundado no domingo, do dia 12 de Abril de 1914, como João de Barros Football Club, por esportistas recifenses, liderados pela família Accioly, juntamente com Ubirajara Correia; José Reis e Silva; Ayres Valente.

Assim ficou constituída a Primeira Diretoria:

Presidente               –           Aristheu Accioly Lins(reserva no time de 1914);

1º Secretário           –           Luiz Accioly Lins (que também era centroavante do time de 1914);

2º Secretário           –           Ubirajara Correia;

Tesoureiro               –           José Accioly Lins;

Diretor de Sports   –           José Reis e Silva;

Vice-Diretor             –           Ayres Valente (reserva no time de 1914);

A principio, a escolha do nome foi uma homenagem a Estrada João de Barros, local no qual ficava a casa de Aristheu Accioly Lins, onde o grupo se reuniu para fundar a nova agremiação.

Seu campo ficava na Campina do Derby (propriedade da prefeitura do Recife), enquanto a sua sede ficava na Estrada de João de Barros, 19, no Bairro da Bôa Vista, no Recife.

O João de Barros FC foi um dos fundadores da Liga Sportiva Pernambucana (LSP), no início de 1915, e foi a agremiação ativa no intuito de organizar o 1º Campeonato Pernambucano, naquele ano.

Ao contrário do que se diz, João de Barros FC realizou diversos amistosos. O 1º clássico foi diante do Santa Cruz FC, em amistoso, no domingo, do dia 23 de Maio de 1915. No final, empate em 1 a 1.

BELFORD DUARTE: O RESPONSÁVEL PELA MUDANÇA DO NOME

O nome João de Barros Football Club durou exatos 1 ano, quatro meses e 10 dias, quando em 22 de Agosto de 1915 alterou para América Futebol Clube a pedido do desportista Belfort Duarte, ligado ao América do Rio, que viera ao Recife buscar apoio para a fundação da Federação Nacional de Esportes, antecessora da antiga CBD.

Em visita a Pernambuco em agosto de 1915, Belfort Duarte, um dos símbolos do futebol brasileiro, recebeu uma homenagem do João de Barros Football Club. Na tarde de 22 de agosto, Belfort Duarte foi distinguido como capitão honorário do clube e mudou o nome do clube para América Futebol Clube, em homenagem ao seu clube de coração: o América Football Club do Rio de Janeiro.

Foto posada do time do América-RJ, em 1913

A Assembleia foi presidida por Alexandre Reis e Silva, que propôs a mudança do nome, que foi aceita por unanimidade. Outra votação que não teve um voto contra, foi a aclamação de Belfort Duarte, como o “Capitão Honorário do 1º Time” do América Futebol Clube.

 “Comunico-vos que em Assembleia Geral (ocorrido a partir das 12 horas) do João de Barros Futebol Clube, reunida no dia 22 de agosto de 1915 deliberou a mudança de nome daquela sociedade que ficou denominada ‘América Futebol Clube’, convicto que esta deliberação em nada mudará as atenções dispensadas ao nosso antigo João de Barros Football Club e espero a continuação das mesmas ao América Futebol Clube(Carta de Belfort Duarte enviada a imprensa).

Time-base de 1914: H. Miranda; Maximinio e Nequinho; L. Almeida, Moreirinha e Dedé; Sylvio, M. Jacome, Ventura, Luiz Accioly e M. Araujo.

Time-base de 1915: C. Rocha; B. Burlini e Octavio Oliveira; Lincor Costa, Arruda (J. Pessoa) e J. Novaes; Tasso, Zeca, Eduardo Lemos, C. Campos e Lucillo.

Após a mudança de nome, o América Futebol Clube fez o seu primeiro jogo, contra o Colligação Sportiva Recifense, no domingo, do dia 29 de agosto de 1915, às 16hs, no campo do Derby. No final, o América iniciou a nova era com o pé direito, vencendo pelo placar de 1 a 0, gol de Arruda aos 7 minutos da etapa final.

 

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco – Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco

Centro Sportivo Pernambucano – Recife (PE): Fundado em 1925

O Centro Sportivo Pernambucano foi uma agremiação de vida efêmera da cidade do Recife (PE). O ‘Tricolor de Santo Amaro’ (azul, preto e branco) foi Fundado na sábado, do dia 24 de Janeiro de 1925, por esportistas do bairro, liderados por Olegário Brasileiro, José Julio da Cunha, Luiz Ferreira, Cecílio José Rodrigues, José Magalhães, Alfredo Silva, José dos Santos e Amaro Damasceno, que também foi seu 1º presidente.

