Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

Carbone, carrasco do Derbi paulistano

O que pode ser a definição de Derbi: Um Derbi é, por definição, um encontro onde a razão e a objetividade dão lugar a um caldeirão de emoções do qual desfecho final é absolutamente imprevisível

Antes de entrarmos no Derbi paulista Corinthians x Palmeiras, algumas classificações sobre clássicos e derbi pelo mundo afora:

“Dicionário de clássicos”. Afinal, quase todo clássico tem seu apelido, alguns bem curiosos, outros bastante normais. Para a relação, só valerão os clássicos ou dérbis que tenham alcunha própria, que fujam do óbvio “clássico de X (nome da cidade)”. Apenas alguns nomes de região foram colocados aqui. Comecemos a pequena série com duelos estrangeiros.

EUROPA

Ajax x Feyenoord: De Klassieker

Aston Villa x Birmingham City: Second City Derby

Barcelona x Real Madrid: El Clásico

Benfica x Sporting: Derby da Capital, Derby Eterno

Benfica x Porto: O Clássico

Boavista x Porto: Derby da Invicta

Bologna x Fiorentina: Derby degli Apennini

Borussia Dortmund x Schalke 04: Kohlenpott Derby

Cardiff x Swansea: South Wales Derby

Celtic x Rangers: Old Firm

Chievo x Verona: Derby Scaligero

Crvena Zvezda x Partizan Belgrado: Veciti Derbi

Dinamo Zagreb x Hajduk Split: Vjeèni Derbi

Dinamo Bucaresti x Steaua Bucaresti: Marele Derby

Everton x Liverpool: Merseyside Derby

Genoa x Sampdoria: Derby della Lanterna

Internazionale x Milan: Derby della Madonnina

Ipswich Town x Norwich City: East Anglia Derby

Juventus x Internazionale: Derby d’Italia

Juventus x Torino: Derby della Mole

Lazio x Roma: Derby Capitolino

Newcastle x Sunderland: Tyne-Wear Derby

Olympiacos x Panathinaikos: Dérbi dos Inimigos Eternos

Portsmouth x Southampton: South Coast Derby

Sheffield United x Sheffield Wednesday: Steel City Derby

AMÉRICA LATINA

Alianza Lima x Universitario: El Clásico

América x Chivas: Clásico de Clásicos, Superclásico, Clásico de México

América de Cáli x Deportivo Cali: Clásico Vallecaucano

Atlético Nacional x Independiente Medellín: Clásico de la Montaña

Aucas x Deportivo Quito: Clásico del Pueblo

Aucas x LDU Quito: Superclásico Quiteño

Barcelona x Emelec: Clásico del Astillero, Superclásico Guayaquileño

Boca Juniors x River Plate: Superclásico

Bolívar x The Strongest: Superclásico

Caracas x Deportivo Táchira: Clásico Moderno

Cerro Porteño x Olimpia: Superclásico

Cienciano x Melgar: Clásico Sureño

Colo-Colo x Universidad de Chile: Superclásico

Danubio x Defensor Sporting: Clásico Chico

Independiente Santa Fé x Millonarios: Derbi Capitalino

Nacional x Peñarol: Superclásico

Universidad Católica x Universidad de Chile: Clásico Universitario

fonte: Ubiratan Leal

Meus amigos, este prelúdio é em homenagem a Carbone, jogdor do Corinthians, que muito ouvi falar quando criança, falecido em 25 de maio de 2008 .

Recebi de Mario Lopomo, historiador palmeirense, breve relato sobre o Carbone, que jogou no Corinthians nos anos 50

Carbone sempre foi um carrasco do Palmeiras. Não havia um Derby sem que Carbone, não marcasse um gol.
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O último gol de Carbone contra o Palmeiras foi em, 30 de Abril de 1955. num jogo do torneio Rio São Paulo. No Pacaembu. Corinthians 1 x Palmeiras 2. Gols de Ivan .31 min. Liminha .43. e Carbone, 5 – 2ºtempo. Arbitragem de Pedro Calil.
Corinthians. Gilmar, Homero e Alan. Olavo, Goiano e Roberto. (Walmir) . Nono, (Nardo) Luizinho, Baltazar, Carbone e Simão.

Palmeiras: Laércio, Manoelito, e Mario Travalini, Belmiro, Tocafundo e Gersio. Liminha, Humberto,Ney (Moacir) Ivan II, e Rodrigues.

O ultimo jogo de Carbone contra o Palmeiras, foi a 15 de Abril, de 1956. Um domingo a tarde. Corinthians 2 x Palmeiras 1. Gols: Baltazar -25 e Baltazar – 41. Nestor 9 -2º tempo. Arbitro Harry Davis (Inglaterra)

O Corinthians jogou com: Arlindo, Olavo, e Alan; Walmir, Goiano, e Julião. Cláudio, (Zezé) Rafael, Baltazar, (Carbone) Paulo (Luizinho) e Nelsinho.
Carbone entrou no lugar de Baltazar.

Palmeiras . Laércio, Mexicano e Martim, Antoninho, Waldemar Fiume, e Dema. Nestor, Juares II, Mazzola, (Ney) Ivan II, e Colombo (Fernando)

Daí para frente Carbone nunca mais jogou contra o Palmeiras.

Carbone, faleceu dia 25 de maio 2008

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As finais do Brasileirão de 1990

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Neto foi o artilheiro do Timão com 9 gols. Tupãzinho, autor do gol salvador, dá o seu depoimento:

“Foi uma decisão emocionante. A adrenalina estava a mil. O São Paulo era favorito, mas conseguimos ganhar devido à força do conjunto. Não tínhamos estrelas, mas a equipe estava entrosada, determinada. Nos classificamos mal, mas depois o time subiu de produção e cresceu até as finais. No jogo, o São Paulo partiu para cima, mas faltando 10 minutos para acabar o primeiro tempo, começamos a melhorar. No segundo tempo, fiz o gol aos 8 minutos. Na hora, eu queria só a vitória, não tinha ainda a noção do título. Só depois é que me dei conta. Foi um dos jogos mais importantes da minha vida.”

