Arquivo do Autor: História do Futebol

Estes não deixaram saudades, PARTE 4

SANTOS

Agnaldo
Tricampeão paulista (69), vencedor do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (68), dono das Recopas Sul-americana e Mundial (68/69), o Santos do final dos anos 60 era um senhor time. Poucos adversários eram capazes de neutralizar a equipe de Carlos Alberto, Joel, Ramos Delgado, Clodoaldo, Lima, Pelé, Edu e cia. O goleiro Agnaldo, no entanto, alcançou esse feito sozinho, diversas vezes, depois que substituiu o titular Cláudio, vítima de grave lesão. Por mais gols que a “linha” marcasse, Agnaldo punha tudo a perder, literalmente. Sua atuação “inesquecível” foi em 4 de novembro de 1969, quando aceitou, entre as pernas, uma cobrança de falta de Rivellino – o segundo dos quatro gols do Corinthians naquela noite. Depois de pendurar as chuteiras, Agnaldo se tornou um respeitado treinador de goleiros. Tinha muito a ensinar – especialmente o que não fazer sob as traves.

Fernando
Jogava no miolo da zaga, mas atuou como lateral-direito na despedida de Pelé, em Nova York, no ano de 1977. Com um nariz inversamente proporcional ao seu futebol, chegou a ser eleito o melhor em campo num clássico contra o Palmeiras, no mesmo ano. Quando notou o repórter se aproximando, com o Motorádio nas mãos, o valente Fernando, certo de que não era com ele, olhou para trás, tentando adivinhar quem era o premiado. Tinha autocrítica, não há como negar.

Camilo
Com a altura, categoria e a agilidade de um poste, formou uma bela dupla de ataque com Bebeto em partida no Maracanã, pelo Brasileirão de 1992. O detalhe é que Bebeto jogava no adversário Vasco. Apesar dos passes de Camilo, que garantiram três gols ao atacante baiano, o Santos arrancou um empate em 3 a 3.

Murias
Esquentava o banco no time que dividiu o título paulista de 73 com a Lusa. Cria da Vila, o lateral ganhou alguns segundos de notoriedade por ter sido o pivô, num “amistoso” entre Santos e São Paulo, de uma das várias trocas de gentilezas entre Carlos Alberto Torres e Paraná. O capitão do Tri desferiu uma sonora cabeçada no velho desafeto, que pouco antes dera um sopapo no jovem Murias. Naquela noite, muitos santistas se solidarizaram com o ponta tricolor – não pelo golpe eu recebera de Carlos Alberto, mas por ter dado a Murias o que ele merecia.

Nélson Borges
Em 1977, o Santos pagou uma fábula ao Noroeste de Bauru pelo armador, que nunca se firmou no time. Gordo e lento, chegou a participar de alguns jogos do Campeonato Paulista de 78, vencido pelo Peixe, mas foi logo descartado pelo técnico Chico Formiga. O desastroso investimento marcou o fim da gestão de Modesto Roma. Só por isso, Nélson merecia uma estátua na Vila Belmiro.

Evilásio
Evilásio foi o pior camisa 10 da história recente do Santos, talvez dos 93 anos de existência do clube. Há poucos registros sobre a sua obscura passagem pela Vila Belmiro, em meados da década de 70, mas sabe-se que atuou apenas uma vez, num Campeonato Paulista. Escalado como titular, acabou substituído durante o intervalo. Precisou de apenas 45 minutos para mostrar o seu futebol, ou melhor, a total ausência deste.

Serginho Fraldinha
Trocas ruinosas sempre foram uma especialidade do Santos – vide, adiante, a transação envolvendo Carlos Alberto Torres e três botafoguenses. No início dos anos 90, contudo, os cartolas da Vila capricharam: entregaram César Sampaio ao Palmeiras, recebendo meros US$ 450 mil e os passes de Ranielli e… Serginho Fraldinha. Franzino e imberbe, o pontinha nunca conseguiu se firmar como titular num time que estava aquém de mediano. Pelo apelido e o futebol, faria uma dupla perfeita com um centroavante trombador da década de 40, Odair Titica.

Reinaldo
Quando garoto, o valente nordestino ouvia dizer que centroavante arretado tinha que ser rompedor. Decididamente, ele não entendeu nada, pois o máximo que conseguiu no Santos foi romper o estômago num choque com o goleiro paraguaio Aguillera, em jogo contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no ano de 77. Reinaldo se recuperou e, por incrível que pareça, fez dupla de área com Zico, no Flamengo. Apesar da desfeita, o Galinho de Quintino não abandonou o clube da Gávea.

Roberto Biônico
Tinha porte de atleta – de lutador de sumô, não de jogador de futebol. O roliço atacante foi revelado pelo XV de Jaú e chegou à Vila em 1981, para substituir Aluísio, mas não cumpriu a missão, que nada tinha de complexa. Assim como Steve Austin, personagem de Lee Majors na famosa série de TV dos anos 70, Roberto Biônico valia 6 milhões,mas com certeza não de dólares.

Totonho
Atacante troncudo e grosso, tinha hábitos pra lá de estranhos. Numa entrevista à Placar, em meados da década de 70, o mineiro Totonho revelou que se alimentava com uma mistura de Coca-Cola e leite condensado.

Bozó
Era provocador e invocadinho como ele só. Futebol, que é o que interessa, nem sombra. Só fez a alegria da torcida santista quando, já atuando pelo Guarani, em 1979, conseguiu ser expulso minutos após ter entrado num jogo em que o Peixe enfiou 4 a 1 no Bugre

País
Em 1977, a CBF divulgou uma extensa lista de jogadores que, por estarem sendo observados pelo técnico Cláudio Coutinho, não poderiam ser vendidos ao exterior. Um deles era o arqueiro País, do América carioca, que apesar do porte avantajado estava longe de ser um goleirão. O crédulo Peixe contratou o jogador dois anos depois, para o delírio de muitos torcedores – especialmente os do Palmeiras, que comemoraram a atuação de País num 5 a 1 imposto ao Santos. A galera peixeira só vibrou com o cidadão no início da década seguinte, quando, atuando pelo Sport, ele perseguiu alucinadamente Aluísio Guerreiro, então no Santa Cruz, durante um clássico pernambucano. Se tivesse colocado as mãos no sucessor de Juari, País por certo gozaria de um conceito muito melhor junto aos alvinegros.

