Associação Esportiva Bambuiense (AEB) – Bambuí (MG): Fundado em 1939

A Associação Esportiva Bambuiense (AEB) foi a segunda equipe de destaque a ser criada. No dia 17 de abril de 1939 um grupo de jovens entusiasmados com a prática esportiva se reuniu com o objetivo de criar um time de futebol, mais que isso, uma associação esportiva. Transcrevemos em parte a Ata da reunião de fundação do clube:
Consideram-se fundadores da A.E.B. todos aqueles que reunindo devotamento ao esforço e à pertinácia, formaram o clube e o conduziram a dias de vida gloriosa e impoluta, dentre eles: Francisco Santos, primeiro presidente. Antônio Montijo, Miguel Azzi, Hermógenes Torres, Juarez de Castro-Todos componentes da primeira diretoria da Associação. Além destes sócios, inúmeros outros, jogadores ou contribuintes exclusivos, cuja nota não se pode tomar, e que igualmente contribuíram pelo alevantamento e êxito da A.E.B.”.
Dentre os vários fundadores foram escolhidos os cinco que comporiam a primeira diretoria: Francisco Santos (Presidente); José Elias Lasmar (Vice Presidente); Wilson Lima (1º Secretário); Samuel Guimarães (2º Secretário) e Paulo Pinto (Tesoureiro).
As primeiras partidas da AEB foram realizadas no “Campinho Vermelho” até pelo menos o ano de 1945 quando o prefeito Sinfrônio Torres construiu o Estádio Municipal. Os primeiros jogadores que vestiram a camisa da recém criada associação foram: Geraldo Mendes, Pedro Teixeira, Ivan Azzi, José Montijo (Zuzú), Geraldo Campos, Dico Matos, Geraldo Palhares, Antônio Vieira (Frango), Didico Lopes, Geraldo Coimbra, Agnelo, Juca Nunes, Nenê do Bastião, Juvêncio, Celino, Tinto, Juquinha Campos, Jerônimo e vários outros. A primeira partida foi realizada em Dores do Indaiá contra o Dorense F.Clube e a AEB foi derrotada por 3 a 2.
A AEB tomaria seu primeiro impulso com a diretoria eleita em fins de 1947, composta pelos senhores Hugo Venturine, Newton Teixeira, João Bahia Guimarães, Omar Chaves, José Maria Mourão e aquele que viria se tornar o maior presidente da AEB de todos os tempos, responsável pelos grandes momentos do clube, o Sr. Elias Saade. Em 24 de junho de 1958 a câmara municipal aprovou a Lei que autorizava a doação do terreno do estádio a Associação Esportiva Bambuiense. A Lei foi sancionada pelo prefeito José Augusto Chaves e seu artigo 1º tinha a seguinte redação: “Fica a Prefeitura Municipal de Bambuí autorizada a dar escritura pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA BAMBUIENSE de um terreno situado entre as ruas Benedito Valadares e Afonso Pena, com a área de 8380,00 m², mais ou menos, no valor, para efeitos fiscais de CR$ 2800,00”. Mas o terreno já havia sido doado pela prefeitura desde o dia 05 de maio de 1955. Em homenagem ao construtor do estádio esse recebeu o nome de Estádio Sinfrônio Torres.

Escudo dos anos 40

Um dos maiores presidentes da AEB de todos os tempos foi o Sr. Elias Saade. Foi quem esteve mais vezes e mais tempo dirigindo o clube. Coube a esse dinâmico e arrojado desportista as obras básicas de construção do estádio: murou todo o terreno, construiu alambrados, arquibancadas, vestiário e gramou o campo. Construiu, também, uma quadra poliesportiva para vôlei e basquete.
Coube a ele a profissionalização do departamento de futebol em 1967 e a formação de uma das maiores equipes da AEB em todos os tempos. Neste ano a equipe disputou com brilhantismo o Campeonato Mineiro da primeira divisão (equivalente hoje a segunda divisão). Vários jogadores de fora foram contratados.
Merecem destaque os jogadores: Amadeu, Maia, Pezão, Cará, Cecílio, Cabrita, Tim, Olavo. A esses jogadores juntaram-se os valorosos atletas locais os quais destacamos: Bolão, Jaci, Edílson, Popó, Zé Morgado, Luiz Morgado, Massinha, Agnelo e vários outros. Elias Saade dirigiu o clube por cinco vezes. Uma dessas gestões durou um decênio e recebeu contestação de alguns sócios do clube inconformados com algumas manobras por ele engendradas que o permitia perpetuar-se no cargo. Entre esses sócios figuravam alguns que haviam participado da fundação do clube.
Para externar o inconformismo esses sócios fizeram uma circular extenso “Manifesto ao Esporte Bambuiense” em Agosto de 1954 onde expunham os motivos de suas insatisfações: “Membros da Associação Esportiva Bambuiense, alguns até sócios fundadores, interrompemos, deliberadamente, desde 25 de junho deste ano (1954), toda e qualquer atuação social, e devemos ao POVO DE BAMBUÍ, em cuja vida a AEB ocupa lugar de carinhoso relevo, a exposição das causas da nossa atitude: é ilegal a permanência do snr. Elias Saade na direção da entidade, impondo-se-nos, como ponto de honra, a recusa de reconhecimento de qualquer autoridade sua já que o temos apenas como presidente de fato, não de direito. Não visamos a pessoa do snr. Elias Saade, nem pretendemos denegrir a sua obra laboriosa e cheia de entusiástico vigor…Nenhum de nós deseja resulte das nossas palavras qualquer detrimento a sua pessoa, por tantos títulos estimável. Proclamamos que fez muito pela AEB, à qual deu momentos de verdadeiro brilho. Não duvidamos da sua honestidade, inclusive como gestor da economia social. Nem mesmo estranharíamos se Elias Saade viesse a ser reposto, por muito tempo, ano após ano, pela livre vontade da maioria dos sócios, na presidência em que tão bem se sente…Nem vê, na sua paixão, que, por aí, não conseguirá mais que aumentar o esbulho que os sócios vem sofrendo e acabará quebrando irremediavelmente a bela paz que iluminou os inícios da associação – verdadeira ilha de compreensão nas águas tumultuosas da apaixonada política bambuiense…estranho soldado da democracia – o nosso herói de Monte Castelo!”. Assinam o manifesto vinte e quatro sócios, entre eles: Francisco Santos, João Bahia Guimarães, José Oswaldo de Oliveira Leite e Fábio Nogueira Santos.

