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História do Futebol Amazonense: Jogador expulso é substituído

Por: Carlos Zamith

No jogo principal, na decisão do Campeonato Amazonense de 1962, o clássico entre Nacional e Rio Negro transcorria dentro do previsto. O jogo tenso, nervoso, muita rivalidade e jogadas rispídas. E, aos 16 minutos do primeiro tempo, quando houve uma jogada violenta envolvendo o jogador Lacinha, do Nacional.

O árbitro Dorval Medeiros (Guarda) não pensou duas vezes e expulsou o jogador de campo. Contudo, o jogador não aceitou a decisão do árbitro. Jogo ficou paralisado. O Presidente do Nacional também não concordava com a expulsão e bradava que seu time só continuaria jogando se fosse com onze jogadores.

 Josué Pai, do Rio Negro, assistia a tudo da cabine da ACLEA. O presidente Plínio Coelho, do Nacional, estava na pista do campo questionando com o árbitro e os dirigentes do espetáculo.

Finalmente veio uma solução: Lacinha deixa o campo mas entra outro em seu lugar. Todos aceitaram a fórmula: juiz, presidente da FADA (Federação Amazonense de Desportos Atléticos), Josué Pai, cronistas mesmo sob protestos, e torcedores dos dois lados.

Entrou Luizinho (irmão de Quisso que também jogava no Nacional) no lugar de Lacinha expulso. Depois de 15 minutos de paralisação, o jogo foi reiniciado, terminando o primeiro tempo sem abertura de contagem.

 No segundo tempo, Thomaz, aos 4 minutos, abriu o placar para o Rio Negro e aos 26 minutos, Jaime Basilio deixou tudo igual. Nessa jogada, outra confusão que durou pouco.

A bola deu a impressão de não ter ultrapassado a linha de gol, mas o juiz validou a jogada. Finalmente, aos 35 minutos, o rionegrino Dermilsom, o melhor jogador em campo, marca o gol da vitória, que assegurou a conquista do título de 1962.                                                                             

                                                                                    

O Juiz Dorval Medeiros (foto) encerrou o jogo aos 41 minutos, no exato momento em que fazia gestos para expulsar o ponteiro nacionalino Caíca que se desentendeu com o zagueiro Catita, após uma entrada violenta deste.

 

 

 

Foto: Acervo de Carlos Zamith

Associação Atlética Vila Boyes – Piracicaba (SP)

A Associação Atlética Vila Boyes foi uma agremiação da Cidade de Piracicaba (SP). ‘O Azulão da Vila’ foi Fundado no dia 21 de Março de 1946, por um grupo de amigos e funcionários da empresa de tecidos de algodão Boyes e Companhia, situada à margem esquerda do Rio Piracicaba, bem no centro da Cidade. O seu campo fica na Rua Dona Eugenia – Bairro da Vila Progresso, em Piracicaba.

O seu campo era um dos mais bonitos da várzea piracicabana, pois era todo cercado de cedrinho que ao se tornarem adultos transformou o lugar em um espaço ecologicamente correto e bonito, hoje é a área verde do bairro. A A.A. Vila Boyes foi campeão da Liga Piracicabana de Futebol (LPF), em 1959.

União Porto Futebol Clube – Piracicaba (SP)

O União Porto Futebol Clube é uma agremiação da cidade de Piracicaba (SP). O clube foi Fundado no dia 25 de Agosto de 1927. A sua Sede fica localizada na Rua do Porto, 174 – no Bairro do Parque da Rua do Porto,  em Piracicaba. O União Porto F.C. é filiado à Liga Piracicabana de Futebol (LPF)

Luzitano Futebol Clube – Piracicaba (SP)

O Luzitano Futebol Clube é uma agremiação da cidade Piracicaba, no Interior Paulista. O clube foi Fundado no dia 25 de Maio de 1956, e a sua Sede fica localizada na Rua Luiz de Camões, 2.616 – no Bairro de Vila Monteiro, em Piracicaba.

