Arquivo da categoria: 19. Cícero Urbanski

INDEPENDENTE ATLÉTICO CLUBE – CURITIBANOS/SC

O CANARINHO DE CURITIBANOS

O Independente Atlético Clube, de Curitibanos-SC, cidade localizada no centro do Estado, no Meio Oeste Catarinense, foi fundado 08.02.1956 por Orocimbo Caetano da Silva e mais uma dezena de esportistas locais.

As cores escolhidas para o clube foram o amarelo e o azul, que o tornaram conhecido como Canarinho do Alcapão da Baixada. 

O ALÇAPÃO DA BAIXADA

O local onde o Independente A.C. mandava os seus jogos era o Estádio Municipal de Curitibanos, que ficava num terreno hoje ocupado pela Secretaria de Obras do Município, na rua Benjamin Constant. Era mais conhecido como o ‘Alçapão da Baixada’ já que os times da cidade eram quase imbatíveis jogando em casa.

Uma reportagem do jornal ‘A Notícia’, de Joinville, feita na ocasião que o América foi derrotado pelo Independente no estádio, evidencia o que era o alçapão:

‘A Noticia’, 04/11/1959:

“Ainda não descobrimos, como é que um campo de futebol que não serve nem para partidas de várzea pode ser considerado oficial para partidas de Campeonato Estadual; o seu gramado é completamente acidentado, com as áreas esburacadas e carécas, cheio de saliências, campo idêntico ao do C.A. Baependi de Jaraguá do Sul, é bem verdade que existe uma certa segurança para os jogadores e juízes, pois uma parte do gramado é cercado por um pequeno alambrado.”

 

O INDEPENDENTE NO CAMPEONATO ESTADUAL DE 1959

Sob a presidência de Ney Aragão Paz, o Independente aventurou-se pela primeira vez na disputa do Campeonato Catarinense, jogando a edição de 1959, que na sua Fase Preliminar, jogada entre Junho e Agosto, foi dividida em quatro Zonas Regionais.

Alocado na Zona Oeste, o time Canarinho teria pela frente outros cinco adversários que lutariam por duas vagas na fase final, que teria oito clubes no total.

Por Curitibanos ficar localizada bem no centro do Estado, o Independente não sofreu muito com as viagens nesta fase, tendo que percorrer apenas 70 km para jogar em Tangará, 95 km para enfrentar os times de Caçador, 90 km para chegar até Lages e exaustivos 115 km para jogar em Joaçaba.

A excelente campanha na Fase Regional, que lhe valeu a 2ª colocação no grupo, garantiu ao Independente o direito de disputar a fase final do Estadual, o que colocaria a cidade pela primeira vez no mapa do futebol catarinense.

Além do velho conhecido Comercial, de Joaçaba, agora os curitibanenses teriam pela frente os mais temíveis clubes do Estado, todos da região litorânea, o que demandaria longas viagens e altos custos. Para se ter uma ideia, a distancia para se jogar em Brusque era de 250 km, em Criciúma  era de 280 km, em Joinville ou Tubarão era de 300 km, e em Florianópolis era de intermináveis 310 km. Vale ressaltar que as estradas precárias, de chão batido, nesta época, faziam com que estas viagens levassem de duas a três vezes mais tempo do que nos dias de hoje.

Logo a euforia deu lugar á preocupação já que não havia orçamento para uma jornada deste porte, e assim, o clube só não desistiu do campeonato porque o Prefeito Municipal, José Bruno Hartmann, garantiu que conseguiria dar o apoio financeiro que o clube precisaria.

Na base da confiança nas promessas, o clube iniciou a disputa da Fase Final em Setembro, e no Turno, enfrentou de igual para igual todos os adversários, tendo vencido de forma espetacular o América de Joinville, um dos mais fortes concorrentes ao título.

Quando o Turno foi encerrado, em Novembro, o caixa estava praticamente zerado, porém, a Lei Municipal n. 423, aprovada em 16 de Novembro, que concedia auxilio ao clube, colocou tudo em ordem.

Por conta do Campeonato Brasileiro de Seleções, o Campeonato Estadual ficou paralisado até Março de 1960, quando o returno foi retomado.

Esta paralisação, do ponto de vista técnico, foi muito prejudicial para o Independente, já que enquanto os clubes do litoral, semana após semana, afiavam os seus times em jogos amistosos contra clubes de força equivalente, em Curitibanos, por conta do isolamento geográfico e da escassez de bons times na região, estes tipos de jogos aconteciam mês sim, mês não.

Deste modo, a campanha do Independente no returno foi muito ruim, com apenas um ponto conquistado e duas goleadas sofridas, uma delas de 8×2 para o América, que assim tirou a desforra da derrota sofrida no turno no Alçapão. Curiosamente esta derrota sofrida para o Independente tirou o América da briga pelo título, ficando apenas com o 3º lugar, com 2 pontos atrás do Caxias e 3 pontos atrás do campeão Paula Ramos.

O Independente terminou em 7º lugar, á frente do Comercial de Joaçaba, colocando-se assim, como o melhor time de todo o Oeste Catarinense.

 Esta inesperada e brilhante campanha do Independente Atlético Clube, marcou o auge do futebol de Curitibanos em nível estadual, feito que não conseguiu ser repetido pelo seu grande rival, o Flamengo Futebol Clube, na década de 1960, e muito menos pelo patético Curitibanos Esporte Clube, que em 2000, foi o lanterna da Segundona Catarinense.

 

FASE PRELIMINAR

ZONA OESTE:

Comercial (Joaçaba)

Vasco da Gama (Caçador)

Caçadorense (Caçador)

Independente (Curitibanos)

Internacional (Lages)

Juventus (Tangará)

 

Jogos:

Não apurados

 

Classificação:

1º Comercial

2º Independente

 

FASE FINAL

PARTICIPANTES:

América (Joinville)

Atlético Operário (Criciúma)

Carlos Renaux (Brusque)

Caxias (Joinville)

Comercial (Joaçaba)

Hercílio Luz (Tubarão)

Independente (Curitibanos)

Paula Ramos (Florianópolis)

 

Jogos:

TURNO

17/09/1959: PAULA RAMOS 2X0 INDEPENDENTE

04/10/1959: INDEPENDENTE 1X1 ATLÉTICO OPERÁRIO

11/10/1959: CAXIAS 3X2 INDEPENDENTE

Gols: Mickey 25-1T e Eri 40-2T.

Time: Daniel, Escurinho e Eri; Waldir, Fauth e Romeu; Tôco, Nano, Clidon, Mickey e Tião.

18/10/1959: INDEPENDENTE 1X1 CARLOS RENAUX

25/10/1959: HERCÍLIO LUZ 4X2 INDEPENDENTE

02/11/1959: INDEPENDENTE 3X2 AMÉRICA

Gols: Cledon 14-1T, Cledon 4-2T, Toco 30-2T.

Time: Margarida, Escurinho e Eri; Waldir, Fauth, Menegatti e Waldir; Tôco, Romeu, Cledon, Mike e Tião.

09/11/1959: INDEPENDENTE 4X2 COMERCIAL

 

Classificação:

1º Paula Ramos 11 pontos

2º Caxias 10

3º Hercilio Luz 8

4º América, Hercílio Luz e Operário 7

7º Independente 6

6º Comercial 0.

 

RETURNO

13/03/1960: INDEPENDENTE 1X3 PAULA RAMOS

20/03/1960: ATLÉTICO OPERÁRIO 2X0 INDEPENDENTE

27/03/1960: INDEPENDENTE 2X3 CAXIAS

Gols: Clidon 29-1T e Mickey 35-2T.

Time: Daniel, Zeca e Eri; Fauth, Menegatti e Waldir; Tôco, Romeu (Lima), Clidon, Mike e Tião.

03/04/1960: CARLOS RENAUX 5X1 INDEPENDENTE

10/04/1960: INDEPENDENTE 3X3 HERCÍLIO LUZ

17/04/1960: AMÉRICA 8X2 INDEPENDENTE

Gols: Rubens 31-1T e Clidon 23-2T.

Time: Lotário, Zeca e Eri; Tauth (Lima), Romeu e Feio; Tôco, Waldyr, Clidon, Rubens e Tião.

24/04/1960: COMERCIAL 3X1 INDEPENDENTE

 

Classificação:

1º Paula Ramos 20 pontos (campeão).

2º Caxias 19

3º América 17

4º Atlético Operário 16

5º Carlos Renaux 15

6º Hercílio Luz 12

7º Independente 7

8º Comercial 6.

 

O INDEPENDENTE NO CAMPEONATO ESTADUAL DE 1962

Em 1962, o Independente voltou á participar do Campeonato Estadual, que desta vez, foi dividido em cinco Zonas Regionais.

Alocado na 4ª Zona, que compreendia os clubes do Meio Oeste e Serra Catarinense, o Independente tinha apenas três adversários para superar e assim, alcançar novamente a fase final da competição.

Seus adversários seriam o Flamengo Futebol Clube, seu rival na cidade, além de Grêmio Atlético Guarany e S.E.R. Olinkraft, de Lages.

A campanha não foi boa e lhe rendeu apenas a 3ª colocação, atrás de Guarany e Flamengo, que assim, seguiram adiante no campeonato.

O FIM DO INDEPENDENTE

O Independente A.C. foi perdendo força gradativamente ao longo da década de 1960, chegando a ficar em terceiro plano na cidade, atrás de Flamengo F.C. e Juventus A.C.

Em 8 de Fevereiro de 1972, numa tentativa de reeguer o clube, o prefeito Helio Anjos Ortiz autorizou a concessão de uma contribuição o clube, porém, nem este gesto foi suficiente para recolocá-lo na vitrine do futebol Regional ou Estadual.

Acredita-se que ainda na década de 1970 o clube sucumbiu definitivamente, desaparecendo para sempre.

 

Acervo do autor.

Informações de Sebastião Alves e Jonas Poletto

BAVEC – VICE CAMPEÃO CATARINENSE DA SEGUNDA DIVISÃO DE 1997

DE REPENTE SURGE O BAVEC

O Barra Velha Esporte Clube foi fundado por volta de maio de 1997 e teve o seu CNPJ regularizado em 28 de junho de 1997. Sua sede era a pequena cidade de Barra Velha, situada no litoral Norte de Santa Catarina e que na época contava com pouco mais de 15 mil habitantes.

O BAVEC, como ficou carinhosamente conhecido, tinha como presidente, o secretario de finanças do município, João Carlos D’Avila Bitencourt e o técnico era o seu cunhado Rodolfo Diniz. O apoio da Prefeitura Municipal, na pessoa do prefeito Orlando Nogaroli também foi essencial para estruturar e dar vida ao clube.

O clube não tinha um patrocinador oficial estampado na camisa, mas sempre que era preciso, sobretudo no caso do pagamentos das premiações, a solução era recorrer aos empresários e comerciantes locais, que na medida do possível, davam a sua parcela de contribuição, principalmente na alimentação dos atletas. O café da manhã, por exemplo, era um oferecimento da panificadora da Léia, esposa do prefeito.

A FORMAÇÃO DO ELENCO

O BAVEC foi fundado em maio para disputar o Campeonato Catarinense da 2ª Divisão de 1997, que iniciaria no mês de julho, ou seja, tudo foi feito na correria e o elenco de jogadores foi formado ás pressas.

O técnico Rodolfo Diniz, na época com apenas 33 anos, havia sido jogador juvenil do Flamengo-RJ no início dos anos 1980 e foi jogador profissional da Portuguesa-SP até meados de 1985 quando encerrou a carreira prematuramente devido a inúmeras contusões. Orador muito bem articulado, deu-se muito bem como vendedor e corretor de imóveis. Nos fins de semana, passou a treinar clubes amadores em Osasco onde fixou residência. Quando foi convidado para treinar o BAVEC, estava á frente do Primos Futebol Clube, onde começou a procurar os primeiros jogadores para o novo time.

Por indicação do jogador Amaral, que havia jogado no Figueirense-SC em 1995 e estava no Primos F.C. apenas para manter a forma até achar um novo clube, foram recrutados o seu irmão Dinho, que era volante, Luis que era meia, e o garoto Fabinho Paulista. Os três jogadores foram ‘contratados’ pela manhã e após arrumar as malas ás pressas, vieram para Barra Velha á noite, de carona com o técnico, num golzinho bola branco.

Ao mesmo tempo, graças ao prefeito Orlando, chegavam do Rio Branco-PR mais quatro jogadores: o goleiro Kiko e o lateral Marcão, formados na base do Coritiba-PR, o zagueiro Rossano, com passagem pelo Paraná Clube-PR e o experiente zagueiro Fabio Lima, formado no Cascavel-PR e com diversas passagens por times do interior do Paraná e São Paulo. Os paranaenses vieram para serem as estrelas do time, recebendo cerca de R$ 800 por mês e mais um terreno em Itajuba.

Na semana seguinte, o técnico Rodolfo voltou a fazer seus contatos em Osasco, trazendo de uma só vez mais três os jogadores: o zagueiro Rodney, o meia André Luis (Ex-União São João) e o jovem meia Ribamar. Em contrapartida, Fabinho Paulista não aprovou nos treinos e voltou para casa sem assinar contrato.

Também nesta época, foi realizado uma espécie de peneirão em Barra Velha que selecionou diversos jogadores locais para integrar o elenco, dentre os quais estavam o goleiro Marcelo Rohling, o zagueiro Dorival, o volante Laranja e os atacantes Fabinho e Paulo Sérgio ‘Tripinha’, entre outros.

Após o início dos treinos, por indicação de André Luis, foi trazido por empréstimo o atacante Álvaro, do Taubaté-SP. Por indicação dos garotos de Osasco, veio o atacante Baiano, que vinha de uma passagem pelo futebol da Paraíba. Por indicação de Dinho, veio o lateral Vagner, que após ter sido reprovado num teste no modesto Calouros do Ar-CE , estava em São Paulo-SP sem clube.

A maioria dos jogadores paulistas buscava afirmar-se na carreira, por isto, suas médias salariais estavam bem abaixo do que receberiam os paranaenses, cerca de R$ 300 por mês.

O volante Embú, ex-Inter de Lages-SC, foi um dos últimos á chegar e veio parar em Barra Velha após uma negociação frustrada com o Tiradentes de Tijucas-SC.

Após poucas semanas de treinamento, o BAVEC fez dois jogos treinos contra o C.N. Marcílio Dias, clube da elite catarinense. O primeiro realizado em Itajaí, não se sabe quanto foi o resultado. O segundo, realizado em Barra Velha, terminou 0x0 com 20 minutos de jogo, devido uma briga feia entre os jogadores.

Apesar da confusão, os testes foram validos para o BAVEC que reforçou seu time com mais dois jogadores do time de Itajaí: o volante Amaral e o atacante Renatinho, que também engrossaram o numero de paulistas no elenco, já que eram oriundos de Taboão da Serra-SP.

Deste modo o elenco ficou formado quase que exclusivamente por jogadores jovens, com idade entre 20 e 23 anos, a maioria recém-saída das categorias de base, e que buscavam afirmar-se como jogadores profissionais. As exceções á regra eram Baiano, com 29 anos e Fabio Lima, com 26 anos, já com boa experiência no futebol profissional. Dorival, morador de Itajuba, aos 29 anos, tinha a sua primeira chance no futebol profissional, zagueirão duro, ao longo da campanha notabilizou-se muito mais por sua fé religiosa do que pelo seu futebol.

GOLEIROS: Kiko e Marcelo Rohling.

LATERAIS: Luis, Marcão e Vagner.

ZAGUEIROS: Rossano, Rodney, Fábio Lima e Dorival.

MEIAS: Embú, Dinho, Laranjinha, Amaral, André Luis e Ribamar.

ATACANTES: Álvaro, Baiano, Renatinho, Fabinho e Paulo Sérgio.

TÉCNICO: Rodolfo Diniz.

Também existia uma equipe de apoio bastante dedicada dentro do BAVEC. A cozinha do alojamento ficou sob a responsabilidade da mãe do treinador Rodolfo Diniz, que também atuou como fisioterapeuta do clube. O massagista era o Laranja, pai do jogador Laranjinha. O roupeiro era o sr. Cacau que quando a situação apertava, pedia auxilio para sua esposa, dona Pipa.

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O ESTÁDIO

A novidade da fundação do BAVEC, deixou os moradores da cidade inicialmente céticos, afinal, como uma cidade pequena que sequer tinha um time de futebol amador forte, poderia ter um clube profissional?

Além disto, onde o time jogaria? O Estádio Municipal Figueirão, localizado no centro da cidade, era na prática um campo, apenas com alambrados, sem muros ou vestiários. Também havia o estádio do São João Esporte Clube, mas este também não passava de um campo cercado, e pior que isso, ficava localizado no minúsculo município vizinho de São João do Itaperiú, que havia recentemente se emancipado de Barra Velha.

As duas opções anteriores iriam requerer um alto custo em obras, motivo pelo qual o estádio escolhido foi o Centro Esportivo e Recreativo Pedro João Pereira “Pedro Quintino” anexo ao colégio municipal da Praia de Itajuba, distante 8 km do centro do município.

O estádio, que era parcialmente murado e tinha uma arquibancada com capacidade para 500 espectadores, recebeu alguns pequenos reparos para o campeonato, embora, por haver um morro nas suas imediações com visão privilegiada de todo o campo, pode-se dizer que o pagamento de ingresso era facultativo.

Para facilitar a logística, foi alugada uma casa na Praia de Itajuba para a maioria dos jogadores ficarem alojados. Deste modo, não haveria custos de transporte já que os treinos, também eram realizados no estádio Pedro Quintino.

A exceção ficava por conta dos jogadores curitibanos: Kiko e Marcão ficaram hospedados por conta do Hotel Barra Velha. Rossano e Fabio Lima vieram com suas famílias, por isso, alugaram apartamentos nas imediações do hotel.

