Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

Santos e Corinthians terão um livro para contar a história do clássico

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Grande clássico do futebol brasileiro, o duelo entre Santos e Corinthians é motivo de discussões polêmicas e, principalmente, de fanatismo entre os seus torcedores. Os historiadores/jornalistas e torcedores de Santos e Corinthians, respectivamente, Odir Cunha e Celso Unzelte lançam em 14 de abril, no Museu do Futebol, o livro O Grande Jogo – O Maior Duelo Alvinegro do Futebol, relatando o histórico confronto.

Justamente na data de lançamento do livro, o Santos Futebol Clube completará 97 anos de história. O Corinthians, por sua vez, terá suas histórias relatadas em mais um livro de Unzelte, autor do Almanaque do Timão, que conta detalhadamente a história da equipe, e os 10 mais do Corinthians, uma reunião da biografia de 10 destaques históricos do Coringão, por exemplo.

Odir Cunha, por outro lado, é autor dos livros Time dos Sonhos – A História Completa do Santos Futebol Clube e Donos da Terra – A História do Primeiro Título Mundial do Santos. Detalhando profundamente as histórias do clube que consagrou Pelé e ficou conhecido mundialmente pelo esquadrão da década de 1960.

Disputado pela primeira vez em 22 de julho de 1913, com vitória do Peixe por 6 a 3, o clássico mais antigo do futebol paulista já consagrou muitos craques em seus duelos. Em 291 confrontos, o Corinthians leva a melhor com 117 vitórias contra 92 do Santos Futebol Clube.

Título: O Grande Jogo – O Maior Duelo Alvinegro do Futebol
Páginas: 176
Preço: R$ 29,90

MAIORES PÚBLICOS DO CAMPEONATO PAULISTA

MAIORES PÚBLICOS DO CAMPEONATO PAULISTA.
( ACIMA DE 80.000 ESPECTADORES ) :

* Exceto os jogos onde constam as informações dos públicos presente e pagante,
todos os outros referem-se aos públicos pagantes.

* Em clássicos paulistas, foi adotado o critério da colocação dos clubes por
ordem alfabética, exceto em jogos do São Paulo Futebol Clube, proprietário do
Estádio do Morumbi, onde realizaram-se todas as partidas listadas abaixo :

1) CORINTHIANS 1 X 2 PONTE PRETA , 146.082 , 09/10/1977 (138.032 PAGS.) .
2) PALMEIRAS 2 X 0 SANTOS , 127.423 , 15/10/1978 (123.318 PAGS.) .
3) SÃO PAULO 1 X 0 SANTOS , 122.209 , 16/11/1980 .
4) CORINTHIANS 0 X 1 PALMEIRAS , 120.522 , 22/12/1974 .
5) CORINTHIANS 1 X 0 SANTOS , 120.000 , 26/12/1978 .
6) CORINTHIANS 4 X 0 SANTOS , 117.676 , 29/05/1977 .
7) SÃO PAULO 3 X 2 CORINTHIANS , 117.061 , 05/12/1982 .
8) CORINTHIANS 1 X 1 SANTOS , 116.881 , 20/03/1977 .
9) PORTUGUESA 0 X 0 SANTOS , 116.156 , 26/08/1973 .
10) SÃO PAULO 1 X 0 PALMEIRAS , 115.000 , 27/06/1971 (103.887 PAGS.)
11) SÃO PAULO 1 X 0 PALMEIRAS , 112.016 , 17/06/1979 .
12) CORINTHIANS 0 X 1 SANTOS , 111.345 , 02/12/1984 (101.587 PAGS.).
13) CORINTHIANS 1 X 1 SANTOS , 111.103 , 20/08/1978 .
14) SÃO PAULO 0 X 0 PALMEIRAS , 110.915 , 01/12/1991 .
15) SÃO PAULO 0 X 0 PALMEIRAS , 110.887 , 20/12/1992 .
16) SÃO PAULO 0 X 0 CORINTHIANS , 109.474 , 30/08/1987 .
17) CORINTHIANS 2 X 1 SANTOS , 108.990 , 11/02/1979 .
18) SÃO PAULO 1 X 1 SANTOS , 107.485 , 24/06/1979 .
19) SÃO PAULO 2 X 1 PORTUGUESA , 106.315 , 22/12/1985 (99.025 PAGS.) .
20) SÃO PAULO 3 X 0 CORINTHIANS , 106.142 , 15/12/1991 .
21) SÃO PAULO 1 X 2 CORINTHIANS , 105.435 , 02/10/1977 .
22) CORINTHIANS 0 X 4 PALMEIRAS , 104.401 , 12/06/1993 .
23) PALMEIRAS 0 X 0 INTERNACIONAL, 104.135 , 31/08/1986 .
24) SÃO PAULO 3 X 0 CORINTHIANS , 102.821 , 08/12/1991 .
25) CORINTHIANS 0 X 2 PALMEIRAS , 102.167 , 16/04/1989 .
26) CORINTHIANS 1 X 0 SANTOS , 100.269 , 10/06/1979 .
27) CORINTHIANS 1 X 0 PALMEIRAS , 98.059 , 31/08/1977 .
28) SÃO PAULO 0 X O SÃO JOSÉ , 97.965 , 02/07/1989 .
29) SÃO PAULO 1 X 3 SANTOS , 97.188 , 01/10/1978 (91.962 PAGS.) .
30) CORINTHIANS 1 X 0 PONTE PRETA , 96.441 , 03/02/1980 .
31) SÃO PAULO 3 X 3 CORINTHIANS , 96.352 , 09/08/1987 .
32) SÃO PAULO 0 X 0 PALMEIRAS , 96.340 , 14/03/1993 .
33) CORINTHIANS 1 X 0 PALMEIRAS , 95.784 , 08/12/1983 .
34) CORINTHIANS 0 X 1 PALMEIRAS , 95.759 , 24/08/1986 .
35) SÃO PAULO 2 X 1 CORINTHIANS , 95.493 , 26/08/1987 .
36) CORINTHIANS 3 X 0 PALMEIRAS , 94.872 , 12/11/1978 .
37) CORINTHIANS 0 X 0 PALMEIRAS , 94.852 , 18/02/1979 .
38) CORINTHIANS 1 X 0 PALMEIRAS , 93.736 , 06/06/1993 .
39) CORINTHIANS 0 X 3 PALMEIRAS , 92.982 , 27/08/1986 .
40) CORINTHIANS 0 X 0 GUARANI , 92.454 , 14/06/1979 .
41) PALMEIRAS 1 X 1 SANTOS , 92.443 , 06/05/1973 .
42) CORINTHIANS 0 X 0 PALMEIRAS , 91.795 , 08/05/1977 .
43) PALMEIRAS 1 X 1 SANTOS , 91.697 , 05/08/1984 (85.556 PAGS.) .
44) CORINTHIANS 1 X 1 PALMEIRAS , 91.461 , 04/12/1983 .
45) CORINTHIANS 0 X 2 PALMEIRAS , 91.193 , 20/05/1979 .
46) CORINTHIANS 2 X 0 PONTE PRETA , 90.578 , 10/02/1980 .
47) SÃO PAULO 3 X 1 PALMEIRAS , 89.531 , 23/08/1987 .
48) SÃO PAULO 1 X 1 CORINTHIANS , 88.085 , 14/12/1983 .
49) SÃO PAULO 3 X 1 PORTUGUESA , 87.602 , 15/12/1985 .
50) CORINTHIANS 1 X 0 PALMEIRAS , 87.212 , 30/01/1980 .
51) CORINTHIANS 1 X 1 PALMEIRAS , 87.185 , 27/01/1980 .
52) CORINTHIANS 1 X 0 PONTE PRETA , 86.677 , 13/10/1977 .
53) SÃO PAULO 2 X 0 CORINTHIANS , 86.538 , 23/05/1993 .
54) CORINTHIANS 0 X 0 SANTOS , 86.300 , 31/07/1983 (80.731 PAGS.) .
55) SÃO PAULO 3 X 1 PALMEIRAS , 85.754 , 15/05/1977 .
56) SÃO PAULO 0 X 0 SANTOS , 85.355 , 15/05/1971 (75.549 PAGS.) .
57) SÃO PAULO 2 X 1 PONTE PRETA , 84.553 , 09/11/1980 .
58) CORINTHIANS 2 X 2 SANTOS , 84.009 , 27/09/1981 (83.774 PAGS.) .
59) CORINTHIANS 3 X 2 GUARANI , 83.419 , 19/11/1978 .
60) SÃO PAULO 1 X 2 SANTOS , 81.788 , 20/06/1979 .
61) CORINTHIANS 2 X 2 SANTOS, 80.656 , 04/09/1977 (77.273 PAGS.) .
62) SÃO PAULO 2 X 0 SANTOS , 80.485 , 28/06/1979 (74.535 PAGS.) .
63) SÃO PAULO 3 X 1 CORINTHIANS , 80.000 , 10/05/1998 .