Até o ano de 1990, o Corinthians já havia conquistado 20 vezes o Campeonato Paulista e 4 o Torneio Rio-São Paulo. Porém, faltava uma conquista no âmbito nacional para coroar uma história gloriosa.
Quase ganhamos o Brasileiro em 76, quando perdemos a final para o Internacional, mas desta vez não escapou.. Com um time não muito técnico, mas com muita raça e garra, o Corinthians conquistou seu primeiro título nacional.

O começo não foi lá aquelas coisas: 2 derrotas em 2 jogos, em casa (3 x 0 para o Grêmio e 1 x 0 para o Cruzeiro). Vicente Matheus trocou Zé Maria por Nelsinho Batista e a coisa mudou: o time fica 11 partidas sem perder e termina a 1ª fase na 4ª colocação

Vieram então as quartas-de-final. O primeiro adversário era o Atlético-MG, time de melhor campanha na competição. No primeiro jogo, Neto comandou a virada, fazendo dois gols nos últimos 15 minutos: 2 a 1 Timão. Com a vantagem a seu favor, o alvinegro foi ao Mineirão e segurou o empate em 0 a 0.
Neste jogo eu me lembro que fui com um são-paulino no Pacaembu, sábado à noite. Já desanimado, estava me levantando para ir embora quando Neto virou o jogo, a partir dos 30 do segundo tempo. Um sufoco. Na volta para casa fui tomar um chopp numa pizzaria da avenida Angélica. Estas lembranças acho que o futebol preserva e muito. Ainda nem imaginava que o Corinthians seria campeão brasileiro.

O passo seguinte era passar pelo Bahia, na semifinal. Novamente, o Corinthians estava em desvantagem e precisava vencer para se classificar. No primeiro jogo, no Pacaembu, Neto fez um gol e decretou a vitória por 2 a 1. Neste jogo caiu um temporal no início do jogo. Tinha muita gente fora que não conseguiu ingresso.
Em Salvador, o time usou a mesma receita da retranca e voltou com a vaga garantida ao empatar em 0 a 0. Na final iria pegar o São Paulo. Depois de 14 anos, o Corinthians decidia mais um título nacional. Desta vez para ganhar.

No primeiro jogo decisivo, outra vez o talento de Neto decidiu. Logo aos 4 minutos, ele cobrou uma falta na medida para Wilson Mano fazer 1 a 0. Com méritos, o Timão segurou a vitória e foi para a finalíssima, no domingo, precisando apenas do empate. Estive no jogo da quarta-feira a noite e também na finalíssima do domingo.
O Corinthians entrou em campo no dia 6 de dezembro para se sagrar campeão brasileiro pela primeira vez em sua história. Mas com um time muito equilibrado, conseguiu ganhar outra vez do tricolor, com um gol (chorado) de Tupãzinho, aos 9 minutos do 2° tempo. Corinthians não era mais um time regional. Com muita raça e mesmo sem muitas estrelas, aquela equipe havia entrado para a história alvinegra.
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fonte:todopoderosotimão.com

JOGOS DECISIVOS A PARTIR DAS QUARTAS DE FINAIS
Jogos de Ida
24/11/1990 – Sábado
CORINTHIANS 2×1 ATLÉTICO-MG
Local: Pacaembu (São Paulo-SP); Público: 28.516;
Árbitro: Aristóteles Siqueira Campos (BA); Gols: Gérson (ATL) 15′ do 1º;
Neto (COR) 30′ e Neto (COR) 40′ do 2º; Cartões Amarelos: Márcio,
Neto (COR), Cléber, Marquinho, Carlão, Éder e Gilberto Costa (ATL)

SANTOS 0x1 SÃO PAULO
Local: Vila Belmiro (Santos-SP); Público: 19.389;
Árbitro: Joaquim Gregório dos Santos Filho (CE);
Gol: Mário Tilico (SP) 41′ do 1º; Cartões Amarelos:
Pedro Paulo (SAN) e Raí (SP); Expulsão: Cafu (SP) 13′ do 2º.

PALMEIRAS 1×0 GRÊMIO
Local: Parque Antártica (São Paulo-SP); Público: 22.631;
Árbitro: Pedro Carlos Bregalda (RJ); Gol: Careca (PAL-pênalti) 39′ do 2º;
Cartões Amarelos: Odair, Dida (PAL), Hélcio e Donizete (GRE).

BRAGANTINO 1×1 BAHIA
Local: Marcelo Stéfani (Bragança Paulista-SP);
Público: 5.739; Árbitro: José Roberto Wright (RJ);
Gols: João Santos (BRA) 16′ do 1º; Ivair (BRA-contra) 26′ do 2º.

Jogos de Volta
01/12/1990 – Domingo
ATLÉTICO-MG 0x0 CORINTHIANS
Local: Mineirão (Belo Horizonte-MG); Público: 62.551;
Árbitro: José Mocellin (RS); Cartões Amarelos: Éder,
De Mattos (ATL), Dinei, Jacenir e Marcelo Djian (COR)

SÃO PAULO 1×1 SANTOS
Local: Morumbi (São Paulo-SP); Público: 44.298;
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos (RJ); Gols: Paulinho McLaren (SAN)
6′ do 1º; Eliel (SP) 37′ do 2º; Cartões Amarelos: Axel e Sérgio Manoel (SAN)

GRÊMIO 2×0 PALMEIRAS
Local: Olímpico (Porto Alegre-RS); Público: 36.005;
Árbitro: Joaquim Gregório dos Santos Filho (CE);
Gols: Vílson (GRE) 8′ do 1º; Nílson (GRE) 19′ do 2º;
Cartões Amarelos: João Marcelo, Maurício (GRE) e Abelardo (PAL).

