Lembro-me de ver as arquibancadas do Maracanã nos anos 60 com milhares de bandeiras dos clubes. Na final de 1962, Botafogo 3 x 0 Flamengo, ouvi no rádio foram distribuídas bandeirolas para todos os torcedores, cerca de 130 mil pagantes. Eram 90.000 bandeirolas do Flamengo e 40.000 do Botafogo. Foi o anunciado no rádio. Este jogo foi televisionado e meu vizinho não me convidou para ver. Foi o último grande jogo de Garrincha. Até hoje não esqueci que não pude ver este jogo. Mas voltando as bandeiras, uma das poucas pessoas que levavam bandeiras em São Paulo era a torcedora símbolo, a Elisa. Quando ela desfraldava sua bandeira, a arquibancada aplaudia. Isso nos anos 60. Quem quiser ver a Elisa e sua bandeira, assista Mazzaropi, o Corintiano.
E no Rio, era o que mais tinha. Comecei a pensar que um dia eu faria uma bandeira.
Em 1970, eu e um amigo do colégio Bilac em São Paulo, resolvemos fazer cada um uma bandeira. Neste ano já se viam algumas bandeiras nos estádio, as organizadas estavam no início. Fomos a uma loja de tecido e compramos o pano. Minha bandeira foi feita do pano Failete e do meu amigo Alpaca. Como mastro, um tubo de PVC de 2,50m. A medida do pano, 2,5m x 1,25 , preto e branco simbolizando as cores do Corinthians. A do meu amigo de medidas aproximadas, não me lembro.
O interessante foi a ida ao estádio para a estréia das bandeiras, em 19/07/1970 em jogo contra o São Paulo no Morumbi, que ficou no 1 x 1, gols de Toninho Guerreiro e Lima. Pegamos um táxi DKW da Vemag, um Belcar para quem lembra e fomos no banco de trás. Com o carro em movimento e as bandeiras ao vento, o pessoal olhava com surpresa e achava inusitado. Pode-se dizer que era uma coisa rara em São Paulo na época.
Na segunda-feira no colégio, comentando o fato, um aluno que sempre vinha ao Rio de Janeiro comentou que nunca se esqueceu de ter visto na avenida Atlântica um Mustang com uma bandeira do Fluminense.
Bem, nós fomos bem mais humildes, com um táxi DKW Vemag.
Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf
Zizinho
Há quem diga que Zizinho foi tão bom quanto Pelé. O próprio Pelé diz que o seu grande futebol foi inspirado em Zizinho. As novas gerações de torcedores certamente não viram o grande meia-direita em ação. Pouquíssimas são as imagens que registram lances de que o admirável craque participou. Mas eu tenho gravadas na retina dos meus olhos e fixadas na memória jogadas inesquecíveis do extraordinário jogador. Sempre digo que o meia-direita da Seleção de 1934 (Copa do Mundo da Itália), Waldemar de Brito, prestou dois imensos serviços ao futebol do Brasil: quando ele jogava no Flamengo, saiu do rubro-negro e foi para o San Lorenzo de Almagro, da Argentina. Aí, abriu espaço para a entrada de Zizinho no time da Gávea, ganhando o Brasil o maior jogador daquele tempo. Bem mais tarde, quando nem jogava mais, Waldemar de Brito descobriu em Bauru, interior de São Paulo, um menino de 14 anos e o levou para Santos. Era nada mais nada menos que Pelé.
O estupendo Zizinho entrou na equipe do Flamengo em 1939 e ficou lá até 50, quando se transferiu para o Bangu permanecendo em Moça Bonita até 1957. Já com 35 anos, foi para o São Paulo e atuou no clube em 1957 e 1958, sendo campeão paulista de 57. Encerrou a carreira aos 40 anos no Audax Italiano, do Chile, pelo qual atuou entre 58 e 62. Os jogadores outorgaram a Zizinho a homenagem de chamá-lo de “Mestre Ziza”.
Pois com Zizinho aconteceu uma das mais interessantes histórias da bola. Jogavam Bangu e Vasco no Maracanã. O árbitro era Eunápio de Queiroz. Ao terminar o primeiro tempo, o repórter de rádio Luiz Fernando levou seu microfone até Zizinho para algumas declarações sobre a primeira etapa. O Bangu estava perdendo.
– Que tal o jogo, Zizinho? – perguntou Luiz Fernando.
– Está difícil porque esse juiz não é Eunápio de Queiroz, é Larápio de Queiroz – acusou Zizinho.
Deduraram as declarações do craque ao árbitro. Quando os times voltaram a campo, Eunápio perguntou a Zizinho:
– É verdade que o senhor disse que eu deveria me chamar Larápio de Queiroz?
– Foi, eu disse – respondeu.
– Então pode voltar para o vestiário, o senhor está expulso de campo -sentenciou Eunápio.
E foi assim que Zizinho, um dos monstros sagrados do futebol brasileiro transformou-se , talvez, no único jogador da história expulso no intervalo.
Texto: Luiz Mendes.