MAIORES PÚBLICOS POR CLUBES :

1) CORINTHIANS : 41 .
2) SÃO PAULO : 27 .
3) PALMEIRAS : 26 .
4) SANTOS : 20 .
5) PONTE PRETA : 5 .
6) PORTUGUESA : 3 .
7) GUARANI : 2 .
8) INTERNACIONAL (LIMEIRA) E SÃO JOSÉ : 1 .

MAIORES PÚBLICOS POR CONFRONTOS :

1) CORINTHIANS – PALMEIRAS : 15 .
2) CORINTHIANS – SANTOS E CORINTHIANS – SÃO PAULO : 10 .
3) SÃO PAULO – PALMEIRAS : 7 .
4) SÃO PAULO – SANTOS : 6 .
5) CORINTHIANS – PONTE PRETA : 4 .
6) PALMEIRAS – SANTOS : 3 .
7) CORINTHIANS – GUARANI E SÃO PAULO – PORTUGUESA : 2 .
8) TODOS COM 1 :
PALMEIRAS – INTERNACIONAL (LIMEIRA) .
PORTUGUESA – SANTOS .
SÃO PAULO – PONTE PRETA .
SÃO PAULO – SÃO JOSÉ .

FONTES : LIVROS ALMANAQUE DO CORINTHIANS , ALMANAQUE DO SÃO PAULO , A HISTÓRIA
DO CAMPEONATO PAULISTA , SITES DA RSSSF BRASIL E http://palmeirasrfb.vilabol.uol.com.br/
Alexandre Magno Barreto Berwanger

Flamengo x Honved – dois jogos com dois resultados iguais

Flamengo x Honved

A Hungria estava sendo invadida pela União Soviética naquele ano de 1956, em que campeão nacional Honved fazia uma excursão por diversos países do mundo, mas houve o pedido, por telegrama, dos invasores da pátria para que toda a delegação do Honved retornasse à Hungria.

Coisa que não aconteceu porque houve por parte de seus diretores a ordem de desobedecer e continuar a excursão.

Por medo e não querendo encrenca, alguns países não aceitaram a entrada do clube hungaro. Entre eles, Itália, França e Inglaterra.

Então o Honved veio para o Brasil, e o primeiro jogo foi contra o Flamengo, marcado para o Maracanã no início do mês de Janeiro de 1957.

Tomaram uma goleada de 6x 4, e os gols foram marcados por Evaristo(2) Henrique, Paulinho, Dida e Duca. Para o Honved marcaram Puskas (2) Szusza e Budai.

O Flamengo, jogou com: Ari, Tomires e Pavão. Milton, Luiz Roberto, e Edson (Jordan). Paulinho, Moacir,(Duca) Henrique,Evaristo e Baba.

Honved: Groczis, (Farago) Rackosczy, Baniay, Bosizk. Kotasz, Lantos, Budai, (Sandos), Koczis, Szusza, Puskas e Cizibor.

Arbitro – Mário Vianna.

Renda – 3. 351.001,00

Dias depois jogaram contra o Botafogo, e o Honved venceu por 4 a 2.

Depois disso resolveram trazer o jogo inicial para São Paulo.

E por iniciativa da Companhia de cigarros Sudan e da rádio Bandeirantes, e dos representantes do Flamengo e Honved, Walter Fadel e Enil Oesterreicher. Murilo Leite pela rádio bandeirantes e Saul Janequine pela companhia Sudan de cigarros, resolveram fazer o jogo revanche entre Honved e Flamengo no estádio do Pacaembu e com a entrada franqueada ao publico, no dia 26 de Janeiro de 1957, um sábado a noite.

Mais uma vez o resultado foi de 6 x 4, mas desta vez para o Honved, que deu um show de bola e encheu os olhos da torcida paulista.

Em 10 minutos de jogo o campeão hungaro já vencia de goleada, e no tempo final liquidou o jogo de uma vez, chegando a estar vencendo por 6 x 1. Puskas marcou 4 dos seis gols do Honved e os outros dois por Budai e Sandos. Dida (2) Moacir e Henrique marcaram para o Flamengo. Os times foram os mesmos do primeiro jogo e o arbitro novamente foi Mário Vianna, elogiado por todos.

O publico não foi divulgado e, o estádio estava lotado.

Pesquisa de Mario Lopomo.

A GAZETA, JANEIRO DE 1957.

Grandes Clássicos – FLUMINENSE X AMÉRICA

FLUMINENSE x AMÉRICA
Por Alexandre Magno Berwanger

Maiores Públicos de Fluminense x América:

1)Fluminense 2 x 0 América, 141.689 (rodada dupla), 9 de Junho de 1968.
2)Fluminense 0 x 2 América, 100.000 (estimativa), 17 de Março de 1956.
3)Fluminense 1 x 2 América, 98.099, 18 de Dezembro de 1960 .
4)Fluminense 0 x 1 América, 97.681, 22 de Setembro de 1974.
5)Fluminense 1 x 0 América, 96.047, 27 de Abril de 1975.
6)Fluminense 1 x 1 América, 83.043 (rodada dupla), 16 de Julho de 1972.
7)Fluminense 2 x 0 América, 79.275, 11 de Setembro de 1983.
8)Fluminense 1 x 0 América, 67.492, 17 de Agosto de 1969.
9)Fluminense 3 x 1 América, 61.667, 16 de Agosto de 1970.
10)Fluminense 0 x 2 América, 61.278, 27 de Abril de 1969.

Estatísticas Fluminense x América

Número de partidas: 289

Vitórias do Fluminense: 143

Empates: 68

Vitórias do América: 78

Gols do Fluminense: 536

Gols do América: 376

Maior goleada do Fluminense: 8 a 0 em 27 de Janeiro de 2002 .

