Meu pai era torcedor fanático do Bangú, era prefeito de Conceição do Mato Dentro à época da revolução de 64, tendo sido até preso pelo pessoal no DOPS, porque fora ao Rio receber uma ambulância do Jango, para uso da comunidade de Conceição. Acabou sendo solto por influência de um tio que era major do Exército e sabia que ele não era comunista…
O Bangú era um time simpático, dos moços da fábrica de tecidos Bangú e ele gostava de contar histórias do time do Bangú que tinha sido vice-campeão de 65 e em 66 contratara “Don Alfredo Gonzales” (sim, aquele lateral-direito do Uruguai que fora campeão no Maracanazo)…
Ouvi uma história que dizia no 1° dia que Don Alfredo chegou ao Bangú, baixinho, gordito, olhou para o meio de campo e tinha uma turma muito experiente…Pegou uma bola e veio dando embaixadinhas na mesma e quando chegou na metade do caminho deu um chutão na bola para o alto…a bola subiu, subiu, subiu e ao descer…o gordito encheu o peito de ar e deu uma matada sensacional na bola, que escorreu rente ao peito e ao cair rolou pela coxa e ele recomeçou as embaixadinhas até chegar perto do grupo…e se introduziu “Yo soy Alfredo Gonzales, el nuevo entrenador de la equipo de Bangú e estoy en Rio para hacer de ustedes los campeones cariocas”…
Ganhou a confiança do grupo e o time de Ubirajara, Fidelis, Mario Tito, Luiz Albero e Ari Clemente; Ocimar e Roberto Pinto; Paulo Borges, Parada(Jair Pereira), Bianchini e Aladim (Ladeira) foi o campeão de 66, ganhando do Flamengo na final de 3 x 0…
Na minha terra só entravam as ondas médias das rádios do Rio…As rádios de BH quando pegavam eram com o rádio chiando muito, saiam do ar com facilidade, exceto se você tivesse um TRANSGLOBE, meu presente de Natal em 66…
Fonte: João Chiabi Duarte