Tuca
Formado na Portuguesa Santista, o lateral foi um dos símbolos daquele que é considerado por muitos o pior time da história do Santos, o do Brasileirão de 1975. Eliminado da competição, o Peixe foi à Bahia disputar o Torneio da Fome, com outros grandes em desgraça, levando um reforço acima de qualquer juízo ou comentário: Pelé, que atuou 45 minutos em um dos jogos. Apesar da curta participação do Rei e da longa titularidade de Tuca, o Santos conquistou a taça.

Nei
O Peixe chegou ao fundo do poço no primeiro semestre de 1976 – menos de dois anos após a despedida oficial de Pelé. Alijado do Paulistão, promoveu alguns amistosos na Vila Belmiro. Em um deles, o zagueiro Nei acertou uma bomba de fora da área, no ângulo, indefensável. Seria um golaço, não estivesse ele tentando atrasar a bola para o goleiro – o do seu time, claro. O Santos perdeu por 1 a 0, mas engana-se quem imagina que a carreira do becão terminou ali. Nei jogou um bom tempo no São Paulo, e chegou até a defender a Seleção Paulista.

Terezo
A Seleção Olímpica de 1972 tinha, entre outros, Falcão, Dirceu, Carlos Alberto Pintinho e o zagueirão Abel. O Santos, no entanto, resolveu contratar justamente o lateral-direito daquele time, aqui escalado na esquerda porque, todos sabem, perna-de-pau é como craque: joga nas 11. O futebol de Terezo era tão sinistro que o Peixe, rapidinho, trouxe Nelsinho Baptista (e Gilberto Sorriso) do São Paulo.

Anderson
Na final do Paulistão 2000, cometeu as duas faltas frontais à área que resultaram nos gols do São Paulo. O jogo terminou empatado em 2 a 2, e o Tricolor ficou com o título estadual. À época, muitos são-paulinos criticaram a diretoria do clube por não ter entregue a faixa de campeão e pago o “bicho” ao brucutu Anderson.

César FERREIRA
Vice-campeão mundial na França, em 1998, César Sampaio carrega o sobrenome nas escalações devido a um atrapalhado xará, com quem atuou no fim dos anos 80, defendendo o Peixe. Sampaio não foi o único craque a tentar tabelar com César Ferreira. Sócrates viveu o mesmo drama. Há até quem diga que o Santos contratou o Magrão, já em final de carreira, só para obrigá-lo a jogar ao lado de Ferreira e Aluísio Guerreiro, como vingança pelos muitos gols que havia anotado no time de Urbano Caldeira quando atuava no Botafogo e no Corinthians.

Babá
Volta e meia, em noites de tempestade, o lance surge nos pesadelos dos santistas que foram ao estádio Urbano Caldeira naquela melancólica tarde de 1975. O ponta-direita coloca a bola perto da bandeirinha, toma distância, corre, escorrega, cai sentado e, sem querer, toca na bola, que sai rolando pela linha de fundo. Tiro de meta. O vexame foi tão grande que a torcida fiou muda, perplexa, anestesiada. Nesse dia, o pontinha Babá saiu de campo com um novo apelido: Baba.

Aluísio Guerreiro
Chegou à Vila em 1980, para substituir Juari, vendido ao futebol mexicano. Falastrão, fez incluir no contrato uma cláusula prevendo um aumento substancial de salário assim que fosse convocado para a Seleção Brasileira. Por sorte, não vinculou seus vencimentos aos gols marcados, pois teria morrido de inanição.

Luizão
Negro, alto e forte, lembrava o ex-campeão mundial dos pesos pesados Sonny Liston. Até aí, tudo bem. O problema era que Liston, se resolvesse trocar as luvas pelas chuteiras, certamente jogaria mais, muito mais que Luizão. O centroavante foi contratado por empréstimo ao Bangu, em 1981, pelo cartola Rubens Marino, que queria reforçar o seu time do coração – o Corinthians, provavelmente.

Ferretti
O Botafogo fez, em 1971, a mais vantajosa troca de que se tem notícia no futebol brasileiro. O clube carioca recebeu por empréstimo Carlos Alberto Torres – ele mesmo, o capitão que meses antes erguera a taça Jules Rimet, no México –, cedendo ao Santos o lateral Moreira, o ponta Rogério e o centroavante Ferretti. Perseguido à época pela torcida e a Imprensa, Ferretti é hoje reconhecido como um dos maiores atacantes da história do Peixe. Tinha 1,90 metro e 85 quilos.

Ferreira
Estreou contra o Vasco, no último jogo do Peixe pelo Brasileirão de 1971. Teve ótima atuação na goleada por 4 a 0, mas o seu futebol terminou ali. Três anos depois, devido a uma contusão de Edu, ganhou um posto entre os titulares, tornando-se então muito popular nos cultos de quimbanda e vodu realizados na Baixada Santista. Ferreira encerrou sua trajetória no Santos numa partida pelo Paulistão de 1974, na Vila Belmiro. O Peixe deu a saída, e a bola foi tocada rapidamente para o ponta-esquerda, que, apesar do esforço, a deixou sair pela lateral. Com segundos de jogo, Ferreira virou uma ruidosa unanimidade na torcida.

Autor:Dario Palhares

Estes não deixaram saudades,PARTE 3


SÃO PAULO

Alencar
Era sinônimo de redes balançando. Pena que fosse goleiro, não atacante. Segundo o “Almanaque do São Paulo”, de Alexandre da Costa, Alencar jogou cinco vezes pelo São Paulo, entre 2000 e 2001, levando nada menos do que 18 gols, uma espantosa média de 3,6 por partida. Seu recorde foi registrado em um jogo contra o Vasco, pelo Brasileirão de 2001. Depois de substituir Rogério Ceni, expulso no primeiro tempo, ele foi buscar a bola sete vezes no fundo da rede. Goleado por 7 a 1 naquela tarde, o Tricolor disse adeus ao homem-peneira.

