Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

Coutinho, o grande parceiro de Pelé

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Gol de Coutinho, após passe de Pelé, em 1964. Nesse dia o Peixe fez 7 a 4 no Corinthians. Na foto, vemos o zagueiro Clóvis, o goleiro Heitor e o saudoso zagueiro gaúcho Ari Ercílio.
Neste dia fui ao Pacaembu, tinha 13 anos de idade. Pensei em entrar no estádio acompanhado por um adulto e assim não pagaria a entrada. Não consegui, o pessoal das catracas não me deixou entrar.
Então vendi um isqueiro Ronson, com certeza pela metade do que valia e paguei o ingresso. Entrei a tempo de ver Ferreirinha abrir o placar aos 7 minutos do 1° tempo. Coutinho empatou aos 15, Bazzani fez 2 x 1 aos 27 e Coutinho empatou aos 33 minutos. Logo no início do 2°, Pelé aos 4 e aos 15 , Silva diminuiu aos 35, Coutinho aumentou aos 37, Pele aos 43 e Silva diminuiu aos 45, selando os 7 x 4.

Lembro-me que Coutinho ficou vários meses sem jogar devido ao excesso de peso. Num sábado à noite, 08 de outubro de 1966, estava ouvindo pelo rádio o que seria mais um clássico Corinthians x Santos. Coutinho estava voltando….sempre contra o Corinthians as feras retornam.
48.975 torcedores presentes e esperando as equipes adentrarem o gramado. O Santos subiu os degraus e parou. Não quis entrar para ouvir as vaias da Fiel. E de repente sobe o Corinthians e…também para. Nenhum dos times quis entrar primeiro. O Corinthians queria ver o Santos ser vaiado e do lado de lá não havia vontade alguma. O impasse durou uns 2 minutos e então entrou o Corinthians e imediatamente o Santos também entrou.
Esta é uma passagem que conto pois ficou gravada na memória. Mas o que fica para a história foi os 3 x 0 para o Santos Futebol Clube, com 3 gols do “gordo” Coutinho. Impressionante era ver Coutinho dentro da área. era mortífero. Dizem que era tão mortal quanto Pelé.

Antônio Wilson Vieira Honório, conhecido como Coutinho (Piracicaba, 11 de junho de 1943) é um ex-futebolista brasileiro.

Jogou no Santos Futebol Clube durante a “era Pelé”. Era considerado o grande parceiro do Rei. Muito habilidoso fez grandes jogadas com Pelé (as famosas “tabelinhas”, ou seja, passes seguidos de um para o outro, algumas vezes usando só a cabeça, e que geralmente acabava com um dos dois chutando à gol).

Ele chegou muito novo ao Santos, descoberto pelo técnico Lula. Mas acabou encerrando a carreira precocemente, devido a sua tendência para engordar. Era para ser o titular da Seleção Brasileira na Copa de 1962, mas se machucou na véspera da competição e perdeu o lugar para o experiente Vavá, campeão de 1958.

Coutinho tinha como principais virtudes a frieza e a tranqüilidade nas finalizações. Ele tinha duas grandes características: driblava os adversários em poucos espaços e finalizava um lance com uma perfeição raramente vista. Dessa forma, recebeu o apelido de “gênio da pequena área”, superando outros centroavantes que também se destacaram no clube, como Toninho Guerreiro e Feitiço.

De 1958 a 1970, vestiu a camisa do Santos, conquistando 22 títulos e marcando 370 gols, em 457 partidas. Foi seis vezes campeão paulista (1960, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967), ganhou cinco Taças Brasil (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965), duas Taças Libertadores da América (1962 e 63), dois Mundiais Interclubes (1962 e 1963), quatro Torneios Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964 e 1966), uma Recopa Sul-Americana (1968), uma Recopa Mundial (1968) e um Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968). Foi também campeão mundial pelo Brasil na Copa de 1962

LANCES DE COUTINHO
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Coutinho na disputa como lateral-direito Joel, nos grandes jogos entre Botafogo e Santos no início dos anos 60 .

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Uma cena habitual: Coutinho busca a bola em mais um gol do Santos no Maracanã.

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Coutinho comemora um dos dois gols que marcou pelo Santos na vitória de 3 a 2 sobre o Boca Juniors, no primeiro jogo da decisão da Libertadores da América de 1963, no Maracanã .Do lado esquerdo da foto, em segundo plano está o ponta-direita Dorval.