Estádio Pedro Quintino em 2006

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O CAMPEONATO DE 1997

O Campeonato Catarinense da 2ª Divisão de 1997 foi composto de apenas seis equipes e daria acesso apenas ao campeão. Além do BAVEC entraram na disputa os seguintes clubes:

Biguaçu Atlético Clube, de Biguaçu, vice-campeão da Segundona do ano anterior, era comandado por Balduíno, craque do futebol catarinense nos anos 1970 e 80, localizado na Grande Florianópolis, contava com vários jogadores com boas passagens por Avaí e Figueirense no elenco.

Brusque Futebol Clube, de Brusque, rebaixado da Primeira Divisão do ano anterior, era o principal favorito á conquista do acesso, já que contava com um time forte e o patrocínio generoso da Loja Havan.

Sociedade Esportiva Kindermann, de Caçador, clube que sucedeu a Associação Caçadorense de Desportos, que no início da década de 1990 havia feito boas campanhas no Estadual da Primeira Divisão. Foi o clube que mais investiu para o Campeonato, colocando-se assim, entre os favoritos.

Joaçaba Atlético Clube, de Joaçaba, sucessor da Associação Desportiva Joaçaba, que por conta de dividas, foi extinta após disputar sem brilho a Segundona do ano passado. Não vinha com grandes aspirações para este campeonato.

Tiradentes Esporte Clube, de Tijucas, tradicional clube que voltava ao profissionalismo após seis anos, vinha com um elenco bem modesto, sem almejar muita coisa.

Diante de tais adversários, o BAVEC iniciou o campeonato como franco atirador, ou incógnita, sendo apontado como o principal candidato á lanterna da competição.

O REGULAMENTO

O regulamento previa que somente o campeão teria acesso ao Campeonato Catarinense da Primeira Divisão de 1998.

Na Primeira Fase, os campeões do turno e do returno, mais os dois melhores no índice técnico se classificariam para a Segunda Fase.

Na Segunda Fase, os campeões do turno e do returno, classificariam-se para a Final.

Na Segunda Fase, caso o mesmo clube conquistasse o turno e returno, seria campeão de forma direta.

 UNIFORME 1


UNIFORME 2

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A PRIMEIRA FASE DO CAMPEONATO:

A DECEPÇÃO NO TURNO

Após um inicio promissor, com empates diante dos favoritos, o BAVEC acabou amargando derrotas sucessivas em casa e foi muito mal no turno da Primeira Fase.

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1. Rodada:

27/07/97 – Estádio Augusto Bauer – Brusque 1×1 BAVEC

Gol: Baiano.

BAVEC: Kiko, Luis, Rodney, Dinho e Marcão; Embú, Vagner e Amaral; Renatinho, André Luis e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Mesmo desfalcado de Rossano, Fabio Lima e Álvaro, que ainda não estavam aptos para jogar, o BAVEC até que iniciou bem o campeonato, já que na primeira rodada conseguiu empatar com o poderoso Brusque fora de casa.

O pré-jogo foi muito festivo e contou com a presença da modelo e apresentadora Monique Evans e de passistas de uma escola de samba, trazidas de São Paulo pela Havan. O objetivo era animar a torcida brusquense, que após festejar o titulo estadual em 1992, amargava o segundo rebaixamento em 4 anos. Simpática, Monique tirou fotos com todos os jogadores e ainda deu um beijo no goleiro, falando no seu ouvido para deixar o Brusque ganhar.

Em campo, o jogo foi muito amarrado, com o BAVEC bem fechado na defesa, ameaçando o adversário apenas em raros contra ataques, puxados pelo rápido Renatinho. O Brusque fazia uma forte pressão contra o gol de Kiko, obrigando todo o sistema defensivo a se desdobrar para conter os fortes ataques. O BAVEC também era perigoso nas bolas paradas, e numa delas na intermediária, o lateral Marcão cruzou alto na área, onde estavam Dinho e Baiano. Oportunista, Baiano se antecipou aos zagueiros e fez a conclusão, mandando para o fundo das redes, deixando a torcida local atônita, já que a goleada que eles esperavam ver, estava longe de acontecer.

No segundo tempo, á medida que o tempo passava, aumentava a impaciência dos brusquenses. A primeira grande chance de empatar, veio numa cobrança de pênalti, Kiko, porém, frustrando Monique, fez a defesa. A pressão seguiu intensa e dez minutos depois o time da casa alcançava o empate.

O resultado de 1×1 acabou sendo muito bem vindo para os forasteiros do BAVEC, que pela primeira vez, atuavam em Santa Catarina.

BAVEC com Monique Evans, em Brusque

Da esquerda para á direita: Luis, Renatinho, Amaral, Dinho, Marcão, Vagner, Rodney (atrás), Baiano, André (atrás ) e Embú.

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2. Rodada:

03/08/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 0x0 Biguaçu

BAVEC: Kiko, Luis, Rossano, Dinho e Marcão; Rodney, Vagner e Amaral; Renatinho, Baiano e André Luis. Técnico: Rodolfo Diniz.

Expulsão: Rodney.

Publico: 353 pagantes

Na segunda rodada, na sua estreia em casa, o BAVEC recebeu o Biguaçú, e com a entrada do zagueiro Rossano no time, a confiança era maior. Em contrapartida, Embu machucado ficou fora.

A torcida local estava muito animada com a estreia do time e da cidade num Campeonato Estadual, e não á toa, a entrada dos jogadores em campo ocorreu sobre um estrondoso show de fogos de artificio.

Em campo, o jogo foi muito igual, conforme relata a reportagem reproduzida abaixo, porém, o zero á zero persistiu até o final.

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3. Rodada:

10/08/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 0x1 Joaba

BAVEC (provável): Kiko, Luis, Rossano, Fabio Lima e Marcão; Dinho, Vagner e Amaral; Álvaro, Baiano e André Luis. Técnico: Rodolfo Diniz

Após enfrentar os dois times considerados mais fortes do campeonato e empatar, o BAVEC teria mais três jogos para realizar no turno, sendo dois em casa, com isso, a expectativa era brigar pelo titulo desta etapa até o final.

O desfalque para este jogo foi o zagueiro Rodney, que suspenso devido a expulsão no jogo passado, deu chance para a estréia de Fábio Lima. No ataque a novidade era a presença de Álvaro que ganhou a posição de Renatinho.

Em campo, o jogo foi quase que um treino de ataque x defesa. O BAVEC começou o jogo bombardeando o gol do adversário, que se defendia de qualquer jeito. A jogada forte, que eram as bolas alçadas na área, eram todas cortadas pelos zagueiros e pelo goleiro joaçabense, que tiveram atuações impecáveis.

Como quem não faz toma, num dos raros ataques do Joaçaba, a bola foi cruzada para a área sem muita pretensão, porem, acabou resvalando em Fabio e pegou Kiko no contrapé. Gol do Joaçaba.

Durante todo o restante do jogo o BAVEC ficou em cima do adversário, porém, nervoso e afobado, não conseguiu o empate.

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4. Rodada:

17/08/97 – Estádio Carlos Alberto da Costa Neves – Kindermann 1×1 BAVEC

Gol: Amaral.

BAVEC (provável): Kiko, Vagner, Rossano, Rodney e Marcão; Dinho, Embu e Amaral; Álvaro, Baiano e André Luis. Técnico: Rodolfo Diniz

 Na rodada seguinte, o BAVEC teria uma parada duríssima pela frente, a Kindermann em Caçador. A viagem, de cerca de 370 km percorriveis em 5 horas foi muito exaustiva, mas ao menos o time  viajou no dia anterior e ficou bem acomodado no Hotel Kindermann (de propriedade de Salézio Kindermann, dono do time adversário). Deste modo, o BAVEC veio a campo bem descansado para enfrentar o forte adversário.

Embora fosse inverno, o clima seco e o sol fortíssimo prejudicou muito o ritmo de jogo do BAVEC que veio para o jogo desfalcado de Luis, suspenso pelo terceiro amarelo.

O primeiro tempo foi um verdadeiro massacre do experiente time local que tinha como destaque o experiente atacante Tita, que incomodou muito a defesa, tanto nas investidas ao gol de Kiko, quanto no jogo bruto. A zaga da Kindermann era uma verdadeira fortaleza com Bibico e Borjão que não deixavam passar nada. Ao fim do primeiro, a derrota por apenas 1xo até que agradou o BAVEC, que não via a hora do jogo parar para repor as energias.

No segundo tempo o clima melhorou um pouquinho, assim como o futebol do BAVEC que conseguiu alcançar o empate. Novamente a bola parada foi decisiva, já que numa cobrança de escanteio de Marcão, a bola sobrou limpa no segundo pau para o volante Amaral que chutou cruzado para colocar no fundo das redes do goleiro Alemão.

Foi neste jogo em Caçador, que o técnico Rodolfo Diniz formou o time que considerava ideal. O esquema era baseado num 4-3-1-2, com dois laterais com liberdade para avançar (Luis ou Vagner e Marcão), dois zagueiros (Rodney e Rossano), três volantes (Dinho, Amaral e Embú), um meia de ligação (André), um atacante de referencia (Baiano) e um atacante pelo lado do campo (Alvaro).

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5. Rodada:

24/08/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 1×3 Tiradentes

BAVEC (provável): Kiko, Vagner (Luis), Rossano, Rodney, Fabio Lima e Marcão; Amaral  (Dinho), André Luis e Ribamar (Laranja); Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz

Gol: Álvaro (provavel)

Expulsão: Dinho

O ponto suado trazido de Caçador não amenizou a situação do clube, que a esta altura já era o lanterna da competição e para piorar tudo, na ultima rodada, jogando em casa, o BAVEC tomou um passeio do Tiradentes e voltou a perder em casa.

O técnico Diniz optou em manter Vagner na lateral direita e Luis no banco e para dar mais ofensividade ao time, escalou três zagueiros para dar liberdade aos laterais e ainda promoveu a entrada do meia Ribamar na vaga do volante Dinho.

Na prática, as alterações não surtiram muito efeito. Vagner se machucou com quinze minutos de jogo, e Ribamar foi substituído no intervalo, quando o jogo ainda estava 1×1.

No segundo tempo, o jogo foi amplamente favoravel ao Tiradentes, que fez dois gols com facilidade, ainda mais que teve uma pequena ajuda da arbitragem, que errou diversas marcações prejudicando o BAVEC, que teve ainda, o volante Dinho expulso.

Com esta derrota, o BAVEC terminou o turno da pior forma possível: lanterna da competição, sem vitória e com apenas 3 pontos conquistados.

A torcida irritou-se muito com o desempenho do time e ao longo da semana, e o mais corneteiro dos torcedores estendeu na entrada da cidade uma faixa que trazia a seguinte mensagem para os futuros adversários: “Venham e levem três pontos”.

A indignação dos barravelhenses também se dava pelo fato dos jogadores locais não terem vez no time, figurando apenas como opção no banco de reservas. A frase mais repetida nas conversas de buteco era a seguinte: “Se trazem estes caras de fora para jogar isto, que mandem tudo embora e ponham a garotada daqui”.

Mesmo diante de tanta desconfiança, os jogadores não tinham tempo á perder, pois na semana seguinte começaria o returno, e a chance de se manter na competição era vencer e vencer.

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Classificação do turno:

1. Biguaçu – 10 pontos (campeão)

2. Brusque – 8

3. Tiradentes – 7

4. Joaçaba – 7

5. Kindermann – 4

6. Bavec – 3.

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A REDENÇÃO NO RETURNO

Após a derrota para o Tiradentes, o clima entre os jogadores do BAVEC era de visível abatimento. Para piorar ainda mais a situação, a pedido do presidente João, o técnico Diniz convocou todos os jogadores para um treino, já na segunda-feira de manhã.

Mesmo contrariados, os atletas foram ao estádio, esperando uma grande bronca e um penoso treino de regeneração, porém, havia algo estranho na porta do estádio: um ônibus.

 Sem dar maiores detalhes, o presidente mandou todos entrarem no ônibus e partiu rumo a um sitio. Para surpresa dos atletas, no local estava sendo preparado um belo churrasco, regado a muita cerveja.

Nesta ocasião presidente e técnico reafirmaram a sua confiança no elenco, que assim, se fechou definitivamente e passou a jogar por eles.

E assim foi, como num passe de mágica, com o mesmo treinador e elenco, tudo mudou no returno, e o BAVEC surpreendeu todos aqueles que não acreditavam mais no time, conquistando o titulo desta etapa.

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1. Rodada:

01/09/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 2×1 Brusque

BAVEC (provável): Kiko, Luis, Rodney, Fábio Lima, Rossano e Marcão; Embu, Amaral e André Luis; Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Gols: Baiano (2x).

Público 226 pagantes.

No primeiro jogo do returno, o BAVEC recebeu o Brusque, que veio mordido pela perda do turno. O principal desfalque do time foi o volante Dinho, expulso no jogo passado, o que deu chance para o técnico Diniz manter o esquema com três zagueiros, tendo Fábio Lima, um pouco mais de liberdade de sair jogando, já que possuía boa técnica para isso.

O time visitante começou o jogo melhor em campo e não demorou muito para abrir o marcador. O BAVEC não se abateu de modo algum e poucos minutos depois conseguiu o empate. Rossano cobrou uma falta com violência, a bola foi rebatida e quando estava quase saindo do campo foi chutada pelo oportunista Baiano que não deu chances de defesa para o goleiro brusquense. O jogo seguiu equilibrado até que num chutão do goleiro Kiko, a bola quicou no gramado e enganou os zagueiros brusquense, que deixaram Baiano livre com a bola, partindo em direção ao gol. O goleiro Fabiano Appel abandonou a meta para ir de encontro ao atacante, mas foi surpreendido com um gol por cobertura. Um golaço, que encheu de entusiasmo a pequena torcida local. O Brusque não se conformou com o gol sofrido e foi pra cima com tudo, tendo a grande chance de empatar numa cobrança de penalti. Kiko, porém, repetiu o que havia feito no jogo do turno e fez a defesa, garantindo a primeira vitória do BAVEC.

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2. Rodada:

07/09/97 – Estádio Acacio Zelnio da Silva – Biguaçú  1×0 BAVEC

BAVEC: Kiko, Luis, Rodney, Fábio Lima e Rossano; Embú, Amaral e André Luis; Álvaro, Fabinho e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

A vitória sobre o Brusque encheu o elenco do BAVEC de confiança e nem o desfalque do principal jogador do time, o lateral Marcão, foi capaz de abalar o otimismo dos jogadores, que viajaram até Biguaçu, crentes que poderiam superar o time local. Para manter o time forte nas bolas paradas, a opção do treinador foi colocar o zagueiro Rossano na lateral. No ataque, a novidade era  a entrada de Fabinho.

Em campo, o jogo foi muito equilibrado e depois de muita luta, o BAVEC acabou amargando uma magra derrota de 1×0 para o time mais forte do campeonato até aquele momento.

O resultado negativo repercutiu mal em Barra Velha e novamente a torcida colocou em  dúvida  a força e a qualidade do time para conseguir a vaga na próxima fase.

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3. Rodada:

20/09/97 – Estádio Oscar Rodrigues da Nova –  Joaçaba 4X5 BAVEC

Gols: Rossano (2x) e Alvaro (3x).

Expulsão: Embú.

BAVEC: Kiko, Vagner (Fabinho), Fábio Lima, Rodney, Rossano e Marcão;  Embú e Amaral; André Luis, Baiano (Laranja) e Álvaro. Técnico: Rodolfo Diniz.

Publico: 50 pagantes

Na terceira rodada o BAVEC tinha um páreo duríssimo pela frente, já que faria uma longa viagem até o Oeste do Estado para enfrentar o Joaçaba, seu algoz no turno. Por problemas em seu estádio, o JAC decidiu mandar este jogo no estádio do Arabutã F.C. na vizinha cidade de Ouro, no entanto, a Federação esqueceu-se de avisar o BAVEC sobre a alteração na tabela. Com isso, o BAVEC iniciou uma longa viagem de 350 km até o Oeste, mas acabou sendo avisado no meio do caminho para retornar devido este impasse. Diante de tamanha incompetência, restou á Federação remarcar o jogo para a semana seguinte. Como os demais jogos da rodada já haviam sido realizados, o BAVEC voltou á Joaçaba sabendo que se vencesse, assumiria a liderança do returno e pela primeira vez entraria no G4 da classificação geral.

Para este jogo, o principal desfalque do BAVEC era o lateral Luis, também conhecido como Alemão, que assim, deu lugar á Vagner. Para este jogo, o técnico Diniz voltou a usar uma formação com três zagueiros, dando um pouco mais de liberdade para Fábio Lima ajudar na saída de bola e na marcação no meio de campo. No ataque Fabinho deixou o time e ficou como opção no banco.

O jogo, realizado no sábado á noite, foi sensacional, principalmente para o BAVEC que conseguiu superar o jogo violento do adversário e conquistou uma grande vitória num jogo que também foi bem tumultuado conforme detalha a reportagem reproduzida abaixo.

Num dos momentos mais tensos, o volante Embu reagiu a um xingamento racista com um soco na boca do adversário, que acabou perdendo um dente. A briga foi feia e o capitão do BAVEC foi expulso de campo.

O grande nome do jogo foi o atacante Alvaro, que mesmo após sofrer uma pancada na coxa no primeiro tempo e jogar toda a partida com dores no local, no segundo tempo, fez três gols em sequência.

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4. Rodada:

28/09/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 3X2 Kindermann

Gols: autores desconhecidos.

BAVEC (provável): Kiko, Luis, Fábio Lima, Rodney, Rossano e Marcão;  Laranja e Amaral; André Luis, Baiano e Álvaro. Técnico: Rodolfo Diniz.

É CAMPEÃO !!!

Nesta altura da competição, o BAVEC já tinha até torcida organizada e para fazer parte dela, bastava comprar uma camisa no principal mercado local. A vitória em Joaçaba proporcionou uma semana de muita empolgação para a torcida e para atrair ainda mais público ao jogo, um carro de som ficou todo o sábado rodando pela cidade, convidando os moradores para prestigiar o time. Até um ônibus grátis para levar o povo do centro e bairros para a praia de Itajuba para ver este jogo foi disponibilizado pela Prefeitura.