Cláudio Deodato
No final dos anos 60, o São Paulo tinha defensores de categoria. A meta ficava aos cuidados de Picasso, que viera do Palmeiras e depois jogaria no Grêmio. No miolo da zaga, Jurandir, campeão mundial no Chile, em 1962, e Roberto Dias, um dos maiores ídolos da história do clube. Todos grandes jogadores, todos titulares da Seleção Brasileira de Aymoré Moreira, todos impotentes para consertar as infindas lambanças de Cláudio Deodato. O lateral-direito era o ponto de desequilíbrio da defesa tricolor, um convite permanente para os atacantes adversários e a quem quer que se aventurasse pela faixa de campo onde atuava.

Marião
Rubens Minelli, como todo grande técnico, tinha lá suas idiossincrasias. Gostava, por exemplo, de zagueiros imensos, viris, intimidadores, pouco importando se conseguiam fazer duas “embaixadas” seguidas, ou andar e mascar chicletes ao mesmo tempo. Sorte do rombudo Marião, que o treinador foi buscar no Operário do Mato Grosso do Sul, quando ainda dirigia o Internacional gaúcho, e depois levou para o Morumbi. Sorte ainda maior do santista Juari, o lépido centroavante dos Meninos da Vila, que deitava e rolava em cima do becão inventado por Minelli.

Fonseca
O dublê de zagueiro e lateral andou pelo Morumbi em meados dos anos 80. Alto, magro e desengonçado, parecia um espantalho. Apesar da estampa, era um chamariz irresistível, sedutor, para todos que queriam arruinar a seara são-paulina. Fonseca só conseguia assustar, de verdade, a torcida tricolor.

Élvio
Depois de conquistar o Campeonato Paulista de 1980, em cima do Santos, o São Paulo saiu às compras, de olho no Brasileirão do ano seguinte, que seria disputado no primeiro semestre. Um dos reforços foi o volante Élvio, revelado pela Internacional de Limeira, que os cartolas e a comissão técnica do Tricolor julgavam muito superior ao dedicado Almir. Foi um grande negócio, mas somente para Almir, que ganhou prestígio e logo recuperou a posição. Élvio virou o bode na sala são-paulina – quando era sacado do time, a torcida e os colegas de equipe respiravam aliviados. O jogador teve passagem meteórica pelo Morumbi.

Fefeu
Assim como Minelli inventou Marião, Feola criou, do nada, Fefeu. O delito do saudoso treinador, contudo, foi muito mais grave, pois ele chegou a testar o obscuro meia do Tricolor na Seleção Brasileira, pouco antes da Copa de 66. Deu no que deu: o Brasil quebrou a cara na Inglaterra e o São Paulo amargou a presença de Fefeu em seu elenco por mais dois anos, período em que o clube tentou, sem sucesso, descobrir que virtudes Feola vira no atleta. Como jogador de futebol, Fefeu era apenas uma excelente rima para a torcida adversária.

Walter Zumzum
Todos sabem que o São Paulo, na maior parte da década de 60, investiu em cimento, não em craques. A escolha rendeu-lhe o estádio do Morumbi e o mais longo jejum de títulos da sua história. O onomatopaico apelido do ponta Walter dá uma boa pista sobre a qualidade do futebol apresentado pelo Tricolor à época.

Mickey
O futebol paulista vivia uma crise de talentos em 1975. Pelé e Rivellino já haviam se despedido do Santos e do Corinthians, respectivamente. No Palmeiras, que acabara de vender Luís Pereira e Leivinha para o Atlético de Madri, Ademir da Guia estava a um passo da aposentadoria – caminho que não tardaria a ser seguido por Pedro Rocha, do São Paulo. Para piorar, os clubes cometeram graves equívocos quando saíram em busca de reforços. O Tricolor, por exemplo, trouxe Mickey, que tivera brilho fugaz, cinco anos antes, na conquista da Taça de Prata pelo Fluminense. Depois das primeiras atuações do centroavante, gaiatos começaram a espalhar que o time do São Paulo tinha um Mickey e 10 Patetas.

Müller I
Luís Antônio Corrêa da Costa, o Müller, é uma das glórias do São Paulo, e o maior colecionador de títulos da história do Morumbi. Foram 13, com destaque para duas Taças Libertadores da América e dois Campeonatos Mundiais, em 92 e 93. O que poucos sabem é que o craque herdou o apelido do irmão mais velho, eterno reserva do clube nos anos 70. Este, por sua vez, foi assim batizado no mundo da bola por alguém que viu semelhanças entre o seu futebol e o do matador alemão Gerd Müller, artilheiro da Copa de 70, no México, e autor de 14 gols em Mundiais, até hoje um recorde. Das duas uma: o tal palpiteiro era um tremendo gozador, ou tinha a mesma visão de jogo que o inofensivo Müller I – o do Tricolor, claro.

Téia
No apagar das luzes de 1967, quando já amargava longa fila, o São Paulo deixou escapar o título paulista nos últimos segundos. Inconformados com o destino, os cartolas do clube resolveram abrir as burras alguns meses depois, contratando o centroavante Téia, da Ferroviária, artilheiro do Paulistão de 1968, com 20 gols. Reforçado, sonhavam os dirigentes, o time brilharia no torneio Roberto Gomes Pedrosa daquela temporada. Deu tudo errado: o Tricolor se viu em palpos de aranha, terminando em 10º, entre 17 times. Téia começou como titular e passou em branco nos oito jogos em que atuou. Em 1969, com a chegada de Toninho Guerreiro ao Morumbi, a ex-revelação da Ferroviária foi de vez para o banco.