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Lance de jogo entre Santos e Prudentina na Vila Belmiro em 1965. Disputando a bola estão Toninho Guerreiro e Coutinho. No chão, dentro da pequena área, está o goleiro Glauco.

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Juventus x Santos na Rua Javari, no dia 2 de agosto de 1959. Nesse dia, Pelé fez o gol mais bonito da carreira, segundo o próprio “rei”. O goleiro é Mão de Onça. À frente dele estão Homero e Clóvis Nori. O “peixinho” foi dado por Pelé. Atrás do rei podemos ver um “pedacinho” de Pando. Do outro lado, o santista é Coutinho. A foto foi retirada do site do Juventus (www.juventus.com.br).

Fotos de Milton Neves
Curiosidades e comentários de Gilberto Maluf
Biografia de Wikipédia

Paulistano é quem menos vai ao estádio

Pesquisa Datafolha revela que apenas 15% dos torcedores da capital de SP dizem torcer por seu time das arquibancadas

Índice da cidade que abriga Corinthians, São Paulo e Palmeiras fica abaixo da média nacional, de 21%, e distante de Rio e Salvador

Assistir a um jogo de futebol no estádio não é um programa típico do torcedor paulistano.
Pesquisa nacional do Datafolha, realizada no final de novembro, mostra os moradores da cidade como os menos dispostos a torcer por seu clube nas arquibancadas.

Só 15% dos entrevistados na capital paulista disseram ir aos estádios, mesmo sendo só de vez em quando. Esse número fica razoavelmente abaixo da média nacional (21%) e distante da registrada por cariocas (27%) e soteropolitanos (28%).

O Datafolha ouviu 11.786 pessoas em 390 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Na questão do hábito dos torcedores de ir ao estádio ou acompanhar os jogos pela TV, uma resposta não exclui a outra.

E quem puxa o desprezo dos paulistanos é justamente o corintiano, tido como “o mais fiel dos torcedores”.

Só 23% dos seguidores do clube alvinegro afirmam que têm o costume de freqüentar estádios, contra 24% dos são-paulinos, 25% dos palmeirenses e 26% dos santistas.

Comparado com o que acontece com grandes de outros Estados, a apatia paulistana pelas arenas de futebol fica ainda mais evidente. No Rio de Janeiro, 30% dos flamenguistas apontam um campo de futebol como programa. No Nordeste, 36% dos seguidores do Bahia expressam a mesma opinião.

O resultado da pesquisa encontra respaldo na bilheteria nos Brasileiros do ano passado. Tanto o Flamengo, na primeira divisão do campeonato, como o Bahia, na terceira, registraram média de cerca de 40 mil torcedores por partida. O grande paulistano que mais se aproximou disso foi o São Paulo, com 29 mil pagantes por confronto. O Corinthians computou 20 mil fãs por jogo.

Times do RJ conquistam mais espaço fora da sede do que rivais

Rio Grande do Sul é o Estado que mais registra fidelidade com clubes locais

A pesquisa do Datafolha de novembro último confirma que os grandes clubes cariocas são mais populares do que os paulistas em outros Estados. E revela também que os moradores do RJ são mais fiéis aos clubes da casa do que os de SP.

Entre os entrevistados no RJ, 80% dizem torcer por Flamengo, Vasco, Botafogo ou Fluminense. Em SP, a preferência somada por Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos alcança a marca de 70%.

Nas dez unidades da República tabuladas pelo Datafolha no assunto, somente no RS a fidelidade aos principais clubes locais é maior do que a registrada no RJ -84% dos gaúchos dizem ser seguidores do Grêmio ou do Internacional, ambos sediados na capital, Porto Alegre.

Em nenhum outro Estado as agremiações locais respondem por mais de 50% das preferências. Em Minas Gerais, 47% dos entrevistados apontaram o Atlético-MG ou o Cruzeiro como time de sua preferência.
No Nordeste, em alguns casos é mínima a participação dos times da casa na popularidade entre os torcedores.
No Ceará, por exemplo, somente 16% dizem torcer por uma das duas potências do Estado (Fortaleza e Ceará).
E, nesses casos, os corações desses brasileiros pendem mais para os clubes cariocas do que para as equipes paulistas.
No Distrito Federal, 48% dos entrevistados indicaram uma agremiação do Rio como a preferida. Os times paulistas ficaram com apenas 19%.

Na Bahia, são 30% os seguidores do quarteto de grandes cariocas -os quatro grandes de SP detêm 18% da preferência.