BAHIA 3×2 BRAGANTINO
Local: Fonte Nova (Salvador-BA); Público: 38.649;
Árbitro: José Roberto Wright (RJ); Gols: Mazinho (BRA) 36′ do 1º;
Jorginho (BAH) 9′, Charles (BAH) 17′, Barbosa (BRA) 18′ e
Vágner Basílio 31′ do 2º; Cartão Amarelo: Barbosa (BRA).
.
SEMI FINAL
Jogos de Ida
05/12/1990 – Quarta-feira
SÃO PAULO 2×0 GRÊMIO
Local: Morumbi (São Paulo-SP); Público: 39.227;
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG); Gols: Raí (SP) 8′ e 19′ do 1º;
Cartões Amarelos: Ivan, Cafu (SP), Eugênio e Donizete (GRE);
Expulsões: Jandir (GRE) 40′ e Mário Tilico (SP) 42′ do 1º.

CORINTHIANS 2×1 BAHIA
Local: Pacaembu (São Paulo-SP); Público: 40.000;
Árbitro: Joaquim G. dos S. Filho (CE); Gols: Vágner Basílio (BAH) 2′ e
Paulo Rodrigues (BAH-contra) 12′ do 1º; Neto (COR) 25′ do 2º;
Cartões Amarelos: Márcio (COR), Gil, Jorginho, Maílson e Gléber (BAH)

Jogos de Volta
08/12/1990 – Sábado
GRÊMIO 1×0 SÃO PAULO
Local: Olímpico (Porto Alegre-RS); Público: não divulgado;
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos (RJ); Gol: Maurício (GRE) 4′ do 2º;
Cartões Amarelos: Caio, João Antônio (GRE), Cafu e Alcindo (SP)

09/12/1990 – Domingo
BAHIA 0x0 CORINTHIANS
Local: Fonte Nova (Salvador-BA); Público: 64.958;
Árbitro: Renato Marsiglia (RS); Cartões Amarelos:
Vágner Basílio (BAH), Jacenir, Guinei, Paulo Sérgio e Márcio (COR)
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FINAL
1º Jogo
13/12/1990 – Quinta-feira
SÃO PAULO 0x1 CORINTHIANS
Local: Morumbi (São Paulo-SP); Público: 85.463;
Árbitro: José Aparecido de Oliveira (SP); Gol: Wilson Mano 4′ do 1º;
Cartões Amarelos: Eliel, Alcindo, Ronaldo, Jacenir, Fabinho e Wilson Mano.
SÃO PAULO: Zetti, Cafu, Antonio Carlos, Ivan e Leonardo;
Flávio, Bernardo e Raí; Mário Tilico (Alcindo),
Eliel e Elivélton. Técnico: Telê Santana.
CORINTHIANS: Ronaldo, Giba, Marcelo Djian, Guinei e Jacenir;
Márcio (Ezequiel), Wilson Mano e Neto; Fabinho (Marcos Roberto),
Tupãzinho e Mauro. Técnico: Nelsinho Baptista.

2º Jogo
16/12/1990 – Domingo
CORINTHIANS 1×0 SÃO PAULO
Local: Morumbi (São Paulo-SP);
Público: 100.858; Árbitro: Edmundo Lima Filho (SP);
Gol: Tupãzinho 9′ do 2º; Cartões Amarelos: Jacenir,
Márcio e Flávio; Expulsões: Wilson Mano e Bernardo 15′ do 2º.
CORINTHIANS: Ronaldo, Giba, Marcelo Djian, Guinei e Jacenir;
Márcio, Wilson Mano e Neto (Ezequiel); Fabinho,
Tupãzinho e Mauro (Paulo Sérgio). Técnico: Nelsinho Baptista.
SÃO PAULO: Zetti, Cafu, Antonio Carlos, Ivan e Leonardo;
Flávio, Bernardo e Raí (Marcelo Conti); Mário Tilico
(Zé Teodoro), Eliel e Elivélton. Técnico: Telê Santana.
fonte:bolanaárea.com/brasileirão

A lenda argentina com o manto alviverde

A lenda argentina com o manto alviverde

Em janeiro de 1948, Boca Juniors e River Plate vieram a São Paulo, realizar amistosos contra as equipes da capital. O River chamou atenção especial do público e da imprensa, pois tratava-se de “La Máquina”, apelido dado à melhor equipe da história do futebol argentino.

Aqui estavam para jogar pelo times argentinos, entre outros:

José Manuel Moreno, considerado por muitos especialistas que o viram jogar, como o melhor jogador argentino de todos os tempos. Cinco vezes campeão nacional, marcou 179 gols, em 321 partidas.
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Angel Labruna, mais do que o craque, referência do River Plate, é considerado hoje, e já à época, uma verdadeira lenda do futebol Sulamericano.
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Alfredo Di Stefano, eleito pela Revista France Football como o melhor jogador da Europa de todos os tempos. Campeão Europeu de Clubes pelo Real Madrid em cinco oportunidades consecutivas; Campeão Mundial, jogou em três seleções nacionais; e é um dos cinco melhores jogadores da história do futebol, além de ter sido nomeado Presidente de Honra do Real Madrid.
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Aproveitando a estada dos argentinos em São Paulo, foi marcado uma espécie de tira-teima. Os dois grandes times argentinos contra o “Trio de Ferro”, expoente máximo do futebol paulista, ou seja, uma verdadeira Seleção Paulista, contra um combinado “Boca-River”, uma verdadeira Seleção Argentina.

A Seleção Paulista chegou ao Pacaembu preparada para jogar com uniforme todo branco, neutro, enquanto que do outro lado surgiu o impasse. Os jogadores do River se negavam a vestir a camisa do Boca, e vice-versa. A rivalidade impedia tal heresia. À última hora, por interferência do craque Palmeirense, mas Argentino de nascimento, Bóvio, os portenhos decidiram jogar com a camisa do Palmeiras.

Assim, em 21 de Janeiro de 1948, uma verdadeira Seleção Argentina, uma das melhores de sua história entrou no Pacaembu, vestindo o uniforme do Palmeiras, num momento histórico do futebol mundial.

É fato que, num certo momento da partida, o ataque com a camisa alviverde foi aquele que é considerado uma poesia para os apreciadores da velha guarda futebolística: BOYE, MORENO, DI STEFANO, LABRUNA e LOSTAU , além de NESTOR ROSSI na “meia cancha”, YACONO na defesa e o célebre CARRIZO no gol.