A sua sede ficava localizada na Rua Luiz do Rego, 314, no Bairro de Santo Amaro, no Recife. Já o seu Estádio do Catão ficava em outro bairro: Água Fria. Na sua primeira e única participação no Campeonato Pernambucano da 1ª Divisão, em 1926, organizado pela Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT), o Centro Sportivo Pernambucano terminou na 6ª colocação, num total de oito clubes. Ao todo, foram 11 jogos, com três vitórias, um empate e sete derrotas; marcando 10, sofrendo 23 e um saldo negativo de 12.

Time-base de 1926: Armando; Renato (Abel) e Faustino; Pedrinho (Álvaro), Ancelmo e José; Doya (Gato), Costa Zilo, Bellarmino, Danzi (Capitão), Braz (Sigismundo).

CURIOSIDADE

Na prática, das três vitórias, duas (contra o Sport Recife e Flamengo) foram por W.O. O único triunfo dentro das quatro linhas, foi diante do Equador Football Club, no domingo, do dia 26 de Setembro de 1926, quando o Sportivo Pernambucano goleou por 4 a 0, no Estádio dos Aflitos.

 

Os onze resultados foram os seguintes:

02/05/26        Torre SC                   2          x          0          CS Pernambucano

16/05/26        Santa Cruz               2          x          0          CS Pernambucano

30/05/26        Flamengo (RE)        2          x          1          CS Pernambucano

13/06/26        Náutico                      3          x          0          CS Pernambucano

11/07/26        CS Pernambucano 1          x          2          Torre SC

18/07/26        América-PE              6          x          4          CS Pernambucano

19/09/26        CS Pernambucano             W.O                Sport Recife

26/09/26        CS Pernambucano 4         x          0          Equador-PE

31/10/26        CS Pernambucano 0          x          0          Santa Cruz

28/11/26        CS Pernambucano 0          x          6          Náutico

19/12/26        CS Pernambucano             W.O                Flamengo-RE

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco – Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco – Rsssf Brasil

Farroupilha Esporte Clube – Recife (PE): Década de 1930

O outro time homônimo foi o Farroupilha Esporte Clube, que foi uma agremiação da cidade do Recife (PE). O Tricolor foi Fundado no início dos anos 30, a sua Sede ficava localizada na Rua de São João, s/n, no Bairro de Campo Grande, no Recife.  O seu campo ficava no Bairro do Arruda.

Assim como o outro xará, também contava com categoria de base. Mas nesse caso, com destaque. Em 1944, a campanha foi destacada, chegando ao ponto do Diário de Pernambucano dar uma matéria abordando tal campanha.

Aproveitando a boa base, o Farroupilha resolveu dar voos mais altos e no ano seguinte, em 1945, disputou o Campeonato da Segunda Divisão, terminando na 5ª colocação.

 

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco

Farroupilha Football Club do Pina – Recife (PE): Anos 30

Na década de 30, dois times chamados Farroupilha nasceram no futebol recifense. O Farroupilha Football Club do Pina foi uma agremiação da cidade do Recife (PE).O clube da Cruz de Malta Recifense surgiu na década de 30, por portugueses, como Joaquim Faria Neves, que depois  foi o 1º presidente do clube. A sua Sede ficava localizada na Rua do Jasmin, 141, no Bairro do Pina, no Recife.

Apesar de ser um clube modesto, era figurinha carimbada nos finais de semana, enfrentando as principais forças da elite pernambucana, dos times suburbanos e também realizou algumas excursões para outros municípios. Além do time adulto, o clube contava com equipes juvenis e infantis.

Time-base de 1937: Alvy; Rodovalho e Nelito; Lourival, Neco (Cap.) e Deus; Pequeno, Luiz, Linha, Bebé e Sebastião.

 

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco

Santa Maria Athletico Club & Centro Athletico Pernambucano – Recife (PE) Fundados em 1906 e 1935, respectivamente

Nessa extensa pesquisa pelos periódicos de Pernambuco, não consegui encontrar todos os times abordados pelos jornais. Então, vou deixar aqui dados de duas equipes para que alguém os encontrem numa futura pesquisa.