Vantagem grande a favor dos paulistas somente no vizinho PR, onde o Corinthians é o time mais popular (15%) e os times de São Paulo somam 38% das preferências, contra apenas 7% das agremiações cariocas.

Para os clubes paulistas, serve de consolo o fato de que dois representantes do Estado (Corinthians e São Paulo) conseguem, cada um, ostentar 1% da preferência no RJ, enquanto o Flamengo é a única agremiação de lá a atingir a marca em solo paulista. (EO E PC)

CONTRAMÃO:

CORINTIANOS DÃO EXPLICAÇÕES

O vice de marketing Luis Paulo Rosenberg invocou o volume da torcida do Corinthians ao ser indagado sobre o baixo percentual no estádio. “”Teríamos 50% a mais, e até o dobro de outras torcidas, se a pesquisa trouxesse números absolutos. Há apreciadores e fãs. Para nós, corintianos, futebol é religião; para eles, esporte.” “É surpreendente. Mas há empate técnico: corintianos, 23%, e a torcida do time de maior quórum, 26%”, diz Alexandre Husni, vice do conselho.

Risco e falta de conforto jogam contra
Polícia Militar, TV, especialista em marketing e dirigente de clube são unânimes ao apontar razões que explicam a ausência do torcedor nos estádios: o desconforto e o risco.
“”Pelas nossas observações, quem vai ao estádio, em sua maioria, é o pessoal das classes D e E, que tem no futebol sua diversão e fica na geral e na arquibancada”, afirma o major Armando Tadeu Camargo, 43, comandante do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, que chefia o policiamento nos estádios.
Ele diz ainda que outros fatores afastam o torcedor. “Aumento no preço do ingresso, aliado à dificuldade de acesso aos estádios, já que muitos moram na zona leste, os desestimula. Há exceções, como os são-paulinos, público de dois tipos de jogos: clássicos e finais. E tem a questão da violência.”
Elton Simões, diretor responsável pelos canais “pay-per-view” da Globosat, que exibe torneios nacionais, não crê que o maior número de jogos oferecidos pela TV influa no público nos estádios.
“Nossas pesquisas indicam que a maioria dos assinantes reside a mais de 100 km do local onde as partidas de seu clube são realizadas. Então, o “pay-per-view” serve a uma população que não poderia ir aos estádios”, diz Simões”. “Violência, insegurança e falta de conservação e conforto inibem a ida do torcedor aos locais dos jogos.”
Até dirigente de clube concorda que as condições das arenas e os serviços oferecidos nele não são ideais. “É questão de racionalidade (não ir ao estádio). A pessoa tem o trabalho de comprar o ingresso, deslocar-se ao estádio, passar pela catraca, buscar seu assento. E o que encontra? Banheiros em más condições, perigo de brigas…”, enumera o vice de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg.
Se a falta de público é encarada como problema, por uma outra ótica Marco Aurélio Klein, especialista em marketing esportivo e professor da Faculdade Getúlio Vargas, vê um nicho de oportunidades.
“Pelos números do Datafolha, pouca gente vai ao estádio, porém muitos acompanham futebol pela TV. Isso significa que existe demanda reprimida por futebol. Há excelentes oportunidades para o futebol, caso ele se organize e proporcione acessibilidade, qualidade e conforto.”
“O futebol é hoje entretenimento. Se houver conforto, as pessoas irão aos estádios. Veja os cinemas: no passado, tapetes rasgados, iluminação e som ruins afugentavam o público.” (EO E PC)

Não se pode desconsiderar o momento da pesquisa. A média de público do ano de 2005 do Corinthians foi a maior do futebol brasileiro. E a do Flamengo, que rondou o rebaixamento, foi bem abaixo de sua média. Isso vale para todos os times .( Gilberto Maluf ).

Mangas compridas deram sorte

Aquele sábado, 15 de dezembro de 1962, amanheceu nublado e abafado. Às vésperas do verão, naquela época como hoje, fazia calor no Rio. O folclórico roupeiro Aloísio Birruma, contemporâneo de Carlito Rocha no lendário Campeonato Carioca de 1948, acordou cedo, colocou as superstições na balança e decidiu: o Botafogo iria disputar a final com o Mais Querido, usando as habituais camisas de mangas compridas. Se a mandinga dera certo desde o início do campeonato, não seria no último ato que ele iria mudar o esquema. Até porque o treinador, Marinho Rodrigues, não se metia em sua seara. E como fiel seguidor de Carlito, Aloísio sabia que não se deve provocar os deuses do futebol, supostamente chefiados por Jesus Cristo, devoção do dirigente.