Maior goleada do América: 5 a 1 em 21 de Janeiro de 1956.

Clássico com maior número de gols: Fluminense 8 a 4 em 24 de Novembro de 1946 .

Em Campeonatos Nacionais

Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967/1970)
Número de partidas: 2
Vitórias do Fluminense: 1
Vitórias do América: 1
Gols do Fluminense: 4
Gols do América: 2

Campeonato Brasileiro (1971/2006)
Número de partidas: 10
Vitórias do Fluminense: 4
Empates: 3
Vitórias do América: 3
Gols do Fluminense: 9
Gols do América: 6

Fluminense e América confrontam-se desde 19 de Julho de 1908, com o Fluminense tendo vencido este primeiro jogo por 2 a 1 pelo Campeonato Carioca, em seu campo da rua Guanabara, em Laranjeiras, com gols de Buchan e Emile Etchegaray para o tricolor e Lucas Assumpção para o América. Pelo returno em 6 de Setembro, o Fluminense venceria de novo, por 3 a 2 e estas duas vitórias foram fundamentais para decidir o Campeonato Carioca em favor do Fluminense, pois o tricolor foi campeão com 18 pontos e o América terminou em terceiro lugar, mas tendo empatado em 14 pontos com o Botafogo, o vice-campeão. Os clássicos envolvendo o América foram fundamentais neste campeonato, pois o time rubro ganhou do Botafogo por 2 a 0 em 28 de Junho e por 3 a 2 em 30 de Agosto e tricolores e alvi-negros empataram seus dois confrontos.

Pelo Campeonato Carioca de 1911 o Fluminense foi campeão com 12 pontos e o América vice, com 8 pontos. No turno o Fluminense venceu por 4 a 0 e na última rodada do campeonato venceu por 2 a 0. Ao final deste campeonato o Fluminense perdeu nove titulares, que por divergências com a diretoria tricolor, foram abrir o departamento de futebol do Flamengo.

No Campeonato Carioca de 1912 o América venceu o primeiro clássico contra o Fluminense ao ganhar por 2 a 1 em jogo realizado em Laranjeiras, no nono jogo entre estas equipes, pelo returno, já que no turno houve empate de 0 a 0.

O América sagrou-se campeão carioca em 1913 e o Fluminense, ainda enfraquecido, terminou este campeonato apenas em quinto lugar tendo perdido as duas partidas para o América por 3 a 1 no turno e por um movimentado 5 a 4 no returno.

No ano de 1914 aconteceu uma grande dissidência no América, quando cerca de 70 jogadores e sócios do clube rubro descontentes com a sua diretoria, resolveram trocar de clube. Após reunião entre eles resolveram escolher o Fluminense como o clube a ser adotado e entre estes jogadores estava Marcos Carneiro de Mendonça, que viria a ser o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, com 19 anos no primeiro jogo da Seleção (o que faria como titular por nove anos) contra o Exeter City em 21 de Julho de 1914, sendo o mais jovem de todos os goleiros da Seleção convocados até os dias atuais e que posteriormente seria presidente do Fluminense.

No dia 13 de Maio de 1914 o Fluminense enfrentou o América em jogo que terminou empatado por 1 a 1. Neste jogo, o jogador Carlos Alberto, mestiço, ele mesmo um dos dissidentes do clube rubro, passou por conta própria pó-de-arroz no rosto para parecer mais claro e no decorrer do jogo a torcida do América percebeu a sua atitude e não o perdoou, gritando para Carlos Aberto : Pó-de-Arroz, pó-de-arroz……o que passou a fazer sempre que o América jogava contra o Fluminense, no que foi depois copiada por outras torcidas. Com o passar do tempo, o apelido foi assimilado pela torcida do Fluminense, que passou a jogar pó-de-arroz e talco na entrada do time em campo, proporcionando uma das festas mais bonitas produzidas por uma torcida para saudar o seu clube e que infelizmente foi proibida pelas últimas administrações do Maracanã, tornando o futebol cada vez menos popular ao exigirem dos torcedores comportamento parecido com o de frequentadores de teatros. No jogo do returno, em 6 de Setembro, o Fluminense venceu por 2 a 1.

No Campeonato Carioca de 1917 o Fluminense foi campeão com 20 pontos e o América vice com 18. Para a definição do campeonato, os dois clássicos entre tricolores e rubros foram decisivos, pois o Fluminense venceu no turno por 3 a 1 e no returno por 1 a 0.

Em 1922 o campeão carioca seria o América com 19 pontos. Este campeonato foi acirradamente disputado pois tinha a motivação especial de ser disputado no ano do Centenário da Independência do Brasil. A classificação final indicou o América campeão, com 19 pontos, o Flamengo vice com 17 e o Fluminense em terceiro, com 15 pontos. O América venceu o Fluminense por 1 a 0 em 23 de Abril e o segundo clássico entre estes clubes por este campeonato foi interrompido quando o marcador ainda indicava 0 a 0. O América não compareceu à continuação deste jogo em 1º de Setembro, pois já fôra consagrado como o Campeão do Centenário da Independência do Brasil, por antecipação.

Neste ano o Fluminense deu mais uma demonstração grandiosa de patriotismo e de ter sido um clube fundamental para o desenvolvimento do futebol e dos esportes amadores no Brasil e no mundo, como já acontecera na construção do Estádio de Laranjeiras em 1919, pois aumentou a capacidade de seu estádio para 25.000 pessoas, dando apoio financeiro e logístico para a realização do segundo Campeonato Sul-Americano de Seleções Nacionais (atual Copa América) em seu estádio e para a realização dos Jogos Olímpicos Latino-Americanos, uma das competições que vieram a dar origem mais tarde aos Jogos Olímpicos Pan-Americanos .

Em 1927 os clássicos contra o América foram fundamentais para tirarem o título do Fluminense, pois a pontuação final indicou o Flamengo campeão com 28 pontos, o Flu vice com 27 e o América terceiro, com 25 pontos. No jogo do turno em 19 de Junho, o América ganhou o Flu por 2 a 0 e na penúltima rodada do campeonato houve empate por 2 a 2, que tirou precioso ponto do tricolor. Na última rodada o Fluminense venceu o Vasco por 4 a 3, mas a derrota do América para o Flamengo por 2 a 1 deu o título para os rubro-negros.

Em 1928 o América foi campeão ao derrotar o Fluminense (que não tinha chance de ser campeão, tendo terminado este campeonato em quinto) por 3 a 1 na última rodada em 21 de Outubro, dia em que também o seu perseguidor direto neste campeonato, o Vasco, perdeu para o Botafogo igualmente por 3 a 1.

O Fluminense foi campeão do Torneio Aberto em 1935 ao vencer o América na final, em 14 de Julho, por 3 a 1. O Torneio Aberto, como o próprio nome indica, aceitava os participantes que se inscrevessem, sem adotar o critério técnico, de modo que particparam deste torneio clubes profissionais e amadores.

Em 1935 o América foi campeão com 24 pontos e o Fluminense vice com 23. Nos dois clássicos realizados por esta competição, o América venceu, no primeiro turno por 3 a 2 em 11 de Agosto e no segundo por emocionante 6 a 5.

Em 1936 o Fluminense foi campeão derrotando o Flamengo em uma melhor-de-três partidas, pois estes dois clubes terminaram o campeonato empatados com 23 pontos, com o América terminando em terceiro com 22 pontos. A vitória do Fluminense sobre o América na última rodada por 4 a 2, em 6 de Dezembro, definiu o Flu como finalista e eliminou o América. No turno houve empate por 1 a 1.