Capítulo II 
Durante as gestões do Sr. Elias Saade o torcedor bambuiense pôde conhecer grandes equipes profissionais do Rio de Janeiro e outros estados. A AEB enfrentou o Flamengo, Vasco, Canto do Rio e São Cristóvão e mais recentemente, em outra gestão o Sobradinho de Brasília. Sem contar as equipes de Minas que aqui jogaram como os Mistos de Atlético e Cruzeiro. A todos a equipe local enfrentou jogando de igual pra igual, como veremos mais a frente. Coube ao Sr. Elias a criação do primeiro programa esportivo. As notícias da AEB, escalação e convocação de jogadores, comentários sobre as partidas, eram transmitidas através do serviço de alto-falantes “Cacique” que tinha como jargão “A voz amiga de Bambuí”. Toda essa programação fazia parte da resenha “Esporte no Apito”. Os Alto-falantes eram instalados, primeiramente sobre o clube social e depois sobre o Centro Operário Bambuiense e todos os desportistas acompanhavam a programação e a divulgação das atividades esportivas através desse serviço.
Em 22 de maio de 1951, a AEB organizou festividades de comemoração do 70º aniversário de emancipação política da cidade. Comemorou-se o dia que o arraial foi elevado à condição de vila: 22 de setembro de 1881. Foi a primeira vez que o aniversário de Bambuí foi comemorado. Na verdade as festividades foram realizadas durante uma semana. Além de partidas de futebol entre AEB e Naja de Araxá, Juvenil da AEB e Juvenil do Ferroviário de Divinópolis, houve desfile da fanfarra do Colégio Antero Torres, da Escola José Alzamora, baile no Clube Social de Bambuí e nos salões da Escola José Alzamora.Não faltaram discursos, hasteamento de bandeiras e missa campal celebrada pelo monsenhor José Apparecida.
Depois do Sr. Elias Saade os presidentes que realizaram obras importantes no estádio da AEB foram: Antonino José Martins que cobriu as duas principais arquibancadas e Lindiomar José da Silva. Este conseguiu com o apoio do deputado José Ferraz, a iluminação do estádio e da quadra poliesportiva, sonho antigo de todos os desportistas bambuienses. Os refletores foram inaugurados em 29 de maio de 1986 com a realização da partida entre AEB x Clube Atlético Mineiro. No dia da inauguração o presidente da AEB relembrou em seu discurso o saudoso Elias Saade: “A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor, uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis o sonho de todos os desportistas se concretizando, tornando-se real. Estivesse fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE, (e cremos que, de alguma maneira sutil, ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca, sua própria bandeira!…
Em fins de 1966 e início de 1967 a AEB encaixou uma série extraordinária de partidas invictas. Venceu praticamente todas as equipes de Divinópolis. Foram 13 vitórias e um empate. Marcou 50 gols e sofreu apenas 8. Eis os jogos e resultados:
* AEB 6 x 0 Nacional de Lagoa da Prata, em 06-11-66;
* AEB 3 x 1 Vila de Formiga, em 13-11-66;
* AEB 5 x 1 Laprata de Lagoa da Prata, em 20-11-66;
* AEB 6 x 1 Sétimo Batalhão – Bom Despacho em 27-11-66;
* AEB 1 x 1 Nacional de Lagoa da Prata, em 30-11-66;
* AEB 2 x 0 Grêmio de Divinópolis, em 04-12-66;
* AEB 4 x 1 Guarani de Divinópolis, em 18-12-66;
* AEB 6 x 1 A.E.Camposaltense, em 08-01-67;
* AEB 2 x 0 CIT F. Clube de Araxá, em 14-01-67;
* AEB 5 x 0 Ferroviário Atlético Clube de Divinópolis, em 22-01-67;
* AEB 2 x 1 Flamengo de Divinópolis, em 29-01-67;
* AEB 6 x 0 Indústria de Luciânia de Lagoa da Prata, em 12-02-67;
* AEB 2 x 1 A.E.Camposaltense de Campos Altos, em 19-02-67.
            Destes jogos, o empate em 1 a 1 com o Nacional foi realizado em Lagoa da Prata e a vitória de 2 a 1 sobre o Camposaltense foi em Campos Altos. Os demais jogos foram realizados no Estádio Sinfrônio Torres. O artilheiro desta série foi o extraordinário Cecílio, com 14 gols, seguido pelo não menos extraordinário Cará com 10.
            Logo após essa série, a AEB que perdera a invencibilidade jogando com o Sparta de São Gotardo quando perdeu por 1 a 0 em São Gotardo, a AEB descontou sobre o outro Sparta de Campo Belo quando venceu por 5 a 2. Foi a primeira partida noturna da AEB. Nesta partida os gols foram de Cecílio (2), Luiz Morgado (3). Os gols do Sparta foram marcados por Zé Morgado que nesta época jogava pela equipe de Campo Belo. Sem dúvida um grande feito da AEB.
            A principal conquista da AEB aconteceu em 27 de setembro de 1981. Presidia o clube o Sr. José Vitalino Chaves. A AEB conquistou seu primeiro título de âmbito regional. Em um campeonato promovido pela Liga Amadora Formiguense envolvendo equipes da região. A AEB conquistou o direito de disputar o título contra a temível equipe do Ypiranga de Arcos. No primeiro jogo em Bambuí houve empate em 1 a 1. Motivo de comemoração da apaixonada torcida ypiranguista que acreditava que em seus domínios, no seu estádio que mais parece um caldeirão, seria “fava contada”. E o churrasco estava preparado. Mas a equipe da casa foi surpreendida pela aguerrida equipe azul e branca de Bambuí que lhe arrebatou o título.
            Deixemos um cronista arcoense narrar a façanha da AEB. “No meio de toda essa solidão (de títulos) e angustia, a solidão mordendo na angustia, e a angustia mordendo na solidão. Sabe quem está dançando? O amor. O amor passional do povão. Imagino-o, pequeno, se escondendo dessa guerra de morde-morde. Vendo um fantasma. O fantasma das decisões.E você define bem a final. Todo mundo vem morde, e leva o caneco. E dessa vez quem mordeu foi um garoto de dezessete anos, com pernas tortas de nome Arlei. E quem nos segurou foi um beque valente, de nome Jaci. Esse beque, místico por sinal, só jogava com a camisa de número três. Para ele um número cabalístico. Mas voltando ao beque Jaci Claudina Macedo, você, o Laert do Julião, e tantos outros leitores dessa coluna, que assistiram no Estádio do Ypiranga a partida final, viram, depois do título ganho pela AEB o beque Jaci, de joelhos, ir de um dos gols até o meio do campo, pagando a promessa que fizera. Todos nós sabemos que Deus é tão Ypiranga quanto AEB, mas essa promessa valeu como força positiva ”. O cronista definiu com muita propriedade a grande façanha da AEB. Os campeões regionais da AEB foram os seguintes: Baitola, Zé Mariinha, Jaci, Zé Cláudio e Tibeca, Paulo César, Divino, Jaime, Batata, Roberto e Arlei (Butininha). O técnico foi Jadir de Castro Camargos “Bolão”.