O Centro Athletico Pernambucano foi uma agremiação da cidade do Recife (PE). O Rubro-negro foi Fundado no dia 15 de Novembro de 1935. A sua Sede ficava na Rua Coronel Suassuna, 808, em Santo Amaro, no Recife.

Time-base de 1936: Neco; Picareta e Sidinho; Jayme, Paesinho e Furlan; Alcides, Bermudes, Operário, Quetreco e Calço.

 

Outra equipe com dados foi Santa Maria Athletico Club da cidade do Recife (PE). O time ‘Sertanejo’ foi Fundado em 1906. A sua Sede ficava na Villa. O Santa Maria estreou no Campeonato Suburbano em 1938.

Time-base de 1938: Evilásio; Dinamerico e Queiroz; Chico, Naercio e Beringa; Octavio, Santosinho, Cláudio, Emygdio e Teté.

 

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco

Paulista Football Club – Olinda (PE): Fundado em 1915

O Paulista Football Club foi uma agremiação da cidade de Olinda (PE). O Aurianil foi Fundado no dia 08 de Março de 1915,  por funcionários da CTP (Companhia de Tecidos Paulista), liderados pelos Coroneis Frederico Lundgren e Arthur Lundgren. Além de proprietário da fábrica, Frederico Lundgren era também presidente do clube.  As cores do clube (amarelo e azul) foi uma homenagem a Suécia, terra da família de Lundgren.

A sua Sede ficava localizada na Vila do Paulista, s/n, no Bairro do Paulista, em Olinda. Já o seu Estádio (Campo da CTP) era murado e com capacidade para 1.500 pessoas. No mesmo ano da sua fundação, o Paulista disputou o Campeonato da Segunda Divisão, organizado pela Liga Sportiva Pernambucana (LSP).

Time-base de 1915: A. Guimarães; Fred Yats (D. Anderson) e Lhi Wakefield; J. Narciso (E. Barton), Holding (J. Leeck) e D. Maia (R. Leech); A. Narciso, Thon, W. Concill (J. Holding), S. Dennerley e O. Guimarães.

Em 1916 e 1917, o Paulista fez as suas duas únicas participações no Campeonato Pernambucano da 1ª Divisão. Na sua estreia, a equipe Aurianil fez uma campanha modesta, terminando na 7ª colocação (foram seis jogos, com duas vitórias e quatro derrotas; marcando nove e sofrendo 17, saldo negativo de oito). As suas duas vitórias foi em cima da Casa Forte FC por 7 a 0 (07 de maio de 1916) e 2 a 1 (07 de setembro de 1916).

Time-base de 1916: Leeck; Pereira (Arthur) e Romeu (Chalmers); Fernando, Barton (F. Yates) e Hermogenes; Oswaldo (M. Vianna), Pires (Burton), Gregory, Baretto e J. Leech (Nelsino).

 Na segunda e última participação, o Paulista foi goleado pelo Sport Recife por 4 a 1 (08 de abril de 1917) e depois caiu diante do Náutico por 3 a 2 (10 de junho de 1917). No seu terceiro jogo diante do Casa Forte FC, não compareceu e perdeu por W.O. A partir daí o clube desistiu da competição para nunca mais retornar.

Time-base de 1917: Paulo; Oswaldo e Chalmcrs; Anagan, Novaes e Barton; Baptista, Pedro, Ziezing, Barreto e Waldemar.

 PS: Importante entender que Paulista era um mero bairro da cidade de Olinda até 1935, quando se emancipou e virou um Município. Paulista fica a 17 km da capital pernambucana, e, atualmente,  possui uma população de 319.769 habitantes, segundo o censo do IBGE de 2014.

 

FONTES: Jornal de Recife – A Província – Diário de Pernambuco – Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco

Primeiro jogo entre Rio Negro x Nacional, em 1914: O Clássico mais Antigo do Norte do Brasil

Na maioria dos Estados brasileiros há os grandes clássicos como: Inter e Grêmio (RS); Atlético e Cruzeiro (MG); Bahia e Vitória (BA); Paysandu e Club do Remo (PA); Moto Club e Sampaio Correa (MA) e por aí vai. No Amazonas, a maior rivalidade futebolística da história é entre Nacional e Rio Negro.