Di Stefano, então o melhor jogador do mundo, comandou o ataque com a camisa Palmeirense e ainda fez um gol. O resultado final da partida foi 1×1 e os jornais do dia seguinte comentaram o extraordinário espetáculo técnico acontecido no Pacaembu, na noite de 21 de janeiro de 1948.

Paulistas: Oberdan, Caieira (Renganeschi) e Noronha (Turcão); Rui, Zezé Procopio e Valdemar Fiume; Claudio Cristovão Pinho, Ieso Amalfi, Servilio, Canhotinho e Teixeirinha (Remo).

Argentinos: Diano (Carizzo), Maranti e Dezorzi; Yacono, Nestor Rossi (Castelar) e Ramos
Boye; Moreno (Corquera), Di Stefano (Sarlanga) , Labruna (Lostau) e Pin

Gols: Servilio e Di Stefano
Árbitro: Artur Janeiro
Arrecadação: cr$ 461.130,00
Local: Pacaembu

ACADEMIA DE HISTORIA PALESTRA PALMEIRAS
DEPTO. DE HISTÓRIA DO PALMEIRAS

Gritava a torcida do Boca Juniors: Tim, tim, tim, es gol de Valentim

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Paulinho Valentim (o terceiro agachado) no ataque da seleção brasileira “carioca”, em 1956. Segundo o leitor José Eustáquio Rodrigues Alves, de Patos Minas (MG), mais se parece um combinado América/Bangu, apesar da presença de Paulo Valentim que nunca jogou em nenhum desses clubes. Em pé: Nadinho (ex-goleiro do Bangu e Bahia), Rubens (ex-América do Rio e Esportiva de Guaratinguetá), Navarro (ex-Olaria e América do Rio), um jogador não identificado, Osvaldinho (ex-América do Rio e Sporting de Lisboa) e Nilton Santos (ex-Bangu). Agachados: Calazans (ex-Bangu, América do Rio e Fluminense), Hilton Porco (ex-América do Rio, Bangu e Guarani de Campinas), Paulo Valentim, um meia não identificado e Décio Esteves (ex-Bangu e Campo Grande).
Fonte: Milton Neves

CARRASCO DO FLUMINENSE
Além da costumeira rivalidade, os torcedores alvinegros têm outra boa razão para torcer contra o Fluminense. Um dos maiores artilheiros do Botafogo e eterno carrasco dos tricolores, o atacante Paulinho Valentim, também foi ídolo no Boca Juniors. Pelo Glorioso, o jogador ganhou fama por ter protagonizado a histórica goleada de 6 a 2 justamente em cima do Fluminense na final do Carioca de 1957, na conquista que quebrou um jejum botafoguense de títulos que já durava nove anos. Na ocasião, ele fez cinco gols, em sua atuação mais memorável com a camisa alvinegra.
No Boca, Paulinho também fez história. Apesar de nunca ter conseguido ser o artilheiro do Campeonato Argentino, ele foi o maior goleador do clube nas temporadas 61, 62 e 64. Além disso, o brasileiro ainda é o terceiro maior artilheiro do Superclássico, o eterno duelo entre Boca Juniors e River Plate, com 10 gols. Sua fama era tanta na Argentina que a torcida tinha um grito de guerra dedicado a ele:
“¡Tim, tim, tim! ¡Es gol de Valentim!”
Seu prestígio fora do campo era tão grande quanto na Bombonera, tanto que sua esposa, Hilda, era considerada a primeira-dama do Boca Juniors. Depois de encerrar sua carreira como jogador e ter passagens pelo São Paulo e futebol mexicano, Valentim ainda voltou a Buenos Aires para comandar juniores do clube. Ele morreu na Argentina, em 1984.
Jorge Lourenço jlourenco@jsports.com.br

Por algum tempo Paulinho jogou no São Paulo Futebol Clube
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Indo ao estádio com um radinho de pilha Spica ou Telefunken

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Saudades do Rio em que os jogos no Maracanã tinham, com freqüência, mais de 100 mil espectadores e não havia violência.

Onde ainda era possível as crianças, orgulhosas, irem ao estádio carregando suas bandeiras, ao lado pai.

Era o tempo do fusca que aparece ali à esquerda, do radinho de pilha Spica ou Telefunken, carregado sem temor pelo pai, do Conga e do “short” do menino.

Era o tempo do bom futebol, de Garrincha, Didi, Newton Santos (depois virou Nilton), Quarentinha, Zagalo, Sabará, Pinga, Almir, Delém, Paulinho, Belini, Valdo, Telê, Maurinho, Castilho, Pinheiro, Joel, Dida, Dequinha, Indio, Babá, Evaristo, Zózimo, Calazans, Alarcon, Canário e tantos outros.

Era o tempo em que os árbitros ainda eram “juízes”, tais como Mario Vianna, Gama Malcher, Eunápio de Queirós (o “Larápio de Queirós”), Amilcar Ferreira, Frederico Lopes.

Era o tempo em que a Suderj era a Adeg (Administração dos Estádios da Guanabara), em que o alto-falante a toda hora anunciava “a Adeg informa, no Pacaembu, gol do Santos (e após um pausa) …Pelé”, em que o cachorro-quente e o Chica-Bon faziam a alegria de todos.

Era o tempo de pegar o lotação Lins-Lagoa ou os ônibus Grajaú-Leblon ou Barão de Drumond-Leblon, de sonhar com a vitória do seu time, de ver quem ganharia o moto-rádio ou seria escalado na “seleção da rodada” (para ganhar um relógio Mondaine), de ler a coluna “Penalty” do Otelo Caçador.

Era o tempo da Charanga do Jaime, do talo de mamona do Ramalho, de ver a Dulce Rosalina comandar a torcida do Vasco e o Tarzan a do Botafogo, de espirrar com o pó-de-arroz lançado pelos tricolores.

Era o tempo de milhares de vagalumes na arquibancada (quando os fósforos eram riscados para acender os cigarros), da bola G-18 marron, do “garoto do placar”, da arquibancada de concreto áspero.