Capítulo III
            As gestões do Sr. Elias Saade frente à AEB levaram o clube azul e branco bambuiense à fama nacional através de sua profissionalização na década de 60. Pode-se dizer que o Sr. Elias Saade foi o Getúlio Vargas com espírito de Juscelino Kubitschek no futebol bambuiense, especialmente para a AEB, isso porque queria se perpetuar no cargo, tamanha sua paixão por este clube e ao mesmo tempo parecia querer avançar trinta anos em três, se assim podemos dizer, pois a gestão se constituía em triênios. No caso de JK é claro, o pensamento era 50 anos em cinco, pois este era o período de gestão e para o Sr. Elias Saade a filosofia parecia ser a mesma. A AEB era a sua segunda família, o que gerava até certo ciúme por parte de seus familiares que viam ele fazer de tudo pelo futebol bambuiense, era uma paixão incontrolável, era um amor incondicional. Considerado um homem a moda antiga, não era de muita explicação ou muito papo, simplesmente fazia acontecer. Dedicava-se ao seu trabalho e as suas obrigações para sustentar sua família com dignidade e ficava pouco tempo em casa, pois seu “tempo livre” eram dedicados a AEB.
            Elias Saade e sua família Aebense: Em relato de sua filha Elizete Saade ela conta como era essa paixão do Sr. Elias Saade pelo time bambuiense: “O meu pai foi presidente da AEB durante anos. Eu costumo dizer que ele não foi apenas presidente, porque nós, sua família, testemunhamos a dedicação e o empenho dele em relação ao time, ao estádio, aos jogadores”. Pode-se dizer que a pedra fundamental para o sucesso da AEB foi colocada por Elias Saade, que através de sua influência social e política, apoiado pelos desportistas da época conseguiu a doação de um terreno para começar a estruturação do clube. Naquela época, até meados dos anos 55 eram realizados rodeios, festas do peão, eventos culturais, apresentações musicais e exposições agropecuárias no terreno onde hoje se localiza o Estádio da AEB. Era um terreno vago de posse da Prefeitura Municipal de Bambuí, sem muita estrutura para o público ou sequer para uma possível prática esportiva. Era um verdadeiro “lotão vago” no Centro de Bambuí. Deste terreno também saíram alguns causos sobre Tatus do centro de Bambuí que mais tarde viria a motivar a escolha do Tatu-Canastra como mascote oficial da AEB.
           Certidão de Doação do Terreno: A certidão original de entrega do terreno para a Associação Esportiva Bambuiense pelo prefeito municipal José Augusto Chaves foi datada em 29 de Outubro de 1957, na qual consta redigido o seguinte texto: “Certifico que, do requerimento protocolado sob o número 124, em 5 de maio de1955, consta do mesmo o despacho do senhor Prefeito de CESSÃO de um terreno a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA BAMBUIENSE, representada pelo seu presidente senhor Elias Saade. Terreno este situado entre as Ruas Benedito Valadares e rua Afonso Pena, com área de 8380,00 m² mais ou menos; confrontando terrenos de Wilson de Oliveira, Córrego das Almas e com as ruas acima mencionadas e Terrenos do Fórum local; valor de CR$ 2800,00. O referido é verdade. Eu, Antônio Montijo, Secretário da Prefeitura, lavrei a presente certidão que assino.” Esta certidão foi registrada em cartório dois dias após ser emitida e assinada, no dia 31 de outubro de 1957.
Capítulo IV
No ano de 1947, graças a contribuição de sócios, desportistas do município e empresários da época amantes do futebol, a AEB foi registrada em Cartório tornando-se pessoa jurídica. Dez anos depois, no ano de 1957, conforme relatamos na edição passada receberia a doação de um dos terrenos mais valiosos e importantes no centro de Bambuí para a construção de sua sede. Após este marco histórico, o senhor Elias Saade voltou todos os seus esforços em prol da estruturação do clube e relatou esse histórico com suas palavras em manuscrito, no qual foi redigido: “No momento (a AEB) está empenhada na campanha, desde já vitoriosa, da construção das arquibancadas em seu estádio. É, a Associação Esportiva Bambuiense, é um dos grandes e principais motivos de orgulho da gente de Bambuí. O seu padrão de vida, moldado no mais puro e irrestrito amadorismo, no respeito e lealdade para com os adversários, tem lhe proporcionado um grande cartel de vitórias sociais e esportivas. Mantém, sempre, os seus departamentos – amador, juvenil e infantil – em franca atividade esportiva. Possui em seu estádio, vestiários e dormitórios para quadros visitantes; uma belíssima quadra de voleibol e basquetebol, pavimentada com cimento e iluminada para jogos noturnos; seu campo de basquetebol, bem como o de futebol, são dotados de alambrados, oferecendo não só, certa garantia aos jogadores, como, também, mais conforto aos assistentes”.
A Filosofia de trabalho e o reconhecimento da AEB: Naquela época, ele enxergava a AEB como um time amador que estava sendo engrandecido aos poucos, na humildade do seu trabalho e que apesar de tudo carregava a filosofia de “Respeito e Lealdade” consigo e com os jogadores. Quem quer que trabalhasse com ele ou se dispusesse a fazer algo pela AEB teria que atender a estes dois princípios, mais a AEB não ficou só no amadorismo, os frutos de seu grandioso trabalho seriam colhidos mais tarde na década de 60 quando a AEB chegou ao profissionalismo do futebol. O sonho de que a AEB fosse um tradicional time amador reconhecido por toda Minas Gerais foi alcançado e ultrapassou estes limites chegando ao profissionalismo.
Capítulo V

