A Associação Esportiva Bambuiense (AEB) foi a segunda equipe de destaque a ser criada. No dia 17 de abril de 1939 um grupo de jovens entusiasmados com a prática esportiva se reuniu com o objetivo de criar um time de futebol, mais que isso, uma associação esportiva. Transcrevemos em parte a Ata da reunião de fundação do clube:
“Consideram-se fundadores da A.E.B. todos aqueles que reunindo devotamento ao esforço e à pertinácia, formaram o clube e o conduziram a dias de vida gloriosa e impoluta, dentre eles: Francisco Santos, primeiro presidente. Antônio Montijo, Miguel Azzi, Hermógenes Torres, Juarez de Castro-Todos componentes da primeira diretoria da Associação. Além destes sócios, inúmeros outros, jogadores ou contribuintes exclusivos, cuja nota não se pode tomar, e que igualmente contribuíram pelo alevantamento e êxito da A.E.B.”.
Dentre os vários fundadores foram escolhidos os cinco que comporiam a primeira diretoria: Francisco Santos (Presidente); José Elias Lasmar (Vice Presidente); Wilson Lima (1º Secretário); Samuel Guimarães (2º Secretário) e Paulo Pinto (Tesoureiro).
As primeiras partidas da AEB foram realizadas no “Campinho Vermelho” até pelo menos o ano de 1945 quando o prefeito Sinfrônio Torres construiu o Estádio Municipal. Os primeiros jogadores que vestiram a camisa da recém criada associação foram: Geraldo Mendes, Pedro Teixeira, Ivan Azzi, José Montijo (Zuzú), Geraldo Campos, Dico Matos, Geraldo Palhares, Antônio Vieira (Frango), Didico Lopes, Geraldo Coimbra, Agnelo, Juca Nunes, Nenê do Bastião, Juvêncio, Celino, Tinto, Juquinha Campos, Jerônimo e vários outros. A primeira partida foi realizada em Dores do Indaiá contra o Dorense F.Clube e a AEB foi derrotada por 3 a 2.

A AEB tomaria seu primeiro impulso com a diretoria eleita em fins de 1947, composta pelos senhores Hugo Venturine, Newton Teixeira, João Bahia Guimarães, Omar Chaves, José Maria Mourão e aquele que viria se tornar o maior presidente da AEB de todos os tempos, responsável pelos grandes momentos do clube, o Sr. Elias Saade. Em 24 de junho de 1958 a câmara municipal aprovou a Lei que autorizava a doação do terreno do estádio a Associação Esportiva Bambuiense. A Lei foi sancionada pelo prefeito José Augusto Chaves e seu artigo 1º tinha a seguinte redação: “Fica a Prefeitura Municipal de Bambuí autorizada a dar escritura pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA BAMBUIENSE de um terreno situado entre as ruas Benedito Valadares e Afonso Pena, com a área de 8380,00 m², mais ou menos, no valor, para efeitos fiscais de CR$ 2800,00”. Mas o terreno já havia sido doado pela prefeitura desde o dia 05 de maio de 1955. Em homenagem ao construtor do estádio esse recebeu o nome de Estádio Sinfrônio Torres.

