Por Zizinho:
No ano de 1943, como de costume e para não perder o habito sofremos uma grande perda. Nosso grande ponteiro Augustin Valido abandonava as canchas para assumir definitivamente o comando da sua tipografia.
Chegou do Paraguai um grande reforço na figura do centro-médio Modesto Bria e veio da Bahia o porteiro Nilo, subiu o Jacyr, cria da casa.
Com a entrada definitiva do Perácio ma equipe titular, passamos a jogar com quatro homens na frente.Começou assim o grande passo para a evolução dos Sistemas Táticos no Rio de Janeiro, fugindo do ABC, que recebemos como herança dos ingleses para a evolução de uma formação ousada de ataque.
Era a primeira vez que alguém ousava tocar no “legendário M ofensivo” do mais perfeito sistema tático para se jogar futebol, o MM.
Com essa formação de ataque mais um homem na frente já não havia necessidade do revezamento que eu e Nandinho fazíamos no apoio a Pirilo. Ele tinha ganho um companheiro para dialogar com ele na frente. “Já não precisava fazer discurso no deserto.”
Como tinha uma função específica no ataque e jogava na mesma linha de campo com Jaime, eu me tomei o primeiro meia-armador do futebol carioca. Com essa formação de ataque, Pirilo abriu mão de sua marca de artilheiro para acrescentar em sua bela carreira uma nova faceta, abrir espaço para outros goleadores. Nós tínhamos sempre em mente a nossa primeira jogada de ataque: Quando a bola estava em meu poder no meio-campo, Pirilo vinha ao meu encontro, se o zagueiro o acompanhasse eu lançava Perácio ou Nilo que foi o ponta que mais atuou.
Se o zagueiro não o acompanha, Pirilo recebia a bola e Jaime se adiantava pelo setor esquerdo para receber o passe. Poucos técnicos se preocupavam com esse jogador de meio-campo por ter uma função específica de defensor. No caso do Jaime, era puro engano, ele passava muito bem e era um excelente chutador de meia distância.
A campanha do bi-campeonato não foi dificil como a do ano anterior, a equipe tinha amadurecido e pôde encarar as pequenas dificuldades que ocorreram com mais confiança Chegamos ao final do campeonato com um resultado que não surpreendeu.Talvez o excesso de confiança tenha tirado alguns pontinhos que não deveríamos ter perdido.
Perdemos a primeira partida no 1° turno contra o América, em nosso campo, por 2x 1 e tivemos cinco empates em que mereceríamos uns bons puxões de orelha. Empatamos com Vasco, Bangu, Canto do Rio, Fluminense e São Cristóvão.
Equipe base do bi-campeonato: Jurandir, Domingos e Newton. Biguá, Bria e Jaime. Nilo, Zizinho, Pirilo, Perácio e Vevé.
Artilheiro do Flamengo: Perácio – 14 gols.
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