Antigo jogador alvinegro, Marinho, inclusive, havia participado de dois jogos em 1948 – da infeliz estréia contra o São Cristóvão (quando o Botafogo sofreu sua única derrota) e da vitória sobre o América, ainda no primeiro turno. De certa forma, desde o início, ficara implicitamente combinado: Marinho mandava no time e Aloísio, nas camisas. E não havia bicampeão do mundo que desafiasse as determinações do roupeiro: Nilton Santos, Garrincha, Amarildo e Zagallo podiam até não gostar daquelas mangas compridas, mas ficavam quietos em seus cantos. Quem poderia reclamar de calor era Didi. Mas Didi já não estava no Botafogo. Disputara cinco partidas com o time, no turno, e, tal qual um caixeiro viajante, fora tentar a sorte no Peru depois de renegado no Real Madri.

A rigor, Marinho Rodrigues não estava preocupado com o uniforme que o Botafogo iria utilizar. O ex-zagueiro direito, substituto imediato de Rubinho na campanha de 1948, sabia que Flávio Costa, o “professor”, iria armar o Flamengo de maneira diferente e isso sim o colocava em estado de alerta. No lugar do já velho e surrado 4-2-4, Flávio certamente escalaria três homens no meio de campo – Carlinhos, Nelsinho e o jovem Gérson, pela canhota. O técnico rubro-negro sabia que teria de bloquear o setor adversário, que sempre contava com três jogadores a partir do momento em que Zagallo desembarcara em General Severiano, em 1958, logo após a Copa do Mundo da Suécia. Marinho queria apenas que o Botafogo não mudasse seu esquema. Mesmo precisando da vitória para conquistar o bicampeonato, seu time iria fica jogar fechado, explorando os contra-ataques. E, de certa forma, não era difícil enfrentar o Mais Querido, sempre eufórico, empurrado pelos gritos de guerra de seus torcedores.

O esquema do “professor” ficou claro. Além de escalar Gérson no meio de campo, ele acabara de escolher o também jovem Espanhol para jogar na ponta-direita. O técnico estava convencido de que Espanhol, rápido e habilidoso, faria um carnaval pelo setor esquerdo do Botafogo. Rildo era bom marcador, mas certamente faria as habituais faltas, parte intrínseca de seu repertório. E se Nilton Santos, aos 37 anos, quase 38, viesse socorrê-lo na condição de quarto-zagueiro, abriria uma avenida para Henrique e Dida, que teriam apenas o veterano Jadir (ex-Flamengo) pela frente no meio da área.

Flávio sabia ainda que o alvinegro teria quatro desfalques: três na prática e um psicológico. Joel Martins, ex-Bangu, contundido, homônimo do ponteiro rubro-negro, seria substituído por Paulistinha na lateral-direita. Zé Maria, machucado, havia cedido seu lugar justamente a Jadir. E Arlindo, o garoto de ouro dos juvenis da época de Jairzinho e Roberto, também sentira a perna. Em seu lugar jogaria o pé-de-coelho Edson Praça Mauá, campeão de 1957. O problema psicológico, obviamente, seria a dor da ausência de Didi. Que clube resistiria à ausência de um Didi? Flávio Costa só não contava com Garrincha, com o desequilíbrio técnico e tático que teria pela frente.

E Garrincha, naquela tarde quente, exagerou na dose.
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Naquele sábado o eterno Manoel Francisco dos Santos, então com 29 anos completados em outubro – faria, com a mais absoluta e convicta das certezas, a última grande partida de sua encurtada vida (1933-1982). Garrincha não fez chover, apesar do tempo encoberto e do calor que quase sufocou os 145 mil pagantes e – é sempre bom lembrar – abafou os 10 jogadores obrigados a vestir camisas de mangas compridas. Mas jogou como nunca, como para gravar com letras de ouro sua passagem pelo glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. A rigor, Garrincha, Édson e Zagallo dobraram apenas os punhos. Mas Quarentinha e Amarildo, literalmente, arregaçaram as mangas para enfrentar, como sempre – ontem como hoje – o adversário e a empolgada e imensa torcida rubro-negra. Quem esteve no lotado Maracanã daquele dia viu uma espécie de canto do cisne de um dos melhores jogadores do mundo. A partir de 1963, a artrose corroeu ainda mais as pré-existentes degenerações nas extremidades ósseas de suas fíbulas e fêmures. Artrose avançada e irreversível diagnosticada pelo brilhante reumatologista Nélson Senise (1918-2001), contratado pelo Juventus, após a Copa de 1962, para um diagnóstico definitivo sobre o verdadeiro estado físico do jogador. O alvinegro de Turim queria Garrincha, mas desistiu ao saber da gravidade da artrose.