Um profissional atleticano no elenco bambuiense: Na década de 50 a Associação Esportiva Bambuiense (AEB) montou um dos melhores times da sua história, time até hoje relembrado pelos saudosistas contadores de “causos” das pracinhas de Bambuí. Um fato interessante deste timaço era a presença de um jogador profissional de destaque integrante da equipe. O centro avante Walter José Pereira (Vavá) era jogador do Atlético Mineiro, natural de Sacramento-MG, ele sempre era convidado pelo seu amigo Manoel Alvarez (Manezinho) para reforçar a equipe da AEB em jogos importantes. Nesta época Manezinho e Vavá estudavam juntosem Belo Horizonte.

Pouco tempo depois, de volta ao Atlético Mineiro, Vavá participou da excursão que renderia ao time alvinegro uma das suas grandes conquistas, exaltada até hoje no seu hino. O Galo realizou em 1950 uma excursão inédita pela Europa, coisa que naquela época ainda não era realizada pelos clubes de futebol. Nesta excursão foram disputados entre os dias 2 de novembro e 7 de dezembro daquele ano, dez partidas contra equipes da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França.
O Atlético-MG conquistou seis vitórias, dois empates e apenas duas derrotas, recebendo o título de “Campeão do Gelo”, estando Vavá presente nestes jogos. O nome de campeão do gelo foi dado pelo fato deste time ter realizado uma campanha vitoriosa nos frios gramados do Velho Continente, estando alguns até mesmo cobertos de neve. Integraram esta equipe os goleiros Mãos de Onça e Kafunga, que mais tarde viria a Bambuí conhecer os gramados da AEB; os defensores Juca, Márcio Pirulit, Afonso, Moreno, Oswaldo e Vicente Peres; os meias Barbatana, Haroldo, Lauro e Zé do Monte; no ataque figurava Alvinho, Vavá, Lucas, Murilinho, Nívio, Vaguinho e Zezinho. O Técnico desta equipe precursora foi Ricardo Diez. O atacante Vavá jogou 118 partidas pelo Atlético-MG e marcou 58 gols. Antes de passar pelo Galo e disputar algumas partidas pela AEB foi jogador do Formiga E.C., do município de Formiga-MG e do Naja de Araxá-MG.