Escudo dos anos 40
Um dos maiores presidentes da AEB de todos os tempos foi o Sr. Elias Saade. Foi quem esteve mais vezes e mais tempo dirigindo o clube. Coube a esse dinâmico e arrojado desportista as obras básicas de construção do estádio: murou todo o terreno, construiu alambrados, arquibancadas, vestiário e gramou o campo. Construiu, também, uma quadra poliesportiva para vôlei e basquete.
Coube a ele a profissionalização do departamento de futebol em 1967 e a formação de uma das maiores equipes da AEB em todos os tempos. Neste ano a equipe disputou com brilhantismo o Campeonato Mineiro da primeira divisão (equivalente hoje a segunda divisão). Vários jogadores de fora foram contratados.
Merecem destaque os jogadores: Amadeu, Maia, Pezão, Cará, Cecílio, Cabrita, Tim, Olavo. A esses jogadores juntaram-se os valorosos atletas locais os quais destacamos: Bolão, Jaci, Edílson, Popó, Zé Morgado, Luiz Morgado, Massinha, Agnelo e vários outros. Elias Saade dirigiu o clube por cinco vezes. Uma dessas gestões durou um decênio e recebeu contestação de alguns sócios do clube inconformados com algumas manobras por ele engendradas que o permitia perpetuar-se no cargo. Entre esses sócios figuravam alguns que haviam participado da fundação do clube.
Para externar o inconformismo esses sócios fizeram uma circular extenso “Manifesto ao Esporte Bambuiense” em Agosto de 1954 onde expunham os motivos de suas insatisfações: “Membros da Associação Esportiva Bambuiense, alguns até sócios fundadores, interrompemos, deliberadamente, desde 25 de junho deste ano (1954), toda e qualquer atuação social, e devemos ao POVO DE BAMBUÍ, em cuja vida a AEB ocupa lugar de carinhoso relevo, a exposição das causas da nossa atitude: é ilegal a permanência do snr. Elias Saade na direção da entidade, impondo-se-nos, como ponto de honra, a recusa de reconhecimento de qualquer autoridade sua já que o temos apenas como presidente de fato, não de direito. Não visamos a pessoa do snr. Elias Saade, nem pretendemos denegrir a sua obra laboriosa e cheia de entusiástico vigor…Nenhum de nós deseja resulte das nossas palavras qualquer detrimento a sua pessoa, por tantos títulos estimável. Proclamamos que fez muito pela AEB, à qual deu momentos de verdadeiro brilho. Não duvidamos da sua honestidade, inclusive como gestor da economia social. Nem mesmo estranharíamos se Elias Saade viesse a ser reposto, por muito tempo, ano após ano, pela livre vontade da maioria dos sócios, na presidência em que tão bem se sente…Nem vê, na sua paixão, que, por aí, não conseguirá mais que aumentar o esbulho que os sócios vem sofrendo e acabará quebrando irremediavelmente a bela paz que iluminou os inícios da associação – verdadeira ilha de compreensão nas águas tumultuosas da apaixonada política bambuiense…estranho soldado da democracia – o nosso herói de Monte Castelo!”. Assinam o manifesto vinte e quatro sócios, entre eles: Francisco Santos, João Bahia Guimarães, José Oswaldo de Oliveira Leite e Fábio Nogueira Santos.

Capítulo II
Durante as gestões do Sr. Elias Saade o torcedor bambuiense pôde conhecer grandes equipes profissionais do Rio de Janeiro e outros estados. A AEB enfrentou o Flamengo, Vasco, Canto do Rio e São Cristóvão e mais recentemente, em outra gestão o Sobradinho de Brasília. Sem contar as equipes de Minas que aqui jogaram como os Mistos de Atlético e Cruzeiro. A todos a equipe local enfrentou jogando de igual pra igual, como veremos mais a frente. Coube ao Sr. Elias a criação do primeiro programa esportivo. As notícias da AEB, escalação e convocação de jogadores, comentários sobre as partidas, eram transmitidas através do serviço de alto-falantes “Cacique” que tinha como jargão “A voz amiga de Bambuí”. Toda essa programação fazia parte da resenha “Esporte no Apito”. Os Alto-falantes eram instalados, primeiramente sobre o clube social e depois sobre o Centro Operário Bambuiense e todos os desportistas acompanhavam a programação e a divulgação das atividades esportivas através desse serviço.