No Campeonato Carioca de 1938 o Fluminense foi campeão na penúltima rodada, ao empatar de 2 a 2 contra o América, pois ao fazer 24 pontos já não poderia mais ser alcançado pelo vice-campeão, o Flamengo, que tendo perdido para o clube rubro por 1 a 0 chegaria no máximo aos 23 pontos. O América terminou em quinto, com 18 pontos.

O Campeonato Carioca de 1946 foi sensacional e 4 clubes (América, Fluminense, Botafogo e Flamengo) terminaram empatados com 26 pontos, sendo necessária uma fase final que ficou conhecida como Supercampeonato para definir o campeão. No final desta fase o Fluminense terminou como super-campeão com 11 pontos ganhos e o América não pontuou. No clássico de 24 de Novembro o Fluminense ganhou por 8 a 4 (confronto com maior número de gols entre estes clubes) e em 14 de Dezembro outra goleada significatica, neste dia por 6 a 2. O destaque destes dois clássicos foi Rodrigues, que marcou 3 gols em cada um deles.

No primeiro jogo deste clássico no Estádio do Maracanã, pala terceira rodada do Campeonato Carioca em 26 de Agosto de 1950, o América venceu o Fluminense por 3 a 1. O Fluminense vinha de dois empates (contra Olaria e Bonsucesso) e o América, que havia goleado o Botafogo por 4 a 2 na primeira rodada, empatara na segunda rodada contra o Madureira, o que não motivou mais do que cerca de 15.000 pessoas (11.061 pagantes) a comparecerem a este clássico. No segundo turno 38.494 espectadores pagaram ingressos (uns 10.000 não devem ter pago) viram nova vitória do América por 1 a 0. No final o América seria vice-campeão e o Fluminense ficaria em sexto lugar.

A primeira vitória do Fluminense sobre o América no Maracanã só aconteceria em 23 de Dezembro de 1951 por 4 a 0 (2 gols de Carlyle, Joel e Telê Santana) perante 44.094 espectadores (35.280 pagantes), público pouco menor (46.989 / 38.866 pagantes) do que no empate por 1 a 1 em 30 de Setembro de 1951. Neste Campeonato Carioca de 1951, o Fluminense sagrou-se campeão e o América terminou em sexto lugar.

Em 16 de Fevereiro de 1954 estes clubes fariam o primeiro clássico no exterior, com vitória do América por 3 a 2 no Estádio Centenário, pela Copa Montevidéu.

Em 31 de Dezembro de 1954 o Jornal dos Sports divulgou pesquisa de torcidas do IBOPE em que o Flamengo era a maior torcida do Rio de Janeiro com 29% da preferência, em seguida vinham Fluminense com 19%, Vasco 18%, América 6%, Botafogo 5%, Bangu 2% e São Cristóvão 1%. O fato da torcida do América aparecer como maior do que a do Botafogo era natural, pois até então o América havia sido campeão carioca em 6 ocasiões (1913, 1916, 1922, 1928, 1931 e 1935) e considerando as ligas principais, o Botafogo só havia conquistado 5 títulos (o polêmico de 1907, 1910, 1930, 1932 e 1948), já que 4 títulos do Botafogo foram conquistados em ligas mais fracas (1912, 1933, 1934 e 1935), sem a mesma repercussão, enquanto o América disputava grandes clássicos cariocas. No confronto entre estes clubes, o América chegou a golear o Botafogo por 11 a 2 em 3 e Novembro de 1929.

Provavelmente só a partir da década de 1960, quando o Botafogo teve grandes momentos, é que sua torcida superou a do América, talvez inclusive, ocupando grande parte do espaço que antes pertencia ao clube rubro da rua Campos Sales. Na década de 50 era comum América e Bangu disputarem partidas com bons públicos que superaram em algumas ocasiões a 30.000 pessoas, como no jogo de 18 de Novembro de 1951 (2 a 2) quando 38.646 espectadores (29.380 pagantes) compareceram ao Maracanã ou no primeiro jogo entre eles neste estádio (América 3 a 1 em 7 de Outubro de 1950), quando 33.515 pagaram ingressos . Em um simples amistoso do América contra o Portsmouth , da Inglaterra, 24.005 espectadores compareceram ao jogo (17.864 pagantes) em 8 de Junho de 1951 (América 3 a 2).

No dia 16 de Fevereiro de 1955 o América ganhou do Fluminense por 3 a 0, conquistando o Vice-campeonato carioca de 1954.

O América foi campeão do Terceiro Turno do Campeonato Carioca de 1955, já em 17 de Março de 1956, após derrotar o Fluminense por 2 a 0 com um público provável de mais de 100.000 espectadores no Maracanã, que proporcionaram uma fabulosa renda de Cr$1.684.404,00 . Já em 21 de Janeiro, pelo segundo turno, o América havia goleado o Fluminense por 5 a 1, na maior goleada americana na história deste clássico. Na final o América perderia o título carioca para o Flamengo, em jogo muito controvertido e o Fluminense terminaria o campeonato em quarto lugar.

Após este jogo, Fluminense e América disputariam mais 9 jogos por diversos campeonatos cariocas, com 4 vitórias do Fluminense e 5 empates. Além disto jogaram 4 partidas pelo Rio-São Paulo com 2 vitórias do Flu, 1 empate e apenas 1 vitória do América, em 29 de Abril de 1959 por 4 a 2. O Flu sagrou-se campeão carioca em 1959 e do Torneio Rio-São Paulo em 1957 e 1960. Isto tudo até o dia 18 de Dezembro de 1960, quando este clássico fez a final do Campeonato Carioca deste ano, disputado por 12 equipes pelo critério de pontos corridos, em turno e returno.

Pelo retrospecto acima pode parecer que o Fluminense tenha chegado como favorito a este jogo final na última rodada do campeonato, mas esta é uma conclusão falha, pois o América só tinha perdido uma partida até então (para o Bangu em 21 de Agosto), assim como o Fluminense (para o Flamengo em 20/11) e a partida anterior entre ambos foi disputada em 14 de Agosto e havia terminado empatada por 1 a 1, portanto uma final bem equilibrada, apesar do Fluminense ter a vantagem do empate pois tinha 1 ponto a mais do que o América na contagem geral, até então.

Perante um público pagante de 98.099 espectadores, o Fluminense fez 1 a 0 com Pinheiro, mas o América virou, com gols de Nilo e do lateral-direito Jorge, o grande herói do título do América, Campeão Carioca de 1960.

No Campeonato Carioca de 1961, um público pagante de 53.347 espectadores viu a vitória tricolor por 1 a 0, logo na primeira rodada do campeonato, em jogo motivado pelo fato de confrontarem-se as 2 melhores equipes do campeonato passado, embora no final o Fluminense tenha ficado em quarto lugar e o América apenas em sexto.

Pelo Campeonato Carioca de 1968 o Fluminense venceu o América por 2 a 0 perante 141.689 espectadores, em rodada dupla que reuniu ainda o jogo Botafogo 4 a 0 Vasco, pela última rodada deste campeonato que teve o Botafogo como campeão.