Um clássico centenário, ambos o clubes nasceram no mesmo ano: 1913, com uma diferença de 10 meses de um para outro. Antes do surgimento dos dois clubes, as principais rivalidades em Manaus eram entre as equipes do Racing, Brasil e Manáos Athletic. Com o desaparecimento desses clubes,o caminho ficou aberto para nacionalinos e rio-negrinos se consolidarem e se perpetuarem na hegemonia do futebol amazonense até os dias atuais.

 

CONFRONTOS                                                                                               

Nacional e Rio Negro se enfrentaram mais de 250 vezes e os nacionalinos ainda tem uma boa vantagem sobre seu rival no número de vitórias. Os dois clubes chegaram a colocar mais de 40 mil pessoas no Estádio Vivaldão em dia de clássico.

No dia de um”Rio-Nal“a cidade de Manaus praticamente parava. O clássico baré viveu seu auge nas décadas de 60, 70 e 80, quando os dois times estavam na 1ª Divisão do Brasileiro e contavam com excelentes jogadores. Entre eles, Campos e Gilmar Popoca (que jogaram na seleção brasileira).

 

Time do Nacional de 1913

DA ASCENSÃO A DECADÊNCIA

Hoje, as novas gerações de amazonenses desconhecem essa rivalidade e não fazem ideia do que esse duelo representou para a história esportiva do Amazonas. Devido á situação de decadência que ainda perdura em nosso futebol, o “Rio-Nal” hoje não ultrapassa um público de 2 mil pessoas.

No passado, tanto Rio Negro e Nacional como Paysandu e Remo, eram os maiores clássicos do norte do Brasil. A rivalidade era tanta que o Rio Negro passou o período de 1945 a 1960 afastado do futebol, em protesto contra o Nacional que era acusado pelos rivais de armarem um complô entre a Federação Amazonense e o Tribunal de Justiça, para prejudicar o Rio Negro.

 

2º CLÁSSICO MAIS ANTIGO DO NORTE E NORDESTE

O tradicional “Rio-Nal” é o clássico de futebol mais antigo do norte do  Brasil e o segundo mais antigo de todo o norte e nordeste, só perdendo para o duelo entre Sport e Náutico de Pernambuco.

Equipe do Rio Negro de 1918

 

PRIMEIRO JOGO DO CLÁSSICO ‘RIO-NAL’

O primeiro jogo entre os aguerridos rivais aconteceu no ano de 1914. A partida foi válida pelo Campeonato Amazonense daquele ano. O Nacional já era uma equipe calejada e experiente com bons atletas como o goleiro Craveiro, Paiva, Cícero Costa, Cazuza e outros. Já o Rio Negro ainda contava com jogadores inexperientes, mas aguerridos e esforçados, uma vez que ainda eram em sua maioria adolescentes. Os principais destaques eram Pudico, Anízio e Lobão.

O Nacional vinha de uma vitória de 2 a 1, na estreia, frente ao seu maior rival, o Manáos Athletic. Já o Rio Negro vinha de uma derrota para o Manáos Sporting. Ambas as equipes buscavam a vitória para superar ou igualar-se aos perigosos ingleses. O jogo foi marcado para o dia 1º de março de 1914, com arbitragem do inglês Burnett. Os dois times compareceram no Bosque, naquela tarde de domingo, com a seguinte escalação:

NACIONAL: Craveiro; Silva e Adail;  Authberto, Laiza e Cyriaco; Santos Linhares, Paulo Mello, Cícero Costa, Cazuza e Paiva.

RIO NEGRO: Ércio; Marinho e Washington; Basílio, Mendes e Lobão; Pudico, Anízio, Peres, Cyrillo e Oliveira.

 

É bom lembrar que naquele ano ainda não havia acendido a chama da rivalidade entre Nacional e Rio Negro, devido ao fato dos rio-negrinos ainda ser uma equipe nova e pouco competitiva. Na verdade, o  clube ainda se encontrava á sombra do principal clássico daquele período: Nacional e Manáos Athletic.

Eram 16 e 15 da tarde quando nacionalinos e rio-negrinos começaram a peleja. O clima estava bem frio e as arquibancadas do Bosque estavam lotadas. O Nacional com seu uniforme branco, com a estrela azul estampada do lado esquerdo do peito. O Rio Negro com seu uniforme todo preto. Logo aos 12 minutos Cícero, com um violento chute, abre a contagem para o Nacional. Um pouco depois,é a vez de Paulo Mello, também com um forte chute, marcar o segundo gol nacionalino.