Em 22 de maio de 1951, a AEB organizou festividades de comemoração do 70º aniversário de emancipação política da cidade. Comemorou-se o dia que o arraial foi elevado à condição de vila: 22 de setembro de 1881. Foi a primeira vez que o aniversário de Bambuí foi comemorado. Na verdade as festividades foram realizadas durante uma semana. Além de partidas de futebol entre AEB e Naja de Araxá, Juvenil da AEB e Juvenil do Ferroviário de Divinópolis, houve desfile da fanfarra do Colégio Antero Torres, da Escola José Alzamora, baile no Clube Social de Bambuí e nos salões da Escola José Alzamora.Não faltaram discursos, hasteamento de bandeiras e missa campal celebrada pelo monsenhor José Apparecida.
Depois do Sr. Elias Saade os presidentes que realizaram obras importantes no estádio da AEB foram: Antonino José Martins que cobriu as duas principais arquibancadas e Lindiomar José da Silva. Este conseguiu com o apoio do deputado José Ferraz, a iluminação do estádio e da quadra poliesportiva, sonho antigo de todos os desportistas bambuienses. Os refletores foram inaugurados em 29 de maio de 1986 com a realização da partida entre AEB x Clube Atlético Mineiro. No dia da inauguração o presidente da AEB relembrou em seu discurso o saudoso Elias Saade: “A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor, uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis o sonho de todos os desportistas se concretizando, tornando-se real. Estivesse fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE, (e cremos que, de alguma maneira sutil, ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca, sua própria bandeira!…”
Em fins de 1966 e início de 1967 a AEB encaixou uma série extraordinária de partidas invictas. Venceu praticamente todas as equipes de Divinópolis. Foram 13 vitórias e um empate. Marcou 50 gols e sofreu apenas 8. Eis os jogos e resultados:
* AEB 6 x 0 Nacional de Lagoa da Prata, em 06-11-66;
* AEB 3 x 1 Vila de Formiga, em 13-11-66;
* AEB 5 x 1 Laprata de Lagoa da Prata, em 20-11-66;
* AEB 6 x 1 Sétimo Batalhão – Bom Despacho em 27-11-66;
* AEB 1 x 1 Nacional de Lagoa da Prata, em 30-11-66;
* AEB 2 x 0 Grêmio de Divinópolis, em 04-12-66;
* AEB 4 x 1 Guarani de Divinópolis, em 18-12-66;
* AEB 6 x 1 A.E.Camposaltense, em 08-01-67;
* AEB 2 x 0 CIT F. Clube de Araxá, em 14-01-67;
* AEB 5 x 0 Ferroviário Atlético Clube de Divinópolis, em 22-01-67;
* AEB 2 x 1 Flamengo de Divinópolis, em 29-01-67;
* AEB 6 x 0 Indústria de Luciânia de Lagoa da Prata, em 12-02-67;
* AEB 2 x 1 A.E.Camposaltense de Campos Altos, em 19-02-67.
Destes jogos, o empate em 1 a 1 com o Nacional foi realizado em Lagoa da Prata e a vitória de 2 a 1 sobre o Camposaltense foi em Campos Altos. Os demais jogos foram realizados no Estádio Sinfrônio Torres. O artilheiro desta série foi o extraordinário Cecílio, com 14 gols, seguido pelo não menos extraordinário Cará com 10.
Logo após essa série, a AEB que perdera a invencibilidade jogando com o Sparta de São Gotardo quando perdeu por 1 a 0 em São Gotardo, a AEB descontou sobre o outro Sparta de Campo Belo quando venceu por 5 a 2. Foi a primeira partida noturna da AEB. Nesta partida os gols foram de Cecílio (2), Luiz Morgado (3). Os gols do Sparta foram marcados por Zé Morgado que nesta época jogava pela equipe de Campo Belo. Sem dúvida um grande feito da AEB.

A principal conquista da AEB aconteceu em 27 de setembro de 1981. Presidia o clube o Sr. José Vitalino Chaves. A AEB conquistou seu primeiro título de âmbito regional. Em um campeonato promovido pela Liga Amadora Formiguense envolvendo equipes da região. A AEB conquistou o direito de disputar o título contra a temível equipe do Ypiranga de Arcos. No primeiro jogo em Bambuí houve empate em 1 a 1. Motivo de comemoração da apaixonada torcida ypiranguista que acreditava que em seus domínios, no seu estádio que mais parece um caldeirão, seria “fava contada”. E o churrasco estava preparado. Mas a equipe da casa foi surpreendida pela aguerrida equipe azul e branca de Bambuí que lhe arrebatou o título.