Por Dario Palhares
PALMEIRAS
Raul Marcel
Quando voltou da excursão da Seleção Brasileira à Europa, em 1973, Leão se desentendeu com Osvaldo Brandão. O grande técnico, que nunca abriu mão da disciplina, não teve dúvidas: mandou o goleirão para o banco, colocando em seu lugar Raul Marcel. O biotipo do reserva, contudo, não inspirava lá muita confiança nos zagueiros, e muito menos na torcida. Raul veio das divisões de base do clube, mas levava todo o jeitão de ter saído direto de um clássico entre casados e solteiros – mais precisamente, do time dos comprometidos. Resultado: em pouco tempo, Brandão teve de engolir o orgulho e devolver a camisa 1 a Emerson Leão.
Marinho Parananese
Em 1977, a revista Placar sentenciou: se o zagueiro Marinho Peres, então no Internacional, entrasse em forma, a defesa brasileira na Copa da Argentina seria formada por três Marinhos. Os outros dois? O Chagas, na lateral-esquerda, e o Paranaense, na direita. A história mostra, porém, que nenhum Marinho foi “campeão moral” em 78. Aliás, não há notícia de que Cláudio Coutinho, comandante daquele escrete, tenha considerado em algum momento a hipótese de convocar o lateral. O mais provável é que nunca tenha ouvido falar do jogador, que veio do Atlético Paranaense e voltou rapidinho, e anônimo, para Curitiba.
Deda
Formou com Darinta uma dupla de muitos gols. O problema, como se sabe, é que eles jogavam na zaga, não no ataque. Em 1981, o Verdão levou 45 gols em 35 jogos pela Taça de Prata, o Campeonato Brasileiro e o Paulistão. Com o becão Deda e seu parceiro, o placar nunca ficava “oxo”, como diria Walter Abrahão.
Darinta
Quando o zagueiro chegou ao Parque Antarctica, em 1981, houve quem arriscasse comparações com o grande Luís Pereira, uma das glórias do Palmeiras. E os dois, realmente, eram muito parecidos: tinham duas pernas, dois braços, um tronco e uma cabeça. Quando a bola rolava, entretanto, Darinta se transformava no antípoda do bom e velho Chevrolet. Mais de 20 anos depois de ter deixado o clube, ele ainda é sinônimo de perna-de-pau para a torcida.
Denys
Escalá-lo era o mesmo que fazer roleta russa com cinco balas no tambor do revólver. O Verdão insistiu com Denys e pagou caro pela teimosia na final do Paulistão de 1986, quando ele, ao tentar atrasar a bola para o goleiro Martorelli, deu a Tato a chance de marcar o gol decisivo da Inter de Limeira. Depois do vexame, o jogador ainda vestiu a camisa do São Paulo e a do Corinthians. Denys teve, com certeza, o melhor empresário da história do futebol brasileiro.
Tonigato
Até o surgimento de Denys, era “hors-concours” na lateral-esquerda do “Verdinho” de todos os tempos. Por conta disso, ganha um lugar como volante, barrando “especialistas” na posição, como Nedo, Vítor Hugo e Elzo. Tonigato é irmão do também ex-alviverde Edu Manga, que chegou a ser titular da Seleção Brasileira. A herança genética parece que não lhe foi generosa, tratando-se de futebol.
Toninho Vanusa
O ano de 1975 foi um divisor de águas na história do Palmeiras, com o início do desmanche da segunda Academia. Se houvesse renovação à altura, nenhum problema, mas não foi isso o que aconteceu. Enquanto craques como Dudu, Leivinha e Luís Pereira diziam adeus, chegavam ao Parque Antarctica, em levas crescentes, reforços duvidosos, para dizer pouco, como Jorge Tabajara, Itamar, Zuza, Erb, Donizete, De Rosis e… Toninho Vanusa. Conhecido pelas louras madeixas, o meia sinalizava os tempos “cabeludos” que o Verdão teria pela frente.
Aragonês
O boliviano ganhou algum destaque ao marcar gols nas partidas que seu país disputou com o Brasil, em 1981, pelas Eliminatórias para a Copa da Espanha – ambas vencidas pelos canarinhos, por 2 a 1 e 3 a 1. Os cartolas palmeirenses julgaram, então, ter encontrado uma versão andina do grande Ademir Da Guia. Pobre Verdão. Aragonês era tão ruim que Leão, ao notar que o meia do seu time estava se atracando com um jogador do Santos, em jogo disputado no ano de 1984, “entregou” os dois imediatamente ao árbitro da partida. Se os brigões fossem expulsos, o Palmeiras seria duplamente beneficiado, raciocinava o goleiro. Para a sorte do Peixe, contudo, “sua excelência” acabou contemporizando.
Barbosa
Pertencia à linhagem de Cafuringa, Zequinha (ex-Botafogo), Edu Exorcista e Mirandinha (ex-São Paulo e Corinthians). No melhor estilo vaca-louca, Barbosa recebia a bola e desembestava pela direita, assustando, de início, os marcadores. Estes, contudo, não tardavam a perceber que toda aquela energia resultava em nada. Os resultados do Palmeiras em meados dos anos 80 comprovam isso.
Bizu
Revelado pelo Cascavel, do Paraná, estava longe, muito longe de ser um cobra. O centroavante passou pelo Parque Antarctica na segunda metade dos anos 80, um período que não deixou saudade nos palmeirenses, assim como o próprio Bizu. Quando partiu, rumo ao Náutico do Recife, era chamado pela torcida de “Bizunho”.
Ditinho Souza
Na década de 60 e na primeira metade da seguinte, ele seria proibido até de caminhar pela rua Turiassu. No final dos anos 80, contudo, formou ao lado de Bizu, Careca Bianchesi, Buião e Bandeira, entre outros, um elenco “inesquecível” do Palmeiras. O ponta-esquerda tinha sérios problemas de relacionamento – com a bola. Por isso, é apontado por muitos alviverdes como o Darinta do ataque.