Estava lendo Biografias Net sobre o Zizinho e vi um texto interessante: O jornalista italiano Giordano Fatori que cobria a copa para o jornal “Gazzetta dello Sport” escreveu “O futebol de Zizinho me faz recordar Da Vinci pintando alguma coisa rara” comparando o futebol do jogador com um dos maiores mestres da pintura de todos os tempos.
Bangu Atlético Clube – 40° à Sombra
Este clube, quase desconhecido da geração mais nova, já cedeu à seleção brasileira jogadores do porte de: Zizinho, Zózimo (bi-campeão do mundo), Ademir da Guia ( foi no Bangu que despontou o Divino, como ficou conhecido), Fidélis, Paulo Borges e Marinho. Estes nomes são os que me recordo. Outros jogadores excelentes, dignos de integrar a seleção brasileira, caso a época não fosse excepcional. Cito alguns: Ladislau da Guia, que não vi jogar, e outros que tive o privilégio de testemunhar jogadas memoráveis e inesquecíveis: Moacir Bueno, Djalma, Rafanelli, Menezes, Décio Esteves, Nívio, Parada, Bianchini, Fidélis, Arthurzinho e muitos outros. Desta seleta constelação, Zizinho foi a estrela maior. Pelé declarou que foi o jogador que mais o impressionou pela refinada técnica e Zizinho já estava em final de carreira.
Em 1960, o Bangu foi, na verdade, o primeiro campeão mundial de clubes. Na época esta versão denominou-se Torneio de Nova York. A atuação de Ademir da Guia, ainda muito jovem, chamou a atenção dos grandes clubes e lá se foi Ademir para o Palmeiras.
Campeão estadual duas vezes, o Bangu tem inúmeros vice-campeonatos em jogos finais de arbitragens discutíveis. Em 1951, Mendonça teve a perna fraturada e o Bangu jogou o primeiro jogo da série melhor de três contra o Fluminenese, com 10 jogadores porque não havia substituição. Em 1964, novamente numa série melhor de três, contra o mesmo Fluminenese, um penalti duvidoso de Mário Tito em Amoroso permitiu a vitória do Fluminense na primeira partida por 1×0. Em 1984, o mais discutido de todos os lances. Num erro histórico da arbitragem, não foi marcado o penalti do zagueiro Vica do Fluminense em Cláudio Adão, aos quarenta e cinco minutos do segundo
tempo. O jogo estava 2×1 e o empate favorecia ao Bangu.
O Bangu é um clube originário de uma fábrica de tecidos. Deveria contar com numerosa torcida, mas como tudo no Brasil é muito estranho, são os clubes oriundos da elite social que detêm as maiores torcidas. Exceção ao Vasco da Gama que pertence à Zona Norte. Concordo que o início da decadência do futebol do Rio coincide com o começo da decadência do América e do Bangu.. Que benefícios maiores trouxeram ao futebol do Rio os novos clubes guindados à primeira divisão? Aqui a prevalência do dito de Camões ” Fraco rei faz fraca forte gente”.
A grande verdade é que a imprensa ao divulgar somente os quatro grandes, outrora seis, colaborou também para o ostracismo em que vivem Bangu e América.
Texto de Jairo L Salles, fiel torcedor do Bangu
O ÚLTIMO TÍTULO DO BANGU E O ÚLTIMO GESTO DE PAZ DE ALMIR PERNAMBUQUINHO
Na tarde daquele 18 de dezembro de 1966, com arbitragem de Aírton Vieira de Morais, o Sansão, o Flamengo pisou o gramado do Maracanã com Valdomiro, Murilo, Itamar, Jaime Valente e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Carlos Alberto, Almir, Silva e Osvaldo Ponte Aérea. O Bangu de Castor de Andrade colocou em campo Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luís Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Ladeira, Cabralzinho e Aladim. Numa época em que as substituições não eram permitidas, o Flamengo foi logo prejudicado quando perdeu, ainda no primeiro tempo, o ponteiro Carlos Alberto, após uma entrada desleal de Ari Clemente. Uma das revelações do Campeonato Carioca de 1966, Carlos Alberto submeteu-se a operações no joelho atingido, voltou aos treinos mas jamais se recuperou totalmente, sendo obrigado a abandonar o futebol.
Estranhamente, aquele Flamengo vibrante, que jogava de maneira vistosa, dono de um meio-de-campo clássico – com Carlinhos e Nelsinho – pareceu totalmente desfigurado a partir da saída de Carlos Alberto. Já o Bangu, percebendo a timidez do adversário, lançou-se ao ataque e marcou dois gols praticamente seguidos ainda na primeira etapa: Ocimar, aos 23 anos, e Aladim, aos 26 minutos. No segundo tempo, Paulo Borges, numa jogada inspirada, marcou o terceiro gol logo aos três minutos. Com 3 a 0 no placar, o sonho da conquista do bicampeonato carioca parecia quase impossível, ou totalmente impossível, para uma equipe desfalcada de um de seus principais atacantes. Foi então que, aos 26 minutos, Almir decidiu acabar com o jogo, provocando uma briga generalizada, que terminou com a expulsão de nove jogadores antecipando o final da partida.