O Nacional pressiona, mas a zaga rio-negrina consegue rebater diversas vezes o ataque inimigo. Até que, altando 5 minutos para findar a etapa inicial, Cícero novamente assinala, marcando o terceiro gol.  E assim terminou o 1º tempo com o placar de 3 a 0 favorável ao Nacional. Tem inicio o 2º tempo. Logo aos 5 minutos, Cícero marca o quarto gol de sua equipe. Depois, é a vez de Paulo Mello assinalar o quinto e sexto gols. Cícero (2 vezes) e Cazuza, davam pontos finais ao jogo que terminou ás 17 e 40 da tarde com o placar final: NACIONAL 9 X 0 RIO NEGRO {gols de Cicero Costa(cinco vezes), Paulo Mello (três) e Cazuza uma vez}.

O JOGO DO RETURNO: NOVO MASSACRE

Era chegado o momento das duas equipes se reencontrarem em partida do returno do campeonato. O Rio Negro vinha de uma  vitória contra o Vasco pretendia vencer o Nacional para melhorar sua colocação na tabela e, quem sabe, entrar na disputa pelo título.

Já para os nacionalinos só a vitória interessava para assim se distanciar do Athletic que estava na sua cola. Muitos já previam que o Nacional ganharia novamente de goleada. O jogo realizou-se no dia 19 de abril de 1914 e teve como juiz o inglês George Fenton. Os times foram os seguintes.

RIO NEGRO: Arthur; Peres e Joca; Oliveira, Marinho e Campos; Azevedo,Gonzaga, Cyrillo, Pudico e Anízio.

NACIONAL: Craveiro; Ernesto e Adail;  Hermes, Laiza e Authberto; Santos Linhares, Paulo Mello, Cícero Costa, Cazuza e Paiva.

 

CURIOSIDADE

Apesar de estar escalado, Pudico não participou do jogo (não se sabe o motivo), o que enfraqueceu mais ainda o Rio Negro pois ele era o principal jogador de sua equipe e artilheiro. Definido os times,um inesperado problema complicou ainda mais o Rio Negro. A equipe apresentou-se em campo com apenas 9 jogadores, pois os outros dois haviam desaparecido.

Mesmo assim, o jogo teve início. O Rio Negro jogou o 1º tempo heroicamente. Mesmo em desvantagem numérica, conseguiu resistir ás investidas do arrasador ataque nacionalino por 30 minutos. Mas, já próximo do final do 1º tempo, Linhares enfiava a bola na rede do Rio Negro, abrindo o placar para o Nacional.

Esse gol acabou desmotivando os rio-negrinos, o que fez com que Linhares novamente marcasse pela segunda vez. E assim terminou a etapa inicial com o seguinte placar:Nacional 2 a 0 Rio Negro. No 2º tempo,o Rio Negro completou seu time,colocando Joca e Alencastro nas vagas em aberto. Com o time completo se pensava que os rio-negrinos melhorariam, mas, ao contrário, piorou.

O Nacional não tomou conhecimento de seu adversário e marcou mais 10 gols. Apesar dos esforços do goleiro Artur (que fez excelentes defesas, evitando que o placar fosse ainda mais dilatado), de Marinho e Anízio, não foi possível parar o bombardeio dos nacionalinos, que colocaram os rapazes adversários dentro da roda. Placar final: NACIONAL 12 X 0 RIO NEGRO {gols de Cicero Costa (cinco), Linhares (três), Cazuza (três) e Paiva(um)}.

Até hoje essa é a maior goleada, na história, que o Nacional infringiu ao seu tradicional rival. Estava iniciado, há 101 anos atrás, aquele que viria a ser o maior duelo de futebol da terra de Ajuricaba e que hoje está adormecido. Ficamos na torcida para que um dia o honroso “Rio-Nalressurja das cinzas com toda sua história, emoção, fanatismo, paixão e tradição.