Até hoje o improvisado 4-3-3 de Flávio Costa é discutido. Para uns, simplesmente não deu resultado porque Garrincha desequilibrou totalmente o jogo. Para Gérson, o Canhotinha de Ouro, Flávio Costa só escalou para dar o primeiro combate a Garrincha, fazendo uma espécie de guardião do lateral-esquerdo Jordan. E Gérson, que no ano seguinte iria parar em General Severiano, comprado por Cr$ 150 milhões à vista – o Botafogo vendera Amarildo ao Milan e enchera os cofres – sua missão era simplesmente impossível. E até hoje ele diz:

– Brincadeira…Como é que eu ia marcar aquele cara, certo?

Com Armando Marques na arbitragem, o Botafogo, todo agasalhado, meias e calções negros – Aloísio vetara as meias cinzas de 1957 – e camisas de mangas compridas entrou em campo com Manga, Paulistinha, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Ayrton, Édson e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo.
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O Flamengo, com seu uniforme tradicional, pisou o gramado do Maracanã com Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos, Nelsinho e Gérson; Espanhol, Henrique e Dida. O jogo foi Garrincha e Garrincha foi o jogo . Logo aos 10 minutos, Ayrton pegou o rebote de um ataque rubro-negro e lançou Mané entre Gérson e Jordan. O número sete alvinegro passou de passagem por seu marcador, entrou na área e chutou de pé direito no canto direito de Fernando. Aos 35 a jogada se repetiu, sempre com Ayrton, meias arriadas, procurando Garrincha. Dessa vez, porém, Mané perdeu o ângulo e quase da linha de fundo bateu forte para a área na esperança de encontrar Quarentinha ou Amarildo, que estavam no lance. Caprichosamente, o chute de Garrincha passou pelo goleiro Fernando, bateu no nariz de Vanderlei e entrou: 2 a 0 Botafogo. Agora, para chegar ao título, o Flamengo precisaria de dois gols.

O terceiro e último gol, que encerrou as esperanças rubro-negras, veio logo aos dois minutos do segundo tempo e merece uma descrição toda especial. Amarildo, jogando com uma proteção na coxa, recebeu na intermediária e tocou de imediato para Zagallo, nas costas de Joubert. Zagallo, quase da linha de fundo, centrou alto sobre o meio da área. Quarentinha, acrobático, acertou em cheio uma tesoura voadora da marca do pênalti e a bola explodiu no peito de Fernando. Por fim, Garrincha, que corria livre pela direita, só teve o trabalho de aproveitar o rebote de Fernando e empurrar a bola para o fundo das redes no gol à esquerda das tribunas.

O lance foi tão rápido, tão inesperado, que o experiente narrador Oduvaldo Cozzi – um dos mais brilhantes do rádio esportivo brasileiro – se confundiu todo. Cozzi pegou a tabela Amarildo-Zagallo e o chutaço de Quarentinha (que ele chama de Quarenta na descrição do lance). Mas não apanhou a entrada fulminante de Garrincha. Quem corrige o narrador é o ponta Otávio Name (1934-1978), que tempos depois seria redator do Jornal do Brasil, ao lado de nomes famosos como João Máximo, Oldemário Vieira Touguinhó, Marcos de Castro, José Inácio Werneck, Antônio Maria Filho, João Saldanha e Sandro Moreyra e, de maneira bem mais modesta, o locutor que vos fala. Os últimos momentos da partida na voz de Oduvaldo Cozzi são espetaculares. Quase dois minutos de posse de bola de Garrincha, cercado por Carlinhos, Jordan e Gérson, no espaço mínimo de um metro quadrado. Só quem tem essa fita histórica pode ter idéia das mágicas de Mané.