Temperamental, Almir Pernambuquinho, que morreu assassinado em Copacabana, aos 35 anos, poucos meses depois de ter abandonado a carreira, entrou para a história do futebol carioca. Logo no início da carreira, no Vasco, quebrou a perna de Hélio, do América, inutilizando o companheiro de profissão. Depois, na Seleção Brasileira, foi o estopim de um conflito total num Brasil x Uruguai pelo Campeonato Sul-Americano de 1959, na Argentina. E ainda, quando atuava pelo Santos, aplicou uma covarde cabeçada no rosto de Amarildo na decisão de 1963 do Mundial Interclubes com o Milan, no Maracanã. Sua reação naquele Flamengo x Bangu, portanto não pode ser classificada de acidental. No vestiário, com a desvantagem de 2 a 0, Almir teria dito ao dirigente rubro-negro Flávio Soares de Moura que aquele jogo não acabaria e que o Bangu não daria a volta olímpica porque ele não permitiria.
Hoje, passados vários anos, muitos comparam o temperamento de Almir com o de Heleno de Freitas (1920-1959), centroavante do Botafogo, do Vasco e do América na década de 40 e início da de 50. Heleno, porém, de acordo com o laudo do hospital onde morreu, em Barbacena, era comprovadamente um caso patológico. Mesmo levando-se em conta que contraiu sífilis no auge da carreira, não resta dúvida de que Heleno sofria de esquizofrenia desde muito jovem. Quanto a Almir, nunca se pôde chegar a uma conclusão.
Que seu comportamento não era normal, não resta dúvida. Possivelmente era, igualmente, um caso de esquizofrenia (distúrbio mental e fragmentação da personalidade). Por ironia do destino, entretanto, na noite em que morreu, com um tiro na cabeça, numa briga de bar da Galeria Alaska, Almir Pernambuquinho entrara justamente para evitar o conflito que havia começado.
Pela primeira e última vez, Almir Pernambuquinho esboçou um gesto de paz.
Texto: Roberto Porto
Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo – ex-Presidentes
Resolvi inserir este artigo pela lembrança dos jornalistas esportivos, curiosidades e dos fatos marcantes ao longo da história esportiva do rádio.
Ary Silva (1941-1946 / 1948-1949) – Nascido em São Paulo em 21 de junho de 1917, Ary Silva foi o idealizador da ACEESP. Responsável pela organização dos profissionais que participaram da aprovação do estatuto da entidade em 1942. Em assembléia foi eleito o primeiro presidente. Formado em direito, trabalhou nas Emissoras Associadas, na Rádio Bandeirantes, onde cobriu a Copa de 1938, e nas organizações Globo. Atuou também como diretor do departamento de árbitros da federação paulista de futebol. Como político elegeu-se vereador e deputado estadual. Fundou o jornal Gazeta da Zona Norte, com circulação até os dias de hoje. Faleceu no dia 6 de abril de 2001 aos 83 anos de idade.
Rebelo Júnior (1946-1948) – Um dos mais importantes narradores da história do rádio. O homem do gol inconfundível, o primeiro a anunciar o gol com uma emissão longa de voz, ou seja, o “goooooooooooooool”, incorporado depois por outros narradores esportivos. Participou do surgimento da ACEESP e foi o segundo presidente da entidade dando seqüência ao trabalho de Ary Silva.
Blota Júnior (1949-1952) – Nascido em Ribeirão Bonito em 3 de março de 1920, José Blota Júnior formou-se em direito pela Universidade de São Paulo. Começou sua carreira na Rádio Bandeirantes como locutor. Trabalhou por 45 anos na Rádio e TV Record. Exerceu dois mandatos de deputado estadual e um de deputado federal. Seu último cargo político foi a Secretaria de Comunicação no governo Paulo Maluf. Atuou como apresentador de programas nas tevês Bandeirantes e SBT. Foi locutor esportivo em Copas do Mundo e Olimpíadas e chegou a ser vice-presidente da Associação dos Pioneiros de Televisão. Como presidente da ACEESP, atuou por três anos. Primeiro substituindo Ary Silva, e depois em mandato próprio. Faleceu em 22 de dezembro de 1999 aos 79 anos.
Caetano Carlos Paioli (1952-1953) – Jornalista ligado aos esportes amadores, foi redator de esportes do jornal A Gazeta Esportiva, onde trabalhou em grande parte de sua carreira. Realizou um mandato importante à frente da entidade, sendo responsável pela mudança de sede para a Avenida do Estado. Já havia sido tesoureiro na gestão de Blota Jr e foi o primeiro presidente ligado aos esportes amadores.
Geraldo José de Almeida (1954-1957) – Nascido em 12 de março de 1919, este importante locutor esportivo começou sua carreira na Rádio Record. Trabalhou nesta emissora por 28 anos. Esteve também na Rádio Jovem Pan, além da Rádio e TV Excelsior. Narrou as Copas de 1970 e 1974 pela TV Globo, de onde saiu para morar em Porto Alegre, atuando na Rádio Difusora. Sua gestão à frente da ACEESP foi marcada pela criação do jantar comemorativo, logo em seu primeiro ano comandando a entidade. Seu filho, Luís Alfredo, seguiu seus passos como narrador esportivo. O último grande evento narrado por Geraldo José de Almeida foi a Olimpíada de Montreal. Faleceu um mês depois aos 57 anos.