 Liderados por Roque Artur, moradores do bairro Vila Monteiro, de origem portuguesa, formaram o Luzitano F.C. com as cores da bandeira de Portugal. O rubro-verde, ao completar 40 anos de vida (1996), recebeu do então jornalista Miguel Célio Hipólito, do jornal Gazeta do Bairro Alto, o título de “O Xerife do Vale Vermelho“.

Fontes: Luiz Nascimento – Memórias do Bairro Alto / Instituto e Geográfico de Piracicaba, 2009

 

Pressão, manobras e o objetivo alcançado. Goytacaz estreia no Brasileirão de 1977

 

PRESSÃO NOS BASTIDORES

Após a estreia a diretoria não parou. Afinal, se disputar o Campeonato Carioca era uma realidade faltava consolidar a vaga do Goytacaz no Campeonato Brasileiro do ano seguinte (1977). O Clube Alvianil não sossegou enquanto o Goytacaz não foi relacionado pela CBD entre os participantes do Campeonato Brasileiro, o que não aconteceu em 1976, para desespero e até revolta de grande parte da cidade, com reflexos no Rio de Janeiro, onde o jornalista Miro Teixeira, na edição do O Dia de 26 de julho daquele ano escreveu:

Apesar das promessas do Almirante Heleno Nunes, Presidente da Confederação Brasileira de Desportos, o Goytacaz, um dos mais queridos clubes de Campos, estará mesmo ausente do Campeonato Nacional que este ano terá 54 concorrentes. Interrogados sobre as causas da não inclusão do valente time campista, os donos da CBD usaram como argumento o fato de não possuir ele um bom campo de futebol. A desculpa é esfarrapada, porque tais razões não valeram para, pelo menos, uma dezena de times estaduais que vão participar do maior torneio do mundo. Para não ir mais longe, vale lembrar que aqui mesmo, no Rio, o Botafogo não possui um campo e nem por isso foi afastado. E ninguém, em sã consciência, poderia admitir um campeonato de âmbito nacional sem a participação do alvinegro carioca.

É grande a revolta entre os esportistas e toda a população campista contra a discriminação da CBD, injusta e injustificável. Mesmo porque, além de ter feito uma excelente figura no atual Campeonato Fluminense, enfrentando de igual para igual os grandes clubes, o Goytacaz já tinha conseguido a promessa de seu grande rival, o Americano, para usar o seu campo sempre que necessário. Na hora de defender o prestígio do futebol campista, os dois grandes clubes se irmanaram, dando um grande exemplo de solidariedade esportiva.
A Confederação Brasileira de Desportos está na obrigação de justificar a sua atitude. Se é que ela tem justificativa
“.

 

MANOBRA SURTE EFEITO E GOYTACAZ É CONFIRMADO

No início de setembro de 1977, Rafael Martins, então presidente do Goytacaz, combinou com Eduardo Augusto Viana da Silva, que se encontrava no exercício da presidência da FFD, uma estratégia para colocar o Goytacaz no Campeonato Nacional. O encontro dos dois ocorreu num barzinho da Praia de Grussaí. Da tal estratégia fazia parte todo o tipo de pressão, inclusive emocional, sobre o Almirante Heleno Nunes que, aproximadamente num prazo de dez dias começou por promessa solene ao próprio Eduardo Viana, que se fazia acompanhar de Rafael Martins e José Carlos Maciel.

Da mesma forma que o Olaria havia cedido lugar ao Americano, dessa vez coube ao Bangu, obviamente bastante contrariado, abrir mão da sua possível vaga em favor do Goytacaz que, a bem da verdade, só participou do Nacional de 1977 porque Eduardo Augusto Viana da Silva, mais uma vez, foi convincente na tese que defendeu junto ao então presidente da CBD.