Jésum
O ponta-esquerda era um tormento – para a torcida do São Paulo, não para os adversários. Em meados da década de 70, deu com os costados no Bahia, onde virou ídolo, celebridade esportiva. A torcida do Tricolor da Boa Terra e a Imprensa de Salvador fizeram um sem-número de despachos contra o técnico Cláudio Coutinho, por não ter convocado o atacante para a Copa de 78. Melhor assim. Com Gil e Jésum no ataque, a Seleção Brasileira não teria voltado da Argentina com o “título” de “campeã moral”, e sim acusada de grave atentado contra esta.

Por Dario Palhares

Estes não deixaram saudades,PARTE 2

Por Dario Palhares

PALMEIRAS

Raul Marcel
Quando voltou da excursão da Seleção Brasileira à Europa, em 1973, Leão se desentendeu com Osvaldo Brandão. O grande técnico, que nunca abriu mão da disciplina, não teve dúvidas: mandou o goleirão para o banco, colocando em seu lugar Raul Marcel. O biotipo do reserva, contudo, não inspirava lá muita confiança nos zagueiros, e muito menos na torcida. Raul veio das divisões de base do clube, mas levava todo o jeitão de ter saído direto de um clássico entre casados e solteiros – mais precisamente, do time dos comprometidos. Resultado: em pouco tempo, Brandão teve de engolir o orgulho e devolver a camisa 1 a Emerson Leão.

Marinho Parananese
Em 1977, a revista Placar sentenciou: se o zagueiro Marinho Peres, então no Internacional, entrasse em forma, a defesa brasileira na Copa da Argentina seria formada por três Marinhos. Os outros dois? O Chagas, na lateral-esquerda, e o Paranaense, na direita. A história mostra, porém, que nenhum Marinho foi “campeão moral” em 78. Aliás, não há notícia de que Cláudio Coutinho, comandante daquele escrete, tenha considerado em algum momento a hipótese de convocar o lateral. O mais provável é que nunca tenha ouvido falar do jogador, que veio do Atlético Paranaense e voltou rapidinho, e anônimo, para Curitiba.

Deda
Formou com Darinta uma dupla de muitos gols. O problema, como se sabe, é que eles jogavam na zaga, não no ataque. Em 1981, o Verdão levou 45 gols em 35 jogos pela Taça de Prata, o Campeonato Brasileiro e o Paulistão. Com o becão Deda e seu parceiro, o placar nunca ficava “oxo”, como diria Walter Abrahão.

Darinta
Quando o zagueiro chegou ao Parque Antarctica, em 1981, houve quem arriscasse comparações com o grande Luís Pereira, uma das glórias do Palmeiras. E os dois, realmente, eram muito parecidos: tinham duas pernas, dois braços, um tronco e uma cabeça. Quando a bola rolava, entretanto, Darinta se transformava no antípoda do bom e velho Chevrolet. Mais de 20 anos depois de ter deixado o clube, ele ainda é sinônimo de perna-de-pau para a torcida.

Denys
Escalá-lo era o mesmo que fazer roleta russa com cinco balas no tambor do revólver. O Verdão insistiu com Denys e pagou caro pela teimosia na final do Paulistão de 1986, quando ele, ao tentar atrasar a bola para o goleiro Martorelli, deu a Tato a chance de marcar o gol decisivo da Inter de Limeira. Depois do vexame, o jogador ainda vestiu a camisa do São Paulo e a do Corinthians. Denys teve, com certeza, o melhor empresário da história do futebol brasileiro.

Tonigato
Até o surgimento de Denys, era “hors-concours” na lateral-esquerda do “Verdinho” de todos os tempos. Por conta disso, ganha um lugar como volante, barrando “especialistas” na posição, como Nedo, Vítor Hugo e Elzo. Tonigato é irmão do também ex-alviverde Edu Manga, que chegou a ser titular da Seleção Brasileira. A herança genética parece que não lhe foi generosa, tratando-se de futebol.

Toninho Vanusa
O ano de 1975 foi um divisor de águas na história do Palmeiras, com o início do desmanche da segunda Academia. Se houvesse renovação à altura, nenhum problema, mas não foi isso o que aconteceu. Enquanto craques como Dudu, Leivinha e Luís Pereira diziam adeus, chegavam ao Parque Antarctica, em levas crescentes, reforços duvidosos, para dizer pouco, como Jorge Tabajara, Itamar, Zuza, Erb, Donizete, De Rosis e… Toninho Vanusa. Conhecido pelas louras madeixas, o meia sinalizava os tempos “cabeludos” que o Verdão teria pela frente.

Aragonês
O boliviano ganhou algum destaque ao marcar gols nas partidas que seu país disputou com o Brasil, em 1981, pelas Eliminatórias para a Copa da Espanha – ambas vencidas pelos canarinhos, por 2 a 1 e 3 a 1. Os cartolas palmeirenses julgaram, então, ter encontrado uma versão andina do grande Ademir Da Guia. Pobre Verdão. Aragonês era tão ruim que Leão, ao notar que o meia do seu time estava se atracando com um jogador do Santos, em jogo disputado no ano de 1984, “entregou” os dois imediatamente ao árbitro da partida. Se os brigões fossem expulsos, o Palmeiras seria duplamente beneficiado, raciocinava o goleiro. Para a sorte do Peixe, contudo, “sua excelência” acabou contemporizando.

Barbosa
Pertencia à linhagem de Cafuringa, Zequinha (ex-Botafogo), Edu Exorcista e Mirandinha (ex-São Paulo e Corinthians). No melhor estilo vaca-louca, Barbosa recebia a bola e desembestava pela direita, assustando, de início, os marcadores. Estes, contudo, não tardavam a perceber que toda aquela energia resultava em nada. Os resultados do Palmeiras em meados dos anos 80 comprovam isso.

Bizu
Revelado pelo Cascavel, do Paraná, estava longe, muito longe de ser um cobra. O centroavante passou pelo Parque Antarctica na segunda metade dos anos 80, um período que não deixou saudade nos palmeirenses, assim como o próprio Bizu. Quando partiu, rumo ao Náutico do Recife, era chamado pela torcida de “Bizunho”.