Era o tempo de ouvir o Valdir Amaral, o Doalcei Camargo, o Oduvaldo Cozzi, o Jorge Curi, o Orlando Batista, o Clóvis Filho.

Era um tempo bom.
Fonte: Fotolog Saudades do Rio

Badeco, ídolo da Portuguesa e do América

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O Craque: Badeco

Ivan Manoel de Oliveira, o Badeco, nasceu a 15 de março de 1945.Ex-volante do Corinthians, América do Rio, Portuguesa, Comercial de Campo Grande e Juventude, nos anos 60 e 70, é delegado da Polícia Federal aposentado, é presidente da Cooperativa Craques de Sempre, Difusor de Esportes da Prefeitura de São Paulo e mora em São Paulo (SP) no bairro da Horto Florestal, zona norte.

O principal momento da carreira profissional de Badeco aconteceu em 1973, quando conquistou o título paulista pela Lusa. Naquele ano, o caneco foi dividido com o Santos, após uma presepada do ex-árbitro Armando Marques, que se confundiu na decisão por pênaltis.
Durante 14 anos como jogador profissional (64 a 78), Badeco se notabilizou por ser um volante clássico de toque refinado. Não conseguiu defender a Seleção Brasileira pois na época haviam outros grandes jogadores na posição, como Clodoaldo, um dos destaques do grupo tricampeão do mundo.

Passagem rápida pelo Timão
Badeco fez mais sucesso mesmo com as camisas do América do Rio e da Portuguesa, mas chegou a vestir a corintiana. O ex-volante defendeu o Timão em apenas dois jogos e não marcou nenhum gol. Ele jogou pelo alvinegro em amistosos. O primeiro foi na vitória sobre o Bragantino, por 4 a 0, no dia 21 de setembro de 1967. E o segundo, seis dias depois, no empate com o Paulista, por 1 a 1, no dia 27 de setembro de 1967.

Badeco iniciou sua carreira no América, de Joinville, em Santa Catarina. Depois defendeu o Corinthians, o América, do Rio de Janeiro e, em 1973 retornou a São Paulo para jogar na Portuguesa.
Um dos grandes ídolos da Lusa, Badeco teve a carreira abreviada em razão de um “carrinho” dado pelo ex-jogador Paulo Roberto Falcão. “Eu jogava pelo Juventude, de Caxias do Sul, e estávamos enfrentando o Internacional, de Porto Alegre. Num lance enquanto protegia a bola o Falcão me deu um carrinho e rompi o tendão de Aquiles. Apesar da gravidade da contusão, não vi maldade no lance. Eu acredito que o meu tendão já estava com problemas pois alguns dias antes tinha feito duas infiltrações para aliviar as dores.”

Badeco tem uma dívida de gratidão com o ex-jogador Marçal e o volante Dino Sani. “O Dino me orientou muito nos treinos, no Corinthians. Ele me posicionou. Dizia que assim não precisaria correr tanto. Falava da importância da preparação física e da maneira como deveria encarar a profissão. O Marçal cobrava o estudo. Na época, às vezes, ficava irritado com essas recomendações. Hoje dou muito valor aos dois”.

Além dos clubes que defendeu, Badeco tem um carinho especial pelo Fluminense e pelo São Paulo. “O meu pai era jogador de futebol do América, de Joinville. Eu tinha uns quatro anos e o Fluminense do Rio foi na minha cidade enfrentar o América. Depois da partida o meu pai ofereceu um churrasco para a delegação do Fluminense. O Didi compareceu e me deu a sua camisa . Em 1957 ocorreu a mesma coisa. O São Paulo foi a Joinvile e depois do jogo o pessoal foi em casa e o Zizinho me presenteou com uma camisa”, recorda Badeco.

Quem se depara com aquele negro esguio, sempre elegante, 1m86 de altura, barba grande, fala mansa e português correto, nem de longe imagina as dificuldades que teve de superar para chegar até onde se encontra hoje.

LEMBRANÇAS DE UM CLÁSSICO

No dia seis de agosto de 1970, numa quinta-feira, Vasco da Gama e América se enfrentaram no Maracanã pelo primeiro turno do campeonato carioca com os rubros saindo vencedores pelo placar de 3 tentos a 1. Nesse ano o C.R. Vasco da Gama foi o campeão carioca depois de uma espera de 12 anos.
Súmula do clássico com Badeco em campo.
VASCO DA GAMA(RJ) 1 X 3 AMÉRICA(RJ)
Data: 06 / 08 / 1970
Campeonato carioca
Local: Estádio do Maracanã
Gols: Silva; Tarciso(2), Jorge Cuíca
VASCO DA GAMA: Andrada, Fidélis, Moacir, Renê, Batista, Alcir, Buglê(Willi), Luis Carlos, Ademir, Silva, Gilson Nunes(Valfrido) / Técnico: Tim
AMÉRICA: Helinho, Paulo César, Tião, Aldeci, Zé Carlos, Badeco, Jorge Cuíca(Mareco), Tarciso, Jeremias, Edu(Tadeu), Sarão.

Clubes em que atuou:

América, de Joinville-SC, de 1965 a 1967;

Corinthians, 1967 e 1968;

América-RJ, de 1968 1973;

Portuguesa, 1973 a 1978;

Comercial, de Campo Grande-MS e Juventude-RS 1978.

Principais títulos:

Campeão Paulista,

campeão Taça Governador do Estado e campeão da Taça São Paulo, em 1973.

Vice-campeão paulista em 1976.

Fontes: Site do Milton Neves; Gazeta Esportiva; futebolcarioca2008.blogspot

Braguinha, voz viva da Copa de 58, revê criação

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Geraldo José de Almeida, pela Rádio Record, e Braga Júnior, pela Rádio Panamericana, cobriram a Copa do Mundo de 1958. Braga é o único narrador de rádio vivo dentre os que viajaram para a Suécia em 1958.

Locutor que narrou o título da seleção na Suécia admite a fantasia de imagens.