Durante os treinos da semana, o técnico Diniz optou novamente em manter o esquema com três zagueiros, já que o time adversário vinha para o tudo ou nada, já que daria a sua última cartada para se manter na competição e caso vencesse, colocaria o BAVEC em má situação para a última rodada. O desfalque para o jogo era o volante Embú, que expulso no jogo anterior, deu vez para Laranja entrar no time.

Em campo, com grande atuação dos atacantes e com a defesa um pouco vulnerável, o BAVEC confirmou a boa fase e conquistou uma difícil vitória. Além disto, os demais resultados da rodada garantiram a conquista do título do returno por antecipação e por isso, a cidade viveu um grande clima de festa com o feito do time. Houve até uma carreata que percorreu o trajeto entre a Praia de Itajuba e o centro da cidade.

Como premiação pelo titulo, os jogadores ganharam uma churrascada e foram levados para fazer uma animada pescaria num dos recantos da cidade.

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5. Rodada:

05/10/97 – Estádio Sebastião Vieira Peixoto – Tiradentes 3×0 BAVEC

BAVEC: Kiko, Luis, Fábio Lima, Rossano, Rodney e Marcão; Embú, Laranja e Amaral;  André e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Na ultima rodada, apenas cumprindo tabela, o BAVEC foi derrotado pelo Tiradentes em Tijucas, num jogo que serviu mais para movimentar alguns jogadores que não vinham tendo muita oportunidade no time titular. Pior que isso, devido o elenco reduzido, jogadores poupados, alguns contusões e jogadores suspensos, sobrou até para o goleiro reserva que ficou no banco de reservas como única opção para jogar na linha, o que para a sua sorte, acabou não acontecendo.
Em campo, com tantas dificuldades, o resultado não poderia ser outro: vitória fácil do time da casa. A única coisa boa que o BAVEC fez neste jogo ficou por conta de Luis, que deu uma caneta humilhante no lateral esquerdo adversário, que era muito bom de bola e marrento.
Com este resultado, o Tiradentes colocou-se em segundo lugar na classificação geral, á frente do favorito Brusque, que na terceira colocação geral, também classificou-se á fase seguinte graças ao índice técnico.
O BAVEC desfalcado em Tijucas.

Em pé, Laranja (massagista), Kiko, Marcão, Fábio Lima, ? , Rossano, Rodney e Rodolfo Diniz. Agachados: Cacau (roupeiro), Amaral, Luis, Baiano, André Luis, Embu e Laranja.


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Classificação do Returno:

1. BAVEC – 9 pontos – 3 vitórias (campeão)

2. Tiradentes – 9 pontos – 2 vitórias

3. Biguaçu – 7 pontos

4. Kindermann – 6 pontos

5. Brusque – 5 pontos

6. Joaçaba – 2 pontos.

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Classificação Geral da Primeira Fase

Além de Biguaçu e Barra Velha, respectivamente campeões do turno e no returno, classificaram-se para a Segunda Fase, o Tiradentes e o Brusque pelo índice técnico.

1. Biguaçu – 17 pontos

2. Tiradentes – 16 pontos

3. Brusque – 13 pontos

4. BAVEC – 12 pontos

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5. Kindermann – 10 pontos

6. Joaçaba – 9 pontos.

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O QUADRANGULAR FINAL

A Segunda Fase do Campeonato consistia num Quadrangular, que a exemplo do que ocorreu na Primeira Fase, indicaria o campeão do turno e do returno para a Final. No entanto, este Quadrangular poderia também já indicar o campeão, caso o mesmo clube vencesse os dois turnos.

Era a hora de Brusque e Biguaçu, favoritos no inicio da competição, fazerem valer o seu favoritismo. Enquanto isso, BAVEC e Tiradentes, que iniciaram a competição desacreditados, estavam a poucos passos de conquistar uma façanha antes impensável.

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O TURNO DO QUADRANGULAR FINAL

No primeiro turno do Quadrangular, a responsabilidade de conquista pendia mais para o BAVEC, que iria fazer dois jogos em casa, sendo um deles contra o Biguaçú, que era o outro time que também jogaria duas partidas em casa. Brusque e Tiradentes, por fazerem apenas um jogo em seu campo, eram franco atiradores.

1. Rodada:

12/10/97 – Estádio Augusto Bauer –  Brusque 1×0 BAVEC

BAVEC: Kiko, Luis, Rodney, Rossano, Fábio Lima e Marcão; Dinho, (Ribamar), André Luis e Fabinho; Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

A estréia do BAVEC na Fase Final também ocorreu em Brusque, e ao contrário do que encontrou na estréia do campeonato, desta vez não havia um clima de festa na Cidade dos Tecidos, já que a campanha irregular do time quadricolor acabou  afastando o torcedor dos jogos.

O técnico Rodolfo Diniz pode contar com a volta de todos os jogadores poupados e suspensos que não atuaram na rodada passada, diante do Tiradentes, com isto, levou força máxima até Brusque, escalado o time com três zagueiros e promovendo a volta do volante Dinho ao time, já que precisaria ter uma marcação bem forte no meio para evitar uma vitória do time adversário.

Em  campo, o jogo foi muitíssimo equilibrado e a derrota por 1×0 foi recebida com muita decepção pelos jogadores do BAVEC que por muito pouco não saíram de campo com o empate.

No outro jogo da rodada, o Biguaçu tropeçou em casa, empatando com o Tiradentes, resultado muito bom para o BAVEC.

Derrota em Brusque na estréia do Quadrangular

Em pé: Kiko, Fábio Lima, Marcão, Álvaro, Rodney e Rossano. Agachados: Dinho, Luis, Fabinho, André e Baiano.

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2. Rodada:

19/10/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 1×0 Biguaçu

BAVEC: Kiko, Vagner, Rodney, Fábio Lima, Rossano e Embú; Amaral, Fabinho e André Luis, ; Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Gol: Álvaro.

Expulsão: Álvaro.

Após a derrota em Brusque, o presidente João adotou mais uma de suas práticas geniais: levou todo mundo para comer camarão num dos restaurantes da cidade. Esta gentileza do dirigente foi praticada algumas vezes durante o campeonato, sempre quando o time vinha de um resultado ruim e precisava ganhar motivação.

Não havia outro resultado para o BAVEC neste jogo que não fosse a vitória, porém, os desfalques dos laterais Luis e Marcão preocuparam muito o técnico Diniz que optou por Vagner, na direita, que já havia ido bem em jogos anteriores e pelo volante Embú, improvisado na direita.

Como ocorrera nos dois jogos anteriores, os dois times fizeram um jogo intenso e marcado pelo equilíbrio. Os dois times alternaram bons e maus momentos e no jogo e perderam inúmeras oportunidades de gol.

Na metade do segundo tempo, após uma bola cruzada da direita por Vagner, Álvaro de chapa, tocou a bola no canto do goleiro Leandro e fez o gol da vitória do BAVEC. O BAC ainda tentou o empate, sobretudo após o mesmo Álvaro ter sido expulso após dar um carrinho por trás e levar o segundo amarelo. Prevaleceu, no entanto, a força defensiva do time da casa que conquistou uma vitória muito importante para a sua sobrevivência no campeonato.

O que ninguém esperava, porém, era que no outro jogo da rodada o Brusque fosse vencer o forte Tiradentes, em Tijucas, por 3×2. Com isto, a briga pelo turno ficou monopolizada entre o Brusque, que tinha 6 pontos e 2 gols de saldo positivo, e o BAVEC que tinha 3 pontos e saldo zero.

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3. Rodada:

26/10/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 3×1 Tiradentes

BAVEC (provável) Kiko, Luis, Rodney, Fábio Lima, Rossano e Marcão; Embú, Dinho e Fabinho; André Luis e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Gols: André Luis, (?), (?).

Na rodada derradeira do turno, jogando em casa, diante de excelente público, o BAVEC fez o que lhe cabia: venceu o Tiradentes de Tijucas, em casa, por uma boa margem de gols, ficando assim, com 6 pontos ganhos e 2 gols de sado positivo.

Com este resultado, o BAVEC estaria na final se o Biguaçu tivesse feito o dever de casa vencendo o Brusque, o que não ocorreu. Num jogo dramático, o time da Cidade dos Tecidos conseguiu arrancar um empate no alçapão do B.A.C. e assim conquistou a sua vaga na final ao alcançar os 7 pontos.

Numa época em que não havia internet, zap-zap e a telefonia celular, tal qual hoje, era precária, foi uma verdadeira agonia para o torcedor barravelhense saber qual havia sido o resultado do jogo do Brusque. Os boatos de gol espalhavam-se dentro do estádio, mas sem muita credibilidade ou veracidade. Mesmo após o termino do jogo, demorou um pouco para que o resultado do adversário fosse confirmado. A frustração por ter chegado tão perto e não conseguido a vaga foi imensa, mas na semana seguinte as esperanças se renovariam com o inicio do returno.

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Classificação do turno do Quadrangular:

 1º Brusque – 7 pontos (finalista)

2º BAVEC – 6 pontos

3º Biguaçú – 2 pontos

4º Tiradentes – 1 ponto.

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O RETURNO DO QUADRANGULAR FINAL

O Brusque, que havia iniciado o Quadrangular sob suspeita, devido a má campanha na Primeira Fase, ao vencer o turno acabou se colocando como favorito á conquistar o returno e consequentemente o titulo de forma antecipada, já que o time vinha numa crescente na competição, embalado pelos gols dos artilheiros Macedo e Polaco, e ainda teria dois jogos em casa nesta etapa, justamente os dois últimos, onde tudo se definiria. O outro time que jogaria duas em casa era o Tiradentes de Tijucas, que prometia brigar pelo acesso até o fim. BAVEC e BAC, com apenas um jogo para realizar em casa, entraram nesta fase sabendo que teriam que fazer algo á mais para chegar á final.

1. Rodada:

02/11/97 – Estádio Pedro Quintino – BAVEC 0x2 Brusque

BAVEC (provável) Kiko, Luis, Rodney, Rossano e Marcão; Embú, Dinho e Fabinho; André Luis, Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Considerando a tabela do returno, a vitória neste jogo era vital para as pretensões do BAVEC na competição, já que qualquer outro resultado obrigaria o time a vencer dois jogos seguidos fora de casa.

O time treinou muito forte durante a semana para estar bem preparado e o bicho pela vitória, que sempre era bem alto, viria dobrado neste jogo. A volta do atacante Álvaro, após cumprir suspensão, dava mais força ao ataque do time e por isto, a opção foi jogar apenas com dois zagueiros.

A torcida barravelhense superlotou o acanhado estádio Pedro Quintino e também o morro á sua volta. A sensação era que toda a cidade estava acompanhando este jogo tão decisivo para os barravelhenses.

Em campo, o desfecho não poderia ser mais decepcionante: Brusque 2×0, sendo um dos gols marcado de penalti, o terceiro em quatro jogos realizados entre os dois clubes no campeonato.

Embora houvesse ainda mais dois jogos para realizar, o pensamento de todos no estádio era o mesmo: fim da linha.

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2. Rodada:

09/11/97 – Estádio Acácio Zelnio da Silva – Biguaçu 2×3 BAVEC

BAVEC (provável) Kiko, Vagner, Dinho, Rossano e Marcão; Embú, Fabinho e Luis; André Luis, Álvaro e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Gols: Baiano (3x).

Na 2ª rodada o BAVEC foi á Biguaçú e voltou a sonhar ao bater o time local por 3×2. O jogo foi emocionante e sob chuva intensa. O time da casa abriu 2×0 no primeiro tempo e no intervalo, enquanto o técnico Diniz dava uma bronca no elenco. O presidente prometeu aumentar o bicho pela vitória. A injeção de animo surtiu efeito e o BAVEC voltou com tudo para o segundo tempo, onde fez três gols com o artilheiro Baiano. Aos 43 minutos do segundo tempo, Marcão cometeu pênalti para o BAC, porém, o goleiro Kiko defendeu a cobrança e manteve o time vivo no campeonato. O único que teve motivos para lamentar neste jogo foi o volante Embú, que improvisado na lateral esquerda, acertou um belo chute de fora da área e fez um golaço, porém, como no meio do caminho a bola desviou no oportunista Baiano, o gol foi consignado para o artilheiro do BAVEC. Certo é que o “quase gol” do volante foi motivo de muitas brincadeiras no vestiário.

No outro jogo da rodada, o Brusque seguiu implacável e conquistou uma vitória magra sobre o Tiradentes, mantendo-se isolado na dianteira.

O volante Embú, de cabelo pintado, contra o Biguaçú A.C.

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3. Rodada:

16/11/97 – Estádio Sebastião Vieira Peixoto – Tiradentes 3×1 BAVEC

BAVEC (provável) Kiko, Luis, Rodney, Rossano e Marcão; Embú, Dinho e Fabinho; André Luis, Álvaro (Paulo Sérgio) e Baiano. Técnico: Rodolfo Diniz.

Gol: Paulo Sérgio.

A ultima rodada do returno apresentava um cenário semelhante ao do turno: O BAVEC teria que vencer e o Brusque teria que perder. A grande diferença era que o Brusque jogaria em casa, diante de um Biguaçu eliminado, enquanto o BAVEC jogaria fora de casa, contra um Tiradentes que também tinha esperanças de conquistar o returno.

Em campo, o Brusque confirmou o seu favoritismo e conquistou o titulo batendo o Biguaçu de forma tranquila: 3×1.

Em Tijucas, sendo derrotado pelo mesmo placar, o BAVEC despedia-se da competição com um vice-campeonato inesperado, porém, com um gosto amargo de ter chegado tão perto da decisão. Foi um dia especial para o garoto Paulo Sérgio, que dentro do grupo era chamado de ‘Tripinha’. Ele era dos juniores e teve a oportunidade de entrar no decorrer do jogo e marcar o gol de honra do time.

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Classificação do returno do Quadrangular:

 1º Brusque – 9 pontos (campeão direto)

2º Tiradentes – 6 pontos

3º BAVEC – 3 pontos

4º Biguaçu – o ponto.

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Classificação Geral do Quadrangular:

 1º Brusque – 16 pontos (campeão)

2º  BAVEC – 9 pontos (vice-campeão)

3º- Tiradentes – 7 pontos

4º Biguaçu – 2 pontos.


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AS FESTIVIDADES PÓS CAMPEONATO

Terminado o campeonato, todos em Barra Velha estavam orgulhosos com a campanha do BAVEC. Entre os jogadores, o sentimento de dever cumprido foi tamanho, que ninguém se incomodou em participar da festa de entrega de faixas para o campeão Brusque.

O jogo, realizado na noite de 20 de Novembro, envolveu o Brusque e uma Seleção da Segunda Divisão Catarinense, comandada por Rodolfo Diniz e que contou com 6 jogadores do BAVEC: Kiko, Marcão, Embu, Renatinho, Laranjae Fábio Lima.

A vitória de 1×0 da Seleção, que jogou com a camisa do BAVEC, colocou água no chopp dos brusquenses e deixou os barravelhenses ainda mais orgulhosos. Neste jogo, como não podia deixar de ser, foram marcados dois pênaltis para o Brusque que o goleiro Kiko acabou defendendo, encerrando assim o seu duelo particular contra o rival com o incrivel cartel de 4 penaltis defendidos em 5 cobranças. Reza a lenda que o ultimo penalti deste jogo foi inventado pelo juiz Clésio Moreira dos Santos somente para consagrar de vez o goleiro barravelhense.

Cabe ressaltar que o Brusque tinha um time excelente, e no ano seguinte, praticamente com os mesmos jogadores, foi o 3o colocado no Campeonato Catarinense da 1.Divisão.

Seleção da Segundona Catarinense em Brusque, com o fardamento do BAVEC

No domingo, dia 23 de Novembro, a festa foi em Barra Velha, num jogo festivo entre o BAVEC e uma seleção da cidade, formada por amigos do jogador Jairo Lenzi, morador da cidade, craque do Criciuma E.C., campeão da Copa do Brasil 1991 e da campanha da Libertadores 1992.

Também foi um jogo filantrópico, já que a entrada era um kilo de alimento. Antes da partida, o presidente da Federação Catarinense, Delfim de Padua Peixoto Filho, fez a entrega da taça de vice-campeão da segundona ao capitão Embu. Em meio á euforia e aplausos, ficou a promessa do presidente de que seria feito o possível para que o clube ganhasse uma vaga na elite em 1998.

O jogo preliminar deste dia 23 de Novembro, foi válido pela decisão do Campeonato Estadual de Juniores, onde o BAVEC venceu o Biguaçu por 2×1. Na semana seguinte, ocorreu o jogo da volta em Biguaçú, onde o time da Grande Florianópolis venceu por 3×2. Com isto, o jogo foi para a prorrogação, e como o BAC tinha a vantagem por ter feito a melhor campanha, o 0x0 foi suficiente para lhe garantir o título. Os destaques do BAVEC nesta competição foram Rodrigo (filho do presidente), Djalma, Ednelson, Ribamar e Zé.

Alegria de todos com a taça do vice-campeonato

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O SONHO DE JOGAR A ELITE

Em 1998 o clube permaneceu na ativa, com uma enorme expectativa de conseguir jogar a Primeira Divisão diante da ameaça do Clube Atlético Alto Vale, de Rio do Sul, desistir da competição, o que acabou não passando de boato.

Também existia a promessa e uma certa tendência da Federação ampliar o numero de participantes na Primeira Divisão, subindo BAVEC e Tiradentes, porém, por falta de força politica de ambos os clubes, e principalmente por Barra Velha não ter um estádio digno de Primeira Divisão, esta medida só foi tomada na Segundona de 1998, que subiu quatro clubes para a elite em 1999.

O BAVEC ainda fez alguns jogos amistosos contra times amadores de Joinville e participou do Congresso Técnico da Segundona de 1998, porém, acabou ficando de fora do campeonato para nunca mais voltar.