Ditinho Souza
Na década de 60 e na primeira metade da seguinte, ele seria proibido até de caminhar pela rua Turiassu. No final dos anos 80, contudo, formou ao lado de Bizu, Careca Bianchesi, Buião e Bandeira, entre outros, um elenco “inesquecível” do Palmeiras. O ponta-esquerda tinha sérios problemas de relacionamento – com a bola. Por isso, é apontado por muitos alviverdes como o Darinta do ataque.

O início do football na América Latina

Apesar de, historicamente, em grande parte, terem sido colonizadas por portugueses e espanhóis, podemos observar nas sociedades latino-americanas a predominância, exceção feita a algumas nações caribenhas e à Venezuela, de uma prática esportiva implementada pelos ingleses na virada do século XIX para o XX. Estamos nos referindo ao futebol, que, de apenas mais um símbolo de dominação estrangeira passou em diversos países a se constituir num dos mais importantes elementos formadores de identidades nacionais.

Após a sua introdução, não tardou para que este esporte rompesse o círculo inicial representado pelos clubes ligados predominantemente à colônia britânica, ou então, aos membros da aristocracia local. Segundo Pereira (2000), o futebol aparecia naquela época como “uma celebração da identidade bretã”. A força com a qual essa modalidade se espalhou por boa parte do planeta deu-se de uma forma tão impressionante que, Mascarenhas (2002), afirma ser esse esporte “o mais duradouro, bem sucedido e disseminado produto de exportação da sisuda Inglaterra vitoriana”.

Na passagem do século XIX para o século XX, a Inglaterra ainda despontava como a principal potência marítima, colonial, comercial e industrial do planeta. A expansão da rede capitalista somada ao surto desenvolvimentista vivido por alguns países latino-americanos, especialmente Argentina e Uruguai, fez com que um intenso intercâmbio comercial, aliado a vultosos investimentos em obras de infra-estrutura e serviços públicos, notadamente na ampliação da malha ferroviária, atraíssem capitais e cidadãos ingleses (operários, professores, técnicos de ferrovias, comerciantes etc.) que passaram a funcionar como os grandes agentes disseminadores da modernidade, sendo o futebol um de seus mais importantes elementos.

As atividades relacionadas à exploração mineral e ao comércio despontavam entre aquelas que mais despertavam interesse dos capitais ingleses. Não por acaso, as cidades portuárias (Buenos Aires, Montevidéu, Valparaíso, Rio de Janeiro, Rio Grande etc.) e mineiras (Coquimbo, Iquique, Pachuca etc.) consolidaram-se como alguns dos mais importantes centros pioneiros do futebol na América Latina.
No Brasil, a data oficial de implantação do futebol remonta a 1894, por obra de Charles Miller. Entretanto, existem relatos de partidas realizadas por marinheiros ingleses na Praia do Russel, em 1874, e, em 1878, em frente à residência da Princesa Isabel.

Apesar da existência de divergências em relação à paternidade do futebol no nosso país, uma coisa é certa: após cada partida realizada, apesar de toda uma sensação inicial de estranheza em relação àquele curioso esporte trazido das Ilhas Britânicas, a prática do foot-ball rapidamente incorporava-se aos hábitos da nossa aristocracia, ávida por tudo aquilo que representasse a reprodução nos trópicos de um modo de vida moderno, refinado, europeu.
Entretanto, da mesma maneira que o novo esporte caiu no gosto da elite, ele também chamou a atenção das camadas menos favorecidas da nossa população. Era fato comum a presença nos barrancos localizados ao redor das primeiras canchas de uma pequena multidão de curiosos a assistir a exibição de um grupo de vinte e dois bem nascidos jovens, divididos em dois teams de onze, disputando a atenção de uma platéia composta por moças e rapazes, elegantemente trajados, das mais distintas famílias locais.
Logo o entusiasmo tomou conta das classes populares que rapidamente começaram a procurar os terrenos baldios, improvisando marcações, balizas e adaptando as regras do jogo às condições do terreno. Surgia dessa maneira uma das mais importantes instituições do futebol: a pelada, mais um reflexo da imensa capacidade de improvisação que caracteriza o povo brasileiro.

Fonte:http://www.efdeportes.com/ Revista Digital – Buenos Aires
Inserido por Edu Cacella

Guevara e o esporte

A lenda voltou a circular, nos últimos dias, em Buenos Aires. Por um lado, porque estamos recordando o quadragésimo aniversário da morte de Che Guevara e, por outro, porque os argentinos, fanáticos por futebol, parecem hoje enlouquecidos com o rúgbi, um dos esportes favoritos do mítico guerrilheiro.
Reza a lenda que, em agosto de 1961, o motorista do carro que conduziu Guevara à sua reunião secreta com o então presidente argentino, Arturo Frondizi, não sabia quem era o personagem que transportava, e tinha ordens de não lhe dirigir a palavra sobre política. Mas Guevara, que estava maquiado, perguntou-lhe no trajeto se ele sabia “como tinham se saído o CASI e o SIC”. E que o motorista, assustado diante da situação e por não saber o que essas siglas estranhas significavam, respondeu: “Sou motorista, senhor, de política não sei nada, peço que me desculpe”.
Reconstituições posteriores pareceriam indicar que esta situação jamais aconteceu, mas ela é ainda assim considerada possível porque Che não só havia sido jogador e jornalista de rúgbi mas também amou o xadrez, jogou futebol, tênis, golfe, pingue-pongue, basquete, beisebol, e praticou patinação, pesca, hipismo, tiro, alpinismo e remo; chegou a conquistar uma marca de 2,80m no salto com vara, em uma edição dos Jogos Universitários argentinos.
Em seu livro “Che, Periodista-Deportista, Pasión y Aventura”, o jornalista argentino Hernán Santos Nicolini afirma que Guevara chegou a praticar 26 esportes. “Foi o esportista asmático mais célebre da história, ainda que sua notoriedade não proviesse nem do esporte e nem da asma”, escreveu por sua vez o colega Ariel Scher, no livro “La Pátria Desportista”, no qual dedica um capítulo inteiro ao Guevara esportista.
Foi exatamente a asma de “Ernestito” que levou sua família, de classe média confortável, a deixar Buenos Aires e se instalar em Alta Gracia, Córdoba, à procura de um clima mais amável. E em Alta Gracia, mais por necessidade, para que a asma não o consumisse, Ernestito começou a se dedicar à natação, um esporte que herdou de sua mãe Célia e que aprendeu com lições do campeão argentino de estilo borboleta, Carlos Espejo.