Para jornalista, imagem marcante da Copa não foi um gol, mas reação de Didi após o Brasil sair perdendo na final contra a Suécia

“”O locutor esportivo era mais um criador, formava imagens que muitas vezes não eram correlatas com os fatos. Às vezes, a partida era uma porcaria, mas era irradiada com vibração, havia sempre uma paixão acima do normal na transmissão.”

Quem diz isso é Braga Júnior, o Braguinha, locutor esportivo de rádio que trabalhou na Copa de 1958 e que, aos 75 anos, ainda esbanja um vozeirão ao atender a Folha em seu apartamento em São Paulo.

“”Pelo que dizem, eu sou o único locutor de rádio brasileiro na Copa-58 ainda vivo .”

Advogado, ele teve seu grande batismo nos microfones na primeira Copa conquistada pelo Brasil. “”Fui pé-quente”, diz.

“”Fiz curso de direito na PUC e depois comecei a discutir o rádio, o que ele deveria fazer. O locutor tinha a obrigação de fazer um espetáculo, de inventar, de fazer uma fantasia, sobretudo porque, se o camarada irradiasse triste, se retratasse fielmente um jogo horrível, seria demitido”, fala Braguinha.

E um superior dele na Copa de 1958 era “”só” Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira na Suécia.

“”Ele era meu chefe, mas devo dizer que estive com ele só uma vez na Copa, para resolver um problema criado na equipe. Só fui rever o doutor Paulo 40 dias depois. Pedi férias após a Copa e passei 30 dias na Europa.”

Braga Júnior narrou o Mundial quase pela paulista Rádio Record em cadeia com a Rádio Globo do Rio.

“”Eu representava a Record a mando do Paulo Machado de Carvalho. Pela Globo, deveria irradiar o Mário Garcia, mas ele brigou com o chefe da equipe. Pegaram o segundo locutor deles, o baiano Carlos Lima. Eu e ele fomos com a incumbência de irradiar, meio tempo de cada um, as partidas da Copa.”

A cobertura era bastante parcial e parceira do chefe da delegação? “”Quando tratava-se de seleção brasileira, claro que estava vestido com a camisa da equipe. O resto era só o resto. Sobre o doutor Paulo, por ele ser dono de um império de rádio e TV, era sempre potencialmente um futuro patrão. Os jornalistas tinham que considerar isso e o respeitavam.”

Com 25 anos na Copa-58, Braguinha testemunhou a proximidade de integrantes da imprensa com a cúpula da seleção. “”O Paulo, inteligente, cercou-se de três jornalistas: Ary Silva, Flávio Iazzetti e Paulo Planet Buarque. A esse grupo, juntaram-se Nilton Santos, Didi e Feola. Conversavam entre eles. Didi e Nilton Santos, jogadores fantásticos e pessoas maravilhosas, tinham grande influência na formação do time.”

Narrar aquele que para muitos foi o melhor time da história dispensou até a fantasia.

“”Tive oportunidades melhores para inventar irradiando. O Brasil tinha um time excelente, com jogadores excepcionais em todas as posições. Estava muito bem preparado, endurecido. Atribuo muito do título ao Garrincha, o melhor jogador brasileiro de seleção, no conjunto da obra”, diz Braguinha.

Uma narração marcante não foi a de um gol, foi a de um gesto: “”Quando levou o primeiro gol da Suécia, o Brasil poderia ter dado uma degringolada, mas Didi pegou a bola no fundo da rede e a colocou no meio-campo, foi uma reação máscula. O Brasil tinha aquela coisa antes de se deixar levar. Mas reagiu, empatou e dominou amplamente o time sueco.”

O melhor jogo para narrar? “”Brasil x França. O primeiro tempo foi de arrepiar cabelos.”

E deu mesmo emoção no final? “”Foi uma coisa inusitada, uma grande emoção. O pessoal recebendo medalhas de ouro, o rei da Suécia, o hino nacional… A partir dali se construiu o império do futebol brasileiro.”

TRANSMISSÕES
As dificuldades para as transmissões dos jogos da Copa-58 não eram poucas. E o sucesso não era garantia de qualidade.

“”O maior problema é que não se trabalhava com satélite, que não tinha surgido. As transmissões de longa distância eram por meio meio de transmissores enormes, SSB (Single Side Band). Na realidade, eram duas bandas, uma chegava mais ou menos e a outra muito pior. Havia muita trapalhada nesse tipo de coisa”, conta Braga Júnior.

A situação para o narrador era bem pior do que a vista nos dias atuais. “”Era um negócio meio às cegas. Não tinha retorno na Copa de 1958, era praticamente impossível nesses grandes eventos. Hoje, transmite-se com uma segurança fantástica, o cara tem o retorno, o som, às vezes até o retorno da imagem, transmite vendo o tempo inteiro o que está fazendo”, compara o narrador, que é capixaba.

E olha que a Suécia, país-sede daquela Copa, estava avançada já na época, segundo Braga Júnior. “”Era um país rico e dispunha de estrutura muito boa de comunicação. Era de se supor que um país avançado como a Suécia fizesse uma preparação grande para aquela cobertura. Queriam fazer uma divulgação de seu avanço tecnológico.”

Porém o ouvinte brasileiro sofria com a recepção, talvez mais do que com a seleção. “”Não chegava nenhuma maravilha a transmissão. Era uma espécie de sanfona, o som aumentava e diminuía. Você não ouvia como hoje, que não tem interferência nenhuma”, fala o locutor, que também levou sua voz para lutas épicas de boxe de Eder Jofre e corridas de F-1.

O fato de não haver concorrência com a TV dava outro colorido às narrações (as poucas TVs eram em preto e branco).

“Naquele tempo, não tinha a televisão para te cobrar. Irradiava gol até um minuto depois de ele acontecer”, conta Braguinha, que não ia com muita freqüência à concentração da seleção em Hindas -havia encontros com os atletas menos restritos do que ocorre hoje.