Em 1999 os jornais ainda noticiaram uma possível participação do BAVEC na Segundona, porém, tudo não passou de especulação.

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O FIM DO BAVEC

Acredita-se o fim do BAVEC deu-se por conta da falta de patrocínios mais fortes para a temporada seguinte e também devido uma crise instalada na Prefeitura de Barra Velha, que envolveu o prefeito Orlando Nogaroli e o presidente do BAVEC, João Carlos Bittencourt, que sem tempo para dedicar-se ao clube, optou por licencia-lo das competições oficiais.

Embora tenha durado pouco menos de 4 meses no profissionalismo, e tenha realizado apenas 16 jogos, até os dias de hoje o BAVEC é lembrado com saudosismo na cidade, que de repente viu-se no mapa futebolístico do Estado e por alguns instantes sonhou em figurar entre os grandes JEC, Criciúma, Avaí e Figueirense.

Os jogadores que participaram desta campanha também lembram com alegria dos meses que passaram na cidade litorânea, onde além da rotina de treinos e jogos, deliciavam-se com os passeios á beira mar, festas, paqueras, churrascos, pescarias e passeios na Ilha da Praia do Grant. Todos também destacam a dedicação e a honestidade que o presidente João Carlos (in memoriam) e o técnico Rodolfo conduziram o clube, que embora não oferecesse altos salários, honrou sem atrasos, todos os seus pagamentos e premiações.

As únicas coisas em Barra Velha que ainda remetem ao clube são o estádio, que ainda mantem as características da época, á exceção da vista privilegia do morro, tomada pelo crescimento imobiliário e uma lanchonete na Praia do Tabuleiro, inaugurada em 2010 e de propriedade da família Bittencourt, cujo nome é BAVEC Soccer Lanchonete.

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OS CRAQUES DO BAVEC

O técnico do BAVEC durante toda a campanha foi Rodolfo Diniz e os destaques ao longo da competição foram o goleiro Kiko em ótima fase; o lateral esquerdo Marcão, excelente nos lançamentos e assistências; o zagueiro Rossano, sempre muito firme; o meia André, bom articulador e os atacantes Álvaro, muito rápido e habilidoso e Baiano, muito forte e com faro de gol.

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O goleiro Kiko (Jones Dean Medeiros), 28/10/1975, fez toda a sua categoria de base no Coritiba-PR onde atuou junto com o craque Alex e ganhou todos os títulos possíveis. Em 1994, aos 18 anos, foi profissionalizado pelo técnico Carpegiani, passando a treinar entre os profissionais e embora continuasse a defender o time júnior. Em 1996, quando defendia o Rio Branco-PR, rompeu os ligamentos do ombro e após uma longa recuperação, veio parar no BAVEC com 21 anos. Suas atuações chamaram a atenção do Brusque, que queria contratá-lo para o Catarinão de 1998, porém, seu empresário o levou para o Shizuoka F.C. do Japão onde iria ganhar 10 vezes mais. Após 14 meses no Japão, retornou ao Brasil, e teve rápidas passagens pelo Arapongas-PR em 1999 e Tiradentes de Tijucas-SC em 2000. Em seguida defendeu o Apucarana-PR em 2000 e 2001. Encerrou a carreira no Grêmio Maringá-PR onde chegou em 2001 e ficou quatro anos, sagrando-se campeão da Segundona Paranaense em 2001. Goleiro promissor e arrojado, poderia ter ido mais longe não fossem as inúmeras contusões que incluem: dois braços quebrados, uma perna quebrada, ombro direito rompido, duas placas na perna esquerda, dedos quebrados, rebaixamento da patela, etc., etc., etc., etc. Atualmente mora em Balneário Camboriú-SC e é consultor nacional do Laboratório Biofhitus.

Kiko, em destaque, na base de Coritiba, junto com Alex, em 1995.

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O lateral Luis (Luis Fernando Borges), 20/06/1976, na verdade era volante e meia de origem. Sua carreira foi iniciada na base do São Paulo-SP e da Portuguesa-SP. Em 1995 transferiu-se para o Comercial de Ribeirão Preto, onde teve as primeiras oportunidades no futebol profissional. No ano seguinte transferiu-se para o futebol mineiro onde defendeu a Olimpica de Lavras e o Social F.C. de Coronel Fabriciano. Em 1997 retornou para sua cidade de origem: Osasco, onde foi recrutado pelo técnico Rodolfo Diniz para defender o BAVEC. Em 1998 continuou com o passe preso ao BAVEC e como não foi negociado, acabou ficando seis meses sem poder jogar. Esta situação lhe afetou muito e por isto ao final dos seis meses a opção foi encerrar a carreira de jogador. Em 2001 quase retomou a carreira quando foi aprovado pela Ponte Preta-SP, no entanto, um acidente doméstico lhe deixou inapto para o futebol por alguns meses, o que melou a negociação e decretou o fim definitivo de sua carreira. Seguiu em Osasco onde casou-se e curso Educação Física. Atualmente é professor e mantém uma escolinha de futebol.

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O lateral esquerdo Marcão (Marcos Alberto Skavinski), 28/03/1975, também havia feito as categorias de base no Coritiba, depois jogou no Rio Branco-PR antes de chegar ao BAVEC com 22 anos. Em 1998 transferiu-se para o São Caetano-SP e no ano seguinte foi emprestado ao Atlético-MG, onde não teve muitas oportunidades. Em 2000 e 2001 fez parte do elenco que fez história pelo São Caetano, bi-vice-campeão Brasileiro. Em 2002 foi para o Marília, e depois para o Santo André-SP onde fico até o ano seguinte. No segundo semestre de 2003 destacou-se nacionalmente defendendo o Juventude-RS no Campeonato Brasileiro, o que lhe valeu uma transferência para o Atlético-PR no ano seguinte. Em 2005, como titular absoluto e capitão, foi campeão paranaense e vice-campeão da Libertadores de 2005. Em 2006 foi emprestado para o Al-Ittihad da Arábia e em 2007 para o Kawasaki do Japão. Em 2007 retornou ao futebol brasileiro para defender o Internacional-RS onde permaneceu até 2009. Neste periodo foi bicampeão gaúcho de 2008 e 2009 e da Copa Sul-americana de 2008, mas também viu-se envolvido num caso controverso de doping. Em 2009 transferiu-se para o Palmeiras-SP. Em 2010 transferiu-se para o Goiás, onde encerrou sua carreira no ano seguinte. Atualmente é auxiliar técnico de futebol.

Marcão, em destaque, no Atlético-PR em 2005

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O zagueiro Rossano (Rossano Marcelo Sant’anna), 27/01/1974, iniciou sua carreira no Paraná Clube onde atuou entre 1994 e 1995, período em que o time foi tricampeão paranaense. Em 1995 chegou inclusive a disputar a final contra o Coritiba e também disputou jogos pela Série A do Brasileirão. Em 1996 transferiu-se para o Rio Branco-PR, pelo qual jogou o Campeonato Paranaense e o Brasileirão da Série C. Veio para o BAVEC em 1997 com 23 anos de idade com o status de principal jogador do time. Em 1998 defendeu o Malutrom-PR, onde foi campeão da Segundona Paranaense. Em 1999 transferiu-se para o Francisco Beltrão-PR, pelo qual foi campeão da Segundona Paranaense em 2000. Em 2001 e 2002 defendeu o Santo Angelo-RS. Defendeu também o Tubarão-SC, Náutico-PE, Vila Nova-GO, Remo-PA, Passo Fundo-RS e Avenida-RS até encerrar sua carreira em 2005. Em 2008 iniciou a carreira de treinador no futebol amador de Curitiba, tendo trabalho no Trieste e atualmente no Renovicente. Atualmente mora em Colombo-PR onde é servidor municipal, trabalhando diretamente ligado ao esporte. Também mantém uma escolinha de futebol.

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O zagueiro Rodney (Rodney Fregonesi), 24/05/1974, começou sua carreira no União de Mogi-SP em 1994 onde permaneceu por dois anos, seguindo depois para o E.C. Osasco de onde veio para o BAVEC em 1997, com 23 anos de idade. Em 1998, embora pretendido pelo Brusque, acabou voltando para São Paulo onde fez bons campeonatos pelo Marília e Noroeste. Em 2000 chegou ao Londrina-PR onde viveu o auge de sua carreira, jogando o módulo amarelo da Copa João Havelange. Em 2002 transferiu-se para o Sparta-MG, time que ficou 22 jogos invicto na Segundona Mineira. Em 2003 pelo Guarani de Divinópolis-MG, disputou a Primeira Divisão do Campeonato Mineiro. Em 2004 voltou ao E.C. Osasco e depois seguiu para o Primavera de Indaiatuba pelo qual disputou a Serie A-3 do Paulistão. Encerrou a carreira profissional aos 31 anos. Jogou ainda pelo Palmeiras Master e Corinthians Sub-30. Atualmente é assessor comercial da Nextel.

Rodney em ação pelo Lodrina E.C. contra o JEC

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 Fábio Lima (Fábio Arcanjo de Lima), 02/01/1971, iniciou a sua carreira na base do Gremio Maringá e em 1992 veio para o Cascavel E.C. onde profissionalizou-se e passou a integrar o time titular em diversos jogos do Campeonato Paranaense. Em 1995 defendeu o Iraty-PR na elite paranaense e neste mesmo ano transferiu-se para a Paraguaçuense-SP que disputava a Série A-2 do Paulistão. Nesta época viveu uma das melhores fases de sua carreira. Em 1996 foi para o ASA-AL, onde permaneceu pouco tempo. Seguiu então para o Rio Branco-PR pelo qual disputou a Série C do Campeonato Brasileiro de 1996. Chegou ao BAVEC em 1997 com 26 anos e embora fosse uma dos mais experientes do time, lutou muito para conquistar a titularidade. Em 1998 defendeu o Paranavaí-PR na elite paranaense, seguindo depois para a Tuna Luso-PA pelo qual disputou a Serie B do Brasileirão.. Em 1999 defendeu o SOREC, de Cascavel-PR, pelo qual disputou a Serie A-2 Paranaense e a Copa Paraná. Em 2000 defendeu o Cascavel Clube na Serie A-2 Paranaense e depois transferiu-se para o Taubaté-SP, da Serie A-3 Paulista. Em 2001 defendeu o E.C. São José-SP na Série A-2 Paulista. Teve ainda uma rápida passagem pelo Deportivo Cooper da Bolívia. Após abandonar a carreira formou-se me Educação Física e atualmente é professor e instrutor de academia em Cafelândia-PR.

Fábio Lima em ação pelo Rio Branco-PR na Série C de 1996

Fábio Lima (á esquerda) e Marcão (á direita) no Rio Branco em 1996

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O volante Embú (Edson Antonio Pires), 04/01/1976, iniciou sua carreira no terrão do Corinthians-SP, onde fez toda a categoria de base, jogou nos aspirantes e figurou no banco de reservas em alguns jogos do profissional em 1993. Dali seguiu para o América-MG, Vila Nova-GO, Inter de Lages-SC e América-RJ. Embora já experiente, quando veio para o BAVEC contava com apenas 21 anos.  Em 1998 foi para a Portuguesa Santista onde disputou o Paulistão de 1999 num time que também tinha Daniel Frasson, Curê e Claudio Millar. Nesta ocasião teve a oportunidade de enfrentar o São Paulo, no Morumbi para 15 mil espectadores, onde uma oportunidade única de enfrentar jogadores do quilate de Rogerio Ceni, Edmilson, Marcelinho Paraiba, Serginho, Fabio Aurélio, Dodô e França. Em 2000 retornou para Santa Catarina, onde defendeu mais de uma dezena de clubes, incialmente da 1ª Divisão, depois da 2ª Divisão e atualmente da 3ª Divisão: Blumenau EC, Marcilio Dias, Tiradentes de Tijucas, Caxias de Joinville, Operario de Mafra, CRM de Maravilha, Peri de Mafra, Hercílio Luz, Santa Cruz de São Francisco, Gremio de Timbó,Videira, Oeste de Chapecó, Curitibanos E.C. (clube atual). Entre uma passagem e outra por Santa Catarina, também jogou no Paysandú-PA, Oriente Petrolero-BOL, Belmare-JAP, Caxias-RS, Colo Colo-CHI, Bom Jesus-GO, Princesa-PI, CENE-MS, Sete de Setembro-MS, Corumbaense-MS, Operário-PR, Alto Acre-AC, Fast-AM, Rio Branco-PR, Genus-RO, etc, etc, etc, etc… Ao longo de sua carreira o Embu do BAVEC sempre foi confundido com o outro Embu (Sérgio Henrique Sabóia Bernardes), que foi titular do Corinthians e também teve passagens pelo Coritiba-PR e futebol japonês.

Embú, em destaque, no Curitibanos E.C. em 2015

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O volante Dinho (Ricardo de Oliveira), 23/01/1977, também era conhecido como Amaral por causa do seu irmão. Iniciou sua carreira em 1992, no infantil do Central de Cotia-SP, indo em 1994 para o juvenil do Juventus da Mooca-SP. Em 1995 chegou aos juniores do Palmeiras onde permaneceu até o ano seguinte. No primeiro semestre de 1997 defendeu o CEFAF Paulistano e quando chegou ao BAVEC contava com 20 anos. Em 1998 jogou pelo União de Mogi das Cruzes na Série A3 do Paulistão, em 1999 defendeu a Tombense-MG e em 2000 defendeu o E.C. Gazeta de Ourinhos onde encerrou prematuramente a carreira devido uma seria contusão nos ligamentos cruzados do joelho. De volta á Osasco, passou a trabalhar numa escolinha de futebol. Atualmente é professor formal do Estado e da Prefeitura de São Paulo.

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O meia atacante André Luis (André Luis Alves da Silva), 14/01/1977, iniciou sua carreira nos juvenis do São Paulo F.C.-SP indo em seguida para os juniores do União São João, onde ficou até 1997 e teve a primeira oportunidade no futebol profissional, tendo disputado o Paulistão em 1995 e 1996. Veio para o BAVEC aos 20 anos, e embora tenha feito um bom campeonato, optou por largar os gramados, indo no ano seguinte para o time de Futsal do São Paulo-SP. Em 2000 voltou aos gramados para defender por um breve período o Sporting-B de Portugal, que jogava a 3. Divisão de Portugal. De volta ao Brasil, largou de vez a carreira para dedicar-se aos estudos, tendo se graduado em Educação Física e feito Pós Graduação em Treinamento Esportivo. Iniciou então a carreira de técnico de futsal no São Paulo F.C. onde está até hoje. Em paralelo, mantem uma escolinha de futsal em Osasco.

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O atacante Alvaro (Alvaro Roberto Scotti Ferreira), 31/08/1976, iniciou a carreira no juvenil do São Caetano-SP em 1993, indo no ano seguinte para o União São João-SP onde teve a primeira chance nos profissionais, sob o comando de Lula Pereira, quando disputou o Paulistão da Série A em 1995 e teve a oportunidade de enfrentar o São Paulo de Tele Santana. Em 1996 transferiu-se para o E.C.  Taubaté onde jogou a Série A-3 do Paulistão. Em 1997, com 21 anos, veio para o BAVEC por empréstimo e embora tenha chamado bastante a atenção de alguns clubes catarinenses, no fim do ano retornou para o E.C. Taubaté. Devido um desentendimento com a diretoria, não foi mais aproveitado no elenco e como na época não havia a Lei do Passe, também, não foi negociado com outras equipes. Com isto, viu-se obrigado a encerrar a sua promissora carreira profissional. Seguiu no futebol amador onde foi varias vezes campeão municipal na sua cidade natal: Itapevi, além de ter ganho outro título em Barueri. Formou-se em Educação Física e atualmente é professor de uma escolinha de futebol que atende crianças e adolescentes de 7 a 15 anos.

Álvaro e André, Do União de Araras-SP para o BAVEC.

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O atacante Baiano (João Bosco da Silva), 03/05/1968, iniciou sua carreira em 1988, no Estrela de Itu-SP onde ficou dois anos, depois seguiu para o Montenegro e em 1992 chegou ao Primavera de Indaiatuba, todos da Série A-3 do Paulistão. Em 1993 transferiu-se para o Sousa E.C. da Paraíba, onde viveu a melhor fase de sua carreira. Foi campeão Paraibano de 1994, vice em 1995, disputou a Série C do Brasileiro em 1994 e 95 e ainda enfrentou o Flamengo-RJ na Copa do Brasil de 1995. Após um breve retorno ao futebol paulista, onde defendeu o E.C. Osasco, veio para o BAVEC em 1997. Em 1998 foi contratado pelo Tiradentes de Tijucas-SC e no ano seguinte voltou para o futebol paraibano, onde encerrou a carreira em 2001, aos 35 anos,  quando defendia o Atlético de Cajazeiras. Em 2001 iniciou um projeto de escolinha de futebol que Osasco, que desde então, tem revelado vários jogadores. Também atuou nos campeonatos amadores da Grande São Paulo onde sempre se destacou como artilheiro.

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Fontes:

http://www.rsssfbrasil.com/tablessz/sc1997l2.htm

http://empresasdobrasil.com/empresa/bavec-01966640000113

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_Alberto_Skavinski

http://www1.an.com.br/1999/set/22/0pot.htm

https://ocancheiro.wordpress.com/

Informações e acervo de Alvaro Scotti, André Luis, Baiano,Fabio Lima, Luis Fernando, Ricardo Oliveira ‘Dinho’, Edson ‘Embu’, Kiko e Rodney.

https://ocancheiro.wordpress.com/

Jornais A Noticia e DC

CAMPEONATO CATARINENSE DA 2. DIVISÃO – 1997

PARTICIPANTES:

BARRA VELHA ESPORTE CLUBE (Barra Velha) – Estreante

BIGUAÇU ATLÉTICO CLUBE (Biguaçu) – Vice-campeão da 2ª Divisão em 1996.

BRUSQUE FUTEBOL CLUBE (Brusque) – Rebaixado da 1ª Divisão em 1996.