No dia 27 de Abril de 1969 o América venceu o Fluminense pelo 1º turno do Campeonato Carioca por 2 a 0 perante 61.278 espectadores, com dois gols de Jeremias, sendo que no 2º turno o Fluminense ganhou por 2 a 1 perante 29.894 pagantes, com gols de Lula para o Flu aos 8′ do 1º tempo e de Edu para o América aos 19′ do 2º, com Flávio marcando o gol da vitória aos 40′ do 2º tempo, em campeonato que o Fluminense seria campeão.

Após 1960, estas duas equipes só voltariam a disputar uma final no dia 17 de Agosto de 1969, quando o Fluminense venceu o América por 1 a 0 na final da Taça Guanabara deste ano perante 67.492 espectadores, com um gol de Flávio aos 41 minutos do segundo tempo, sagrando-se campeão.

O primeiro clássico entre Fluminense e América por uma competição nacional (o Torneio Rio-São Paulo é regional) foi disputada pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 17 de Setembro de 1969 e o América venceu por 2 a 1 perante 13.704 espectadores pagantes.

Pelo Campeonato Carioca de 1970 mais um grande público de 61.667 pagantes viu a vitória do Fluminense por 3 a 1 em 16 de Agosto, que deu-lhe o título de campeão do primeiro turno , com o América sagrando-se vice-campeão . Como este campeonato declarava campeão quem fizesse mais pontos no decorrer do campeonato, o Vasco foi campeão do segundo turno e do campeonato ao vencer o Botafogo por 2 a 1 em 17 de Setembro, na penúltima rodada, quando o empate do Fluminense com o América no dia anterior por 0 a 0 permitiu-lhe ser campeão por antecipação neste jogo. Na última rodada o Fluminense venceu o Vasco por 2 a 0 mas já não podia mais alcançar-lhe, com o campeonato indicando ao seu final o Vasco campeão com 29 pontos, o Fluminense vice com 28 e o América quarto com 24, mesma pontuação do terceiro colocado, o Botafogo.

No dia 11 de Outubro de 1970 o Fluminense conquistou a primeira vitória sobre o América por uma competição nacional ao vencer o time rubro por 3 a 0 perante 28.291 espectadores com 2 gols de Flávio e 1 de Samarone, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata que ao seu final daria o primeiro título nacional ao Fluminense.

Pela nova versão do Campeonato Brasileiro feito sob medida para atender aos objetivos políticos do regime militar e da ARENA, seu braço político, Fluminense e América empatariam por 0 a 0 em sua primeira partida no dia 19 de Setembro de 1971.

A primeira vitória do Fluminense pela nova versão do Campeonato Brasileiro seria em 16 de Setembro de 1973, perante 17.473 pagantes, por 2 a 0, com dois gols de Adílson, aos 19 do 1º e aos 9 do 2º tempo.

O América foi campeão da Taça Guanabara de 1974 ao bater o Fluminense na final, como em 1960 com gol de seu lateral-direito, desta vez Orlando, perante 97.681 pagantes. No final deste campeonato o América foi o terceiro colocado e o Fluminense quinto.

O Fluminense foi campeão da Taça Guanabara de 1975 em um jogo eletrizante, disputado com extrema dedicação pelas duas equipes, em que o gol da vitória só saiu aos 14 minutos do 2º tempo da prorrogação, através de Roberto Rivelino, de falta. Na final deste campeonato o Fluminense seria o campeão e o América quinto colocado.

A primeira vitória do América pela nova versão do Campeonato Brasileiro seria em 30 de Novembro de 1975, quando venceu por 1 a 0 perante 41.768 pagantes, com gol de Expedito aos 25 do 2º tempo.

No Campeonato Carioca de 1976 o Fluminense, campeão do terceiro turno e o América, campeão da repescagem, além de Vasco, campeão do primeiro turno e do Botafogo, campeão do segundo, disputaram um quadrangular final para decidirem este campeonato. Por este quadrangular final, o Fluminense derrotou o América por 2 a 0 em 21 de Agosto, perante 50.097 pagantes, com gols de Doval e Gil. No final deste campeonato, o Fluminense seria campeão e o América terceiro.

Pela Taça Rio 1982 o América foi campeão ao vencer o Fluminense, que não tinha nenhuma chance de ser campeão, na última rodada, por 4 a 2 perante 22.571 espectadores. No final deste campeonato o América seria terceiro e o Fluminense quinto.

Fluminense e América só voltariam a se encontrar em uma final na Taça Guanabara de 1983, quando o Fluminense foi campeão ao derrotar o América na final com 2 gols de Assis, perante 79.275 pagantes. Este título seria o primeiro de um time que seria tricampeão carioca a partir deste ano e campeão brasileiro de 1984 entre outros títulos conquistados. O América terminou este campeonato em quarto.

O último clássico entre Fluminense e América pelo Campeonato Brasileiro foi em 30 de Outubro de 1988, perante 11.566 pagantes e o Fluminense venceu por 2 a 0, com gols de Washington aos 9 e Romerito aos 30, ambos no 2º tempo.

A maior goleada do Fluminense sobre o América aconteceu pelo Torneio Rio-São Paulo de 2002, quando o Fluminense venceu por 8 a 0 no Estádio do América, em Edson Passos na Baixada Fluminense, em 27 de Janeiro, com uma grande atuação do meio-de-campo Roger, que além de liderar o time fez 3 gols, completando o placar, Magno Alves (2), César, Flávio e Paulo César.

Espera-se que em 2008 os dirigentes dos dois clubes comemorem centenário deste grande clássico com uma festa retumbante, pois neste período uma história linda foi construída!

Conclusões sobre a história do Clássico Fluminense x América

Fluminense e América encontraram-se em decisões ou jogos decisivos em vários momentos de suas histórias centenárias, o que torna este clássico muito charmoso, com brilho próprio oriundo de uma história sensacional e como observa-se, com um vazio de grandes jogos após 1983, pois em 1986 uma nova direção da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro sustentada por estranhas ligas do interior e com apoio político do Vasco da Gama fez com que os grandes clubes se enfraquecessem demasiadamente, com o RJ perdendo a liderança histórica do Campeonato Brasileiro, com o Campeonato Carioca deixando de ser a ‘galinha dos ovos-de-ouro”, por perder os grandes jogadores para outras praças, logo perdendo também os grandes públicos de outrora e com perseguições à maioria dos clubes grandes e mesmo de muitos pequenos que não concordavam com os desmandos da federação e de seus aliados.