Capítulo VI
        Nos anos 50, quando aconteceu a Copa do Mundo no Brasil, a qual também teve sua transmissão pela TV, que naquela época só os “ricos” possuíam, ampliou ainda mais a paixão do brasileiro pelo futebol e no interior do país esta paixão tomou conta das cidades. Não eram raros os jogos amadores entre equipes de cidades vizinhas. Cada cidade tinha seu time amador, às vezes vários times amadores e nesta época as excursões de final de semana eram a diversão dos jovens. A maior alegria dos jovens era vestir a camisa de seu time e viajar para outras cidades a fim de jogar uma bela partida representando o seu município. Para as cidades que sediavam estes jogos também era uma festa para a população. Nas administrações do Sr. Elias Saade, não foram poupados esforços para que as atividades esportivas da AEB fossem mantidas, o time bambuiense chegou a jogar em inúmeras cidades do centro-oeste e sul de Minas Gerais.

          As pedras no caminho foram puladas: Naquela época as coisas eram muito mais difíceis do que nos dias de hoje: era difícil conseguir uma condução para os jogadores, era difícil conseguir uniformes e chuteiras para os jovens que tanto queriam representar Bambuí, não havia patrocinadores ou pessoas interessadas em investir no esporte, muito menos em futebol amador, não havia leis de incentivo ao esporte e verbas municipais como existem hoje, as estradas de terra batida e os campos então? Apesar das dificuldades a AEB sempre realizava suas excursões tendo passado desde campos de várzea com gols de bambu até estádios glamurosos.

        
          Dedicação a AEB: Elizete Saade, filha do grande mestre relatou ao Canastra Esporte Clube que a família sempre o acompanhava nas viagens com o time nos jogos disputados pela região e para ajudar nas despesas do time e na manutenção do clube o Sr.Elias Saade colocava suas filhas para vender rifas durante os jogos. Elizete também relatou um dos maiores exemplos, que mostra o tamanho de sua dedicação dizendo: “Ele sempre estava colaborando, de alguma forma, com os jogadores, especialmente aqueles que não tinham muitos recursos próprios. Lembro-me de vir a BH, junto com meu pai, para trazer a mãe de um jogador (provavelmente devido a questões de saúde). Bambuí não contava com muitos recursos, os tempos eram outros, e o meu pai sempre se dispunha a “quebrar os galhos”. Ele abraçava qualquer dificuldade que houvesse – repito: do futebol, do time, dos jogadores, do estádio.”

              Um jovem que deixou saudades: Um fato marcante durante a jornada de Elias Saade frente a AEB que ficou marcado na história do clube foi o fatídico falecimento do jovem popularmente conhecido como Nenê da Nina, causado por afogamento. Era um grande jogador que passou pelos gramados da AEB, seu falecimento foi um choque para toda a população bambuiense e comoveu o presidente da AEB de tamanha forma que ficou registrado como se fosse hoje este momento na lembrança de sua filha: “O que me marcou foi a atitude do meu pai: eu achei que ele iria morrer junto, tamanha a sua comoção. Mesmo assim, ele tomou todas as iniciativas, chamou corpo de bombeiros não sei de onde, imagino que o desejo era salvar o Nenê a qualquer custo, ressuscitá-lo se necessário fosse.” – disse Elizete Saade.