Nos últimos minutos, o jogo descambou ligeiramente para a violência. Paulistinha e Dida – já falecidos – trocaram pontapés e foram expulsos por Armando Marques. Sobre a arbitragem por sinal, um detalhe: preocupado com o clima do jogo, Armando Marques jamais correu para o meio do campo nos três gols do Botafogo. Correu, sim, para apanhar a bola aninhada na redes, dando à torcida alvinegra a impressão de que o lance fora impugnado. Anos depois, ele reconheceu o equívoco, que fez com que muitos torcedores cortassem o grito de gol. Na época, Armando Marques reconhecia seus erros.

Um detalhe. Garrincha, ao final da partida, declarou que não sentiu calor:

– Calor? Que calor? Estou acostumado a jogar no sol. Na sombra é mole…

fonte: Blog do Roberto Porto

Pacaembu ficava lotado para ver os aspirantes do Corinthians entre 1963 e 1965

Muitos de nós somos criticados pelo saudosismo exagerado e por “inventar histórias”. Eu mesmo sempre recebo críticas por e-mails de torcedores que afirmam ser conversa mole quando digo que a Fiel Torcida, na primeira metade dos anos 60, lotava o Pacaembu, já às 13h dos domingos, só para ver o menino Rivellino e o time de aspirantes do Corinthians jogarem. Pois aí temos duas provas em fotos maravilhosas e oportunas do saudoso fotógrafo Sarkis. Prestem bem atenção e vejam como estava o Pacaembu naquele domingo de 1964. Sabem a hora da foto? Por volta de 13h15!!! É que a preliminar dos aspirantes/juniores começava cerca de duas horas antes do jogo principal e se o estádio ficava lotado tão cedo é porque a Fiel gostava mais dos meninos e dos aspirantes do que dos seus, à época, sofríveis times profissionais. Acima, diante de uma multidão com muita gente de chapéu de papel, você confere Almeida, Batista e Luis Carlos Gálter como os três primeiros, da esquerda para a direita. O quinto em pé é Luis Américo. Não identifiquei os demais. Entre os agachados, Nélson Jacaré é o segundo e o libanês Adnan é o último, antes do massagista. Hoje, um time de juniores joga uma partida com tanto público? Nem o time de cima.
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Lá pelos anos 60, não havia substituição no futebol, só do goleiro. Quando alguém se machucava, ia para a ponta-esquerda “fazer número”. Alias uma expressão que desapareceu da literatura esportiva, assim como a escalação “do goleiro ao ponta-esquerda”. Assim, sem banco de reservas no jogo principal, até jogador veterano ou titular eventual ia fazer a preliminar, formando o time de “aspirantes” ao lado de alguns juniores. É o caso desse outro jogo, no lotadíssimo Pacaembu, em 1963, também em foto tirada por volta das 13h15. Acima, veja em pé: Neco, Cláudio Danni, Barbosinha, Ari Ercílio, Jorge Correia e Mendes. Agachados: roupeiro Romeu, Sérgio Echigo, Manuelzinho, Osmar, Rivellino e Bazani. Amigos, hoje, nem jogo de Copa do Mundo lota estádio duas horas e meia antes do apito inicial.
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fotos de Sarkis
comentários de Milton Neves
Como morava em São Paulo, vi muitas vezes o Rivelino nos aspirantes. Era uma atração a parte. Para lembrança e conhecimento, lembro-me que vi várias jogadas fantásticas do Riva. Por exemplo, a bola vinha ao encontro ao Riva no grande círculo do meio de campo e ele emendava de primeira para o gol . Em uma delas a bola bateu no travessão. Este tipo de jogada ele nunca mais fez nos profissionais. Obviamente para não se expor em demasia em caso da bola espirrar.
Gilberto Maluf

Eduardo, zagueiro central do Corinthians dos anos 60

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Esta edição de “A Gazeta Esportiva” de 1963 trouxe na capa o grande zagueiro Eduardo, naquela época jogador do Corinthians e que depois viria a brilhar no São Paulo Futebol Clube

LANCES DE EDUARDO COM A CAMISA DO CORINTHIANS EM 29/08/1965 NO MORUMBI CONTRA O SANTOS F.C.
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Clássico entre Corinthians e Santos no Morumbi em 1965. Mais de 58 mil pessoas acompanham o Peixe vencer o Timão por 4 a 3 em jogo válido pelo primeiro turno do Campeonato Paulista. Na foto vemos Eduardo, Dino Sani, Pelé e Rivellino

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Clássico entre Corinthians e Santos em 1965 no Morumbi lotado. Marcial, encoberto, está levando um gol de Pelé. Na foto vemos também Édson e Eduardo, do Timão. Fonte: revista Manchete