Alguém que começou a acompanhar futebol após 1986 terá uma pálida idéia do que já foi o futebol do Rio de Janeiro e principalmente não entenderá motivo de um Fluminense x América ser considerado um clássico, daí a necessidade de se divulgar a história dos clássicos do Fluminense através do Portal TorcidaTricolor

O Fluminense mantém vantagem histórica neste clássico, pequena vantagem em competições nacionais e as decisões entre estes clubes sempre foram muito acirradas.
Por Alexandre Magno Berwanger
http://www.classicosdofluminense.com.br/

ACERTO EM RENDAS DA COPA RIO 1952

Recebi por cópia de Alexandre Magno Barreto Berwanger este levantamento financeiro da Copa Rio de 1952:

Consegui chegar ao valor exato da renda do primeiro jogo citado, diminuindo toda a renda da Copa Rio 1952 no Rio de Janeiro, citada no texto da revista que usei como uma das fontes, pelas rendas dos jogos.
O resultado foi :

Cr$ 332.539,50

(RENDAS DA COPA RIO 1952)
TURNO DE CLASSIFICAÇÃO – SÉRIE RIO DE JANEIRO – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO MARACANÃ

Peñarol-URU 1 x 0 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 332.009,50 ( números da centena e da dezena zerados, ilegíveis no arquivo do autor )
Fluminense 0 x 0 Sporting-POR, renda de Cr$ 1.802.763,50, público : 73.915 ( 63.183 pagantes )
Peñarol-URU 3 x 1 Sporting-POR, renda de Cr$ 1.243.733,10
Fluminense 1 x 0 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 315.355,70, público : 19.703 ( 10.998 pagantes )
Sporting-POR 2 x 1 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 258.564,90
Fluminense 3 x 0 Peñarol-URU, renda de Cr$ 1.445.643,30, público : 63.536 ( 51.436 pagantes )

TURNO DE CLASSIFICAÇÃO – SÉRIE SÃO PAULO – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO PACAEMBU

Áustria-AUS 4 x 2 Libertad-PAR, renda de Cr$ 203.055,00
Corinthians 6 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 738.555,00
Áustria-AUS 5 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 78.840,00
Corinthians 6 x 0 Libertad-PAR, renda de Cr$ 401.465,00
Libertad-PAR 4 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 20.870,00
Corinthians 2 x 1 Austria-AUS, renda de Cr$ 1.016.610,00

SEMIFINAIS – JOGOS DO FLUMINENSE NO MARACANÃ E DO CORINTHIANS NO PACAEMBU

Fluminense 1 x 0 Austria-AUS, renda de Cr$ 665.210,50, público : 34.180 ( 23.105 pagantes )
Corinthians 2 x 1 Peñarol-URU, renda de Cr$ 886.405,00
Fluminense 5 x 2 Austtria-AUS, renda de Cr$ 948.300,50, público : 45.623 ( 33.897 pagantes )
Corinthians W.O.Peñarol-URU, não realizado

FINAIS – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO MARACANÃ

Fluminense 2 x 0 Corinthians, renda de Cr$ 770.590,90, público : 38.680 ( 27.094 pagantes )
Fluminense 2 x 2 Corinthians, renda de Cr$ 1.506.379,00, público 65.946 ( 53.074 pagantes )

FONTES : ANUÁRIO DO ESPORTE ILUSTRADO 1953 e JORNAL DOS SPORTS, de 05/08/1952.
: Alexandre Magno Barreto Berwanger

Dois números NOVE em campo – João Saldanha

Na estréia do técnico João Saldanha no Botafogo do Rio aconteceu um fato inusitado.
Na preleção Saldanha chamou o defensor Matias e insistiu: – Olha, o perigo maior do Palmeiras é o Mazzola, ponta de lança que joga enfiado no seu lado. Ele não fica plantado na entrada da área. Gosta de voltar para receber a bola e vir com ela dominada.Você pode acompanhar o Mazzola que o Domício fica na cobertura, sobrando. Assim, se ele passar por você, o Domício entra na jogada. Entendeu?
O Matias repetiu direitinho como se tivesse decorado.
Depois fui ao Domício e expliquei a mesma coisa. O Domício entendeu.
Não sei porque resolvi perguntar se eles conheciam o Mazzola. Domício disse que sim e Matias disse que não. Aí o Aloísio, que estava olhando para fora do vestiário disse:
-Eles estão entrando em campo, Mazzola está com o número nove.
Logo que o jogo começou, o Mazzola entrou na nossa área sozinho, foi cara do Amauri, que era o goleiro e perdeu o gol mais feito do mundo. A brecha por onde o atacante do Palmeiras viera parecia a avenida Presidente Vargas. Dava para passar todo aquele trânsito. Botei as mãos na cabeça e gritei:
-Olha o Mazzola! Matias! Domício!
O Domicio que estava mais perto respondeu:
-Pode deixar.
Na segunda vez o Mazzola não errou. Foi até a cara do Amauri e fuzilou. Seis minutos e um a zero. Berrei mais alto ainda e já estava ficando rouco quando percebi a inutilidade: a torcida do Palmeiras na comemoração do gol não dava nenhuma chance.
O Aloísio foi até o Amauri, por trás do gol, para dar o recado. Mas Amauri não podia atendê-lo. Já vinha o Mazzola outra vez pela avenida. Chegou na pequena área e mandou brasa. Oito minutos, dois a zero e eu já tinha deixado de ser técnico de futebol. Pelo menos este recorde eu ia bater: o técnico que durou menos tempo.
Nisto olhei para dentro do campo e reparei que o Nardo, outro atacante adversário, tinha o número nove nas costas. Já ia dar uma bronca no Aloísio, quando vi que, de fato o Mazzola também tinha o número nove. O roupeiro do Palmeiras se enganou, não foi truque, porque o juíz não deixaria passar. Só que o miserável não tinha visto.
Mas de qualquer forma , deixar aquela avenida ali na área era de primeiro ano primário, e o Matias e o Domicio pegaram o nove errado.
Não adiantava falar de novo. Chamei o Nilson, irmão de Nilton Santos e disse:
Vai para o lugar do teu irmão e diz a ele para ficar no lugar do Matias, marcando o Mazzola. O Matias sai.
Aí o Nilton foi para junto do Mazzola e acabou a avenida, o jogo acabou ficando igual e conseguimos empatar com um de Garrincha e outro de Pampolini do meio da rua.
Histórias do Futebol – João Saldanha

Domingo é dia de Corinthians x Santos

Confronto dos Alvi-negros é, no futebol paulista, o confronto entre Sport Club Corinthians Paulista e Santos Futebol Clube. Esse apelido esta relacionado com as cores das equipes, ambas de preto e branco, uma sendo conhecida como o Alvinegro do Parque São Jorge (Corinthians) e o o outro o Alvinegro da Vila (Santos). O fato mais marcante da história desta rivalidade são os “grandes tabus”, longos períodos em que um clube ficou sem vencer o outro, e também as maiores goleadas de um para o outro. É o mais antigo clássico entre os Quatro Grandes do Futebol Paulista, tendo sido disputado o seu primeiro jogo no dia 6 de março de 1913. No Parque Antarctica, o Santos bateu o rival por 6 a 3, pelo Paulistão.

Estatísticas
Partidas: 290 (Janeiro de 2009)
Vitórias do Santos: 92
Vitórias do Corinthians: 116
Empates: 82
Gols feitos pelo Santos:457
Gols feitos pelo Corinthians:531
Última partida considerada: Santos 2 – 1 Corinthians, 26 de março de 2008, Campeonato Paulista na Vila Belmiro
Primeiro confronto: Corinthians 3 – 6 Santos, 22 de junho de 1913, Campeonato Paulista, no Parque Antarctica
Maior vitória do Santos: Santos 7-1 Corinthians, 8 de maio de 1932, Campeonato Paulista, na Vila Belmiro
Maior vitória do Corinthians: Santos 0-11 Corinthians, 11 de julho de 1920, Campeonato Paulista, na Vila Belmiro.

Finais
Só se considera final o jogo em que ambas equipes disputam ainda o título se sagrando uma delas campeã com o resultado final.

