Após o baile que deu no Rio Negro, o Paysandu iria enfrentar a principal força do futebol amazonense e o maior campeão do estado, o Nacional. Esse foi o jogo mais esperado da excursão pois estariam no campo duas das principais forças do futebol dos dois estados.
Mais de 6 mil pessoas compareceram ao Parque na tarde do dia 4 de Agosto, num domingo. Bem antes do jogo começar, às 14 horas, o Parque já estava lotado. Do lado de fora,um intenso movimento de bondes, automóveis e pessoas em uma verdadeira romaria.
Às 15 horas e 15 minutos os jogadores do Paysandu chegavam ao estádio em automóveis. Dez minutos depois chegavam os atletas do Nacional. Houve uma partida preliminar entre o Euterpe e o Independência.
A banda de música da Polícia tocou seu repertório antes do jogo. O inglês H.W. Blake, gerente do Banco de Londres, foi escolhido como juiz da partida. Precisamente às 16 horas e 30 minutos tinha início o esperado jogo.
Virginio se apossa da bola, entrega-a para Rochinha e este para Leonardo que dribla Abílio e chuta, abrindo a contagem e fazendo o primeiro gol do Nacional. É a vez de Sandoval dá um passe para Quarenta que driblou Rodolpho e marcou o primeiro gol dos visitantes, empatando o jogo.
Leonardo cobra um escanteio para o Nacional, Virginio sobe e, de cabeça, empurra a bola para dentro das redes de Castilho, marcando o segundo ponto nacionalino, passando o time local novamente à frente do placar. Houve muita vibração da torcida.
Novamente Virginio passa a bola para Leonardo que marca o terceiro gol do Nacional. Porém, o juiz anulou o gol alegando impedimento do atacante nacionalino. E assim terminou o primeiro tempo com a vantagem do Nacional por 2 x 1.
É iniciado o segundo tempo. Cobrador manda a bola para Quarenta que a emendou para Pitota, de cabeça, fazer o segundo gol do Paysandu e empatar novamente a partida.
É a vez do ataque nacionalino entrar em ação. Orlando escapa de seus marcadores e dá um passe para Rochinha que, de cabeça, mandou a bola para Leonardo que assinalou o terceiro tento do Nacional, desempatando o jogo.
Mas o Paysandu não estava morto e,de uma avançada de Setenta e Sete, resultou o terceiro gol dos paraenses,empatando outra vez. Logo a seguir, é a vez de Cobrador dar um chute, que foi aproveitado por Quarenta que novamente vazava a meta do goleiro Lisboa, fazendo assim o quarto ponto e passando o Paysandu à frente do placar.
Faltando 8 minutos para acabar o jogo, Sócrates se apossa da bola e chuta à gol. Leonardo e Rochinha acompanham a trajetória da bola enquanto Castilho, confuso, pega mal a esfera deixando-a resvalar por entre suas pernas, fazendo assim o quarto gol do Nacional, igualando-se no placar com seu adversário.
Esse gol provocou um verdadeiro delírio na torcida. E assim o juiz trilava o apito dando como resultado final um empate de oito gols. À noite, na sede do Nacional, houve uma festa entre os jogadores dos dois clubes.
NACIONAL (AM) 4 X 4 PAYSANDU (PA)
LOCAL: Estádio Parque Amazonense, em Manaus (AM)
DATA: Domingo, dia 4 de Agosto de 1929
CARÁTER: Amistoso Nacional
PÚBLICO: 6 mil pessoas
HORÁRIO: 16 horas 30 minutos
ÁRBITRO: inglês H.W. Blake
NACIONAL: Lisboa; Rodolpho e Humberto; Luiz, Eduardo e Sócrates; Orlando, Pequenino,Virginio, Rochinha e Leonardo.
PAYSANDU: Castilho; Milton e Abílio; Pery, Sandoval e Barbadiano; Cobrador, Pitota, Quarenta, Setenta e Sete e Arthur Moraes.
GOLS: Leonardo (Nacional); Quarenta (Paysandu); Virginio (Nacional), no 1º Tempo. Pitota (Paysandu); Leonardo (Nacional); Setenta e Sete (Paysandu); Quarenta (Paysandu); Sócrates (Nacional), no 2º Tempo.
FONTES: Jornal do Commercio – Gaspar Vieira Neto