“Nós não tínhamos muito dinheiro para gastar. A nossa transmissão foi miserável. O dinheiro era exíguo, o necessário para a cobertura. Outras emissoras tinham mais recursos: a Bandeirantes, que tinha dois extraordinários locutores, Pedro Luiz e Edson Leite, e a Panamericana, que tinha o Geraldo José de Almeida, excelente locutor”, relembra Braguinha.
Sem boletins diários, havia tempo para curtir a Suécia: “Ficávamos por Gotemburgo, vendo meninas e tentando desvendar o grande mistério da época: o sexo livre das suecas.”

Narração de um gol da final

“O Brasil está perdendo por 1 a 0 para a seleção da Suécia. Vai para o ataque o time brasileiro, a bola está com Zito. Zito conduz pela sua linha intermediária, avança um pouco mais pela direita, Garrincha está solto, é lançado. Domina Garrincha, chama Axbom, passa pela primeira vez, joga para a direita, joga o corpo para a esquerda, saiu-se muito bem, passa para a frente, vai para a linha de fundo, vai se aproximando da linha de fundo. Atenção, cruzou, entra Vavá, atira, e é gol. Gooooooooolllllll da seleção brasileira. Está empatada a partida na Suécia”

OPINIÃO:
COMENTARISTA DO MUNDIAL AINDA ATUA NO RIO GRANDE DO SUL

O comentarista Flávio Alcaraz Gomes, popular na imprensa gaúcha, trabalhou na Copa de 58 e ainda atua na Rádio Pampa. Ganhou projeção com o programa “”Guerrilheiros da Notícia”, também com versão televisiva. Flávio, hoje com 80 anos, é advogado. Está entre as poucas dezenas de jornalistas do país que cobriram a Copa da Suécia.
Fonte: Folha de São Paulo

Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão do Cruzeiro

TOSTÃO
Eduardo Gonçalves de Andrade – Atacante – Belo Horizonte (MG) -25.01.1947

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Maior jogador do Cruzeiro de todos os tempos e um dos maiores gênios do futebol brasileiro. Rápido, habilidosíssimo e jogador de rara inteligência. Jogava na meia, abrindo espaços para os companheiros. Mudou seu posicionamento para poder jogar ao lado de Pelé e Rivelino, na Copa de 70. Passava bem, possuía o drible curto e sempre jogava de cabeça erguida, procurando a melhor jogada.

Armava o jogo, mas chegava na área para concluir as jogadas. Sua principal e melhor característica era a sua excepcional capacidade de antever a jogada. Ganhou o apelido de Tostão ainda na infância. Jogava com garotos mais velhos e era o menor do grupo. Foi logo chamado dessa maneira, em alusão à moeda brasileira, já desvalorizada na época. Entrou para os juvenis do América de Belo Horizonte. Destacou-se tanto que foi vendido para o Cruzeiro com apenas 16 anos, por uma fortuna naquele momento.

Aos 18 anos já era convocado para a Seleção Mineira de profissionais. Participou da partida que inaugurou o Mineirão, em 65, como titular da Seleção. Foi pentacampeão mineiro com o Cruzeiro, de 65 a 69 e participou do melhor esquadrão do clube mineiro em toda a sua história, jogando ao lado de Dirceu Lopes, Piazza, Raul, Natal, Evaldo e outros. Em 66, comandou o time do Cruzeiro campeão da Taça do Brasil, vencendo o Santos, de Pelé, na final. Foi artilheiro do campeonato mineiro em 65 (17 gols), 66 (18), 67 (20), 68 (25) e 70 (11). Em 72 foi vendido ao Vasco por US$ 535 mil, a maior transação do futebol brasileiro na época. Um ano depois encerrou sua carreira devido a problemas com seu olho.

Em 24 de setembro de 69, Tostão levou uma bolada do jogador Ditão, do Corinthians, e descolou a retina do olho esquerdo. ( Eu fui ao jogo mas fiquei no morrinho acima das sociais, os ingressos estavam nas mãos dos cambistas e caríssimos) . Voltando ao assunto, Tostão foi operado em Houston (EUA) e voltou a jogar futebol. Em 73 sua retina se inflamou, o que o levou à nova operação nos EUA. Depois da cirurgia não pôde mais jogar futebol e encerrou a carreira com apenas 26 anos. Era um jogador muito dedicado. Treinava sozinho após os treinos do Cruzeiro, procurando corrigir suas deficiências. Assim, aprimorou o chute e, principalmente, aprendeu a jogar com a perna direita, seu grande defeito. Muito autocrítico, nunca ficava satisfeito com seu desempenho e sempre achava que podia jogar melhor.

Foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez em 66, com 19 anos. Disputou a Copa da Inglaterra. A partir daí foi convocado sempre para a Seleção. Foi o artilheiro das Eliminatórias para a Copa de 70, jogando ao lado de Pelé, com 10 gols. Lutou muito para se recuperar para a Copa, pois o problema na retina ainda persistia. Foi campeão mundial jogando como titular. Marcou 36 gols em 65 jogos pela Seleção Brasileira. Após encerrar a carreira de jogador de futebol em 73, cursou Medicina em Belo Horizonte.

Tornou-se médico e professor e passou um bom período sem dar entrevistas relacionadas com o futebol, para não confundir uma profissão com outra. Após a Copa de 94, largou o magistério e tornou-se comentarista e cronista esportivo. Atualmente trabalha na televisão e escreve colunas semanais para vários jornais do Brasil. É um dos mais respeitados comentaristas esportivos do Brasil. Tostão foi tema de livros, revistas, filmes, documentários, homenagens e é nome indiscutível na Seleção do Cruzeiro de todos os tempos.