 

TABELA DO BRASILEIRÃO É DIVULGADA

No dia 27 de setembro de 1977 o Jornal dos Sports divulgava, em sua primeira página, a relação dos 62 participantes do Campeonato Brasileiro e o Goytacaz aparecia no Grupo D, juntamente com o Vasco da Gama, o Botafogo e mais Americano, Goiás, Vila Nova, Goiânia, Brasília, Atlético Paranaense e Londrina.

DIRETORIA DO GOYTACAZ HOMENAGEA PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DO RIO

Antes do jogo de estreia no Campeonato Brasileiro, o Conselho e a Diretoria do Goytacaz homenagearam o Presidente da FCF, Otávio Pinto Guimarães, com um banquete no Pálace Hotel. Dessa homenagem também participaram, entre outros, o Prefeito Raul Linhares, o ex-Prefeito Rockfeler de Lima e o Presidente da Liga Campista de Desportos, Danilo Knifis. Na ocasião, o dirigente carioca, de improviso, declarava:

Reitero o meu agradecimento ao Goytacaz por essas gentilezas todas que seguidamente me cumula. De fato, o título de padrinho do Goytacaz é sumamente honroso para mim, embora o Goytacaz mereça muito mais do que aquilo que, dentro das minhas humildes forças eu possa realizar e fazer por ele. O Goytacaz tem méritos, porque um padrinho não pode ajudar um afilhado se esse afilhado não tiver méritos e as condições necessárias para que possa ser ajudado. Portanto, eu acho que devemos capitalizar todo esse êxito, todo esse sucesso e comemorar o ingresso do Goytacaz, nesta noite memorável de 20 de outubro de 1977, no Campeonato Nacional de Clubes. Devemos creditar tudo isso à força e à pujança do Goytacaz, ao idealismo e ao dinamismo de seus homens, seus dirigentes, aos quais homenageio simbolizando no nome da pessoa do ilustre Presidente Rafael Martins. E enfim, a essa maravilhosa torcida que faz do Goytacaz um clube extremamente querido não só em Campos, mas também em todo o Rio de Janeiro e até em muitos rincões do Brasil. Portanto, é uma festa de todos nós. Eu me sinto honrado, me sinto realizado por estar aqui participando desta festa, da inauguração dos refletores do Estádio Ari de Oliveira e Souza, sobretudo do ingresso tão almejado e tão justo do Goytacaz no maior certame de futebol do mundo. Por tudo isso, muito agradecido ao Goytacaz e parabéns ao Goytacaz.

José Carlos Maciel, presidente do Conselho Deliberativo, dizia, em rápidas palavras, que “nesta data se guarda para sempre a lembrança de que se solidifica, neste momento, o esporte campista com a inclusão do Goytacaz no Campeonato Brasileiro. Destaque para uma cidade do interior, como poucas que até hoje têm mais de um clube participando deste certame de tanta envergadura. E que o nosso clube possa honrar a confiança que lhe foi depositada pelo Presidente da Confederação Brasileira de Desportos, Almirante Heleno Nunes; pelo nosso querido amigo Otávio Pinto Guimarães; pelo nosso amigo particular Eduardo Augusto Viana da Silva; pelo nosso irmão Danilo Assad Knifis; por todos aqueles que, enfim, notadamente a imprensa e o rádio campistas, muito batalharam para que o nosso clube também participasse desse campeonato. A todos aqueles que de qualquer forma colaboraram para que nós pudéssemos chegar a esta noite, os agradecimentos do Conselho e da Diretoria do Goytacaz“.

 

GOYTACAZ ESTREIA COM EMPATE

Após um esforço em conjunto, enfim, chegou o grande dia tão aguardado pela torcida do Alvianil Campista. A sua estreia nessa competição foi na noite de uma quinta-feira, do dia 20 de outubro de 1977, no Ari de Oliveira e Souza. Contudo, o resultado não foi o esperado, com o Goytacaz empatado em 1 a 1 com o Goiás.