JOAÇABA ATLÉTICO CLUBE (Joaçaba) – Sucessor da A.D. Joaçaba, extinta em 1996.

SOCIEDADE ESPORTIVA KINDERMANN (Caçador) – Sucessora da Associação Caçadorense de Desportos que se licenciou em 1995.

TIRADENTES ESPORTE CLUBE (Tijucas) – Estava licenciado das disputas da 2ª Divisão desde 1991.

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REGULAMENTO:

– A Primeira Fase, jogada em turno e returno, qualificaria os campeões de cada turno e as duas equipes de melhor índice técnico para a Segunda Fase.

– Caso o mesmo clube vencesse os dois turnos, seriam classificados para a Segunda Fase os três melhores no índice técnico.

– A Segunda Fase, jogada em turno e returno, qualificaria os campeões de cada turno para a Final do campeonato.

– A Final do campeonato seria realizada em dois jogos e apenas o campeão teria o direito de disputar o Campeonato Catarinense da Primeira Divisão de 1998.

– Caso o mesmo clube vencesse os dois turnos da Segunda Fase, conquistaria por antecedência o titulo de campeão e o acesso á Primeira Divisão de 1998.

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PRIMEIRA FASE – PRIMEIRO TURNO

1a RODADA – 27/07/1997

BIGUAÇU 4X0 JOAÇABA

BRUSQUE 1X1 BAVEC

TIRADENTES 0X0 KINDERMANN

2a RODADA – 03/08/1997

BAVEC 0X0 BIGUAÇU

KINDERMANN 2X2 BRUSQUE

JOAÇABA 1X0 TIRADENTES

3a RODADA – 10/08/1997

BIGUAÇU 4X1 KINDERMANN

TIRADENTES 0X1 BRUSQUE

BAVEC 0X1 JOAÇABA

4a RODADA – 17/08/1997

TIRADENTES 2X1 BIGUAÇU

BRUSQUE 8X1 JOAÇABA

KINDERMANN 1X1 BAVEC

5a RODADA – 24/08/1997

BIGUAÇU 4X1 BRUSQUE

BAVEC 1X3 TIRADENTES

JOAÇABA 1X1 KINDERMANN

CLASSIFICAÇÃO:

1º BIGUAÇU – 10 PONTOS (campeão)*

2º BRUSQUE – 8 PONTOS

3º TIRADENTES – 7 PONTOS

4º JOAÇABA – 7 PONTOS

5º KINDERMANN – 4 PONTOS

6º BAVEC – 3 PONTOS

*Biguaçu classificado para o Quadrangular Semifinal.

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PRIMEIRA FASE – SEGUNDO TURNO

1a RODADA – 01/09/1997

BAVEC 2X1 BRUSQUE

BIGUAÇU 1X1 JOAÇABA

TIRADENTES 0X0 KINDERMANN

2a RODADA – 07/09/1997

BIGUAÇU 1X0 BAVEC

BRUSQUE 0X1 KINDERMANN

TIRADENTES 5X3 JOAÇABA

3a RODADA – 14/09/1997

BIGUAÇU 0X0 KINDERMANN

BRUSQUE 1X1 TIRADENTES

3a RODADA – 20/09/1997

JOAÇABA 4X5 BAVEC

4a RODADA – 28/09/1997

BAVEC 3X2 KINDERMANN

JOAÇABA 1X3 BRUSQUE

BIGUAÇU 1X1 TIRADENTES

5a RODADA – 05/10/1997

TIRADENTES 3X0 BAVEC

BRUSQUE 1X1 BIGUAÇU

KINDERMANN 0X0 JOAÇABA

CLASSIFICAÇÃO:

1º BAVEC – 9 PONTOS (campeão)*

2º TIRADENTES – 9 PONTOS

3º BIGUAÇU – 7 PONTOS

4º KINDERMANN – 6 PONTOS

5º BRUSQUE – 5 PONTOS

6º JOAÇABA – 2 PONTOS

*BAVEC classificado para o Quadrangular Semifinal.

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PRIMEIRA FASE – CLASSIFICAÇÃO GERAL:

1º BIGUAÇU – 17 PONTOS (campeão do turno)

2º TIRADENTES – 16 PONTOS (classificado no índice técnico)

3º BRUSQUE – 13 PONTOS (classificado no índice técnico)

4º BAVEC – 12 PONTOS (campeão do 2º turno)

5º KINDERMANN – 10 PONTOS (eliminado)

6º JOAÇABA – 9 PONTOS (eliminado).

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SEGUNDA FASE (QUADRANGULAR) – PRIMEIRO TURNO

 1a RODADA – 12/10/1997

BRUSQUE 1X0 BAVEC

BIGUAÇU 0X0 TIRADENTES

 2a RODADA – 19/10/1997

TIRADENTES 2X3 BRUSQUE

BAVEC 1X0 BIGUAÇU

3a RODADA – 26/10/1997

BIGUAÇU 1X1 BRUSQUE

BAVEC 3X1 TIRADENTES

CLASSIFICAÇÃO:

1º BRUSQUE – 7 PONTOS (campeão)*

2º BAVEC – 6 PONTOS

3º BIGUAÇU – 2 PONTOS

4º TIRADENTES – 1 PONTO

* Brusque classificado para a final.

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SEGUNDA FASE (QUADRANGULAR) – SEGUNDO TURNO

 1a RODADA – 02/11/1997

BAVEC 0X2 BRUSQUE

TIRADENTES 1X0 BIGUAÇU

2a RODADA – 09/11/1997

BRUSQUE 1X0 TIRADENTES

BIGUAÇU 2X3 BAVEC

3a RODADA – 16/11/1997

BRUSQUE 3X1 BIGUAÇU

TIRADENTES 3X1 BAVEC

CLASSIFICAÇÃO:

1º BRUSQUE – 9 PONTOS (campeão) **

2º TIRADENTES – 6 PONTOS

3º BAVEC – 3 PONTOS

4º BIGUAÇU – 0 PONTO

** Brusque campeão antecipado da 2ª Divisão de 1997 por ter vencido os dois turnos do Quadrangular e classificado para o Campeonato Catarinense da 1ª Divisão de 1998.

 ———————————————————————————————————————————————————————-SEGUNDA FASE (QUADRANGULAR) – CLASSIFICAÇÃO GERAL:

1º BRUSQUE – 16 PONTOS (Campeão)

2º BAVEC – 9 PONTOS (Vice-campeão)

3º TIRADENTES – 7 PONTOS

4º BIGUAÇU – 2 PONTOS

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CLASSIFICAÇÃO GERAL (PRIMEIRA E SEGUNDA FASE):

1º BRUSQUE – 29 PONTOS (Campeão)

2º TIRADENTES – 23 PONTOS

3º BAVEC – 21 PONTOS (Vice-campeão)

4º BIGUAÇU – 19 PONTOS

5º KINDERMANN – 10 PONTOS

6º JOAÇABA – 9 PONTOS

A HISTÓRIA DO FLUMINENSE DO ITAUM (JOINVILLE/SC)

A FUNDAÇÃO
O Fluminense Futebol Clube, do bairro Itaum de Joinville/SC,  ou simplesmente “Fluminense do Itaum”, foi fundado em 24 de Outubro de 1948, num terreno na rua Voluntários da Patria, próximo á Igreja São Judas Tadeu e surgiu para substituir os pequeninos São Paulinho F.C. e Estrela F.C.
A escolha do seu nome inicialmente foi motivo de discórdia, já que a turma dividia-se entre botafoguenses e tricolores. Para encerrar maiores discussões, foi feita uma votação, onde prevaleceu a sugestão dos tricolores.
Foram seus fundadores: Arno Wersdoefer, Egon Giesel, Nelson Brandão, Antonio Pereira, Osvaldo Moreira, Adalcino Pereira, Gercino Rodrigues, Gustavo Jony Batista, José Lino da Silva, Carlos Klug, Francisco Ramos e Antonio Anésio da Silva.
OS PRIMEIRO JOGOS
O primeiro adversário do Fluminense foi o obscuro Esporte Clube Brasil, que acabou goleado por 7×1, sendo quatro dos gols marcados por Brandão.
O primeiro grande rival do Fluminense foi o Almirante Futebol Clube, também sediado no bairro Itaum, e que mais tarde daria origem á atual S.E.R.C. Tamandaré F.C.
Time por volta de 1949
OS PRIMEIROS CAMPEONATOS OFICIAIS
Entre 1948 e 1951 o Fluminense limitou-se a disputar jogos amistosos e festivais esportivos nos diversos campos espalhados pela cidade.
Em 1952 filiou-se á Liga Joinvillense de Futebol e disputou o Campeonato da 3ª Divisão de Amadores da Cidade, ficando com o vice-campeonato ao perder o título para o Cometa F.C.
Em 1953 foi novamente vice-campeão da Terceirinha, desta vez perdendo o título para o Boa Vista F.C.
Em 1954, o tricolor voltou a dedicar-se aos jogos amistosos e aos animados festivais esportivos e ‘torneios do porco’ que eram bem mais animados que os campeonatos oficiais.
Em 1957 voltou ás competições da Liga Joinvillense de Futebol, jogando a 2ª Divisão de Amadores, que devido a extinção da 3ª Divisão, contava sempre com muitos clubes na disputa. Na edição deste ano, além do Fluminense, tomaram parte o Santos, Estrela da Vila Baumer, Sulista, Aviação, Aventureiro, Prefeitura, Arsenal, Internacional, União Boa Vista e Almirante.
Após fazer um turno apenas razoável, o Fluminense recuperou-se no returno e liderou a classificação até a penúltima rodada, quando foi ultrapassado pelo  Santos que acabou sendo o campeão.
O time base do tricolor neste campeonato foi: Caranga, Helio e Marino; Adalcino, Chelo e Osmar; Bia, Milton Fumo, Daniel, Nezinho e Lôlo.
1958: VICE-CAMPEÃO NO CLÁSSICO FLO-FLU
Em 1958 a Liga Joinvillense de Futebol criou a 1ª Divisão Extra de Profissionais, composta dos principais clubes da cidade (Caxias, América, C.A Operário e São Luiz) e que tinha como principal finalidade indicar o representante joinvillense no Campeonato Estadual.
Com isto, a 1ª Divisão de Amadores, passou a chamar-se 1ª Divisão Extra de Amadores e abriu novas vagas, uma das quais foi ocupada pelo Fluminense.  Este campeonato contava com 10 clubes e foi bastante extenso tendo terminado somente em maio de 1959. Com uma campanha brilhante e surpreendente, o Fluminense alcançou o vice-campeonato, perdendo a decisão para o famoso Floresta F.C. (atual Sociedade Floresta de Joinville), num classico que ganhou o apelido de ‘Flo-Flu’.
A decisão do titulo foi uma verdadeira epopeia já que nada menos que cinco jogos tiveram que ser realizados para apontar o campeão. Para fechar a disputa com chave de ouro, o quinto jogo, realizado em 4 de maio de 1959, foi interrompido aos 35 minutos do segundo tempo, por conta de um temporal, quando o placar apontava 3×3. Sem poder mais esperar para decidir o campeonato, a Liga marcou os 10 minutos restantes para a terça-feira, dia 6, onde o Floresta fez 1×0 e sagrou-se campeão.
O time base do tricolor neste campeonato foi: Caranga, Lôlo e Marino; Zeti, Chelo e Osmar; Nilo, Milton Fumo, J. Maria, Nivaldo e Bia.
1959: DEVAGARZINHO, ENTRE OS GRANDES
Em 1959 a 1ª Divisão Extra de Amadores contou com a presença dos ‘ex-profissionais’ C.A. Operário e São Luiz, o que fortaleceu muito a competição que além do Fluminense, contou ainda com a participação de Floresta, Glória, Santos e Estiva.
Tendo dois adversários mais qualificados pela frente, desta vez a sua campanha foi apenas modesta, terminando apenas na 4ª colocação.
Também neste ano, o Fluminense foi convidado a participar de um torneio chamado Osni Mello (então presidente de FCF), onde pela primeira vez, teve oportunidade de enfrentar de forma oficial, os dois grandes clubes da cidade: América e Caxias. Como não podia deixar de ser, a campanha foi modesta.
Seu time base foi o seguinte: Caranga, Laurinho e Baixinho; Zeti, Leonardo e Curuca; Ratinho, Bia, Camundongo, Quero e Lôlo.
1960: O ANO DOS BAILARINOS DO ITAUM
VICE-CAMPEÃO DA CIDADE
Em 1960 o Fluminense mudou completamente de patamar passando a integrar a 1ª Divisão Extra de Profissionais que nesta ocasião, era composta apenas por Caxias, América e pelo seu grande rival, o Floresta.
A campanha do tricolor foi surpreendente e o levou a um inimaginável vice-campeonato da cidade, somando 7 pontos, apenas um a menos que o campeão Caxias.
Seus resultados foram os seguintes: America 0x0 Flu / Caxias 2×2 Flu / Floresta 1×2 Flu / America 1×2 Flu / Caxias 3×1 Flu / Floresta 2×2 Flu.
Seu time base era: Nane, Laurinho (ou Alegria) e Baixinho; Lolo, Quica (ou Zeti) e Camundongo (ou Osmar); Bia, Milton Fumo, Daniel, Ratinho e Caranga.
O artilheiro do time na competição foi Bia com 4 gols.
Este time, que tinha em Ratinho e Milton Fumo os seus principais craques, ficou conhecido como ‘Os Bailarinos do Itaum’ apelidado que foi incorporado ao próprio clube.
O SALÃO DO FLUMINENSE
Neste ano o clube também começou a construção de sua sede social, localizada no início da rua Monsenhor Gercino e para viabiliza-la, realizou diversos festivais e rifas que renderam um bom dinheiro aos seus cofres. Esta sede que ficou mais conhecida como ‘Salão do Fluminense’ foi durante duas décadas o principal ponto de encontro dos jovens do Itaum, que na pacata e germânica Joinville dos anos 1960 e 1970, era tido como o bairro da turma da pesada, do samba e da boemia.
 Salão do Fluminense
O FLUMINENSE NO CAMPEONATO CATARINENSE
O vice-campenato da Liga credenciou o Fluminense a disputar o inchado Campeonato Catarinense de 1960, que contou com a participação de quase 26 clubes divididos em 5 Zonas Regionais.
Os Bailarinos do Itaum ficaram alocados na Zona Norte, junto com o América de Joinville, Acaraí e Baependi de Jaraguá do Sul, Atlético e Ipiranga de São Francisco do Sul, que jogariam entre si em turno e returno em disputa de duas vagas na próxima fase.
Após um inicio até promissor, com duas vitorias em três jogos, o Fluminense acabou perdendo o folego no decorrer da competição e terminou apenas em 5º lugar com 6 pontos ganhos, bem atrás de Baependi e Ipiranga com 16 pontos, América com 11 e Atlético com 7 e á frente apenas do Acaraí que somou 4.
Seus resultados foram os seguintes: Acarai 2×4 Flu / Flu 1×2 Ipiranga / América 2×3 Flu / Flu 2×3 Baependi / Atletico 4×1 Flu / Flu 4×2 Acaraí / Ipiranga 2×0 Flu / Flu 1×6 América / Baependi 4×0 Flu / Flu 2×4 Atletico
O time base do Tricolor foi o mesmo do campeonato da cidade e o artilheiro foi Daniel com 6 gols. Sem estádio próprio, o tricolor mandava seus jogos no Estádio do América ou no Estádio do São Luiz.
Timaço de 1960/61
1961: CAMPANHA MODESTA NO CAMPEONATO LOCAL
A 1ª Divisão Extra de Profissionais de 1961 contou com a participação de 6 clubes com a volta do C.A. Operário e do São Luiz ao certame principal da cidade.
Enfraquecido com a perda de alguns jogadores para os rivais locais, sobretudo o artilheiro Daniel que reforçou o América, desta vez o Fluminense fez uma campanha apenas modesta, terminando a competição em 4º lugar com apenas 6 pontos ganhos, bem atrás do campeão América com 19 pontos, Caxias 15 e Floresta 8, e á frente de São Luiz 5 e Operário 1.
O time base do Fluminense foi: Nane (ou Caranga), Osmar (ou Chuvisco) e Baixinho; Coruca, Quica (ou Lelinho) e Gunga; Ratinho, Pepê, Eduardo (ou Caranga), Lolo e Filo.
Ratinho foi o artilheiro da equipe com 6 gols.
1962: PÉSSIMA CAMPANHA NO CAMPEONATO LOCAL
A 1ª Divisão Extra de Profissionais de 1962 contou novamente com a participação de 6 clubes, com a inclusão do Glória F.C. no lugar do C.A. Operário.
Como no ano anterior, a disputa do titulo ficou monopolizada entre Caxias e América, cabendo ao alvinegro o titulo de campeão invicto. O Fluminense, por sua vez, fez uma campanha desastrosa ficando em ultimo lugar com 8 jogos e 8 derrotas.
O time base, que não contava mais com os craques Ratinho e Milton Fumo foi o seguinte: Nane, Dalvo e Quica; Chuvisco, Filo e Lelinho; Bia, Eduardo, Caranga, Chiquinho e Laurinho.
MILTON FUMO NO VASCO
Milton Antonio Pedro Elioterio, ou Milton Fumo (1940-1989), no inicio de 1962, no auge de seus 22 anos de idade, foi vendido diretamente do Fluminense para o Vasco da Gama do Rio de Janeiro.
Segundo o fundador Egon Giesel, a diretoria do clube joinvillense pediu inicialmente 200 mil cruzeiros para liberar o jogador, porém, nem pensou duas vezes em aceitar a contraproposta de 100 mil feita pelos cariocas. A verdade é que não havia como manter um jogador deste quilate no clube sem receber salário, então, mesmo que o Vasco tivesse oferecido 20 mil, o Fluminense teria aceitado.
No clube carioca, mesmo atuando no quadro de aspirantes, Milton ganhava cerca de 30 mil cruzeiros mensais, algo inimaginável para o futebol joinvillense que era profissional apenas na nomenclatura. Sua estreia no time principal ocorreu em 10/05/1962 em um jogo amistoso contra o Gremio Maringá-PR. A titularidade foi conquistada somente em agosto de 1963, condição que manteve até o ano seguinte.
Milton no Maracanã com o Vasco
Após três anos em São Januario, voltou á Santa Catarina, onde defendeu o lendário E.C. Metropol de Criciuma, onde sagrou-se campeão catarinense de 1965 e 1967.
 