Não demorou muito para que começasse a praticar os saltos dos acrobatas de um circo japonês ao qual admirou em numerosas tardes de Alta Gracia, se interessasse pelo montanhismo nas serras de Córdoba e aprendesse golfe, porque vivia a poucos metros de um campo de jogo e havia feito grande amizade com os caddies, segundo contou uma vez Ernesto Guevara de la Serna, seu pai. A nova casa em Córdoba estava a metros de uma quadra de tênis, esporte que também aprendeu graças às lições da filha do zelador das quadras, ao mesmo tempo em que praticava boxe e pingue-pongue.
Argentino até a raiz dos cabelos, Ernestito se apaixonou pelo rei futebol, mas quis se diferenciar de seus amigos, que eram fãs dos populares Boca Juniors ou River Plate, e por isso escolheu o Rosário Central, em homenagem a Rosário, sua cidade natal, na província de Santa Fé. Seu jogador favorito era Ernesto “Chueco” García, apelidado de “o poeta da canhota”. A asma o condenou ao posto de goleiro, que honrou em sua primeira grande viagem fora da Argentina, na companhia do inseparável amigo Alberto Granados, aquela jornada de iniciação relatada no filme “Diários de Motocicleta”, do brasileiro Walter Salles, com o mexicano Gael García Bernal encarnando um jovem Guevara.
Che ganhou dinheiro, casa, comida e transporte até Iquique jogando futebol no norte do Chile; jogou também com os leprosos da cidade de San Pablo, no norte do Peru, e chegou a viver um momento glorioso em Letícia, Colômbia, quando agarrou um pênalti em uma final de campeonato, ainda que seu time, treinado por ele e Granados, terminasse perdendo o título.

Em Cuba ele é conhecido e celebrado como grande impulsor do xadrez, e muitos de seus companheiros de guerrilha o recordam, na serra, sempre equipado de fuzil e tabuleiro. “O xadrez”, dizia Guevara, “é um passatempo, mas é também um educador do raciocínio, e os países que têm grandes equipes de enxadristas marcham também à frente do mundo em outras esferas mais importantes”. Inaugurou torneios, competiu com seus colegas, jogou partidas simultâneas com grandes jogadores, como Victor Korchnoi, Mikhail Tal e Miguel Najdorf, e até se deu ao luxo de vencer o grande mestre nacional cubano Rogelio Ortega.

Mas, na Argentina, a figura de Guevara como esportista está vinculada sobretudo ao rúgbi. Ele aprendeu a jogar com seu amigo Granados em Córdoba e, quando a família retornou a Buenos Aires, entrou para o San Isidro Club (SIC), um dos clubes de rúgbi mais poderosos do país. No entanto, sua passagem pelo time durou pouco, porque seu pai exerceu influência junto ao presidente do clube para que o proibisse de jogar, por causa da asma e de advertências médicas de que poderia morrer em campo. Obstinado, Guevara continuou jogando por outros clubes, primeiro o Yporá e depois o Atalaya, nos quais se destacava pelo tackle duríssimo, o que lhe valeu o apelido de “Furibundo Serna”, pelo sobrenome de sua mãe.
A lembrança de que ele foi também jogador de rúgbi provocou nos últimos dias alguns protestos entre os setores mais conservadores desse esporte, hoje mais popularizado, mas historicamente vinculado com as classes abastadas, que simplesmente detestam o Guevara comunista. Mas Che, que também foi cronista esportivo e correu atrás dos esportistas argentinos nos Jogos Pan-americanos do México em 1955, e cujo rosto aparece nas tatuagens célebres de Diego Maradona ou Mike Tyson, é hoje uma figura corrente nos campos de futebol, onde os torcedores costumam portar bandeiras e cartazes que mostram seu rosto.
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Autor:Por: Ezequiel Fernández Moores
Inserido por Edu Cacella

Protegido: FUTEBOL E POLÍTICA

Em algumas partes do mundo o futebol possui uma forte conotação política. Podemos citar como exemplo o glorioso clube St. Pauli na Alemanha, onde a maioria de seus torcedores são comunistas, anarquistas e libertários. Do mesmo modo temos o Rayo Vallecano na Espanha, West Ham United na Inglaterra, o Celtic na Escócia etc. E, claro, não podemos deixar de citar o Livorno na Itália, que faz encher os nossos olhos d’água de emoção.
Na Europa, apesar dos nazistas se infiltrarem nos estádios e fazerem seu merchandising rotineiro, há um outro lado que a imprensa não divulga: a participação e organização dos antifascistas nos estádios de futebol, que muitas vezes terminam em batalha campal contra os fascistas. Aqui no Brasil, infelizmente, o futebol é completamente despolitizado, as torcidas organizadas daqui são na sua grande maioria lumpens que brigam (e matam) por qualquer besteira, sem nenhuma conotação política. Como diria a banda catalã Inadaptats: “A VIOLÊNCIA PROLETÁRIA É SINAL DE INTELIGÊNCIA!” (Supporters del Carrer).