 

GOYTACAZ             1          X         1          GOIÁS

Local: Ari de Oliveira e Souza, Aryzão, em Campos (RJ)

Público e Renda:  5.301 pagantes / Cr$ 152.720,00

Árbitro: Almir Ricci Peixoto Laguna (SP)

Cartões amarelos: Folha (Goytacaz); Alencar (Goiás)

GOYTACAZ: Augusto; Totonho, Folha (Serginho), Marcus Vinícius e Neneca; Ricardo Batata, Wílson e Coca (Jocimar); Joadir, Rogério Vescovis e Edu. Técnico: Paulo Henrique

GOIÁS: Marcos; Triel, Macalé, Alexandre e Donizetti; Alencar, Pastoril e Lucinho; Rubinho (Píter), Humberto (Maizena) e Reinaldo. Técnico: Paulo Gonçalves

Gols: Coca aos 18 minutos do 1º tempo; Pastoril, de pênalti, aos 6 minutos do 2º tempo

 

 

O GLOBO CHAMA OS JOGADORES DO GOYTA DE ‘HERÓIS DE CAMPOS’

Sob o título “Goytacaz, a vitória da teimosia“, o jornal O Globo, edição de 27 de novembro de 1977, publicava matéria assinada por Celso Cordeiro Filho, na qual se lia: “Sem dinheiro, formado por ex-juvenis que ganham, em média, Cr$ 5 mil mensais, mas que acreditam no seu futuro, o Goytacaz foi a grande surpresa – com o Confiança – da primeira fase do Campeonato Brasileiro. Perdeu um jogo só, para o Brasília, no último minuto, e seus jogadores – cinco vieram do Atlético Mineiro e dois do futebol do Espírito Santo – são os heróis da cidade de Campos“.

Fontes: Jornal dos Sports / O Globo

Fotos: Acervo do Goytacaz / Tribuna do Botão

Enfim, o Goytacaz reinaugura o Aryzão em 1976, enfrentando o Botafogo

Após muito esforço, chegou o dia tão aguardado pela diretoria e torcedores do Goytacaz. Fechado para obras em fevereiro do ano anterior, no dia 7 de agosto de 1977, o Estádio Ari de Oliveira e Souza, foi reinaugurado.

 Antes dessas obras, em 1976, dois jogos foram realizados: um deles, a 29 de janeiro, com o Goytacaz empatando em 1 a 1 com o Americano; outro, a 4 de fevereiro, com o Americano vencendo o Cambaíba por 1 a 0.

Também nesse longo período de ano e meio, o Goytacaz havia trocado de presidente, com Rafael Martins assumindo no lugar de Jorge Fernandes de Sousa e, claro, daquela data de fevereiro de 1976 a agosto de 1977, muita coisa bonita aconteceu e disso tomou conhecimento o público de quase 10 mil pessoas que assistiu ao jogo Goytacaz x Botafogo, na reabertura da praça de esportes Alvianil.

E o que essa gente viu não foi pouco, pois ali, como que num passe de mágica, agigantavam-se dois grandes lances de arquibancadas ao fundo dos gols, sobre os quais foram colocados dois bonitos placares. Nova saída foi dada ao túnel fronteiro às sociais e outros três foram construídos, um deles para os juízes, que ganharam um vestiário sob as populares. Nas sociais foram feitas mais quatro cabines para as emissoras de rádio e nelas ainda colocadas 697 cadeiras em fibra de vidro nas cores branco e azul.

Novas bilheterias, roletas e até o sistema de iluminação, mais a casa de força com dois novos transformadores além das luminárias conseguidas junto ao Jóquei Clube de Campos passaram a fazer parte do patrimônio do clube, como o moderno sistema de drenagem com 19 valas com 40 centímetros cúbicos cada uma no comprimento das laterais do campo e outra em toda a sua volta se escondia sob o novo gramado plantado de pé em pé sob a orientação do pessoal técnico da Fundenor.