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Clássico entre Corinthians e Santos no Morumbi lotado em 1965. Mais de 58 mil pessoas viram o Peixe bater o Timão por 4 a 3 pelo Paulistão (naquela época o estádio tricolor comportava 60 mil pagantes). Vemos no lance Clóvis, Pelé, o árbitro José Teixeira de Carvalho, Marcos, Rivellino, Lima e Eduardo. Fonte: revista Manchete

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O goleiro corintiano Marcial sofreu quatro gols santistas na tarde de 29 de agosto de 1965. O time da Vila faturou o clássico por 4 a 3. A foto mostra gol de Dorval, que está encoberto no lance. Marcial faz o que pode, mas não evita a festa da massa santista. Eduardo (camisa 2) e Édson Cegonha completam a cena. Fonte: revista Manchete

Esta data de 29/08/1965 foi a estréia de Marcial no gol do Corinthians. Quando Flávio, centroavante, fez 1 x 0 para o Corinthians aos 2 do 1° tempo pensei que finalmente ganharíamos. Mas Pelé virou aos 27 e 39 do 1° tempo. Dorval, ponta direita, ampliou aos 10 do 2° tempo e Marcos também ponta direita, diminuiu aos 35. Completaram o marcador Abel ponta esquerda do Santos aos 39 e Flávio aos 44 do 2° tempo.
Eram tempos de difícil acesso ao Morumbi para quem não tinha carro na época. Os ônibus da CMTC ficavam na porta do estádio e quem não conseguia lugar neles, teriam que dar uma longa caminhada até a avenida Francisco Morato.
fotos: revista Manchete
comentário final de Gilberto Maluf

O Palmeiras é o maior vencedor de títulos no Pacaembu

De acordo com o Almanaque do Palmeiras, o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, é o segundo que o Verdão mais atuou em toda sua história, atrás somente do Palestra Itália.

O Alviverde entrou em campo no Pacaembu em 980 oportunidades! Ao todo, foram 495 vitórias, 265 empates e 220 derrotas. A equipe marcou 1832 gols e sofreu 1194.

Reduto do seu arqui-rival Corinthians, o Pacaembu tem como maior vencedor de títulos em seu gramado justamente o Palmeiras. São 26 títulos, o último em 1994, no empate em 1 a 1 com o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. De lá para cá, aliás, a equipe só fez mais uma partida de ‘destaque’ no Pacaembu, no jogo das “faixas” contra o XV de Jaú, pelo Paulistão de 1996: placar de 1 a 0, gol do volante Galeano.

O Palmeiras também está na história do Pacaembu por outros motivos.É o único time que tem vantagem sobre todos os outros rivais da capital [Corinthians, São Paulo e Portuguesa] e também do Santos, em confrontos diretos no estádio.

O primeiro jogo da história do Pacaembu foi disputado entre o então Palestra Itália e o Coritiba, em 28 de abril de 1940, na vitória palestrina por 6 a 2. Em seguida jogaram as equipes do Corinthians e do Atlético Mineiro, em partidas válidas pela Taça Cidade de São Paulo.

O primeiro campeão da era Pacaembu também foi o Palmeiras, na época Palestra Itália, que venceu a Taça Cidade de São Paulo ao derrotar o Corinthians por 2 a 1, em 4 de maio de 1940.

Outro detalhe importantíssimo, se não um dos principais da história de 93 anos do Verdão, aconteceu em setembro de 1942: no Pacaembu e com a bandeira do Brasil sendo carregada pelos atletas palmeirenses, o Palestra Itália virou Palmeiras e foi campeão na final contra o São Paulo, pelo Campeonato Paulista, na vitoria por 3 a 1.

Todos os títulos do Palmeiras no Pacaembu

1940 – Taça Cidade de SP [contra o Corinthians]

1940 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1942 – Torneio Início [contra o Santos]

1942 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1943 – Taça Campeões Rio-SP [contra o Flamengo]

1946 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1946 – Torneio Início [contra o São Paulo]

1948 – Taça Campeões Rio-SP [contra o Vasco]

1948 – Taça Cidade de SP [contra o Corinthians]

1950 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1950 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1951 – Torneio Rio-SP [contra o Corinthians]

1951 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1958 – Torneio Início [contra o América]

1959 – Campeonato Paulista [contra o Santos]