De um lado, o futebol operário, ou comunista, como o Livorno é chamado na Itália. Esta equipe não chegava à Série A faz 55 anos e seus integrantes e torcedores reclamam de discriminação dos árbitros, que não os querem na primeira divisão só porque são todos de esquerda. Do outro lado, o clube que congrega torcedores ligados a organizações de extrema-direita ligadas ao nazi-fascismo, o Lazio, que era a equipe de coração de Benito Mussolini. Seu filho, Bruno, chegou até a ser presidente. Ainda hoje a Lazio é considerada uma das equipes mais racistas do mundo. Assim se resumem estes dois times do futebol italiano, que ultimamente vêm chamando a atenção do cenário futebolístico (e político) internacional.
“A política está em todas as coisas, inclusive na minha camiseta”, disse à BBC Brasil o atacante do Livorno, Cristiano Lucarelli, um comunista assumido, que já rejeitou convites de clubes maiores por causa de suas convicções políticas. “Claramente (a política) se apresenta no futebol e tudo indica que possa influenciá-lo”. Segundo o deputado livornense Marco Susini, Lucarelli está certo: “Ele diz o que pensa 80% da cidade”.
“Estamos sendo prejudicados porque nossos torcedores foram a Milão provocar o primeiro-ministro”, diz ao referir-se ao jogo do ano passado contra o Milan, quando a maioria dos 10 mil torcedores do Livorno cantaram músicas comunistas e usaram lenços brancos na cabeça, imitando o primeiro-ministro — e proprietário do Milan — Silvio Berlusconi, que usou um destes lenços logo depois de ter feito um implante capilar. O prefeito Alessandro Cosimi evita falar em complô, mas reclama dos gols invalidados e das faltas não dadas a favor do time.

A BATALHA POLÍTICA ENTRE O LIVORNO E A LAZIO

A batalha política contra a torcida fascista da Lazio poderia muito bem ser creditada aos dois outros times que ficam na mesma região: Roma. Temos, de um lado, o Roma, que é o time do proletariado romano, e do outro, o Milan, o time do antifascismo milanês, que em 1968 inspirou as “Brigadas Rubro-Negras”, as tropas de assalto da torcida milanista. Entretanto, o Milan foi comprado por Silvio Berlusconi (que torce pelo Milan), primeiro-ministro da Itália e político neo-liberal da direita italiana, sendo agora “propriedade privada” dele. Enquanto o Roma, que é chamado o “time do povo”, continua na sua luta, mas não tanto quanto o Livorno, cuja torcida é assumidamente comunista e seu time um exemplo a ser seguido.
“Agora temos um jogador brasileiro”, disse o jovem Ricardo Nocci, empunhando uma bandeira do Brasil, refererindo-se a recente contratação do atacante Paulinho, ex-jogador do Juventude. “É uma homenagem a ele e também ao povo brasileiro”.
No ultimo encontro do Livorno contra o Cagliari, em meio a centenas de bandeiras vermelhas, duas brasileiras se destacavam. Na ocasião, Paulinho, que ainda não estreou na equipe, ficou surpreso ao ver que a quantidade de bandeiras comunistas nas arquibancadas era maior que a do time. “Não sei de nada. Só estou ouvindo falar disso agora”, afirmou o jogador de 19 anos. “Nos próximos dias vou procurar entender melhor o que representa tudo isso”.
Em Livorno, na região da Toscana, a 86 km de Florença, onde Antonio Gramsci fundou o Partido Comunista Italiano em 1921, a maioria da população de 175 mil habitantes torce pelo time. Entre os jogadores, grande parte é comunista, anarquista ou progressista.
“Não há torcedor do Livorno que não seja de esquerda”, afirma o estudante Christian Biasci, um entusiasmado torcedor, que usava uma camiseta com a inscrição CCCP, da antiga União Soviética. “Aqui somos todos comunistas”.
Se o Livorno conta com seus integrantes e torcedores de esquerda, a Lazio é conhecida pelo entusiasmo de simpatizantes de direita. Muitos de seus adeptos não aceitam a contratação de jogadores negros e latinos. Em 1998, a torcida da Lazio escandalizou o mundo quando exibiram uma faixa anti-semita dirigida aos judeus com os dizeres: “Auschwitz vossa pátria, os fornos vossas casas!”. Já em 2001, durante um jogo contra o Roma, a torcida da Lazio entoou cantos racistas contra os jogadores negros do Roma (entre os quais estavam jogadores brasileiros) e exibiram cartazes com os dizeres: “Equipe de negros, fundo de judeus!”. Depois da partida houve confrontos nas arquibancadas que resultaram em nove feridos e sete detidos.

Essa atitude racista dos adeptos da Lazio rendeu um protesto virtual da torcida corinthiana no mesmo ano. Hackers corinthianos invadiram o site da Lazio como forma de protesto e de acordo com a empresa responsável pela manutenção da página “as habituais notícias e links foram substituídas pelo logotipo do Corinthians, um clube brasileiro. Foram também colocadas palavras defendendo os jogadores brasileiros que atuam no Roma, entre os quais estão Cafú, Emerson e Antônio Carlos. A mensagem da torcida corinthiana dizia: “como vocês permitem outros italianos insultar os jogadores de cor, também vão sofrer a ira dos torcedores negros!”.
Entre os jogadores da Lazio a figura mais destacada é o atacante Paolo Di Canio, recentemente multado em 10 mil euros (US$ 13.410) pela Liga de Futebol Italiana, por ter celebrado a vitória contra o Roma, em janeiro, fazendo a saudação fascista, com o braço direito estendido para frente e a mão esticada. Di Canio, que tem tatuado no braço a palavra “Dux” (em referência ao título de Duce, usado pelo líder fascista Benito Mussolini) e foi um torcedor radical da equipe antes de se tornar jogador, nunca fez segredo de suas posições políticas. Fascinado por Mussolini, diz que o ditador “tem sido profundamente incompreendido”. Para tentar escapar da multa, negou que sua comemoração tivesse sido de conotação política, afirmando que se tratava de uma mera saudação “romana”. A neta do Duce, a deputada Alessandra Mussolini, elogiou o ato do jogador: “Foi uma linda saudação romana”, disse ela na ocasião. “Me deixou muito emocionada”.

