Um antigo mas sempre atual adágio popular assevera que “onde há fumaça, há fogo”. Há algum tempo tenho ouvido sorrateiros comentários de bastidores de que um grupo de empresários – notadamente sulistas – que vem gerenciando ultimamente os destinos do União Esporte Clube, nutria certo interesse na extinção do referido clube e criação de outro, sem as amarras do passado e de acordo com suas próprias concepções de futebol profissional, e que por essa razão não registraram o novo CT (Centro de Treinamentos) em nome do União. Verdade ou não, eis que, nesta semana, aconteceu um fato de extrema singularidade, envolvendo o União Esporte Clube, dando ‘vida’ ao citado adágio e aos comentários em apreço.
Com efeito, o jornal A TRIBUNA local trouxe, na edição de 7 do corrente mês (4ª feira), surpreendente reportagem enfocando a criação do MATO GROSSO ESPORTE CLUBE, destinado a ‘gerir o Centro de Treinamentos e as categorias de base do União’. Segundo o gerente do MT EC, José Gomes da Costa (Zék), “os uniformes serão comprados pelo Mato Grosso (Esporte Clube), mas serão os mesmos do União, pois o Mato Grosso estará representando o União.” Essa anômala manobra de bastidores pulveriza o União como clube profissional, vez que, além de destitui-lo em definitivo do precioso Centro de Treinamentos, também lhe retira o poder sobre as categorias de base – essência de todo clube profissional. Algo me diz que estão aplicando um ‘golpe de mestre’ no nosso legendário União…
Numa sucinta análise do pitoresco fato, vejo como um vexamoso contra-senso a coexistência de dois clubes de futebol, com identidades próprias (nomes diferentes), usando os mesmos uniformes e mesmo distintivo, partilhando o mesmo espaço, porém com velados interesses. Ora, desprovido de suas categorias de base (inclusive o sub-17) – registradas em nome do Mato Grosso Esporte Clube – o União, a rigor, corre o sério risco de ser alijado do certame estadual por ‘ausência de pressupostos básicos’ (falta das categorias de base). A pretendida e esdrúxula ‘representação’ do União, neste setor, pelo citado Mato Grosso, deixa rastros de ‘anomalia regulamentar’, podendo ser questionada como ‘ilegitimidade representativa’ por clubes adversários junto à FMF ou ao TJD, prejudicando o União.
Estou convicto de que esse Mato Grosso Esporte Clube não foi criado por acaso; e sua gestação exatamente nas entranhas do União Esporte Clube não deixa margem a dúvidas de que ele veio para ficar… no lugar do mesmo. O significativo fato de haver se assenhoreado de suas categorias de base e do próprio CT, é prova inarredável disso; entretanto, ‘douraram a pílula’, insinuando que o MT EC tem ‘apenas atribuição de gerir o CT e as categorias de base’, a toda evidência com o inconfessável propósito de ‘ganhar tempo’ e evitar um ‘choque traumático’ na numerosa e fanática torcida unionina. A metamorfose completa do União em Mato Grosso Esporte Clube é, ao que se vislumbra, mera questão de (pouco) tempo, para gáudio do supra mencionado grupo gaúcho torcedor do Inter pampeiro: um time com o nome do nosso Estado, nas cores do Internacional de Porto Alegre – vermelho e branco… Adeus União!
(*) Ailon do Carmo é historiador local e Jornal A Tribuna
RÉPLICA DO SECRETÁRIO DE ESPORTES
Como Secretário do Esporte Municipal tenho que respeitar todas as opiniões, porém como torcedor devo divergir do amigo Dr. Ailon do Carmo quanto as suas afirmações pela 105 FM. Não se trata, a empresa Mato Grosso, gestora das coisas unioninas, de algo para ser colocado no imaginário. Trata-se de algo sólido e cuja composição é feita por pessoas da cidade, que construiram este estado junto conosco e não estão atrás de uma pequena propriedade (perto do que possuem), que é o CT do União, ou uso do nome do União etc. Talvez por estar ressabiado e conhecer as malandragens outrora praticadas no futebol de Mato Grosso o Dr. Ailon esteja tão incrédulo, porém tenha calma e avalie as pessoas e seu passado aqui, Dr. Ailon. Você vai começar a confiar, que o União enfim começa a trilhar outros caminhos, e construirá sim um grande futuro, sem pequenices que já vimos tantas vezes. Espero que as outras equipes comecem logo também a se profissionalizar e buscar novos caminhos. Rondonópolis precisa ser grande também no futebol.
Rubson Pereira Guimarães
Palavra de Secretário de Esporte Municipal é para valer?… Ou também é para ganhar tempo (não traumático)?…