Flávio Iazetti (1958-1961) – Um dos mais importantes jornalistas de todos os tempos. Nasceu no dia 18 de agosto de 1916. Começou sua carreira em 1938, já no ano seguinte criou o jornal O Esporte onde ficou até 1960. Em 1961 chegou à Gazeta Esportiva onde permaneceu até o seu falecimento. Atuou na rádio Panamericana e nas tevês Record e Gazeta. Foi um dos fundadores daACEESP. Com Paulo Machado de Carvalho e Ary Silva, fundou a Escola de Árbitros da FPF que hoje leva o seu nome, por resolução e homenagem póstuma. Foi auditor e secretário do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da Federação Paulista de Futebol. Com os jornalistas Ary Silva e Paulo Planet Buarque, mais o técnico Vicente Feola, integrou a comissão que elaborou o “Plano Paulo Machado de Carvalho”, que levou o Brasil ao seu primeiro título mundial em 1958 na Suécia. Faleceu em 9 de março de 1990, aos 74 anos.
Emílio Colella (1962-1965 / 1968-1971) – Importante cronista esportivo e um dos mais ativos presidentes da história da entidade. Ao todo foram quatro mandatos à frente da Associação. É o segundo presidente na história há ficar mais tempo no cargo. Em oito anos conseguiu inúmeras realizações numa época de crescimento da entidade. Fez parte de uma célebre geração de jornalistas.
Milton Galdão (1966-1967) – Cronista esportivo de grande importância. Sucedeu Emilio Collela dando seqüência ao seu trabalho. Realizou apenas um mandato à frente da associação. Destacou-se pela seriedade e comprometimento. Fez parte do Conselho Superior daACEESP. Falecido, tem seu nome gravado pela ótima e importante participação nos rumos da associação.
Mauro Pinheiro (1972-1973) – Conhecido como Senador, foi um dos mais importantes e conceituados comentaristas de todos os tempos. Trabalhou por quase vinte anos na rádio Bandeirantes, na famosa equipe do escrete do rádio, ao lado de grandes nomes como Fiori Giglioti. Passou também pela Rádio Jovem Pan, onde trabalhava quando faleceu em 25 de janeiro de 1982. Comandou a entidade por dois anos, em substituição a Emilio Collela.
Milton Camargo (1974-1975) – Nascido em Cafelândia, interior de São Paulo, Milton Camargo César começou sua carreira em 1947 na Rádio Clube de Marília. Em 1950 chegou a São Paulo para trabalhar na rádio Tupi onde ficou até 1982, sendo o chefe do departamento de esportes da inesquecível equipe 1040. Também foi comentarista da Tv Tupi e nesse período fez brilhante carreira igualmente nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Escreveu diversas colunas em jornais como Mundo Esportivo e Diários de São Paulo e da Noite. A sua gestão à frente da ACEESP foi marcada pela luta, ao lado do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, junto ao Ministério das Comunicações, para impedir que aqueles que não tivessem o registro profissional desempenhassem funções jornalísticas. Hoje está aposentado como jornalista e assessor de imprensa do Tribunal de Contas do Município.
Carlos Aymard (1976-1977) – Um dos mais importantes comentaristas esportivos da história do rádio. Paulistano, nascido em 28 de dezembro de 1934, Aymard Del Carlo trabalhou na extinta rádio Nacional de 1969 a 1977. Depois se transferiu para a Rádio Globo, onde ficou até 1989. No comando da ACEESP passou por situação difícil quando o Torneio Inicio, que tinha renda revertida para a entidade, foi extinto. Com isso a Associação passou a depender de uma indenização proveniente das rendas dos jogos do Paulistão. Faleceu de câncer em 5 de agosto de 1989, aos 54 anos, quando exercia a função de comentarista principal da Rádio Globo. Deixou esposa, duas filhas e quatro netos.
Flávio Adauto (1978-1979) – Nascido em 4 de janeiro de 1948, Flávio Adauto Iório Lopes atuou como repórter, redator, chefe de reportagem, editor, consultor, colunista, entre outras atividades profissionais nos seguintes órgãos de comunicação: Folha de São Paulo (de 1968 a 1976); Jornal da Tarde (1977 a 1986); O Estado de S.Paulo (1977 a 1986); Rádio e TV Bandeirantes (1977 a 1994); além da Rádio Jovem Pan, Folha da Tarde, Diário Popular, Última Hora e Gazeta Esportiva. Trabalhou na cobertura de sete Copas do Mundo, cinco Jogos Olímpicos, quatro Panamericanos e dezenas de outras coberturas internacionais como chefe de equipe, diretor, repórter, produtor. Como presidente da ACEESP marcou sua gestão com a compra da sede atual, na Avenida Paulista. Atualmente exerce a função de empresário de comunicação.