Milton (no centro) no time do Metropol
RATINHO, O MAIOR CRAQUE DE JOINVILLE
Heitor Martinho de Souza, o Ratinho (1942-2001) também foi negociado pelo Fluminense neste ano de 1962, indo para o C.N Marcílio Dias, que nesta época montou o maior time de sua história. Campeão do Torneio Luiza Mello de 1963 (equivalente ao Estadual), Ratinho transferiu-se depois para a Portuguesa de Desportos onde marcou época jogando ao lado de craques como Ivair e Leivinha.
Ratinho (á esquerda) no ataque da Lusa, com Ivair
Em 1970, no auge de sua carreira, esteve entre os 40 pré-convocados para a Copa do Mundo. Em 1972 transferiu-se para o São Paulo F.C. onde foi vice-campeão brasileiro de 1973 jogando ao lado de Serginho Chulapa e Pedro Rocha.
No seu período de futebol paulista teve a oportunidade de excursionar cinco vezes para a Europa, onde chegou a disputar os famosos Torneio Teresa Herrera e Ramón de Carranza.
Também defendeu a seleção paulista em varias oportunidades formando ataque com Rivelino, Pelé, Toninho Guerreiro, Ademir da Guia, Edu e vários outros craques.
Ratinho na Seleção Paulista
Em 1975 voltou para Joinville, onde defendeu o América e no ano seguinte participou do primeiro time do JEC onde foi campeão catarinense de 1976 e encerrou a carreira em 1977. Como treinador, voltou a brilhar nos gramados europeus comandando a S.E. Irineu, de Joinville, na campanha do vice-campeonato da Copa Viareggio de Futebol Junior em 1998, onde foram revelados o meia Renato Abreu e o atacante Deivid, que tiveram passagens marcantes pelo Flamengo, Corinthians e Santos.
Pode-se dizer com certeza, que por ironia do destino, o maior craque já revelado pelos gramados joinvillenses foi forjado no modesto Fluminense do Itaum, para ‘inveja’ de América, Caxias e JEC.
1964: RETORNO DISCRETO
Após ficar um ano ausente dos gramados oficiais, o Fluminense voltou a disputar o Campeonato da 1ª Divisão Extra de Profissionais da Liga Joinvillense de Futebol em 1964, que nesta ocasião, já não contava mais com Caxias e América que disputavam somente o Campeonato Estadual, junto com a A.A. Tupy, mais nova força do futebol da cidade.
Deste modo, o campeonato local contava com participantes modestos como os velhos São Luiz e Glória e os emergentes Juventus, Aventureiro, Sulista, Estrela da Vila Baumer e Santos. Nem assim, o Fluminense conseguiu destacar-se na competição, ficando longe da briga pelo titulo que ficou com o Juventus.
1965-1971: UM NOVO PERÍODO DE GLÓRIAS
O Fluminense voltou aos dias de glória ao vencer o Campeonato da 1ª Divisão Extra de Profissionais de 1965 de forma incontestável, batendo no jogo decisivo o Juventus por 8×1.
O elenco campeão, que ainda mantinha uma série de remanescentes do time de Bailarinos do Itaum foi o seguinte: Nane (ou Moacir), Lelinho e Bebeco; Lolo, Cardoso e Mogeno; Miltinho, Jorge (ou Ceceu), Bia, Laurinho e Eduardo.
Em 1966 a 1ª Divisão foi inchada com a participação de 12 clubes, sendo quatro a mais que o ano anterior, incluindo a A.A. Tupy, que após uma frustrada experiência no Campeonato Estadual, voltou suas forças para o campeonato local.
Conforme era esperado, Fluminense e Tupy disputaram o titulo palmo á palmo e no jogo decisivo, realizado em 07/05/1966, coube ao Fluminense conquistar o bicampeonato com uma grande vitória de 4×1 sobre o mais novo rival.
O elenco campeão foi o seguinte: Nane, Lelinho e Puga; Bebeco, Cardoso e Lolo; Silveira, Bia, Jurandir, Laurinho e Jorge. Reservas: Moacir, Mogeno, Ernesto, Zezo e Daniel.
Em 1967 o Fluminense atingiu seu auge ao conquistar o tricampeonato da 1ª Divisão Extra de Profissionais. Novamente o principal adversário do clube do Itaum foi a Tupy que teve que amargar mais um vice-campeonato quando na ultima rodada o rival garantiu o empate que lhe bastava diante do Estrela da Vila Baumer. Com 3 pontos a mais na classificação geral que a Tupy, o Fluminense sagrou-se tricampeão com: Araujo (ou Moacir), Mogeno e Bebeco; Ingo, Anselmo e Lolo; Riga, Bia, Nelsinho, Daniel e Alcione.
Time de 1967
Após perder os campeonatos de 1968, 1969 e 1970, respectivamente para o Sete de Setembro de Araquari, S.E.R. Tigre e A.A. Tupy, o Fluminense retomou a liderança do futebol local ao conquistar o Campeonato da 1ª Divisão Extra de Profissionais de 1971.
O jogo decisivo ocorreu no Estádio da Tupy e colocava frente a frente os dois rivais em condição de igualdade, porém, nesta época, rolava um tabu de que a Tupy era freguês do tricolor e não conseguia vence-lo de forma alguma. Mais de 6 mil pessoas acompanharam a decisão e viram Franklin marcar o gol solitário que garantiu o quarto e ultimo titulo joinvillense da historia do tricolor do Itaum.
O time base do Fluminense, que tinha em seu goleiro o principal jogador, foi o seguinte: Anivaldo, Lico, Ingo, Claudio e Ricardo; Laercio (Mogeno) e Tassuva (Galego); Cesar, Franklin, Laurinho e Nilo.
 Time de 1971
1972-1982: O FLUMINENSE VIRA FREGUÊS
No inicio da década de 1970 a cidade de Joinville viveu a sua própria revolução industrial com um crescimento exponencial do setor metalúrgico que buscava mão de obra em todas as cidades da região e do vizinho Estado do Paraná. Como consequência disto, os times ligados ás fábricas, como a A.A. Tupy, a S.E.R. Tigre, o Grêmio Consul e a A.D. Embraco passaram a contar com um forte investimento financeiro nos seus departamentos de futebol, e além, disto, recrutavam não só bons profissionais como excelentes boleiros que recheavam os seus elencos de craques do futebol amador.
Neste cenário, o pobre Fluminense, que continuava dependendo do patrocínio dos seus sócios e dos lucros do seu acanhado salão, não tinha condições de competir em igualdade de condições com estas equipes.
No campeonato de 1972, a Tupy deu o troco no Fluminense e sagrou-se campeã da cidade após empatar com o tricolor em 0x0 no jogo decisivo. Em 1973 e 1974, o Fluminense amargou mais dois vice-campeonatos, desta vez perdendo para a S.E.R. Tigre que contava em seu elenco com antigos tricolores como Anivaldo e Lôlo.
Entre 1976 e 1982 a Tupy foi soberana, sagrando-se heptacampeão, enquanto o Fluminense era mero figurante, não conseguindo sequer chegar ás decisões.
O CALDEIRÃO DO ITAUM
Sem poder competir em condições de igualdade com os times de fabrica nos campeonatos oficiais da Liga, o Fluminense vislumbrou o futuro e ao invés de investir em futebol, á partir de 1978 deu inicio ás obras de construção de seu primeiro estádio próprio.
O terreno onde seria construído o estádio pertencia á Prefeitura Municipal que o concedeu ao clube através de um Termo de Permissão de Uso. A área era extensa e com uma localização privilegiada, no final da rua Florianópolis, uma das principais vias do bairro.
Localização do Fluminense no bairro Itaum
Aproveitando o relevo do terreno, o clube fez verdadeiramente um estádio de futebol, com arquibancadas e tudo mais, um luxo que poucos clubes do futebol amador local podem se orgulhar.
Devido aos recursos limitados, a obra prolongou-se por quatro anos até que em 22 de Agosto de 1982 o Caldeirão do Itaum, nome pelo qual o Estádio é conhecido até hoje, foi solenemente inaugurado com um torneio quadrangular sênior vencido pelo Caxias.
Foi um dia de grande orgulho para o bairro e para o presidente do clube, João Gaspar da Rosa, que estava desde 1976 no cargo e foi o grande empreendedor deste sonho tricolor, não á toa, até hoje o clube também é conhecido como o ‘Fluminense do João Gaspar’.
Com o passar dos anos, foram anexados ao estádio uma churrascaria e um centro de educação infantil, que passaram a auxiliar nas receitas do clube, que desde o inicio da década de 1990 já não contava mais com o seu salão.
Estádio Caldeirão
1983-1989: SEM BRILHO
Entre 1983 e 1989 a Liga Joinvillense enfrentou serias dificuldades para organizar seus campeonatos, que cada vez menos atraiam o interesse dos clubes. A 1ª Divisão deixou de se realizar em duas ocasiões e em outros anos, não mais que quatro clubes participaram da disputa. Neste cenário, o Fluminense foi um dos clubes que mais se retraiu, disputando apenas os campeonatos de 1984, 1985 e 1986 sem qualquer brilho.
ANOS 1990: ALTOS E BAIXOS
Na década de 1990 o Fluminense viveu altos e baixos na elite do futebol amador joinvillense tendo como principais rivais a sempre forte Tupy, além do tradicional América, que havia retornado ao futebol em 1985 após nove anos afastado dos gramados.
Em 1993 o tricolor foi vice-campeão da 1ª Divisão, perdendo o título para o América que iniciava uma hegemonia no futebol amador local.
Time de 1993
Em 1994 o Fluminense participou da fase decisiva do campeonato, mas terminou na 5ª colocação geral, que embora modesta, não foi mais repetida nos anos seguintes, onde as campanhas foram bem ruins, á ponto do clube não participar dos campeonatos de 1998 e 1999.
ROMÁRIO NO ITAUM
Por volta de 1996 o Fluminense roubou a cena do noticiário esportivo estadual, tudo graças a uma visita que recebeu de ninguém menos que o baixinho Romário. O tetracampeão mundial, ainda no auge de sua carreira, jogava no Flamengo onde tinha como companheiro de time o volante joinvillense Pingo. Á convite do amigo, Romário veio á Joinville especialmente para participar da inauguração de uma escolinha de futebol aberta pelo volante em sociedade com Agnaldo (ex-Gremio e Palmeiras). O projeto tinha como base o campo do Fluminense e no dia de sua inauguração, proporcionou ao Caldeirão um dos maiores públicos de sua história.
ANOS 2000: MONTANHA RUSSA DE EMOÇÕES
Nos início dos anos 2000 o Fluminense era mais reconhecido pela simpatia que atraia nos torcedores da cidade, do que pelo poderio do seu time, fato é que sua participação nos campeonatos da 1ª Divisão de 2000 á 2003 foram muito fracas, culminando com um inédito rebaixamento para a 2ª Divisão.
Na Segundona de 2004 o tricolor do Itaum pintou como favorito á conquista do título, e todos estavam ávidos para ver o clube colocar um novo troféu na sua galeria, que desde 1971 aguardava por uma novidade, no entanto, a disputa foi bem mais dura que o esperado. O duelo pelo acesso, na fase semifinal diante do Operário do bairro Cubatão foi dramático e na final a equipe tricolor não foi páreo para o novato Sercos, do Bairro Costa Silva, que alcançou o titulo de forma surpreendente.
Na Primeirona de 2005 o Fluminense deixou a sua ultima boa impressão no futebol amador local. Após um turno desastroso onde ficou na lanterna entre 10 participantes, surpreendeu a todos ao conquistar o returno, credenciando-se para a semifinal do campeonato, onde foi eliminado pela Serrana que na final perdeu o titulo para a surpreendente Sercos.
 
Time de 2005
Em 2006 o clube fez a pior campanha de sua historia, terminando a Primeirona na 12ª e ultima colocação. Em crise financeira e existencial, deixou de disputar os campeonatos de 2007 e 2008.
Em 2009 decidiu voltar ás disputas dos campeonatos oficiais, mas teria que começar tudo de novo, tendo que encarar a Terceira Divisão do Futebol Amador local, um verdadeiro porão para um clube de tamanha tradição. Com um time sem qualquer investimento, apostando nos jovens jogadores das suas escolinhas,  o Fluminense fez campanhas discretas nos anos de 2009 e 2010 e ainda teve que amargar um pseudo-clássico Fla-Flu contra o modestíssimo Flamenguinho do vizinho bairro Fátima, cenário bem distante dos eletrizantes Flo-Flu da década de 1960.
 2014: VOLTA INESPERADA AO FUTEBOL PROFISSIONAL
Em março de 2014, João Gaspar da Rosa deixou a presidência do clube após 38 anos, não sem antes indicar o seu sucessor: o gestor Anelísio Machado. Entusiasta do futebol, já que há vários anos vinha investindo no futebol amador, o diretor da Faculdade Assessoritec logo deu inicio a um projeto audacioso e surpreendente: recolocar o Fluminense no futebol profissional.
Anelísio Machado e João Gaspar
A regularização do clube para a volta ao cenário estadual, embora bastante onerosa (cerca de R$ 40 mil em taxas para a FCF e CBF), não demorou muito para se efetivar.
Em junho o Fluminense já estava disputando as categorias juvenil e junior do Campeonato Catarinense da 3ª Divisão onde enfrentou Juventus de Seara, Sport Club Jaragua e Maga, sem grande sucesso, sendo eliminado na primeira fase e ainda amargando punições por escalar jogadores irregulares.
A estreia no campeonato principal deu-se em Agosto e como o depreciado Estádio do Caldeirão do Itaum não reunia condições mínimas de receber um jogo profissional, a alternativa foi mandar seus jogos na Arena Joinville. O publico de 600 pessoas na estreia foi bastante animador, porem, no decorrer da competição, a campanha fraca e a falta de apoio das rádios e demais órgãos da imprensa local fizeram com que o interesse do publico diminuísse culminando com apenas 50 pagantes no ultimo jogo.
Alocado no Grupo A da competição, o Fluminense não conseguiu avançar de fase nos dois turnos do campeonato, tendo feito a seguinte campanha:
Turno: Maga 0x1 Flu / Flu 0x0 Jaraguá / Juventus de Seara 2×0 Flu
Returno: Flu 0x4 Juventus de Seara / Jaraguá 3×0 Flu / Flu 2×1 Maga.
O Grupo B contava com Oeste, Curitibanos e Barra, que também não foram páreos para o Juventus de Seara, que venceu os dois turnos e sagrou-se campeão de forma direta.
Time de 2014
Numa competição repleta de bizarrices, o Fluminense também deu a sua parcela de contribuição. A primeira delas foi disputar todo o campeonato com um goleiro de 49 anos de idade, o consagrado Silvio, que após passagens vitoriosas pelo JEC e Grêmio nos anos 1990, havia encerrado sua carreira em 2003 no Marcilio Dias. Mais curioso que isto, foi o fato do goleiro ter sido o principal destaque do time na competição, com defesas espetaculares. A outra grande bizarrice ficou a cargo do próprio presidente, que no auge dos seus 50 anos de idade estreou como jogador profissional diante do fraco Maga.
2015: FUTEBOL PROFISSIONAL COM OS PÉS NO CHÃO
Em 2015 o Fluminense foi um dos primeiros clubes a confirmar participação no Campeonato da Terceira Divisão Estadual, dando mostras de que está firme no proposito de se consolidar como o segundo time da cidade.
No campeonato das categorias juvenil e junior, enfrentando o S.C. Jaraguá, Curitibanos e Caçadorense, novamente o Fluminense decepcionou, não conseguindo passar da primeira fase.
No campeonato principal, novamente vem mandando seus jogos na Arena Joinville, sem apoio da imprensa e com pouca presença de publico. A diferença primordial é que o elenco está mais qualificado e embora não tenha condições de conquistar o turno, promete fazer boa campanha no returno e brigar por uma vaga na final.
Caso venha a ser campeão desta Terceira Divisão, o clube subirá para a Segunda Divisão Catarinense, ocupando a vaga do rebaixado Blumenau Esporte Clube.
Novo escudo e uniforme versão 2015
Fontes: 
Acervo pessoal
Acervo de Luciano de Oliveira Borges
Jornal A Noticia
Jornal Notícias do Dia
Livro Show de Bola, de Edson dos Santos.
Google maps
Terceiro Tempo de Milton Neves
FCF
http://www.palavralivre.com.br/2011/06/perfis-egon-giesel-a-enciclopedia-do-fluminense-do-itaum-e-futebol-amador/
https://www.facebook.com/FluminenseJoinvilleOFICIAL?fref=ts

DONA DALVA DO FLORESTA/AC

Portuguesa, brasileira, acreana e florestana: assim que se define Dalva Ferreira de Sales, aos 88 anos. Gerada em Lisboa – Portugal, ela chegou ao Acre em 1927, ainda na barriga de sua mãe. Filha de portugueses, tem uma história de vida invejável. Uma mulher guerreira em todos os sentidos e que, sem pretensão, tornou-­se a primeira mulher a comandar uma equipe no futebol acreano. Dalva Sales além de  fundadora,  ocupou todos os cargos na diretoria do Floresta Futebol Clube, um time esmeraldino que, por causa da cor, passou também a ser apelidado por “periquito do futebol acreano”. Por tudo isso, ela é reconhecida como a matriarca do time esmeraldino.