Campeonato Paulista de Futebol

04/01/1931 Santos 2×5 Corinthians – Corinthians campeão de 1930
02/12/1984 Corinthians 0x1 Santos – Santos campeão de 1984
Campeonato Brasileiro de Futebol

08/12/2002 Santos 2×0 Corinthians
15/12/2002 Corinthians 2×3 Santos – Santos campeão de 2002

Maiores públicos
Corinthians 1 a 0 Santos, 120.000, 26 de novembro de 1978
Corinthians 4 a 0 Santos, 117.676, 29 de maio de 1977
Corinthians 5 a 1 Santos, 116.881, 20 de março de 1977
Corinthians 1 a 1 Santos, 111.103, 20 de agosto de 1978
Corinthians 0 a 1 Santos, 101.587, 2 de dezembro de 1984
Corinthians 5 a 2 Santos, 100.269, 10 de junho de 1979
Corinthians 3 a 2 Santos, 83.774, 21 de setembro de 1981
Corinthians 0 a 0 Santos, 80.731, 31 de julho de 1983
Corinthians 5 a 3 Santos, 78.580, 29 de abril de 1973

Curiosidades
O Clássico Santos x Corinthians é o mais antigo do Estado de São Paulo (disputado desde 1913), no entanto, só foi considerado a partir de meados da Década de 50, quando o Peixe firmou-se como clube grande.
O Confronto entre os gigantes alvinegros é o único envolvendo os quatro grandes que não tem apelido.
O Corinthians foi fundado em 1910 e o Santos foi fundado em 1912, sendo os dois mais antigos clubes entre os Quatro Grandes do Futebol Paulista.
A primeira final entre os dois gigantes ocorreu no Campeonato Paulista de Futebol de 1930. Na última rodada do 2º turno, o Timão e o Peixe lideravam o campeonato com 40 pontos, e iriam jogar na Vila Belmiro. Quem vencêsse seria o campeão. Caso empatassem e o São Paulo ganhasse seu último jogo, os três empatariam em 41 pontos e haveria um triangular de desmpate! Porém o Timão massacrou o Peixe por 5 a 2 e levantou a taça em pleno Urbano Caldeira. De quebra, com a derrota, Palestra Itália e São Paulo empataram com o Santos em pontos, mas o ultrapassaram nos critérios de desempate.
O primeiro título do Santos veio com uma vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, que já não lutava pela taça, em pleno Parque São Jorge no dia 17 de novembro de 1935, conquistando o Paulistão de 1935.

Quase uma tragédia
Uma quase tragédia marcou o clássico disputado em 20 de setembro de 1964. Mal começa o jogo, e no estádio super lotado da Vila Belmiro parte de suas arquibancadas cai, ferindo mais de 100 pessoas. O jogo foi interrompido ali.
[img:Como_estava_a_Vila_naquele_dia..jpg,resized,vazio]
A Vila abarrotada no dia 20 de setembro de 1964. Quase 33 mil pagantes passaram pelas catracas do velho estádio do Peixe
A foto acima mostra como estava a Vila Belmiro no dia 20 de setembro de 1964. Pelas catracas passaram 32.986 pagantes, maior público registrado até hoje no estádio. Tanta gente que aos 6 minutos do primeiro tempo do clássico entre Santos e Corinthians, parte da estrutura das arquibancadas não resistiu e desabou, provocando ferimentos em 181 pessoas. Felizmente, ninguém morreu.
O jogo foi imediatamente interrompido e remarcado para o dia 30 de setembro no Pacaembu, uma quarta-feira à noite. Diante de 28 mil pessoas, os alvinegros empataram em 1 a 1 com gols de Flávio para o Timão e Pelé para o Peixe. O Rei, por sinal, ainda perdeu um pênalti, defendido por Heitor.
[img:Vila_Belmiro_desabando_1.jpg,thumb,vazio]
Momento de tensão. Torcedores correm para dentro do gramado após parte da arquibancada da Vila desabar

Após um amistoso entre o Corinthians 0 x 5 Seleção Brasileira, que ocorreu antes da Copa do Mundo na Suécia em 1958, uma jogada dura de Ari Clemente do Corinthians em cima de Pelé, que teria o tirado inclusive dos primeiros jogos da copa, o Rei teria prometido que o Corinthians jamais seria campeão enquanto ele jogasse. E a profecia se cumpriu: Pelé encerrou a carreira pelo Cosmos, no dia 1º de setembro de 1977, e o Corinthians conquistaria o Campeonato Paulista 12 dias depois.
Houve três decisões diretas de títulos (Campeonato Paulista de Futebol de 1984, Torneio de Verão de 1996 e Campeonato Brasileiro de Futebol de 2002) entre Corinthians e Santos. O Santos se sagrou campeão nas três vezes.
Em contra-partida, o Corinthians eliminou o Santos quatro vezes em semifinais: no Campeonato Brasileiro de Futebol de 1998 e nos Paulistões de 1987, 1988 e 2001.

Os Tabus
No confonto entre Corinthians e Santos um fato marcante foi o períodos de “tabus”, variação de tempo em que um time ficou sem ganhar do outro.

O tabu de invencibilidade do Santos em relação ao Corinthians começou no dia 29 de dezembro de 1956, pelo Campeonato Paulista, com o placar Corinthians 1 x 2 Santos no Pacaembu, onde o Peixe ainda não tinha Pelé no elenco. O primeiro jogo de Pelé contra o Timão foi no ano seguinte, no dia 11 de abril de 1957 (Corinthians 3 x 5 Santos).

Dizem que o tabu durou 11 anos, porém são somente considerados confrontos pelo Campeonato Paulista, porém o Corinthians venceu o Santos por 4 vezes durante o período: Em 27/03/1958 Corinthians 2×1 Santos, em 21/03/1960, Corinthians 2×1 Santos , em 29/03/1961, Corinthians 2×0 Santos e em 16/06/1962 Corinthians 3×1 Santos pela Torneio Rio – São Paulo.

O Paulistão era o disparado o torneio mais importante da época, daí a importância do tabu. Durante esse período, além de ter um time bem mais forte, muitas vezes o Peixe contou com uma inacreditável sorte: Mais de uma vez , o Coringão ganhava quando, no finalzinho do jogo, Pelé empatou. E houve até vez em que se o desperdiçou o pênalti no fim do jogo que enfim daria a vitória ao Timão.

O Tabu cairia em 6 de março de 1968, Corinthians 2 x 0 Santos, no Pacaembú. O classíco se destacava antes mesmo do inicia com a escolha de um arbitro argentino, Roberto Goycochea, para apitar a partida. Com equipes com poucos craques, se destacavam Rivelino pelo Timão e Pelé pelo Peixe. Após o apito final, a Fiel gritava “Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu!” (Pelé e Edu eram os atacantes do Santos na época.

Ao fim do clássico Corinthians 2×0 no Pacaembu, que deu fim ao tabu, Paulo Borges foi alçado a ídolo alvinegro, sendo lembrado até hoje só por esse gol. O maior período de invencibilidade do Corinthians em relação ao Santos durou sete anos (13 de junho de 1976 a 31 de junho de 1983). O último grande tabu do confronto foi favorável ao Santos (de 30 de Janeiro de 2002 até 13 de Fevereiro de 2005). Foram 10 partidas, com 8 vitórias santistas e 2 empates, por 3 anos.