 

FONTES & FOTOS: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto

A história do 1º Campeonato Amazonense de 1914: O triunfo do Manáos Athletic

Taça Gordon: prêmio máximo do Campeonato Amazonense de 1914

Desde os primeiros registros de jogos de futebol em Manaus, no início do século XX, que aos poucos aquela modalidade esportiva foi caindo no gosto e simpatia dos amazonenses, desbancando o ciclismo e o turfe, até então, as modalidades esportivas preferidas da elite Baré. A cada dia, mais clubes iam surgindo e número de adeptos aumentava.

A imprensa passava a dar mais destaque ás reuniões, treinos,jogos e posse de diretorias dos principais clubes de futebol. Com o crescimento do esporte no Amazonas, se lançou a ideia de realizar um campeonato local para premiar o melhor time do estado. A primeira tentativa ocorreu em 1909. Os dirigentes dos principais clubes daquele ano chegaram a fazer reuniões mas,devido a divergências entre eles,a ideia não foi adiante.

 

CRIADA A LIGA AMAZONENSE DE FOOTBALL

Somente Quatro anos depois é que novamente se lançou novamente o antigo desejo. Depois de muitas reuniões, finalmente era fundada, em 7 de janeiro de 1914, a Liga Amazonense de Football (LAF) com o coronel José Ramalho como presidente e o inglês William Gordon na função de vice.

 

DEFINIDOS OS TIMES PARA JOGAR A 1ª & 2ª DIVISÕES

Superada a primeira barreira, a Liga tratou de organizar o 1º Campeonato Amazonense. Aberta as inscrições, ficou decidido que haveriam duas divisões do torneio. Na Primeira Divisão foram definidos Cinco clubes para a disputa:

Nacional;

Vasco da Gama;

Manáos Sporting;

Rio Negro e

Manáos Athletic.

 

Na Segunda Divisão foram definidos sete equipes (quatro clubes e mais três suplentes de Rio Negro, Manáos Sporting e Vasco da Gama):

Luso;

Onze Português;

Naval;

Satéllite;

Rio Negro (reservas: Time B);

Manáos Sporting (reservas: Time B) e

Vasco da Gama (reservas: Time B).    

 

FÓRMULA DE DISPUTA

A fórmula de disputa do campeonato de 1914, era bem simples. As equipes se enfrentavam em turno e returno. No final, o time que somasse o maior número de pontos seria decretado o campeão. Feito isso, o Manáos Athletic chegou aos 14 pontos, em oito jogos, e foi o 1º Campeão Amazonense de 1914.  O vice-campeão foi o Nacional que somou 12 pontos, em oito partidas.

LOCAIS DOS JOGOS

Os jogos da Primeira Divisão seriam realizados no Bosque Municipal e os da Segunda Divisão aconteceriam na Praça Floriano Peixoto. O prêmio máximo para a equipe campeã seria a Taça Gordon, um belo troféu que foi confeccionado a mando do comerciante inglês William Gordon. Antes do certame começar,já era unanimidade entre os torcedores afirmar que o campeão seria o Nacional ou o Manáos Athletic,o que de fato acabou se concretizando.

 

CRAQUES QUE DESFILARAM NO 1º ESTADUAL  

O campeonato contaria com a presença de grandes craques daquela época. Cazuza, Paulo Mello e Cícero Costa pelo Nacional; Carneiro e Borges do Vasco; Pudico e Anízio do Rio Negro; Loureiro e Américo do Manáos Sporting e Burns, Barton e Gorvin do Manáos Athletic.

Partida realizada no bosque e válida pelo Amazonense de 1914. Jogadores do Vasco (camisa branca) dividem a bola com os atletas do Rio Negro (uniforme preto). Os vascaínos venceram por 2 x 1.

COMEÇA O I CAMPEONATO AMAZONENSE DE 1914

O jogo de estreia aconteceu no dia 1º de fevereiro de 1914, no Bosque Municipal. Em campo, os times do Nacional e Manáos Athletic. As arquibancadas estavam lotadas e o juiz escolhido foi Alcebíades Antongini.

Debaixo de muita chuva (fazendo com que os torcedores se refugiassem em casa das imediações), o Nacional estreava com o pé direito perante o seu maior rival pois, venceu os ingleses por 2 a 1, gols assinalados por Paulo Mello.

NOTA TRISTE: O zagueiro inglês Mckenzie fraturou a perna numa dividida, ficando de fora definitivamente do certame. Durante o andamento do torneio, Nacional e Manáos Athletic disputaram, palmo a palmo, a liderança do campeonato. Aconteceram alguns fatos curiosos.