Loureiro Júnior (1980-1981) – Este importante comentarista esportivo nasceu em 1935, começou a carreira em 1953 e passou por muitas das mais importantes emissoras de rádio de São Paulo. Trabalhou nas Rádios Bandeirantes, Record, Globo, Panamericana, (hoje Jovem Pan) e Gazeta. Esteve na cobertura de oito Copas do Mundo. Chegou a parar em 1993, só atuando eventualmente em programas esportivos. Em 2006 retornou ao rádio para comentar na Rádio Capital, de onde já saiu. Está aposentado e morando em São Paulo. Sua gestão à frente da ACEESP ficou marcada pela reforma administrativa.
Lucas Neto (1982-1983) – Nascido em São Paulo no dia 23 de julho de 1939. Filho do ex- presidente da entidade, Flávio Iazetti. Iniciou carreira em agosto de 1959. Trabalhou na TV Tupi, Rádio Tupi, Última Hora, Diário da Noite, Diário de São Paulo, Popular da Tarde, Gazeta Esportiva, Rádio Gazeta, TV Gazeta. Presidente, vice e diretor da ACEESP em várias administrações. Foi um dos fundadores e diretor da Abrace (Associação Brasileira dos Cronistas Esportivos). Atuou como assessor de imprensa da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1986 (México). Sua administração à frente da ACEESP ficou marcada pela reforma da nova sede, que possibilitou a realização de diversos eventos sociais e culturais. Trabalha atualmente na Rádio Trianon e é membro nato do Conselho Superior daACEESP.
Mário Lúcio Marinho (1984-1985 / 1997-2004) – O jornalista Mário Lúcio Marinho, mineiro de Ribeirão das Neves, começou sua vida profissional nas oficinas da Imprensa Oficial e como jornalista no Diário da Tarde, de Belo Horizonte. Mudou-se para São Paulo, onde trabalhou no Jornal da Tarde, no Estado de S. Paulo, em revistas da Editora Abril, nas rádios Eldorado, Gazeta, Record, Atual, Nove de Julho e Capital. Nas televisões Gazeta, Cultura e Bandeirantes. Atualmente é comentarista esportivo da rádio Eldorado, além de diretor da revista O Mundo do Futebol. Ao todo presidiu por quase dez anos e teve sua passagem marcada pela criação do troféu Ford/ACEESP.
Aroldo Chiorino (1986-1987) – Começou sua carreira em 1945, três anos depois chegou à Folha de São Paulo, onde ficou até 1975. Nesse período foi repórter, redator e colunista. Cobriu as Copas do Mundo de 1950 até 1986. Foi também assessor de imprensa da Secretaria de Esportes e Turismo do Governo do Estado de São Paulo. Faleceu em 2 de março de 1995, vítima de câncer, aos 70 anos. Deixou dois filhos. Seu mandato foi marcado pela continuidade do prêmio Ford/ACEESP, até hoje um ícone da entidade
Sérgio Carvalho (1988-1989) – Nascido em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo. Começou a carreira na Rádio Difusora de Monte Aprazível como apresentador de programa esportivo. Em São José do Rio Preto foi repórter de campo da Rádio Independência e trabalhou nos jornais A Notícia e Diário da Região. Em São Paulo trabalhou na TV Record (como produtor e apresentador de programa esportivo) e na Rádio Bandeirantes (como repórter de campo). Esteve ainda nos jornais paulistanos A Gazeta, Folha da Tarde, Notícias Populares, Popular da Tarde (onde foi Diretor de Redação), Diário Popular. Cobriu seis Copas do Mundo de Futebol. Foi presidente da ACEESP e da ABRACE (Associação Brasileira de Cronistas Esportivos). Hoje escreve a coluna Toque de Bola para o site Futebol Interior, para o Shopping News de São Paulo e para a revista Caminhoneiro. Como ex-presidente, pertence ao Conselho Superior da ACEESP.
Odair Pimentel (1990) – Nascido em 1940, este importante cronista esportivo começou sua carreira como office-boy do Jornal Sport News. Posteriormente trabalhou no Diário da Noite, Folha da Tarde, Jornal dos Sports e Notícias Populares. No O Globo foi editor chefe de esportes da sucursal de São Paulo. Em 1986 sofreu um acidente que o fazia andar de bengala até os últimos anos de vida. Não pôde completar seu mandato à frente da ACEESP pois faleceu em 2 de maio de 1991.
Roberto Monteiro (1990-1992) – Polêmico e contundente repórter e comentarista, natural de Dois Córregos, interior de São Paulo, Paulo Roberto Monteiro foi a opinião forte de vários veículos de comunicação. Destacou-se principalmente na rede Bandeirantes, onde atuou na rádio e na TV. Também trabalhou na rádio Jovem Pan e TV Cultura. Assumiu a presidência da ACEESP em meio ao mandato de Odair Pimentel, de quem era vice. Hoje mora na Bahia, exercendo a função de jornalista com a mesma irreverência e seriedade dos tempos em que trabalhou na capital paulista.