Naquela tarde de 7 de agosto de 1977 as rádios lembraram alguns nomes aos quais o Goytacaz deveria render homenagens. Entre eles, Jorge Fernandes de Sousa, Jacinto Simões e Fernando Freitas que, arriscando até mesmo o prestígio pessoal, deram início à empreitada, mais José Gabriel, Nilson Cardoso de Souza, o veterano Vavá que temeu o coração apaixonado e ficou em Grussaí na hora da festa de reabertura do estádio e o mestre de obras Acácio que, antes, havia ajudado o Americano a ampliar o Godofredo Cruz.

Rafael Martins, nem sempre compreendido e até mesmo criticado por alguns, também teve parte importante na realização de tantas obras ali mostradas com a ajuda da enorme torcida Alvianil. Antes da partida, o então Prefeito de Campos, Raul Linhares hasteou a Bandeira Nacional ao lado de Otávio Pinto Guimarães, Presidente da Federação Carioca de Futebol, daquele ano.

 GOYTACAZ             0          X         1          BOTAFOGO

Local: Estádio Ary de oliveira e Souza, Aryzão, em Campos (RJ)

Público / Renda: 9.624 pagantes / Cr$ 285.900,00

Árbitro: Giese do Couto

GOYTACAZ: Acácio, Totonho, Paulo Marcos, Zé Rios e Tita; Wílson, Ricardo Batata e Jocimar; Vivinho (Santana), Albéris (Chico) e Piscina.

BOTAFOGO: Zé Carlos, China, Osmar, Renê e Jorge Luís; Ademir, Dé e Mário Sérgio; Gil, Nílson Dias e Tiquinho.

Gol: Nilson Dias, aos 5 minutos do 2º tempo

 

Fonte: Jornal dos Sports

Fotos: Liga Campista de Desportos / O Diário / JS 

Debutante, Goytacaz estreia no Campeonato Carioca de 1976, diante do Flamengo de Júnior, Zico e Cia.

 

Em pé (da esquerda para a direita): Ricardo Batata, Paulo Marcos, Marcus Vinicius, Totonho, Tita e Augusto. Agachados: Piscina, Wilson Bispo, Rogério, Coca e Edu.

Após solucionar a questão do campo de jogo, o Goytacaz voltava a ser notícia na edição de 14 de março de 1976, no Jornal dos Sports: “Para disputar o Campeonato Carioca, o Goytacaz passou a contar com Marcos, Batista, Kiko, Zé Rios, Tita, Idelvan, Lauro, Zé Neto, Samuel, que se juntaram a Miguel, Augusto, Totonho, Paulo Marcos, Marcolino, Júlio César, Ricardo Batata, Wílson, Jocimar, Piscina, Tuquinha, Chico, Paulo Cabral, Carnaval e Serginho. O clube adquiriu novas camisas, calções, meias, chuteiras, sungas, ataduras, roupões, luvas para os goleiros, toalhas e bolas“.

Enfim, chegou o dia da estreia do Goytacaz no Campeonato Carioca. Então, na tarde domingo, do dia 14 de março de 1976, o Goyta enfrentou o Flamengo de Júnior, Ziço e Cia. E acabou derrotado pelo placar de 3 a 0. Um recorde alcançado na partida veio das arquibancadas. A cifra de Cr$ 395.720,00 até então foi a maior renda registrada em Campos.

 

GOYTACAZ             0          X         3          FLAMENGO

Local: Estádio Godofredo Cruz, em Campos (RJ)

Árbitro: Aírton Vieira de Moraes

Competição e Data: Campeonato Carioca / 14/03/1976

Público e Renda: 19.834 pagantes / Cr$ 395.720,00

FLAMENGO: Cantarele, Toninho, Rondineli (Dequinha), Jaime e Júnior; Merica, Osvaldo e Tadeu; Caio, Luisinho Lemos e Zico

GOYTACAZ: Miguel, Totonho, Paulo Marcos, Marcolino e Batista; Ricardo Batata, Wílson e Kiko; Piscina (Lauro), Tuquinha (Chico) e Zé Neto.

