A partida inaugural do campeão paraense foi contra o Cruzeiro do Sul, campeão amazonense daquele ano. O jogo aconteceu no dia 28 de Julho, no domingo, no Parque Amazonense. Cerca de 3 mil pessoas compareceram ao Parque na tarde daquele dia.
O jogo também foi transmitido para Belém através do serviço telegráfico que ficou a cargo da embaixada paraense. Antes do jogo principal houve uma partida preliminar entre o Manaos Sporting e o Luso que empataram em 1 x 1.
Finalmente, às 15 horas e 50 minutos, entrava em campo o time do Paysandu acompanhado de seu diretor técnico, Capitão Antônio Coimbra. Entrava também o time do Cruzeiro do Sul, com aclamação e palmas da torcida.
Para juiz da partida foi designado o senhor Raymundo Chaves. Ambos os times posaram para fotografias. Estava presente a banda de música da força policial do estado, além das presenças ilustres do governador do estado, Efigênio Salles, e do prefeito de Manaus.
A senhora Guiomar Moreira, da sociedade local, deu o chute inicial do jogo. Num ataque do Cruzeiro, o zagueiro Abílio tocou com a mão na bola, ocasionando um pênalti. Waldemar cobrou a penalidade fazendo 1 x 0 para os amazonenses.
A torcida comemora em delírio. Dico dá um passe para Leopoldo e este entrega a bola para Augusto que assinala o segundo gol do Cruzeiro do Sul. Novos e prolongados aplausos da torcida. E assim terminava o primeiro tempo com a vantagem do time da casa por 2 x 0.
Reiniciado o jogo, há uma rápida escapada do Paysandu que, numa boa combinação, finaliza com um chute certeiro de Pitota, marcando o primeiro gol dos paraenses, o que gera aplausos da torcida.
Logo depois, é a vez de Cobrador fazer uma investida, driblando Fonseca e Mariozinho, ficando livre para chutar forte e empatar a partida para o Paysandu.
Fortalecidos com o empate, os visitantes partem para cima e, num ligeiro avanço de seus jogadores, acabou resultando num inesperado chute de Quarenta, que assinalou o terceiro gol, virando o placar para o Paysandu.
Vendo o time local em desvantagem, a torcida passa a incentivar os jogadores do Cruzeiro do Sul que recomeçam o jogo com entusiasmo e determinados a empatar.
E foi o que aconteceu. A bola fica na posse de Augusto que a passa para Leopoldo que driblou Abílio e marcou o gol de empate. A torcida entra em delírio. Às 17 horas e 55 minutos é encerrado o jogo entre os campeões do Pará e do Amazonas com um empate de seis gols.
CRUZEIRO DO SUL (AM) 3 X 3 PAYSANDU (PA)
LOCAL: Estádio Parque Amazonense, em Manaus (AM)
DATA: Domingo, dia 28 de Julho de 1929
CARÁTER: Amistoso Nacional
PÚBLICO: 3 mil pessoas
HORÁRIO: 15 horas e 50 minutos
ÁRBITRO: Raymundo Chaves
CRUZEIRO DO SUL: Elias; Waldemar e Mariozinho; Caboclinho, Lisboa e Fonseca ; Dico, Tico-Tico, Leopoldo, Pedro e Augusto.
PAYSANDU: Castilho; Milton e Abílio; Pery, Argemiro e Barbadiano; Cobrador, Carvalho, Quarenta, Pitota e Arthur Moraes.
GOLS: Waldemar, de pênalti (Cruzeiro do Sul); Augusto (Cruzeiro do Sul), no 1º Tempo. Pitota (Paysandu); Cobrador (Paysandu); Quarenta (Paysandu); Leopoldo (Cruzeiro do Sul), no 2º Tempo.
FONTES: Jornal do Commercio – Gaspar Vieira Neto