O segundo compromisso do Paysandu foi diante do tradicional Rio Negro, uma das principais forças do futebol baré. O jogo foi marcado para o dia primeiro de Agosto, numa quinta-feira. Para facilitar a presença da torcida no estádio, o prefeito de Manaus declarou encerrado o expediente no comércio a partir das 15 horas.
Mesmo assim o Parque recebeu um público regular. No jogo preliminar, o Cruzeiro do Sul ganhou de 3 x 2 do Libertador. Às 16 horas finalmente entravam os dois times em campo, sendo que o Paysandu apareceu empunhando a bandeira do Rio Negro e com buquê de flores que cobriram as cabeças dos jogadores Rio-Negrinos, gesto esse que ocasionou demorados aplausos do público.
Para árbitro do jogo foi escolhido o diretor técnico do Paysandu, senhor Antônio Coimbra. Eis as escalações. O jogo iniciou-se às 16 horas e 20 minutos. Iniciado o duelo, Cobrador mandou um chute certeiro que foi defendido por Cauby, rebatendo a bola que caiu nos pés de Carvalho que a passou para Quarenta, marcando este o primeiro gol do Paysandu, sob aplausos da torcida.
Logo depois, o Rio-Negrino Candu bateu uma falta que, rebatida, a bola caiu nos pés de Sandoval que passou para Quarenta que tocou com a mão na bola e logo depois chutou e assinalou o segundo gol dos visitantes.
O juiz não viu a irregularidade e validou o gol. O jogo estava fácil para os paraenses. Arthur Moraes dribla Oliveira e toca a bola para Cobrador que empurra a esfera para dentro da rede do Rio Negro, aumentando o placar com o terceiro ponto. E assim terminou o primeiro tempo com a vantagem do Paysandu de 3 x 0 sobre o time da casa.
Reiniciado o jogo na etapa final, Carlito, do Rio Negro, foi substituído por Zé Travassos. Quarenta recebe a bola e, avançando com rapidez, chutou à queima-roupa, marcando o quarto gol do Paysandu.
É a vez de Cobrador que, escapando, chutou contra Cauby que defendeu em falso, ocasionando o quinto gol paraense. Pitota dá um forte petardo que foi rebatido por Cauby, mandando a bola para o centro, onde Quarenta recebeu e avançou, marcando mais um gol, o sexto para sua equipe.
De uma escapada de Setenta e Sete, a bola foi aproveitada por Arthur Moraes que devido a uma falha do goleiro Cauby, acabou por assinalar o sétimo gol. Esmorecidos, os jogadores do Rio Negro não tinham mais forças para reagir e de um erro na saída de bola, acabaram perdendo-a para o Paysandu, na qual Arthur Moraes, dois minutos depois de seu último ponto, marcava o oitavo gol em outra falha de Cauby, fechando assim a contagem com uma goleada de 8 x 0, que deixou o Rio Negro humilhado em campo e a torcida decepcionada. Terminava o jogo às 18 horas e 10 minutos.
ATLÉTICO RIO NEGRO (AM) 0 X 8 PAYSANDU (PA)
LOCAL: Estádio Parque Amazonense, em Manaus (AM)
DATA: Quinta-feira, dia 1º de Agosto de 1929
CARÁTER: Amistoso Nacional
PÚBLICO: 2.500 mil pessoas
HORÁRIO: 16 horas 20 minutos
ÁRBITRO: Antônio Coimbra
RIO NEGRO: Cauby; Oliveira e Antony ;Candu (Alfredinho), Armando e Carlito (Zé Travassos); Pires, Delphim, Alberto, Jacy e Cézar.
PAYSANDU: Castilho; Milton e Abílio; Carvalho, Sandoval e Pery; Cobrador, Pitota, Quarenta, Arthur Moraes e Setenta e Sete.
GOLS: Quarenta, duas vezes (Paysandu); Cobrador (Paysandu), no 1º Tempo. Quarenta, duas vezes (Paysandu); Cobrador (Paysandu); Arthur Moraes, duas vezes (Paysandu), no 2º Tempo.
FONTES: Jornal do Commercio – Gaspar Vieira Neto