        Campeonato Municipal de Clubes na AEB: Na década de 60, existia o Campeonato Municipal de Clubes que era disputado nos moldes de um campeonato mineiro, com primeira e segunda divisão, nesta época a AEB patrocinou a segunda divisão deste torneio cedendo o Estádio para os jogos. Participavam deste torneio o Combinado do Dr. Jandir (Mais tarde viria a se transformar no grandioso Zíngaro Atlético Clube), Associação Esportiva Internacional, Liga Esportiva Ginásio Antero Tôrres, Cruzeiro Futebol Clube, Primavera Futebol Clube, Combinado Marta Rocha e Combinado Geraldo Bernardes de Faria. Nesta época, juntamente com o Sr. Elias Saade figuravam na diretoria da Gil Tôrres como Vice-presidente, Hênner Tôrres como primeiro Secretário, José Salomão Farah como segundo secretário, Jurandir Lima e Maria Geralda Gianecchini como primeiro e segundo tesoureiros, respectivamente.

Capítulo VII

Jogos com times do Rio de Janeiro: Algumas equipes do Estado do Rio de Janeiro passaram pelo município de Bambuí no final dos anos 50 e início dos anos 60, e pode-se dizer que os jovens medalhões da AEB corresponderam em campo como time grande perante estes adversários. Jogando sempre de forma acirrada com todos, ainda mais dentro de casa, no Estádio Sinfrônio Tôrres, que sempre ficava lotado pela torcida. No dia 17 de maio de 1959 a AEB enfrentou a equipe conhecida como Canto do Rio, em um jogo amistoso e teve seu primeiro triunfo contra times de outros estados, vencendo a partida por 1 a 0 com um golaço de Chinelo, jogador muito querido pela torcida daquela época, que tinha vindo do Formiga E.C. para jogar na AEB. Os jogadores que atuaram nesta partida pelo time da AEB foram: Leomagno, Rui, Múcio, Davi, Faria, Arnaldo, Kleber, Nivaldo, Miraúna, Padre Mario, Ivar, Chinelo e Bocage (goleiro reserva). Esta equipe que jogou a partida amistosa contra a AEB havia conquistado o Torneio Início do Campeonato Municipal de Niterói em 1958.
AEB x Vasco da Gama: A partir deste jogo com o Vasco da Gama a AEB viria a se tornar um importante clube, reconhecido nacionalmente em função das notícias de seus jogos amistosos com clubes profissionais do futebol brasileiro, sendo estas partidas noticiadas por todo o Brasil. Esta primeira partida entre AEB e Vasco da Gama foi relatada pelo Jornal Tribuna do Oeste, que redigiu a seguinte reportagem: “Quarta-feira, dia 8 (de junho de 1960), realizou-se em Bambuí o encontro do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, com a AEB, tradicional entidade esportiva local. Saiu vitorioso o Vasco, pela contagem de 4×1. A renda ultrapassou à casa dos noventa mil cruzeiros. Quase duas mil pessoas presenciaram o jogo, que marcou, na vida esportiva da cidade, um acontecimento dos mais tratos. A presença em Bambuí de um dos mais famosos clubes do país deu oportunidade de conhecer de perto, alguns dos maiores astros do futebol nacional”.

O Clube de Regatas Vasco da Gama, nos anos de 1956 a 1960 montou um time incrível, admirado por todo o país. Este time, que o público bambuiense pode conhecer havia conquistado o Campeonato Carioca de 1956, 4 torneios internacionais em 1957 (Chile, Peru, França e Espanha) e foi campeão do Torneio Início-RJ, Torneio Rio-São Paulo e Campeonato Carioca no ano de 1958, recebendo também o título de Super-Super Campeão Carioca neste ano, isso porque naquela edição do campeonato três times terminaram a competição com o mesmo número de pontos. Para decidir o título foi necessário realizar dois triangulares extras entre Vasco, Flamengo e Botafogo. Estes triangulares receberam os nomes de supercampeonato e super-supercampeonato, respectivamente.  No dia 10 de janeiro o Vasco venceu o Botafogo por 2 a 1 e, com o empate entre Flamengo e Botafogo, o time cruzmaltino chegou a rodada final precisando apenas de um empate contra o rival rubro-negro. O Vasco da Gama empatou em 1 a 1 com o Flamengo, resultado que foi suficiente para se tornar o Super-Super Campeão de 1958.