Bosque Municipal. Foi nesse campo que se realizou o 1º Estadual

POLÊMICAS & GOLEADAS

No jogo em que o Manáos Sporting ganhou do Vasco por 2 a 0, houve abandono  de campo por parte dos vascaínos, alegando que foram prejudicados pelo árbitro que validou dois gol ilegítimos.

Já o Nacional massacrava o Rio Negro por 12 a 0 que é, até hoje, a maior goleada registrada na história entre os dois rivais. O Manáos Sporting realizou a maior “zebra” do torneio ao ganhar do Nacional por 2 a 0, evitando assim que os nacionalinos fossem campeões antecipados.

 

MANÁOS ATHLETIC O ‘1º CAMPEÃO AMAZONENSE DE 1914’           

O jogo decisivo ocorreu no dia 14 de junho de 1914. Cerca de 3 mil pessoas foram ao Bosque Municipal acompanhar o duelo final, a maioria torcendo pelo Nacional. Em campo, o juiz escolhido foi Eurico Borges (que pertencia ao Vasco).

Após um jogo empolgante, os ingleses venciam os nacionalinos por 3 a 2, gols assinalados por Ernesto (contra), Burns e Barton para o Manáos Athletic e Bevilaqua e Cícero Costa para o Nacional. Desse modo, os ingleses do Athletic se tornavam os primeiros campeões da história do futebol do Amazonas.

 

FESTA CONTOU COM A PRESENÇA DO GOVERNADOR DO AMAZONAS

A grande festa de premiação de entrega de medalhas e da Taça Gordon para os campeões, aconteceu em dezembro de 1914, no Bosque. Houve um jogo entre dois times provisórios formados pelos melhores jogadores do campeonato. Os representantes da Liga Amazonense de Football (LAF) e o governador do estado, Jonathas Pedrosa, estiveram fizeram presentes.

 

PREMIAÇÕES

Infelizmente, alguns dos jogadores ingleses do Athletic não puderam estar presentes pois, haviam sido convocados pelo exército britânico e estavam nas trincheiras da Europa combatendo  os alemães.

Também foi entregue a Taça Ramalho Júnior ao Manáos Sporting, o grande campeão do 1º Campeonato Amazonenses da 2ª Divisão. Cícero Costa foi artilheiro do certame com 16 gols. O primeiro Estadual foi um sucesso de público, organização e cobertura da imprensa.

CURIOSIDADE

Talvez muitos não saibam, mas o Campeonato Amazonense é um dos pioneiros do Brasil. Na verdade, é o 5º mais antigo do  país pois, só perde para o Paulista (1902), Baiano (1905), Carioca (1906) e Paraense (1908).

 

TODOS OS JOGOS DO ESTADUAL DE 1914

1ª Rodada:

Nacional                   2          x          1          Manáos Athletic

Manáos Sporting     5          x          2          Rio Negro   

2ª Rodada:

Manáos Athletic      3          x          0          Vasco  da Gama    

Nacional                   9          x          0          Rio Negro  

3ª Rodada:

Manáos Athletic      2          x          0          Manáos Sporting                                                               

Nacional                   3          x          0          Vasco  da Gama    

4ª Rodada:

Manáos Athletic      8          x          0          Rio Negro                                                                        

Nacional                   3          x          0          Manáos Sporting   

5ª Rodada:

Rio Negro                 2          x          1          Vasco  da Gama

Manáos Athletic      5          x          1          Manáos Sporting     

6ª Rodada:                                             

Nacional                   12       x          0          Rio Negro

Manáos Sporting     2          x          0          Vasco  da Gama    

7ª Rodada:

Manáos Athletic      10       x          0          Rio Negro

Nacional                   3          x          0          Vasco  da Gama

8ª Rodada:

Manáos Sporting     2          x          0          Rio Negro        

Manáos Athletic      3          x          0          Vasco  da Gama

9ª Rodada:

Manáos Sporting     2          x          0          Nacional    

Vasco  da Gama      2          x          1          Rio Negro

10ª Rodada:

Manáos Athletic      3          x          2          Nacional  

Manáos Sporting     2          x          1          Vasco  da Gama

 

FONTES & FOTOS: Professor e Pesquisador do Futebol Amazonense, Gaspar Vieira Neto