Ennio Rodrigues (1992-1995)-Nascido em 20 de fevereiro de 1935, iniciou sua carreira na Rádio Cultura de Araraquara. Chegou a São Paulo vindo da Rádio a Voz da Araraquarense, onde era diretor e narrador. Em 1963 ingressou na Rádio Bandeirantes, permanecendo até 1990. Em 1991 e 1992 esteve na Rádio Tupi. Depois atuou na Rádio Gazeta onde foi chefe de esportes e narrador até 1996. Em 1997 ingressou na equipe Líder, comandada por Armando de Barros, onde está até hoje narrando na Rádio Terra. Participou da cobertura de oito Copas do Mundo. Foi presidente da ACEESP por dois mandatos e é membro vitalício do Conselho Superior da entidade.
Edison Scatamachia (1995-1996) – Nascido em São Paulo no dia 24 de outubro de 1946. Começou a carreira em 1971 como repórter esportivo da Folha de São Paulo. Entre 1974 e 1977 foi repórter do Jornal da Tarde e fez alguns trabalhos para o jornal Última Hora. De 1977 a 1983 atuou como chefe da equipe de esportes da Rádio Globo e da Rádio Excelsior . De 1983 a 1991 trabalhou como chefe das equipes esportivas da Rádio Record, Rádio Gazeta, TV Record e TV Manchete. De 1991 a 1994 foi pauteiro de esportes da Agência Folha, chefe de reportagem das equipes esportivas do Diário Popular, A Gazeta Esportiva e TV Bandeirantes. Nesse período também exerceu a direção de Jornalismo da sucursal de São Paulo da Rede OM (depois CNT, hoje JB) e assessor de imprensa da Dersa. De 1995 até a metade de 1996 exerceu o cargo de presidente da ACEESP, de onde se licenciou para trabalhar como roteirista do Domingão do Faustão, onde está até hoje.
Paulo Cezar Correia (2004-2007) – Nascido em 22 de novembro de 1955, começou sua carreira no Jornal da Tarde. Passou pelo Estado de São Paulo por duas vezes, Gazeta Esportiva duas vezes, inclusive como editor. Trabalhou por doze anos no Diário Popular. Foi assessor de comunicação do Ministério do Esporte. Atuou como coordenador do núcleo de esportes da TV Cultura. Atualmente é pauteiro de esportes da Rede Record de Televisão. Seu mandato à frente da entidade se caracterizou por ter abolido o beneficio financeiro da Federação Paulista de Futebol a ACEESP
Elba de Pádua Lima, o Tim: O maior estrategista do futebol brasileiro
No mapa paulista, em 1916, a cidade de Rifaina era um quase nada e não tinha sequer 500 viventes – uma fazenda crescida, com bode pastando, vaca leiteira no curral e a falta de perspectiva das pessoas maior que o horizonte. Para lá, a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro transferiu o chefe de estação Vargas Lima, marido de Tereza Granato. Nesse ano, em 20 de fevereiro, ela pariu o único filho homem do casal: Elba de Pádua Lima – Tim -, que se impôs como craque e estrategista de futebol. Vargas Lima gostava de ler história e geografia, por isso homenageou o rebento com esse nome de ilha italiana, onde exilaram Napoleão Bonaparte.
Se a situação da família já não era boa, com a morte do ferroviário Vargas Lima ficou ainda pior. E ele faleceu no dia em que o guri fez 7 anos. E Tereza, de firmeza italiana e com cinco filhos menores – Tim e as irmãs -, fazia das tripas coração para criar a prole.
Só não pode impedir que o filho fugisse de casa para jogar pelada, onde passou de Ti (nome doméstico) a Tim. E, aos 12 anos, estreou no infantil do Botafogo de Ribeirão Preto. Sua bola levou-o ao time principal em 1931. Três anos após, a Portuguesa Santista fez do rapaz franzino o seu meia-esquerda. E levou Tim para a cidade de Santos, onde ele viu o mar – coisa da natureza que encanta aos do interior, também.
Encantada ficaria a torcida ao vê-lo no certame estadual paulista, abrindo defesas com dribles incríveis. E o escrete de São Paulo o convocou em 1935 para vencer o campeonato nacional de seleções. Disso ao sul-americano de 36, em Buenos Aires, foi só um passo. E lá a imprensa argentina, vendo nele o cérebro do time brasileiro, o cognominaria de El Peón, já que na vida rural é o pião quem controla e conduz o rebanho pelos pampas.
Contudo, saudoso de casa, Tim retornou ao Botafogo de Ribeirão. Mas no interior ele não ficaria, pois o Fluminense carioca fez-lhe um convite financeiramente irrecusável. E por quase 8 anos – ao lado de Romeu Pellicciari – Elba de Pádua Lima seria, e ainda é, das estrelas mais luzentes da constelação do clube tricolor das Laranjeiras.
Com tal brilho, em 38, Tim deu ao Flu o tricampeonato. E foi ao Mundial na França, onde só disputou o jogo de desempate contra os checos, vencidos pelo Brasil para o encanto dos franceses de Bordeaux. Segundo Leônidas, na França, ele vencia também a concentração, pulando a janela do hotel para farrear. Mas Tim não venceu o boicote de Ademar Pimenta, técnico do Botafogo carioca e dessa seleção brasileira. Isso era claro nos treinos preparatórios do escrete, com Pimenta estimulando beques a pará-lo a todo custo, e assim abrir espaço para o alvinegro Perácio jogar a Copa. Nas Laranjeiras, Tim seria ainda bicampeão em 41. Lá, o escrete brasileiro foi buscá-lo pela última vez no ano seguinte. E em 1944, tendo garantido no Fluminense o lugar ao sol, ele se transferiu para o São Paulo.