Diplomático, o brasileiro César, lateral da Lazio, não quer se envolver com polêmicas. Não condena, nem elogia o gesto de Di Canio: “Sou totalmente leigo no assunto. Mas acho que o que é certo é certo em qualquer lugar. O que é errado é errado em qualquer parte do mundo”, disse. “Cada um tem seu ponto de vista, suas opiniões, seu modo de agir e de ser”.
Por outro lado, o comunista Cristiano Lucarelli do Livorno costuma comemorar seus gols com o braço esquerdo erguido e com o pulso fechado, como fazem os comunistas do mundo inteiro. Por causa disso, ele tem sido prejudicado. Em 1997, num jogo da seleção italiana sub-20, ao celebrar um gol, ele comemorou com a saudação comunista e mostrou que vestia embaixo do uniforme uma camiseta com a figura de Che Guevara. Recebeu um duro puxão de orelhas do treinador e nunca mais foi convocado.
Ultimamente a Liga de Futebol Italiana tem perseguido também os comunistas, aplicando uma multa de 10 mil euros a Riccardo Zampagna, do Messina, por ter feito a saudação comunista em uma partida contra o Livorno no dia 16 de janeiro. A Liga disse que os jogadores “não devem fazer nenhum gesto indicando algum tipo de ideologia política que possa potencialmente provocar uma reação violenta dos torcedores”. O comunista italiano Marco Rizzi levou a questão em tom de brincadeira e assinalou diferenças entre o gesto de Di Canio e o de Zampagna: “a saudação fascista está proibida pela constituição nacional. Há uma diferença de mérito: em 1945 os comunistas ganharam a guerra e é também graças a eles que Berlusconi pode dizer as porcarias que diz. Se tivesse ganhado os pais de seus aliados no governo, isso não seria possível”, assinalou.
Tanto Lucarelli como Di Canio, vêm de famílias pobres. Apesar do dinheiro ganho com o futebol, renunciaram a muito dinheiro para jogar nos times de seus corações. Di Canio abriu mão dos 900 mil euros, que ganhava com o Charlton Athletic, da Inglaterra, pelos 250 mil pagos pela Lazio. Já Lucarelli deu adeus ao 1,2 milhão de euros do Torino pelos 700 mil oferecidos pelo Livorno e segue recusando propostas mais tentadoras.


O CONFRONTO POLÍTICO ENTRE AS DUAS TORCIDAS

Segundo o “Observatório Europeu contra o Racismo de Viena” o site da torcida “Irriducibili Lazio” é considerado como uma das mais “racistas da Europa”: “O site da torcida organizada da Lazio é particularmente perigoso, esta recheado de simbologia xenófoba, racista e fascista, e contém mensagens desse teor”, descreve o informe. Há pouco mais de um mês, no site da torcida da Lazio foram lançadas ameaças contra os seus adversários.
No Livorno, uma de suas torcidas organizadas, a “Brigada Autônoma Livornense”, conta com metade de seus 500 integrantes proibidos de entrar em estádios. Tudo porque no dia em que comemoravam o retorno à Série A decidiram destruir a sede de um partido de direita na cidade.
Quando os dois times se enfrentaram no estádio Olímpico de Roma no dia 10 de abril deste ano (2005), as torcidas se digladiaram política e fisicamente. Durante o jogo, foram exibidas, do lado da Lazio, bandeiras negras com o rosto de Mussolini, símbolos nazi-fascistas (suásticas e cruz celtas) e frases do tipo “ROMA É FASCISTA!” e outras contra o Livorno, tais como: “A Itália é Nossa, Livorno é Fossa Vermelha”, “Livornense Verme Vermelho, Teu Lugar é no Esgoto”. A torcida da Lazio ainda entoou palavras de ordem anti-semitas e coros de “Faccetta Nera” (Faceta Negra, hino do fascismo) e “Duce! Duce!”, em homenagem a Benito Mussolini. A estas provocações, cerca de 200 livornenses responderam agitando bandeiras vermelhas com a foice e o martelo e imagens de Che Guevara enquanto cantavam “Bandiera Rossa” (Bandeira Vermelha) e “Bella Ciao”, hinos comunistas italianos, e gritaram palavras de ordem antifascistas.
Na saída, a polícia agiu para evitar confrontos entre as duas torcidas (já que no ano passado havia acabado em confronto físico). Mas quando um grupo de torcedores do Livorno dirigia-se à estação ferroviária de São Pedro foram interceptados de forma provocadora pela polícia e responderam a esta provocação atirando pedras nos policiais. Em poucos minutos desencadeou-se uma verdadeira batalha na estação, com vagões danificados e vidros quebrados. A polícia deteve seis torcedores do Livorno. Aproximadamente dez policiais e outros dez torcedores ficaram feridos nos incidentes. Presos, os torcedores do Livorno foram levados à delegacia e trancados em uma sala, sem água e comida por mais de 12 horas, até a manhã de segunda-feira.

A TENTATIVA DE SUBVERTER A LAZIO

Há uma torcida organizada antifascista da Lazio chamada “Dissidenti”, o nome já diz tudo. São torcedores apaixonados pelo seu time de coração que resolveram se organizar para combater o fascismo que ronda sua equipe. A Dissidenti tenta subverter o time que é hoje considerado o mais racista da Europa. É realmente uma luta dura e difícil, já que grande parte dos torcedores da Lazio é de tendência fascista. A Dissidenti ainda é uma minoria, entretanto, não deixa de ser perseverante quanto à subversão de seu time. São declaradamente antifascistas e se orgulham em serem dissidentes. Torcemos para que um dia essa torcida colha bons frutos, mas, até lá, teremos que agüentar os adeptos da Lazio entoarem loas ao fascismo.

Fonte:http://br.geocities.com/resistenciacoral/
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AMISTOSO INTERNACIONAL

A poderosa equipe do Peñarol fazia uma excursão pelo Brasil e foi convidado para uma partida em Olímpia, contra o OFC. Esta partida foi realizada no dia 12 de Agosto de 1928.
Toda cidade e região compareceram para apreciar o acontecimento. O campo da municipalidade tornou-se pequeno para receber tanta gente que se acotovelava. Após as solenidades iniciais, entregas de flores e tudo mais, iniciou-se a partida. Nesta partida o Olímpia perdeu por 1×0. Não se conformando, Emílio Galmacci marcou uma nova partida para daí a 3 dias. Desta feita houve um empate por 1×1. O Gol olimpiense foi marcado por Bertolino.

Fonte:http://www.olimpiafc.com
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