Dalva Ferreira

RELATOS:

Um certo dia a torcida do Andirá Esporte Clube, também conhecido como time do morcego, era muito metida, mexia com todas as demais, e numa partida decisiva entre as duas equipes, a torcida das meninas do time morcegueiro, ao verem o Floresta entrar em campo, com os jogadores todos de verde, os taxaram de periquitos. Foi o suficiente para passar a procurar entre os vizinhos no bairro quem criava aquela avezinha até juntar juntar 11 unidades do referido animal e no domingo seguinte fazer os atletas do Floresta entrar em campo cada com um periquito no dedo, devolvendo-os depois para a torcida.

“Assim, provamos nos éramos realmente o time periquito, como nos taxaram”

“O Floresta faz parte da minha vida e nunca imaginei me tornar personagem, porém a história nos leva a este caminho. Mas o que fiz foi por amor. São tantas as pessoas que nos ajudaram que se eu for relatar todos não cabe num jornal inteiro”.

“Quando não tinha como comprar o material a gente saía pedindo, batia nas portas dos comerciantes, dos deputados. O importante era o time entrar em campo. Vencer ou perder fazia parte do jogo. O bonito era ver todas aquelas pessoas reunidas, uns jogando, outros torcendo e nos confraternizando. Infelizmente alguém torou esta alegria deste povo, acabando com o time do Floresta e deixando órfão uma gama de pessoas e parte de uma cidade inteira”.
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Guarda a primeira bandeira e a primeira camisa do time esmeraldino.


Expressando-se com voz trêmula e, deixando cair lágrima nos olhos a histórica senhora que comandava o time periquito, exibe com orgulho a primeira bandeira medindo apenas 50 centímetro e vestindo a primeira camisa esmeraldina acrescenta: “Tudo começou pelos anos de 1941, 1942. Jogavam sem noção. Colocavam a bola no campo e saíam feito doidos correndo atrás. Depois disso o futebol começou a crescer. Agora em 1966 foi que o time do Floresta foi federado para as disputas da Federação Acreana de Desportos (FAD). O grupo de pessoas que fundou o Floresta Futebol Clube já morreram quase todos. Figuras importantes como: Augustinho, Heitor, Pedrinho da Olga, ele começaram a jogar aqui, depois, foram jogar no Oswaldo. O futebol mesmo nasceu num campo onde hoje é o Via Verde Shopping, no terreno da dona D ilma Leão. Ela era viúva.  Era casada com Raimundo Paxiúba. Eles tinham esse lugar. Vendo a aluta daquela juventude ela deu aquele lugar para fazer o campo de futebol”, explica D. Dalva.

Ela foi a primeira presidente de um time no futebol acreano


A primeira mulher dirigente no futebol acreano diz que o começo foi por demais complicado mas tudo era feito com amor. “O Ruela vinha para cá, no bairro Floresta, e patrocinava jogos amistosos, as famosas peladas organizadas, contra times do Papoco ou da Capoeira. O Ruela pagava como prêmio para os meninos sorvetes e picolés. O deputado Taumaturgo vinha e ajudava. Quando um atleta nosso, o Teotônio, quebrou a perna jogando contra o Juventus, ele foi internado por conta do Taumaturgo. Fui na Assembleia pedir ajuda e teve um deputado, não lembro bem o nome, que disse não tenho nem para mim. E eu retranquei: pois eu tenho saúde e amigos e força para pedir. O Darci Fontenelle também nos ajudou. Reinaldo Moreno também ajudou”.

Eu solicitava um jogo de camisa, pedindo a um e a outro. Eu tinha direito a 30 entradas gratuitas, por tudo que a gente fazia. Eu pedia patrulhamento e outras coisas mais para dar segurança a minha equipe. O presidente da Federação de Futebol que mais me ajudou foi o Alberto Zaire. Ele colaborava com incentivo, proteção e apoio, tanto com os jogadores quanto com a torcida.

“Tivemos um empate contra o Juventus, onde fomos roubados pelo juiz”


“Um certo dia o nosso time, depois que tinha disputado a divisão C, subiu para o disputar o estadual e fez uma grande partida contra o então todo poderoso Juventus. O Moacyr Moura era um goleiro que eu gostava muito. Mas morreu e depois veio Moacyr Tranca Rua. Não me lembro o dia, o nosso time colocou 2 a 0 no Juventus, aí a coisa começo a preocupar e o juiz passou a roubar contra nós, até o Juventus empatar. Ave Maria se eles tivessem perdido”, especula.

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Conseguimos tudo e acabaram vergonhosamente


Depois de participar do estadual, a partir dos anos 1970, com o esforço de uma gama de pessoas e ajuda de outros, o Floresta Futebol Clube construiu, com muita dedicação de todos, uma bela sede social. Tudo crescia. O clube chegou a vender até 70 caixas de cerveja por noite. Levantaram uma sede que após várias mudanças de diretoria o clube faliu por completo. Para a matriarca do Floresta o responsável pela destruição do  Floresta foi o então presidente Martins Bruzugu. “Ele endividou o clube, acabou com tudo e sequer prestou constas. Colocou fim numa história da parte de uma cidade. Sim, porque, toda aquela parte dos bairros, pegando do cemitério e seguindo sentido bairro, era envolvido com o Floresta. Todo este povo ficou desiludido. Ele acabou com a esperança do povo, tirou o time de campo, e deu fim ao patrimônio da agremiação esmeraldina sem prestar contas”, reclama D. Dalva.

Alguns dos jogadores que defenderam o Floresta Futebol Clube:

Abraão, Pingonça, Laureano, Moacir Conde, Marcos Montenegro, Edson Gonçalves, Edson Vieira, Ely Roberto, Dinda, Tarzan, Carlinho Chita, Audicélio, Osmar, Aldemir, Wanderley, Pipa, Eládio, Pixilinga, Borges, Pantinha, Caçarola, Moacir Moura, Pimpão, Azulão, Luiz, Polanco, Regino, Aluízio, Paulo, Ary, Abacate, Erivaldo, Mário, Chiquim Sambudo, João Tibúrcio, Teles, Jurandir, Edgar, Luiz Carlos, Mundoca, Artur, Geraldo, Carlinho, Chico Cuiú, Adãozinho, Jair, Silva, Sobrinho, Cícero, Piaba, Ramirez, Zé Palito, Carlão, Adâozinho, Valtinho, Vidal, Curica, Delegado Barbosa, Carlos Alberto, Louro, Amaral, Teotônio, Evaldo, Elson Barbosa, Timbal,  Pelé e outra dezena de jogadores que vestiram a camisa esmeraldina e fizeram parte do time periquito.

Dona Dalva ainda guarda com carinho a primeira bandeira do time esmeraldino
Dona Dalva guarda com carinho a primeira bandeira e a primeira camisa do Floresta Futebol Clube.


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Escrito por Raimundo Fernandes.

Disponivel na integra em: http://www.jornalopiniao.net/editorias/esporte/2131-a-primeira-mulher-dirigente-do-futebol-acreano-nasceu-em-1927

 

PERI DE MAFRA/SC – 95 ANOS: DA GLÓRIA AO ESQUECIMENTO

1920 – O INÍCIO

O Pery Sport Club, de Mafra, cidade no Planalto Norte de Santa Catarina, foi fundado em 18 de setembro de 1920, e foi o primeiro clube de futebol a surgir na então jovem cidade, instalada em 8 de setembro de 1917, graças ao desmembramento do núcleo urbano da cidade paranaense de Rio Negro, por conta da vitória do Estado de Santa Catarina na Questão de Limites com o Paraná, que se arrastava desde 1894.

Os fundadores do Pery eram todos trabalhadores da ferrovia São Paulo Rio Grande, que em 1917 havia inaugurado um importante entroncamento ferroviário na região, ligando-a á importantes centros como Joinville e Porto União, além da ligação com Ponta Grossa e Curitiba, já existentes.

Dentre estes ferroviários destacavam-se as figuras de José Madureira Correia, primeiro presidente; Egidio Piloto, vice-presidente; Joaquim Simião e Gutemberg Ferreira, tesoureiros; Salvador Correa e João Pompeu Ribas, secretários; Leopoldo Goelbecke, Jacob Haymussi, Osvaldo Amaral e Antônio Baggio, sócios fundadores.

Foram escolhidas as cores verde e branco para o clube, que teve o seu nome inspirado na obra “O Guarani” de José de Alencar, que trata do romance entre Ceci e Peri, este, um índio que concentra as virtudes de coragem, generosidade e valentia.

 Primeiro escudo

1921 – O CAMPO

O primeiro ano de vida do Pery foi de muito trabalho e pouca diversão, sendo os maiores esforços empregados na construção de seu campo, localizado nos fundos da estação ferroviária, numa região conhecida como Baixada Mafrense. O terreno fica ás margens do rio negro, que divide as cidades gêmeas. Mais tarde, com a construção de arquibancadas, o local recebeu o nome de estádio Ildefonso Mello, que mesmo em ruinas, resiste até hoje no mesmo local.

Os jogos contra o experiente Rio Negro S.C., da vizinha cidade paranaense de mesmo nome, também movimentaram o clube e á medida que o Pery ia crescendo, seu adversário ia minguando, já que “Rio-Mafra” ainda não comportava dois clubes.

1922 – AS PRIMEIRAS EXCURSÕES

Sem uma liga oficial para organizar campeonatos, os primeiros anos de atividade do Pery resumiram-se á realização de jogos amistosos. Neste ano, pela primeira vez o clube aventurou-se em jogos fora da sua cidade, tendo vencido o União S.C. em Jaraguá por 3×2 e perdido para o Caxias F.C. em Joinville por 3×0.

1923 – FRANCO PROGRESSO

Os amistosos seguiram-se e no jogo revanche diante do Caxias, o Pery causou surpresa ao bater o forte adversário joinvillense por 4×1.

Ampliando seu alcance, também visitou o município de Porto União, onde foi derrotado pelo União S.C. por 3×2.

Este ano tambem marcou a retomada da rivalidade com o Rio Negro S.C que após um período inativo, remontou seu time e abateu o Pery pela primeira vez na historia, por 3×2. A revanche acabou não acontecendo, devido as picuinhas da imprensa local, que informou que o Pery reforçaria seu time com três jogadores do América de Joinville, o que desagradou os rio negrenses e estremeceu a relação entre ambos.

 1924 – GOLEADAS

Aplicou uma goleada de 10×0 sobre o Rio Negrinho F.C. e também venceu por 3×0 o Lapa F.C. da cidade paranaense de mesmo nome.

 1925 – FORTE DIANTE DO COXA

Recebeu o time principal do Coritiba F.C. e perdeu apenas por 3×1, demonstrando estar no mesmo nível dos grandes clubes do Paraná. Também se manteve invicto em jogos contra o Caxias F.C. e o Rio Negro S.C.

 1926 – PELA PRIMEIRA VEZ EM CURITIBA

O Pery esteve pela primeira vez em Curitiba onde fez um jogo sensacional contra o Palestra Italia, sendo derrotado por 7×5, num jogo que serviu de preliminar para um duelo entre Paraná e São Paulo.

Em dezembro recebeu o time médio do Atletico Paranaense e conseguiu empatar em 2×2, sendo, porém, derrotado no dia seguinte por 4×3.

 1927 – UM PERYENSE NA SELEÇÃO CATARINENSE

Neste ano o Pery não foi feliz nos amistosos que realizou, tendo sido goleado em casa pelo modesto Jahu F.C. de Curitiba por 6×0.

As relações com o Rio Negro S.C. que estavam estremecidas foram reatadas neste ano e no primeiro jogo entre ambos, após muito tempo, o Pery amargou uma derrota por 4×3.

Embora ainda não estivesse devidamente filiado á Federação Catarinense de Desportos, cedeu pela primeira vez em sua historia um jogador para a Seleção Catarinense, tratava-se de Carlos Pires, que oficialmente, estava inscrito pelo Avahy F.C. de Florianópolis. Ele foi ponta-direita titular no jogo realizado no Rio de Janeiro, onde os catarinenses foram eliminados pelos baianos ao perderam por 8×5.

1928 – IMBATÍVEL DIANTE DA SELEÇÃO CATARINENSE

Manteve-se soberano diante do Rio Negro S.C. e visitou novamente a cidade de Joinville, desta vez para enfrentar o América F.C. pelo qual foi derrotado por 1×0.

Teve a sua filiação aceita pela F.C.D., porém, não conseguiu organizar-se para a disputa do Campeonato Estadual.

No final do ano, causou surpresa geral ao empatar em 1×1 com o Selecionado Catarinense que após ser derrotado em Curitiba, em jogo valido pelo Campeonato Brasileiro, esteve de passagem por Mafra.

 1929 – 3º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Neste ano as oficinas da Estrada de Ferro foram transferidas de São Francisco do Sul para Mafra, sendo instaladas bem próximas ao seu campo. Isto trouxe mais ferroviários á cidade e mais sócios ao clube, que aumentou ainda mais seu poderio esportivo e financeiro.

Acertando algumas pendencias junto á Federação Catarinense de Desportos, participou pela primeira vez do Campeonato Estadual. Sua estreia foi diante do Porto União F.C. o qual venceu por 2×1. Na segunda fase, jogada somente em janeiro de 1930, perdeu por 2×1 e foi eliminado pelo Caxias, que assim foi á final e sagrou-se campeão após vencer o Adolpho Konder F.C. de Florianópolis.

 1930 – POUCA ATIVIDADE

Por estar filiado á Federação Catarinense de Desportos, o Pery tinha que pedir a permissão da entidade máxima dos esportes catarinenses para a realização de qualquer jogo amistoso, deste modo, acabou tendo poucas aparições neste ano, já que não haviam outros clubes filiados na sua região. Com isso, restou ao Pery fazer alguns jogos contra o Caxias e América, de Joinville.

 1931 – SENSAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS

Neste ano o Peri voltou com mais vigor aos gramados, tendo inicialmente abatido o Caxias por impiedosos 5×0, consolidando-se assim, entre os grandes times do futebol catarinense.

Nesta altura todos desejavam conhecer o poderio do time serrano, e não por acaso, a Federação Catarinense fez um convite para que viesse se apresentar em Florianópolis. Após muitas negociações o convite foi aceito e assim pela primeira vez o Pery exibiu-se na capital catarinense onde venceu o Figueirense por 4×2 e o Atletico Catarinense por 3×0, sendo derrotado apenas pelo Avai, por 4×3. No retorno desta excursão, passou por Itajai, onde empatou com o Lauro Muller (futuro campeão estadual deste ano) em 2×2.

  Escudo á partir de 1931

1932 – IMBATIVEL

Mantendo a excelente fase, venceu o Marcilio Dias, de Itajai por 4×3 e empatou com o Guarany de Ponta Grossa por 2×2 e com o C.A. Ferroviário de Curitiba por 3×3.

O resultado mais espetacular em jogos amistosos foi conquistado em Joinville, diante do América, que foi abatido por inacreditáveis 7×5.

Nesta época também contava com um bom time de basquete, que costumava acompanhar o time de futebol nas excursões para enfrentar adversários das cidades vizinhas.

1935 – VITORIAS E DERROTAS

Venceu todos os rivais locais e também o União S.C. de Porto União por 3×0, porém, amargou duas derrotas para o Caxias por 3×0 e Ypiranga de São Francisco por 4×0.

 1936 – VICE-CAMPEÃO CATARINENSE

Filiou-se a A.C.D. – Associação Catarinense de Desportos, entidade fundada no ano anterior em Joinville, dissidente da Federação Catarinense de Desportos.

Sagrou-se campeão da 3. Zona do Campeonato da A.C.D. (Zona Serrana), credenciando-se para a final do campeonato desta entidade, onde foi vice-campeão ao ser derrotado pelo Ypiranga de São Francisco por 4×3.

Ainda neste ano ganhou a alcunha de Leão da Fronteira ao empatar um jogo que estava perdendo de 5×0 para o Rio Negro S.C. e ao bater o Operário Esporte Clube, local, por 15×2.

 1937 – 3º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Em conjunto com o Operário E.C. e América F.C. de Mafra, Tres Barras S.C., G.E. Rio Negrense F.C. e C.A. Canoinhense foi um dos clubes fundadores da Liga Esportiva Catarinense, mais conhecida como Zona Serrana, entidade subordinada á Federação Catarinense de Desportos.

Como campeão da Zona Serrana, credenciou-se a jogar o campeonato catarinense, onde novamente foi eliminado pelo Caxias que o venceu por 3×2 em jogo único e se credenciou á final contra o Figueirense, que foi o campeão.

 1938 – MUDANÇA DE NOME

Mudou a sua denominação para Peri Ferroviário Esporte Clube, evidenciando seus fortes laços com esta classe.

Por divergências, não disputou o campeonato da Zona Serrana, ficando restrito aos jogos amistosos, nos quais bateu o Tres Barras S.C., que foi o campeão regional deste ano.

 1939 – O MAIOR TIME DE TODOS OS TEMPOS

Neste ano o Peri voltou a disputar e ganhar o campeonato da Zona Serrana, credenciando-se mais uma vez para disputar o Campeonato Catarinense.

Em jogo único diante do Caxias, venceu por 2×1 e credenciou-se para disputar a final contra o Figueirense, em Florianópolis, onde foi derrotado por 5×3 e amargou mais um vice-campeonato estadual.

O time vice-campeão, formado por Caroço, Alfredo e Cordeiro; Ataide, Rosalvo e Juvencio (ou Tonico); Cana, Bode, Abreu, Pedro Urbano e Bodinho, foi o melhor já formado na história do futebol do Planalto Norte Catarinense.

 

Esquadrão de 1939

Figueirense e Peri entrando em campo para a final de 1939

O CRAQUE TONICO

Os craques deste time lendário de 1939 eram o goleiro Caroço e o atacante e presidente Cana, titulares desde 1922, além do artilheiro Pedro Urbano, no entanto, que mais brilhou em nível nacional foi o meia Tonico, que em 1940, defendendo o Coritiba, participou do jogo inaugural do Estadio Pacaembu e em 1942 foi convocado para a Seleção Brasileira. Fez muito sucesso no Coritiba F.B.C. onde foi campeão paranaense em 1941,1942,1946,1947 e 1951.

 Tonico no Coritiba F.B.C.