Na Paulicéia, fez apenas uma temporada, transferido-se para o Botafogo do Rio, no qual ficou até 1947, quando apareceu no Olaria como atleta e técnico. Nessas funções, esteve 2 anos no Botafogo paulista e, até 51, no colombiano Atlético Junior de Barranquilla, junto com Heleno de Freitas e outros sul-americanos, como os argentinos Di Stéfano, Pedernera e Nestor Rossi.
De volta ao Brasil, o técnico Tim de fato fez jus ao epíteto de El Peón: foi o maior estrategista do futebol brasileiro. Para ser entendido, ele expunha a sua tática mostrando como um time de botões se posicionava. E era mais facilmente aceito pelo grupo. Outra de suas características: tratar o atleta com respeito, sem altear a voz, e assim se impor como autoridade democrática – exatamente o oposto de certos treinadores, como o intratável Flávio Costa. Este, manda chuva no Flamengo e na seleção carioca de 43 e 45, quis deixar Tim no banco do escrete estadual – coincidentemente, para escalar Perácio, à época na Gávea. Contudo, por pressão do povo e da mídia, Tim atuou como titular nessas competições, sendo inclusive campeão em ambas.
Elba de Pádua Lima dirigiu times no exterior e pelo País afora. Dentre outros, além da seleção peruana na Copa do Mundo de 82, o San Lorenzo argentino, o escrete carioca e os bons clubes do Rio. Em Moça Bonita, teve o feeling de ver que na cidade paulista de Bauru raiava o maior astro de bola do mundo: Pelé. E, em vão, Tim quis levá-lo para o Bangu, porém a família do futuro Rei não deixou. Como técnico, Elba às vezes era irônico. Um dia, fazendo peneira de candidatos, veio a ele um rapaz dizendo, para agradá-lo: “Não bebo, não fumo nem farreio”. E o rifainense: “Pois você aqui vai aprender a fazer tudo isso”. Outra história, vem do escritor Luiz Eduardo Lages: após ouvir alguém falar que no estádio havia alambrado e vestiários, Tim inquiriu: “E grama, tem?”. Quando o outro confirmou, ele coseu com alfinete: “É só o que precisamos para jogar, o resto não interessa”. Para Zizinho, Tim foi, disparadamente, o melhor técnico que apareceu no Brasil.
Esse treinador ainda cativaria os atletas na mesa, pois cozinhava bem – habilidade exercida com a mesma arte com que jogou e soube ensinar futebol. A culinária foi aprimorada graças à sua proverbial timidez, que o fazia fugir dos fãs, deixando-o em casa a ver a mãe e as 4 irmãs (uma delas atendia pelo suave nome de Coréia) preparar as iguarias. Seu segredo era o tempero. E quem provou do que fez diz que a almôndega ao molho atraía tanto quanto a dobradinha. Daí, houve quem dissesse que Elba fora melhor cozinheiro que craque e treinador – um exagero desmedido, é claro.
Segundo os jornalistas Marcos de Castro e João Máximo, “seu melhor prato, entretanto, continuou sendo por muito tempo o futebol, servido todos os domingos à torcida do Fluminense”. Sim, ele foi notável com os pés. E “o futebol faz parte da história particular de cada brasileiro da nossa época”, dizia o poeta e cronista Paulo Mendes Campos, que jamais renunciou ao direito e ao prazer de sonhar com esse esporte, “por fidelidade à infância e por fidelidade ao orgulho inexplicável de ser brasileiro”. No caso específico do El Peón, a sua bola era tanta que outra sumidade, Romeu Pellicciari – ressentido com a semifinal contra a Itália em 1938 -, revelou: “Se Tim tivesse jogado, nós ganhávamos”. Nas três situações, portanto, são palavras abalizadas de quem sabe das coisas – e como.
Elba de Pádua Lima morreu no Rio em 7 de julho de 1984. Os seus legados ao futebol são a finta, a visão de jogo e o passe preciso, além da estratégia. A viúva herdou as duas filhas. E na História esta certeza de Domingos da Guia: “Eu nunca vi Tim errar”.
FONTE: Papo de Bola – Vida de Craque
Consta que a 1a. bola de futebol entrou em Bangu seis meses antes de Charles Miller
Há uma suspeita, ainda não comprovada, de que o futebol possa ter dado seus primeiros passos, ou chutes, em terras bangüenses, antes que o paulista, filho de ingleses, Charles Miller trouxesse bolas da Inglaterra e iniciasse a prática do esporte em São Paulo. Roberto Assaf, jornalista especializado em futebol, reforça a tese no seu livro, e que também é mencionada por Gracilda de Azevedo.. Consta que a primeira bola entrou em Bangu escondida por Thomas Donohoe, um dos técnicos britânicos contratados pela fábrica Bangu. No campo que existia nos jardins da fábrica, Donohoe, que ficaria conhecido como Danau, jogava futebol com outros funcionários britânicos. “Donohue teria promovido uma animada partida em terreno próximo ao prédio da Companhia, seis meses antes que Miller voltasse da Inglaterra”. Vale ressaltar que os imigrantes especializados começaram a chegar em 1891, na maioria britânicos.