Na partida contra a AEB o Vasco jogou com: Miguel, Nivaldo, Viana, Laerte, Orlando Peçanha, Joel, Itajubá, Teotônio, Cunha, Valdemar e Roberto Peniche. A AEB jogou com: Bocage, Múcio, Zé Faria, Arnaldo, Davi, Rui Izaias, Nenê da Nina, Miraúna, Tarcísio, Cléber e Niraldo. Pouco mais de um ano depois, no dia 21 de junho de 1961 a AEB novamente recebeu a equipe do Vasco da Gama no Estádio Sinfrônio Tôrres. Desta vez a equipe azul e branca de Bambuí fez um grande jogo, evitando uma nova goleada, entretanto, não puderam parar o ataque dos Super-Campeões Cariocas. A AEB perdeu a partida por 2 a 0, tendo como destaques Múcio e Faria em campo. A AEB jogou com Rubens “Surubi”, Múcio, Romeu, Rui, Nivaldo, Faria, Morgado, Tarcísio (depois Nélio), Dé, Niraldo (depois Arnaldo), Antero (depois Miraúna). O grande time do Vasco da Gama atuou com Miguel, Nivaldo, Viana, Laerte, Orlando Peçanha, Joel, Itajubá, Maranhão, Teotônio, Cunha, Valdemar e Roberto Peniche. Segundo relatos da época a renda foi C$ 79.269,00.


Capítulo VIII

Em 10 de junho de 1961 a AEB recebeu o São Cristóvão Futebol e Regatas do Rio de Janeiro. A equipe carioca venceu por 5 a 2. Os gols da AEB foram marcados por Dé e Anterinho. A AEB enfrentou o São Cristóvão jogando com: Rubens “Surubi”, Romeu, Dirceu (Roberto), Rui, Nivaldo, Faria, Morgado, Dé (Nélio), Anterinho, Cléber (Arnaldo), Miraúna (Assis “Fusa”). Segundo anotações do Sr. Elias Saade, os melhores em campo foram: Anterinho, Rui e Morgado. Nesta partida uma particularidade, quatro jogadores da AEB eram irmãos: Rubens, Romeu, Roberto e Rui os filhos do “Cumpadre”. Todos jogavam muita bola.

No dia seguinte (domingo) as duas equipes se enfrentaram novamente. Desta feita a AEB levou a melhor e venceu por 2 a 1. Os gols foram de Dé e Tarcísio. A AEB jogou com: Rubens “Surubi”, Múcio (Faria), Romeu, Rui, Nivaldo (Arnaldo), Faria?, (Nivaldo?), Morgado, Dé, Tarcísio (Anterinho ?) Niraldo, Miraúna?. Para esta partida, o orgulhoso Elias Saade anotou em sua cadernetinha: “Não há nomes a destacar: Todos com esplendida atuação”. O goleiro “Surubi” era uma atração a parte e levantava a torcida, sempre gostava de enfeitar suas defesas fazendo-as parecerem mais difíceis que realmente eram. Seu porte físico, magro e alto, lhe proporcionava essa plástica nos lances.
Troféu Metrobaminas: Em 1962, a AEB foi para a Capital Mineira e conquistou por lá a maior vitória de toda a sua história. A maior goleada que a AEB impôs a um adversário aconteceu em 29 de julho de 1962. O adversário o Metrobaminas de Belo Horizonte. O Placar foi de 14 a 2 afavor da AEB. Nessa partida o time da casa jogou com: Coquetel, Múcio, João José, Camilo, Rui, Edílson (Nivaldo), Miraúna, Elcio Azzi, Maurício, Dé (Assis) e Luiz. A partida rendeu um troféu ao time azul e branco que se encontra na galeria da sua sede, é um dos troféus mais antigos do clube.
AEB x Flamengo: No dia 6 de outubro de 1963 a AEB realizou um amistoso contra outro grande clube brasileiro. O Flamengo, time profissional do Rio de Janeiro havia conquistado o Torneio Quadrangular da Tunísia em 1962 e o Campeonato Carioca de 1963. A equipe do Rio contava com vários de seus principais valores, inclusive o lendário João Batista Sales (Fio Maravilha), autor de um dos gols. A equipe do Flamengo venceu por 2 a 1. O Gol da AEB foi marcado por Tarcísio. A AEB jogou com: Bolão (Coquetel), Edjar “Boi de Toca”, Roberto Izaias, Antonio Camilo, Hilton Rogério “Popó”, Arnaldo, Edílson, Maurício, Morgado, Tarcísio (Agnelo) e Luiz Morgado. “Fio Maravilha” entrou no segundo tempo para fazer o gol da vitória. Chutou de “bico” uma bola venenosa que o goleiro Bolão não conseguiu segurar.

          AEB x Guarani de Divinópilis: No final do ano de 1963, no dia 18 de dezembro aconteceu mais um grande jogo da equipe bambuiense contra o Guarani de Divinópolis, time profissional, que naquela época disputava o Campeonato Mineiro da primeira divisão. Havia sido vice-campeão mineiro em 1961, ocasião da qual o campeonato foi disputado por pontos corridos e teve o Cruzeiro E.C. de Belo Horizonte como o campeão. A AEB venceu a partida por 4 a 1, com dois gols de Cecílio e dois de Cará. Uma bela partida, que apesar da goleada fora muito disputada, mais neste dia os ventos sopravam a favor da equipe celeste bambuiense que fez a festa com sua torcida e encerrou as atividades daquele ano em grande estilo. Nesta partida a AEB foi escalada com: Bolão, Jaci, Cabrita, Popó, Amadeu, Cará, Maia, Morgado, Cecílio, Luiz e Tim. No ano seguinte, o time do Guarani de Divinópolis que outrora saíra derrotado de Bambuí foi campeão do Torneio Início do Campeonato Mineiro nos pênaltis, sobre o Atlético-MG após ficar no empate por 0 a 0 no tempo regulamentar.