Fontes
Histórico de partidas
Página do Corinthians na FIFA
Página do Santos na FIFA
Almanaque do Corinthians – Celso Dário Unzete (2ª Edição)

Biografia recupera a trajetória do craque Quarentinha

Muitas vezes Garrincha contou esta história, divertindo-se com as agruras pelas quais passou Quarentinha numa partida do Botafogo com o Vélez Sarsfield, da Argentina, na década de 1960. Logo nos primeiros minutos, o goleiro adversário riu na cara do atacante brasileiro, que chegou para o companheiro de time e disse: “Mané, esse goleiro está me sacaneando. Me rola uma daquelas, que vou enfiar esse cara para dentro do gol com bola e tudo”. Feito: o ponta foi à linha de fundo e cruzou na medida, mas Quarentinha chutou o chão, e a bola foi pererecando para as mãos do argentino, que fez um gesto de negativo, com a cabeça.

No intervalo, ele só faltou implorar: “Pelo amor de Deus, Garrincha, me deixa frente a frente com aquele goleiro”. O objetivo de Quarentinha, que tinha uma bomba no pé esquerdo, era acertar o peito. Se a bola entrasse depois, melhor.

No segundo tempo, sempre bem municiado, tentou mais umas três vezes, mas o chute não saía como queria. Numa delas, ao furar de forma bisonha, o argentino riu alto. A cabeça de Quarentinha – bastante grande, por sinal, o que lhe valeu os apelidos de Cabeção e Cabeçudo, dados por (quem mais?) Garrincha – só faltou explodir de raiva.

A um minuto do fim, houve uma falta na meia-lua. Quarentinha se apressou a pôr a bola na marca, com carinho. “Desta vez arranco a cabeça daquela cara”, falou, entre dentes. Tomou enorme distância, apertou o laço da chuteira, suspendeu as meias, deu mais uma olhada terrível por cima da barreira, formada por sete argentinos, para saber onde estava o goleiro. O juiz apitou. Ele bateu com a ponta da chuteira no gramado e partiu em direção à bola como um búfalo, ganhando velocidade. Mas, quando estava a três metros dela, Garrincha chutou. E fez o gol.

Todos correram para abraçar o autor do gol, que só pensava em fugir da fúria de Quarentinha. “Depois, no vestiário, com a vitória assegurada, consegui amansar a fera, dizendo que pelo menos ele não arrancara a cabeça do goleiro”, lembrava Garrincha, às gargalhadas.

Times dos deuses

Isso não é futebol. É outra coisa. Envolve o Botafogo, entre 1957 e 1962, um time escalado pelos deuses cansados da mediocridade terrena. Quarentinha, ou Waldir Lebrego – que tem sua trajetória narrada na biografia O artilheiro que não sorria(LivrosdeFutebol.com, 332 páginas, R$ 40), de Rafael Casé, lançada em dezembro de 2008– era um desses divinos. E não um perna-de-pau, como a história contada acima pode sugerir aos mais novos, obrigados a conviver com a Seleção do Dunga e o jogo sem graça visto hoje em nossos gramados (como pode o Campeonato Brasileiro, tido e havido como “o mais difícil e disputado do mundo”, estar prestes a ter o mesmo campeão – uma equipe sem craques, ainda por cima – três vezes seguidas?)

O jornalista Rafael Casé abre seu livro com estas palavras mais que apropriadas: “Entre a batida seca na bola e o estufar das redes, poucos segundos. Tempo suficiente, apenas, para o torcedor se preparar para festejar mais um gol de Quarentinha. Afinal, quando o pé esquerdo do maior artilheiro da história do Botafogo pegava de jeito na bola, o desfecho do lance era inevitável: trabalho, na certa, para o garoto do placar”. Foram 313 gols (cinco a mais que contabilizado anteriormente, de acordo com as descobertas do autor) em menos de 450 partidas com a camisa alvinegra. Na Seleção Brasileira, a impressionante média de quase um gol por jogo.

Durante um ano e meio, Casé fez o trabalho de reconstituição dos 62 anos da vida pessoal e profissional do jogador (que nasceu em Belém em 15 de setembro de 1933 e morreu no Rio de Janeiro em 11 de fevereiro de 1996). Além de entrevistar parentes, amigos e companheiros de gramado, pesquisou documentos nos lugares onde Quarentinha – que ganhou este apelido por ser filho de Quarenta, ídolo do Paysandu – viveu e trabalhou: Pará, Bahia, Rio, Colômbia e Santa Catarina. Entre o começo, no Paysandu, em 1951, e o término da carreira, no Náutico de Santa Catarina, defendeu as camisas de 11 clubes, entre os quais o Deportivo Cali. Mas o principal deles, sem dúvida, foi o Botafogo. Foram duas passagens por General Severiano: em 1954-55 e 1957-64, sendo campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964 e do Campeonato Carioca em 1957 e 1962 (em 1961, fez parte do elenco, mas não jogou devido a problemas no joelho direito).

Tudo está, tintim por tintim, registrado na biografia, cujo maior mérito, no entanto, é uma revelação de caráter mais humano que esportivo. Entre os torcedores que viram o craque atuar, não há quem não se lembre de uma característica: a fria reação após os gols que marcava, por mais decisivos que fossem. A desculpa era a de que não fazia mais que a obrigação, pois ganhava para isso – aliás, uma ótima desculpa, além de um ensinamento para muitos jogadores atuais. Mas, na verdade, a atitude era fruto tão somente de… timidez.

João Saldanha que o diga. Ele gostava tanto de Quarentinha que o tratava como a um filho. Em seus primeiros tempos em General Severiano, o jogador custou a se adaptar, devido ao temperamento arredio e por enfrentar o preconceito dos cartolas. Escolhido capitão do time por Saldanha – após ter sido repatriado do Bonsucesso – mais de uma vez um e outro ouviram a frase sussurrada com maldade: “Onde já se viu um negro como capitão do Botafogo?”.

A decisão do Campeonato Carioca de 1957 selou para sempre a amizade entre o técnico e o atacante. João havia implantado no Botafogo o lema segundo o qual “quem não é o maior tem de ser o melhor”.

Na hora da verdade, entretanto, não foi bem assim. Aos trancos e barrancos, sem conseguir vencer um clássico sequer durante a competição, o time chegou à final com o Fluminense, considerado favorito ao título.

Os alvinegros, como sempre, apegavam-se à superstição. Carlito Rocha, o presidente do clube na última conquista, em 1948 – um tempo que já ia longe – reapareceu, munido de santos e rosários, para declarar que havia visto “o dedo de Deus apontar para o Botafogo como o herói da temporada”.

Mas foi Saldanha quem tratou de mexer seus pauzinhos aqui na terra, dando uma força para o Homem. Instruiu Quarentinha para colar em Telê, o cérebro tricolor. E exigiu que ninguém atrapalhasse Garrincha. Queria, no lado direito do ataque, um corredor livre, e todo mundo atento, principalmente o centroavante Paulinho Valentim, para aproveitar os cruzamentos de Mané.

Deu mais que certo. Mané deixou o dele. E Paulinho simplesmente comeu a bola, marcando cinco gols, o último dos quais fuzilando Castilho. Segundo o repórter Oldemário Touguinhó, que estava atrás do gol, o atacante teria perguntado ao goleiro antes de bater: “Quer que eu chute aonde, filho da …..?”. No fim, um placar de rima: 6 a 2 no pó-de-arroz.

Aquilo não era futebol. Era outra coisa.
Fonte:Alvaro Costa e Silva, JB Online