Imigrantes e brasileiros, contagiados por aquele que seria o esporte mais popular do país, tentaram fundar um clube de futebol em 1897, mas a fábrica não permitiu. Só em 1904, quando o administrador era João Ferrer, o clube foi fundado. Sua primeira sede foi na rua Estêvão, numa casa emprestada pela fábrica. O clube só ganharia um estádio em 1947, também construído pela fábrica, bem perto da sede e com o nome “Estádio Proletário Guilherme da Silveira”, homenagem a uma pessoa que teve uma grande importância para o bairro. Em 1933, ano em que foi inaugurada a iluminação pública do bairro, o Bangu ganhava o Campeonato Carioca, o primeiro título profissional do futebol brasileiro.
Muita gente, no entanto, conhece o estádio como “Moça Bonita” e a razão está no início do século 20, quando uma moça, provavelmente bem bonita, morava naquela área, “numa vila com chafariz em frente”. O autor diz que ela atraía a atenção principalmente dos cadetes da antiga Escola Militar do Realengo. Se ela era linda e cheia de graça, como a garota mais famosa, de Ipanema, não se sabe, pois não ficou nenhum registro de sua aparência. Mas o nome como ela ficou conhecida está aí até hoje.
Bangu, campeão carioca de 1966
Meu pai era torcedor fanático do Bangú, era prefeito de Conceição do Mato Dentro à época da revolução de 64, tendo sido até preso pelo pessoal no DOPS, porque fora ao Rio receber uma ambulância do Jango, para uso da comunidade de Conceição. Acabou sendo solto por influência de um tio que era major do Exército e sabia que ele não era comunista…
O Bangú era um time simpático, dos moços da fábrica de tecidos Bangú e ele gostava de contar histórias do time do Bangú que tinha sido vice-campeão de 65 e em 66 contratara “Don Alfredo Gonzales” (sim, aquele lateral-direito do Uruguai que fora campeão no Maracanazo)…
Ouvi uma história que dizia no 1° dia que Don Alfredo chegou ao Bangú, baixinho, gordito, olhou para o meio de campo e tinha uma turma muito experiente…Pegou uma bola e veio dando embaixadinhas na mesma e quando chegou na metade do caminho deu um chutão na bola para o alto…a bola subiu, subiu, subiu e ao descer…o gordito encheu o peito de ar e deu uma matada sensacional na bola, que escorreu rente ao peito e ao cair rolou pela coxa e ele recomeçou as embaixadinhas até chegar perto do grupo…e se introduziu “Yo soy Alfredo Gonzales, el nuevo entrenador de la equipo de Bangú e estoy en Rio para hacer de ustedes los campeones cariocas”…
Ganhou a confiança do grupo e o time de Ubirajara, Fidelis, Mario Tito, Luiz Albero e Ari Clemente; Ocimar e Roberto Pinto; Paulo Borges, Parada(Jair Pereira), Bianchini e Aladim (Ladeira) foi o campeão de 66, ganhando do Flamengo na final de 3 x 0…
Na minha terra só entravam as ondas médias das rádios do Rio…As rádios de BH quando pegavam eram com o rádio chiando muito, saiam do ar com facilidade, exceto se você tivesse um TRANSGLOBE, meu presente de Natal em 66…
Fonte: João Chiabi Duarte
Narração dos segundos finais das Copas de 58 e 62
Edson Leite em 1958
No meu cronômetro faltam 10 segundos…bola longa para a área brasileira…fica na esquerda agora com Orlando, Orlando para Pelé, Pelé domina no peito e de calcanhar para Zagalo, Zagalo prepara-se, tem Pelé, levanta para Pelé….entrou de cabeça para o arrrrco….e goooool…….Pelé, com uma cabeçada extraordinária marca o quinto gol do Brasil.
Brasil, campeão mundial de futebol, 2 gols de Vavá, 2 gols de Pelé, 1 gol de Zagalo, vitória de marca do escrete brasileiro. Brasil, pela primeira vez se pode dizer, campeão realmente do mundo, em 1958.
A narração tinha um som entrecortado que vinha da Suécia. A voz de Edson Leite as vezes ficava mais fraca para depois subir de tom e , aliado ao eco da transmissão, tornava glamourosa as situações de jogo. Exemplificando, o toque do Orlando para o Pelé, ouvia-se assim: Orlando para Peleééé…onde o final da frase ficava carregado no eco. Já nas situações de gol o eco era muito maior o que tornava mais emocionante a narração. Esta é a minha forma de tentar colocar no artigo a emoção das narrações internacionais.
Lá se vão 50 anos.
Oduvaldo Cozzi em 1962
Brasil campeão do mundo…Brasil bicampeão do mundo, onde estão as bandeiras, teeeeerrrrrminou, ….. teeeeerrrrrminou,……. teeeeerrrrrminou, Brasil bicampeão do mundo, Brasil bicampeão do mundo.