Ganhou o Prêmio Golfinho de Ouro em 69, para a personalidade brasileira mais destacada no esporte. Em 92, foi eleito por jornalistas, técnicos e ex-jogadores como um dos 10 gênios do futebol brasileiro, de 70 a 92. Escreveu um livro de memórias recentemente.
JUSTAS HOMENAGENS ESCRITAS

“A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus.”
(Armando Nogueira, jornalista e escritor)

“A concepção do futebol solidário começou com Tostão.”
(Daniel Gomes, jornalista)

“Por mais que eu reze não tem jeito. Esse Tostão é mesmo infernal.”
(Dom Serafim Fernandes de Araújo, ex-bispo de Belo Horizonte, torcedor do Atlético Mineiro)

“Poucos jogadores sabiam abrir espaços para os companheiros como Tostão fazia.”
(Didi, ex-jogador da Seleção Brasileira)

“Afora Pelé, eu me incluo entre os melhores jogadores que o país já descobriu.”
(Tostão, ex-jogador da Seleção Brasileira)

“Quem viu Tostão pode se considerar uma pessoa feliz.”
(Armando Nogueira, escritor e jornalista)

“A ele bastava um palmo de grama para encantar o mundo com dribles e gols jamais sonhados antes.”
(Roberto Drummond, jornalista e escritor)

“Está entre os cinco ou seis maiores jogadores de todos os tempos.”
(Nelson Rodrigues, jornalista, escritor e dramaturgo, sobre Tostão)

“A diferença de um grande jogador para o outro é a capacidade de inventar o momento. De repente, sai uma jogada que não estava prevista.”
(Tostão, ex-jogador da Seleção Brasileira)

O título da Taça Brasil sobre o Santos de Pelé, em 1966, elevou-o ao patamar máximo de ídolo. Formando uma dupla inesquecível com Dirceu Lopes, o Cruzeiro venceu as duas partidas, por 6 a 2 (no Mineirão) e 3 a 2 (em pleno Pacaembu).

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O GOL INESQUECÍVEL DE TOSTÃO
Um jovem mineiro iniciava sua brilhante carreira no Cruzeiro. Em 1966, ele decidia com o poderoso Santos de Pelé a Taça Brasil. O time de Minas também começava a ganhar títulos com uma equipe que marcou época na história do futebol das Alterosas. E aquela Taça Brasil foi a sua grande chance. Até então somente se falava nos clubes do Rio e São Paulo, principalmente, no time de Pelé. Indiferente à descrença geral, Tostão e seus companheiros, se preocuparam apenas em impor aos adversários o ritmo de jogo do Cruzeiro naquela Taça Brasil. Era uma competição eliminatória, e o time de Tostão foi vencendo um a um todos os obstáculos. Chegar a final já era uma vitória, mas o maior desafio ainda estava por vir. Para colocar a mão na taça, o Cruzeiro tinha que ultrapassar o melhor time do mundo: o Santos Futebol Clube.

Ninguém acreditava no time mineiro que, até certo ponto, era inexperiente, com muitos jovens como Tostão que tinha apenas 19 anos de idade. No primeiro jogo, no mineirão, o Cruzeiro mostrou que não seria presa fácil. Ao contrário: o Santos foi goleado impiedosamente por 6×2. Essa vitória espetacular deu mais confiança a equipe para disputar a segunda partida em São Paulo. Tostão sabia que seria um jogo dificil. Os santistas jogariam ao lado da torcida paulista e os jogadores do Santos estavam com o orgulho ferido porque nunca tinha sido goleado. Eles queriam devolver a humilhante derrota.

E foi nesse jogo que Tostão viveu seu grande momento, seu jogo inesquecível. O Santos foi todo para o ataque, procurando fazer os gols logo no inicio. Pelé então, jogava com uma garra incrível. Era uma correria infernal. Com isso, o Cruzeiro não sabia como sair para o ataque, criar jogadas. Estavam todos perdidos e o primeiro tempo terminou 2×0 para o Santos. Tostão não esconde que seus companheiros voltaram para os vestiários assustados e Pelé acreditava que a goleada seria devolvida. Tanto que a imprensa começou a noticiar que os dirigentes do Santos procuraram os cruzeirense para marcar logo a data para o terceiro jogo. Isso durou todo o intervalo. Tostão e seus companheiros conversaram muito e voltaram diferente.

Um pouco acomodado, o Santos permitiu que o Cruzeiro jogasse tocando mais a bola. Agora, era o time de Tostão que jogava no campo do Santos. E as chances foram aparecendo e sendo desperdiçadas. Até um pênalti Tostão perdeu. E foi nesse momento que o “mineirinho de ouro” se superou. Ele foi tomado pela fúria. Tinha que corrigir seu erro, tinha que partir para cima, jogar tudo que sabia. Ele começou a correr mais ainda. As chances continuavam a aparecer e os jogadores do Santos pareciam cansados e envolvidos.

E veio a consagração. Aconteceu uma falta bem próximo a lateral do lado direito do ataque do Cruzeiro. Tostão, mesmo sem angulo, chutou direto e assinalou o primeiro jogo dos mineiros. A comemoração foi enorme. O time cresceu e o gol de empate era um questão de tempo. E ele veio através de uma jogada individual de Dirceu Lopes que entrou driblando e tocou na saída do goleiro Cláudio. Era o gol do titulo. E o incrível é que, após o gol, o Santos não esboçou nenhuma reação. O Cruzeiro é que continuou atacando. E o terceiro gol veio para coroar uma reação sensacional e fechar com chave de ouro uma campanha maravilhosa. Hilton Oliveira tocou para Tostão driblar vários adversários e entregar limpinha para Natal que livre, apenas encostou para fazer Cruzeiro 3 x Santos 2. Foi uma alegria indescritível. O Cruzeiro era campeão brasileiro com duas vitórias sobre o melhor time do mundo. Tostão que tinha sido um dos responsáveis pelo titulo não esquece aquele jogo no Pacaembu. Para ele foi o seu jogo inesquecível.

Jogo pela decisão aça Brasil de 1966.
No Pacaembu – Santos 2 x Cruzeiro 3
Gols de Pelé. Toninho Guerreiro no primeiro tempo.
Tostão. Dirceu Lopes e Natal no segundo tempo.
Juiz: Armando Marques.
Cruzeiro: Raul. Pedro Paulo. William. Procópio e Neco. Wilson Piaza e Dirceu Lopes. Natal. Tostão. Edvaldo e Hilton Oliveira.
Técnico: Airton Moreira.
Santos: Cláudio. Zé Carlos. Oberdan. Haroldo e Lima. Zito e Mengalvio. Amauri (Dorval). Toninho. Pelé e Edu.
Técnico: Lula.

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