Gols: Caio (duas vezes) e Luisinho Lemos

 

Fonte e Foto: Jornal dos Sports / Acervo do Goytacaz

Momento histórico: Goytacaz e Americano firmam pacto de amizade em 1976

 

Goytacaz F.C.

 

 

 

 

 

 

 

No Rio, depois da rivalidade entre os quatro grandes (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo), certamente o encontro entre Goytacaz e Americano é jogo de risco. Reunir um grupo de torcedores desses dois times é correr o risco de não acabar bem, mesmo que seja uma partida “amistosa” de futebol de botão.

Diante desse clima que já existe há décadas, no início de 1976, o Goytacaz, mesmo com pouca grana, fez “das tripas coração” para ampliação do Ary de Oliveira e Souza, Aryzão.  Contudo, o tempo era curto e quando parecia que o Goyta não teria o seu estádio para disputar o Estadual, veio uma solução inesperada: o Goytacaz e Americano selaram a paz e ambos mandaram os seus jogos no estádio do Alvinegro campista.  

  

Estádio Godofredo Cruz

Dias antes, mas no mês de fevereiro e depois de tantas tentativas da Diretoria anterior, Jorge Fernandes de Sousa deu uma prova de coragem e de intensa paixão pelo Goytacaz. Com apenas Cr$ 8.000,00 em caixa, partiu para a mais arrojada iniciativa do clube nos últimos anos: ampliar o Estádio Ari de Oliveira e Souza.

Isso aconteceu num momento em que, naquela praça de esportes e ao cair da tarde, só se encontravam três dirigentes: Jorge Fernandes de Sousa, presidente; Fernando Freitas, tesoureiro, e Jacinto Simões, uma espécie de cardeal a caminho de uma sagração maior. Os três, sabedores de que o Goytacaz entraria no próximo campeonato da Federação Carioca de Futebol, e por dentro do trabalho que o Americano desenvolvia no Estádio Godofredo Cruz, não perderam mais tempo e partiram para a grande obra. Para iniciar um mundo de melhoramentos de que se orgulha a própria cidade, fecharam o estádio, derrubaram árvores que se erguiam frondosas atrás dos dois gols e transformaram toda a área num enorme e movimentado canteiro de obras.

Também em fevereiro de 1976, o Goytacaz, atacando em outra frente, contratou os jogadores Kiko, Batista, Tita, Joaquinzinho e Marcos e, ao mesmo tempo, divulgou uma lista de dispensa de 10 jogadores, entre os quais três considerados, até então, titulares: o goleiro Juvenal, o zagueiro Nad e o meio-campo Naldo. Os demais liberados foram: Gustavo, Jamil Abud, Alexandre, Beraldi, Capenga, Julinho e Claudemiro.

 

O noticiário do clube divulgado pelo Jornal dos Sports, edição do dia 25 de fevereiro de 1976, lembrava o seguinte: “Segundo o Diretor Ronaldo Simões, o Goytacaz também contratará uma cozinheira e aproveitará os ex-juvenis Jorge Luís, Serginho, Nilo, Viê, Paulo Cabral e Carnaval, que se integraram ontem mesmo ao time titular e treinarão sob o comando de Paulo Henrique.
Na reunião ordinária da Diretoria, segunda-feira, o dirigente Ronaldo Simões adiantou que a folha de pagamento do time oscilará entre 30 e 35 mil cruzeiros. Explicou que o salário-teto será de 2 mil e 500 cruzeiros e que os jogadores que trabalhavam já deixaram os empregos para se dedicarem exclusivamente aos treinos.