1940 – 3º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Bicampeão da Zona Serrana, credenciou-se para a disputa de mais um Campeonato Estadual, onde foi eliminado em jogo único pelo Ypiranga de São Francisco, ao ser derrotado por 2×0. Com a vitória, os francisquenses, chegaram á final e foram campeões estaduais batendo o Avaí.

Nos jogos amistosos, bateu o Canoinhense por 8×0, o Marcilio Dias por 3×0, o Caxias por 4×3 e foi derrotado pelo Operário de Ponta Grossa por 5×3.

Neste ano foi fundado em Mafra o seu principal rival, o Clube Atlético Operário, que em pouco tempo, conseguiria montar um time competitivo e assim dividir a torcida na cidade.

 1941 – 4º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Tricampeão da Zona Serrana, credenciou-se para a disputa de mais um Campeonato Estadual, onde foi eliminado em jogo único pelo Caxias de Joinville, ao ser derrotado por 4×1. Com a vitória, os joinvillenses chegaram á final onde foram derrotados pelo Figueirense.

Nos jogos amistosos causou furor ao bater o Ypiranga de São Francisco, que mantinha a base campeã estadual de 1940 por inacreditáveis 10×2.

 1942 – 7º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Tetracampeão da Zona Serrana, credenciou-se para a disputa de mais um Campeonato Estadual, onde foi eliminado em jogo único pelo América de Joinville, ao ser derrotado por 5×1. Com a vitória, os joinvillenses alcançaram a fase semifinal, avançando depois para a final, onde foram vice-campeões por WO diante do Avaí.

  1943 – 4º LUGAR NO CAMPEONATO CATARINENSE

Pentacampeão da Zona Serrana, credenciou-se para a disputa de mais um Campeonato Estadual, onde foi eliminado pelo América de Joinville, ao ser derrotado por 2×1 e 6×3. Com a vitória, os joinvillenses alcançaram a final onde foram derrotados novamente pelo Avaí.

 1944 á 1954 – DIAS DE COADJUVANTE

Neste período o Peri deixou de figurar na disputa dos Campeonatos Catarinenses por ter perdido a condição de principal time da região para o Ipiranga F.C. de Canoinhas, campeão regional de 1945-46-48-49-50-51 e 52.

Também teve dificuldades para manter-se como o principal time da cidade, tendo em vista o crescimento do seu rival eterno, o Clube Atlético Operário, que foi campeão regional em 1947.

Time de 1949

1955 – VOLTA MODESTA AO ESTADUAL

O Peri voltou a disputar o Campeonato Estadual em 1955, credenciado por ter vencido o Campeonato Regional, no entanto, não conseguiu avançar ás fases finais.

 1957 – CAMPEÃO MAFRENSE INVICTO

O Peri conquistou de forma invicta o campeonato da Liga Mafrense de Desportos, competição que envolvia os principais time de Mafra e Região.

Também disputou o Campeonato Catarinense, que a partir deste ano foi dividido em Zonas Regionais. Alocado num grupo de clubes do Planalto Norte e Região Oeste, não conseguiu avançar para a Segunda Fase da competição.

1958 – UM ANO DE AMISTOSOS

Neste ano o Peri brilhou em diversos jogos amistosos realizados durante o ano. Nos duelos intermunicipais bateu o Ipiranga de São Francisco por 7×2, o Atlético São Francisco por 6×0, o Santa Cruz de Canoinhas por 4×1 e foi derrotado por Caxias e São Luiz de Joinville por 2×1.

Nos duelos interestaduais venceu o Avahi de União da Vitória por 4×1, o São Mateus por 6×2 e o União de Lapa por 6×3 e 4×1. Em contrapartida foi derrotado pelo Ferroviario de União da Vitória por 1×0 e empatou com o Britania de Curitiba em 3×3.

Nos duelos Peri-Ope, em 10 jogos, houve 4 vitorias para lado e 2 empates, porém, o Peri conseguiu duas grandes goleadas: 5×0 e 4×0.

 Cena de um clássico Peri-Ope

O CRAQUE LEOCÁDIO

Neste ano 1958, surgiu no time principal do Peri, contando com apenas 16 anos, um meia muito habilidoso chamado Leocadio Consul. Bastaram poucas aparições para que o garoto despertasse a atenção dos principais clubes do Paraná. Operário de Ponta Grossa, vizinho mais próximo, foi mais ligeiro e levou o jogador embora. Posteriormente, Leocadio brilhou no Londrina e no Coritiba F.C. onde jogou entre 1970 e 1974, conquistou os títulos estaduais de 1971-72-73-, o Torneio Internacional de Verão de 1971, o Torneio do Povo de 1973 e ainda realizou diversas excursões ao exterior.

Leocádio no Coritiba F.B.C.

1960 – DENOVO ENTRE OS GRANDES DO ESTADO

No extenso Campeonato Catarinense de 1960 foi vice-campeão de sua zona regional, colocando-se assim entre os 10 clubes que disputaram a fase final, onde não obteve sucesso. A derrota mais amarga ocorreu para o Caxias, que o venceu por 7×0.


1964 – MODESTA APARIÇÃO NO ESTADUAL

No Campeonato Estadual de 1964 não conseguiu colocar-se entre os 17 clubes da fase final, fazendo uma modesta campanha na 3ª Zona que classificava três clubes entre os oito disputantes.

 1965 – OUTRA MODESTA APARIÇÃO NO ESTADUAL

Em 1965 não conseguiu colocar-se entre os 12 clubes da fase final, fazendo uma modesta campanha na 4ª zona, que classificava dois clubes entre os sete disputantes.

1966-1969 – OS ULTIMOS ANOS DE GLÓRIA

Neste período, mesmo afastado das disputas dos Campeonatos Estaduais, o Peri possuía muito prestigio no futebol local e regional, tendo sido campeão do concorrido campeonato da Liga de Futebol de Amador da cidade de Corupá em 1969.

Embora modesto no futebol estadual, o Peri ainda era um clube social muito bem estruturado, contando com quadras de tênis, basquete e até uma grande piscina, onde até Vera Fischer, então miss Santa Catarina, chegou a nadar.

  1970-1982 – LENTA DECADENCIA

Com a falência do sistema férreo, o clube iniciou um lento período de decadência, com uma grande redução no numero de associados e na receita.

Neste cenário, restou ao Peri disputar os campeonatos amadores do norte catarinense, enquanto seu principal rival, o Operário, ensaiava o retorno ao Campeonato Estadual, o qual disputou sem grande sucesso em 1977 e 1978.

Buscando contar com o apoio do torcedor periense, em 1980, o Operário deu lugar ao Mafra Atlético Clube, que surgiu com o objetivo de unificar as torcidas da cidade, mas não foi bem sucedido.

 1983 – GOLPE DE MISERICORDIA

O patrimônio do clube, que já vinha se deteriorando devido á grave crise financeira, foi tragicamente comprometido com a grande enchente que assolou a cidade e o Estado em 1983 e deixou debaixo d’agua o estádio e a sede, que nunca mais foram os mesmos. A fúria do rio Negro também levou embora grande parte dos troféus e documentos do clube, que assim, perdeu também grande parte de sua memoria.

 O rio negro transbordado tendo em primeiro plano a histórica ponte de ferro e a o fundo o estádio do Peri.

“Rio-Mafra” debaixo d’agua, onde o centro de Rio Negro está na parte de baixo da foto e o centro de Mafra acima.

1984 Á 2005 – ESQUECIDO

Ao mesmo tempo em que o Peri seguia moribundo, uma nova versão do seu rival Operário, agora chamado de Sociedade Esportiva e Recreativa Operários Mafrenses, aventurava-se esporadicamente nos campeonatos regionais amadores e na disputa da Segunda Divisão de Profissionais.

Neste cenário, o Peri perdeu espaço, enquanto o Operário, mesmo sem sucesso dentro de campo, conseguia manter uma torcida fiel e se consolidar como o único clube da cidade.

Em 2001, seus antigos jogadores, inconformados com o abandono do clube, decidiram a Sociedade Esportiva Recreativa Veteranos do Peri, que passou a realizar jogos semanais no Estádio Ildefonso Melo, dando um pouco de vida ao local, que desde então também passou a receber cuidados.

2006 –UMA VOLTA INESPERADA

Neste ano, de forma surpreendente, o Peri retornou ao futebol profissional, tendo disputado a 3ª Divisão do Campeonato Catarinense, quando ficou em 5º lugar entre 10 clubes. A sua volta foi encabeçada pelos dirigentes e comissão técnica que haviam comandado o Operário nas duas ultimas temporadas e que não tiveram o apoio necessário para manter este clube em atividade no ano seguinte.

Sem estádio próprio para mandar os seus jogos e com o estádio do Operário em reforma, o Peri teve que mandar alguns jogos no estádio municipal de Rio Negro e embora isto não fosse um problema, a sua média de publico neste campeonato ficou bem abaixo da média que o Operário vinha tendo nos últimos anos, evidenciando que embora glorioso no passado, já não era um clube tão querido na cidade.

Escudo em 2006

Time de 2006, no estádio do Operário (Pedra Amarela).

2015 – ATUALMENTE

Nos dias atuais o Peri já não tem sede social e campo próprio, já que os mesmos pertenciam á Rede Ferroviária Federal, e agora pertencem á União, sendo administradas pelo DNIT, que por sua vez, cedeu-a á Prefeitura de Mafra.

O campo segue servindo á comunidade e aos Veteranos do Peri enquanto a sede social é utilizada para abrigar uma repartição da prefeitura.

Resta ainda um bar e canha de bocha ao lado da sede social, que mantem vivas as lembranças do clube, graças á sua pintura verde e branca e o escudo do clube desenhado na parede.

 

Arquibancadas do Estádio Ildefonso Mello em ruínas (2006)

Antiga sede social do clube (2006)

Cancha de bocha do Peri (2009)
Fontes: Acervo pessoal, acervo de Adalberto Jorge Kluser, Portal clickriomafra, site do Coritiba e Figueirense, jornais A Noticia e Jornal de Mafra.

MOCINHO ERA BOM DE BRIGA

O VILÃO

Um dos primeiros vilões do futebol catarinense foi o jogador Antonio Bezerra, natural da histórica São Francisco do Sul/SC, onde como que por tradição, os moradores se notabilizam muito mais por seus apelidos, e o seu, não podia ser mais insólito: Mocinho.

Mocinho, no centro da foto.

O INÍCIO DE CARREIRA

Mocinho começou sua carreira no Ypiranga Futebol Clube, de São Francisco do Sul, em 1924, atuando como ponta-esquerda. Tinha na velocidade seu principal atributo e entre 1925 e 1928 destacou-se em diversos jogos amistosos, tendo inclusive marcado gols diante dos poderosos America de Joinville e Hercilio Luz de Tubarão, que foram derrotados por 3×0 e 3×2, respectivamente, em jogos bastante tumultuados.

O Ypiranga era um clube de origem humilde, composto basicamente por trabalhadores do porto, por isso, não tinha a polidez dos clubes da elite. Com isso, Mocinho pode sempre colocar em pratica o seu jogo pesado, sem ser repreendido. Neste cenário, os jogos entre Ypiranga e clubes como América e Caxias, de Joinville, geralmente acabavam em confusão, e o pivô delas era sempre o mesmo: Mocinho, o quebra-canelas.

PONTAPÉS E TAPAS NA CARA

Em 1928, passando a atuar no meio-campo, Mocinho começou a arrumar ainda mais encrencas, pois agora tinha a função de marcar. Em 8 de Setembro, num jogo em que o Ypiranga venceu o Britania de Curitiba por 1×0, após incomodar tanto o jogador Basani, levou um pontapé e uma bofetada. Ao revidar na mesma intensidade, deu inicio a uma batalha campal que só terminou após a intervenção dos presidentes dos clubes e da policia, que com muito custo, conseguiram fazer com o que o jogo fosse terminado, bem como as festividades que o sucederam.

Ainda neste ano integrou a Seleção Catarinense que em 4 de Novembro foi abatida pelos Paranaense por 8×0, em jogo valido pelo Campeonato Brasileiro.

UM CONTRA SETE

Em 1929 teve atuação discreta nos gramados, porém, em 1930 voltou com força total, agora defendendo o Lauro Muller Futebol Clube, de Itajaí, clube formado por operários de uma Fabrica de Tecidos e que era temido pela hostilidade que recebia seus adversários no seu campo, na Vila Operária.

Em 23 de fevereiro, quando seu time derrotou o Caxias por 3×2, em jogo amistoso, conseguiu a proeza de machucar sete jogadores caxienses e não ser expulso. A narrativa do Jornal de Joinville demonstra bem a indignação dos joinvillenses:

Os laurenses organizam um ataque mas o Caxias defende, Cylo ataca e Eurico defende, Mocinho dá uma violenta entrada em Cylo que jogou até o fim contundido. Dorotávio chuta forte e Chiquito ao tentar tirar faz gol contra, Lauro 1×0.O Caxias vai ao ataque e Lemos faz 1×1, Mocinho machuca Lemos com raiva e este é substituído por Andrade que joga 5 minutos e saiu machucado por Mocinho e por Lemos ter se recuperado.O Lauro Muller tem um escanteio, Paulo cobra Candinho defende mas Dorotávio faz Lauro 2×1.Mocinho que nem touro ataca de raiva, violentíssimo e o alvejado pela ferocidade é Raul Schmidlin que leva duas pancadas na boca do estômago, na segunda pancada Schmidlin revida e é agredido por brutamontes.Mocinho mostrou ser um elemento sem caráter e sem educação esportiva.Serenados os ânimos Dario faz penal e Marinheiro empata em 2×2.Mocinho e sua sinistra faixa de machucar dá seguidas entradas violentas.Começa o 2º tempo e o Caxias ataca e o Lauro defende, o Lauro ataca mas o jogo perde a beleza devido a Mocinho que machuca José, mas este porém continua a jogar,em seguida Mocinhovai agredir Cyrillo que se machuca, é uma verdadeira tourada.Vendo em Marinheiro a principal estrela da defesa caxiense, Mocinho depois de várias tentativas o machuca sendo que este foi levado a uma pharmácia onde foi  medicado e levado ao Hotel, depois de bons lances ocorre um penalty de Chiquito que Dario cobra e perde.Começa a cair uma torrencial chuva e em um ataque o Lauro faz 3×2, depois de  mais um ataque termina o jogo.Atuou de juiz Emilio Sada que foi muito criterioso e imparcial. Tomara que o Lauro Muller não apóie o jogo de Mocinho, o Caxias agradece a Pharmácia Santha Terezinha por tratar de Marinheiro.

 UMA TERRIVEL MUTILAÇÃO

Depois deste polemico jogo, Mocinho seguiu atuando normalmente pelo Lauro Muller, sendo sempre um dos principais jogadores do time, que já era famoso em todo Estado, enfrentando em condições de igualdade e muitas vezes vencendo, os principais clubes de Joinville, Florianópolis e Blumenau.

Em Outubro de 1930 foi convocado pelo exercito para lutar no “Movimento Libertador” que conduziu o ditador Getúlio Vargas á presidência do Brasil e nesta ocasião, servindo em Florianópolis, teve a infelicidade de ser atingido por uma granada que lhe arrancou o braço direito.

A fatalidade comoveu toda a população itajaiense, principalmente a comunidade esportiva, onde tanto o C.N. Marcilio Dias e quanto o Lauro Muller F.C. organizaram jogos para arrecadar fundos para ajuda-lo na recuperação.

A VOLTA AO FUTEBOL

Para qualquer outro, perder um braço significaria o fim da carreira futebolística, mas não para Mocinho, que imitando os passos de Hector ‘Manco’ Castro, herói uruguaio do Mundial de 1930, deu sequencia a carreira, mesmo com a deficiência.

No inicio de 1931, Mocinho voltou ao posto de titular do meio-campo do Lauro Muller, que nesta ocasião, estava com o time cada vez mais afiado.

BENGALADAS E FACADAS

Como não podia deixar de ser, Mocinho, também continuou adepto de uma boa briga. Em 14 de junho de 1931, quando assistia a um jogo entre Brusquense e Lauro Muller, em Brusque, a confusão em que se envolveu por pouco não terminou em tragédia, conforme relatou o jornal ‘O Libertador’:

No final, quando os nossos rapazes preparavam-se para o regresso, houve uma desavença entre o chauffer João Pereira e um dos rapazes visitantes. Houve a intervenção de três outros presentes que o referido chauffeur tentou agredir a faca, tendo mesmo conseguido ferir de leve o nariz de um deles. Foi quando surgiu Antonio Bezerra, mais conhecido por Mocinho, que foi em socorro de um irmão, a quem Pereira também tentava ferir. Mocinho, que só tem o braço esquerdo, pois que o direito perdeu durante a revolução com a explosão de uma granada, entrara em luta armado de bengala, sendo esfaqueado pelo alludido chauffer, recebendo dois ferimentos, sendo um no braço esquerdo e outro no ventre. O criminoso refugiou-se num Hotel, sendo afinal preso, bem como o seu primeiro contendor. Mocinho, cujo estado não é grave, ahi fora assistir o match, acha-se internado no Hospital de Azambuja, daquella cidade.

NOVA VOLTA POR CIMA

Em Julho, mesmo ainda machucado pelas facadas, Mocinho voltou ao time principal do Lauro, que nesta ocasião, preparava-se para a disputa do Estadual de 1931, campeonato este, que após muita confusão por parte da Federação, terminou somente em janeiro de 1932, com o titulo sendo homologado ao Lauro Muller, devido a desistência do Athletico Catharinense. Embora não fosse mais titular do time, Mocinho fazia parte do plantel. Deste modo, colocou o seu nome no rol dos jogadores campeões do Estado.

O FIM DA CARREIRA ESPORTIVA

A partir de 1933 seu nome deixou de figurar no noticiário esportivo. Seu paradeiro fora do esporte é um tanto obscuro, embora existam evidencias que neste período tenha iniciado a carreira de Delegado de Policia na cidade de Penha.