1959 – Torneio Roberto Ugolini

1960 – Taça Brasil [contra o Fortaleza]

1960 – Torneio Roberto Ugolini

1963 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1965 – Torneio Rio-SP [contra o São Paulo]

1966 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1967 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa [contra o Grêmio]

1972 – Torneio Laudo Natel [contra a Portuguesa]

1972 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1993 – Torneio Rio-SP [contra o Corinthians]

1994 – Campeonato Brasileiro [contra o Corinthians]

fonte: Lancenet

A estranha numeração na camisa de goleiro em Copa do Mundo

Na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, o goleiro holandês Jongbloed (abaixo), reinaugurou uma moda. Em vez de utilizar o número 1, resolveu estranhamente vestir a camisa de n° 8.
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E nem a derrota no jogo final contra a anfitriã Alemanha Ocidental desanimou o goleiro.

Quatro anos depois, na Copa da Argentina, Jongbloed voltou a usar a número 8. Mas dessa vez teve a companhia do goleiro argentino Ubaldo Fillol, deixando atordoados muitos dos espectadores da decisão, que reuniu holandeses e argentinos.

Fillol também resolveu repetir a dose e vestiu a número 7 em 1982, seguindo a regra da seleção argentina que numerava seus jogadores por ordem alfabética. A estranha numeração, porém, não era uma completa inovação.

Na Copa do Mundo de 1958, o brasileiro Gilmar dos Santos Neves vestiu a camisa de numero 3. Mas o primeiro goleiro campeão do mundo pelo Brasil não tinha a intenção de ser diferente.

A Confederação Brasileira de Desportos (antecessora da CBF), esqueceu-se de relacionar a numeração das camisas e o uruguaio Lorenzo Villizio, do Comitê organizador da FIFA, numerou os jogadores aleatoriamente.

Para sorte dos brasileiros, o predestinado Pelé – sempre ele – deu sorte e acabou ficando com a 10.

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Fazendinha, 80 anos – Palco de jogos memoráveis!

O primeiro campo do Coringão foi o Lenheiro, no Bom Retiro de 1910.Quando passou a jogar no futebol “oficial”, por méritos próprios, o Corinthians foi jogar ora no Velódromo, ora no Parque Antárctica, quando era apenas das indústrias do Matarazzo, que alugava para a Liga Paulista de Futebol.

Em 18 de agosto de 1926 era lavrada a escritura do Parque São Jorge. O Corinthians tinha casa própria, com jardim e biquinha, e pagaria em doze anos, como de fato pagou. Por estar na área rural do município, no caminho para a Penha, e desfrutar de um cenário bucólico na beira do rio ainda saudável, apelidou-se o campinho, com cercado pintado de branco, de Fazendinha.
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Com o esforço de um mutirão de quase dois anos entre os associados, parte das arquibancadas da Fazendinha eram inauguradas em 22 de julho de 1928. O jogo de inauguração foi contra o América-RJ, um empate em 2 x 2, com a presença de cerca de 2 mil pessoas. O primeiro gol na inauguração oficial do estádio foi marcado pelo avante corinthiano De Maria, aos 29 segundos de jogo. O técnico alvinegro era Ângelo Rocco.

O Estádio Alfredo Schürig homenageia aquele que pode ser considerado um anjo-da-guarda do Corinthians. Schürig foi Presidente de 1930 a 1933, no final da era do amadorismo e início do profissionalismo no futebol. Garantiu, com apoio financeiro de associados do clube, que fosse concluída a Fazendinha. Ajudou ainda nos doze anos de dívida do Parque.

O estádio já foi palco de 484 jogos do Corinthians, com um saldo altamente positivo: 356 vitórias , 65 empates e 63 derrotas. No último jogo, em 3 de agosto de 2002, a equipe venceu o Brasiliense por 1 a 0. O recorde de público foi registrado em 1962, no clássico Corinthians 1 x 2 Santos , quando recebeu 27.384 torcedores.

O sistema de iluminação da Fazendinha foi inaugurado em 25 de fevereiro de 1961, em uma noite de gala do Corinthians, que derrotou o Flamengo por 7 a 2.

Hoje o estádio é usado para treinos do time profissional. Há um projeto ainda não definitivamente encaminhado, porém já revisado e aprovado, de reformas para adequação para os padrões vigentes. Viabilizaria jogos para o ano que vem. Seriam os jogos “menores”, mas o Corinthians estaria utilizando seu patrimônio.
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