Para que haja dinheiro suficiente a ser empregado nas obras de ampliação do Estádio Ari de Oliveira e Souza, o clube incentivará a venda de títulos de sócios-proprietários. Sabe-se que a receita só poderá ser revertida em favor do patrimônio, o que levou a direção do clube à idéia de formar uma assessoria especial, a fim de ajudar o Departamento de Futebol“.
No dia 27 de fevereiro de 1976, o Jornal dos Sports publicava que “o Presidente Jorge Fernandes de Sousa, empolgado com o andamento das obras que permitirão um lance de arquibancadas de 60 metros com 17 degraus, está querendo começar outro atrás do outro gol. Com isso, o Alvianil ganharia acomodações para mais 6.120 torcedores, que se juntariam às arquibancadas populares de mais de 100 metros, e o pavilhão social. Sabe-se que, para isso, existe um plano de ampliação no comprimento do campo“.

 

Com o Estádio Ari de Oliveira e Souza em obras e com a proximidade de estreia do clube no Campeonato Carioca, o Goytacaz passou a enfrentar outro terrível drama: o de ter que se servir do Estádio Godofredo Cruz, do Americano, para a realização dos seus jogos.

E o Jornal dos Sports do dia 6 de março de 1976 registrava desta maneira: “Ocorre que, no ano anterior, Diretoria e Conselho alvianis divulgaram nota oficial criticando a Diretoria alvinegra. Os dois clubes não se aceitam. Francisco das Chagas Siqueira, benemérito, lembra que o Goytacaz, em várias oportunidades, quando o Americano estava com obras no seu estádio, negou a sua praça de esportes. Uma vez o Americano teve que decidir um título com o Rio Branco, no Ângelo de Carvalho. E uma terceira, com o Sapucaia, no Milton Barbosa. Também negou o estádio para a festa do octacampeonato. Francisco das Chagas Siqueira disse que o Americano não atenderá o Goytacaz, mesmo que Heleno Nunes e Otávio Pinto Guimarães peçam. A tal nota do Goytacaz foi aquela de agosto de 1975, quando houve o rompimento entre os dois clubes“.
As edições seguintes do Jornal dos Sports registravam, com riqueza de detalhes, todos os lances de uma jogada que a imprensa campista da época também historiava em terrível estado de beligerância, por culpa, é claro, da simpatia dos jornalistas do lugar por um e outro clube.

E o chanceler da paz, como chegou a ser chamado pelo radialista Eraldo Bento Siqueira, da Rádio Campos Difusora, foi o Vice-Presidente da Federação Fluminense de Desportos, Eduardo Augusto Viana da Silva.

 

No dia 9 de março de 1976 o Jornal dos Sports lembrava que “de sábado para domingo várias foram às reuniões realizadas em separado entre dirigentes do Goytacaz e do Americano, e até uma em conjunto, na qual ficou resolvido que o segundo clube atenderá o primeiro na cessão do Estádio Godofredo Cruz, para os seus jogos no Campeonato Carioca. Ontem, pela manhã, o Americano já tinha pronto o ofício para ser entregue ao Goytacaz, e que só dependia do Presidente Oswalnir Barcelos para assiná-lo“.
Na edição do dia 10 de março, o mesmo Jornal dos Sports dizia que, “depois que os dirigentes do Americano e Goytacaz assinaram um pacto de amizade, as coisas melhoraram e o primeiro deles já enviou ao segundo, ofício através do qual cede, em caráter de aluguel, o Estádio Godofredo Cruz para os jogos pelo Campeonato Carioca. O primeiro documento foi redigido em termos elevados pelo Sr. Eduardo Augusto Viana da Silva, Vice-Presidente da FFD e representante dos dois clubes na Federação Carioca de Futebol. Pelo documento, os dois clubes se desculpam pelos excessos cometidos um contra o outro e se propõem a trabalhar de comum acordo em favor do futebol campista“.

 

Fonte: Jornal dos Sports