Capítulo IX

Crônica de 1947: Neste ano, o time da AEB foi disputar uma partida em Araxá-MG contra o Ipiranga. A equipe bambuiense deu um verdadeiro espetáculo nos gramados da terra da Dona Beija e venceu a equipe da casa por 3 a 1. Empolgado com a atuação do time, o Sr. Geraldo Coimbra da Silva redigiu uma paródia sobre este jogo que merece ser reproduzida na íntegra, tamanha sua empolgação e criatividade: “No dia 20 de julho, na cidade de Araxá, o time de Bambuí com o Ipiranga foi jogar…Diretores do Ipiranga não foram nos esperar. Entrou a AEB no estádio, vejam só o que aconteceu: um quadro envenenado no campo apareceu. Era o tal Ipiranga que no Bambuí mordeu! Com a dentada do Ipiranga, Bambuí nem se mexeu. Com os 3 a 1 no placarde, o Ipiranga enlouqueceu, de ver o samba rasgado que o Bambuí lhe deu!O Chaves pegou a bola, deu ao Perez de primeira. Ele tapeou o Tilim, e também toda a bequeira. Deu um passe ao careca que recebeu na carreira…Careca pegou o coro e correu muito ligeiro, marcando o 3º golo, com Bita que era frangueiro. E a marota ficou danado…chorou o dia inteiro! Diretores do Ipiranga, torcedores não regula, assistência endiabrada, a tela de arame pula. Cidadão Chico Peneli de vermelho fica fula.Perigosa assistência no campo apareceu. Gritando vamos ganhar, pois Araxá nunca bateu. Este Bambuí é duro, em Araxá sempre venceu! O Zuzú encapetado cantou versos pra gran-fina, dizendo vou enfrentar o campeão da disciplina…E o jogo não terminou, virou uma carnificina. ”. Este texto foi redigido baseado na música “Mula Preta” e publicada no dia 27 de julho de 1947 em um jornalzinho local.
Treinador Espanhol na AEB: Um dos mais importantes e renomados treinadores que dirigiu a AEB foi o espanhol “Dom” Miguel Trinchant. Veio para o Brasil em 1950 com a seleção de seu país, da qual era preparador físico. Por aqui ele ficou, entre outros motivos, para livrar-se dos rigores da ditadura do generalíssimo Franco (Francisco Franco Bahamonde). Antes de vir para Bambuí, treinou algumas equipes do interior de Minas, inclusive em Ponte Nova, onde foi responsável pelo lançamento do craque Reinaldo do Atlético Mineiro. Em Bambuí, nas duas vezes em que esteve dirigindo a AEB levou o time a memoráveis vitórias, disputando a Primeira Divisão Profissional. Quando estava aborrecido, proferia seu famoso jargão: “Que lo pario”. Após sua brilhante passagem pela AEB, transferiu-se para Araxá onde treinou o Araxá Esporte. Miguel Trinchant prezava o futebol arte. As equipes por ele treinadas jogavam com inteligência e eficiência. Tempos depois, agora com a AEB novamente na condição de clube amador, “Dom” Miguel retornou a Bambuí e novamente dirigiu a equipe, por pouco tempo.
          Atlético Mineiro Júnior em Bambuí: A primeira vez que Bambuí recebeu uma grande equipe mineira foi no ano de 1963. No dia 15 de agosto, a AEB venceu o time júnior do Atlético-MG por 2 a 1. Os jogadores bambuienses que atuaram nesta partida foram: Bolão, Edjar, Roberto, Rui, Hilton, Edílson (Arnaldo), Tarcísio, Zé Morgado, Maurício, Nenê (Dé), Luiz Morgado. Os dois gols da AEB foram marcados por Maurício.

 

 

             AEB profissional: No ano de 1966, na gestão do Sr. Elias Saade, a AEB tornou regular toda a sua documentação perante a Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, para se tornar uma agremiação do futebol profissional. As disputas de jogos com equipes renomadas de Minas Gerais e de outros estados, principalmente equipes profissionais emocionavam a vida dos cidadãos bambuienses nas décadas de 50 e 60. O campo da AEB vivia lotado de torcedores todos os finais de semana. Não existia TV, não existia internet, não existia video-games, a diversão da garotada e também dos grandes homens, é claro, era o futebol. Podia-se passar um dia inteiro na beira de um gramado e para a população também era uma atração e tanta poder ver de perto seus filhos bambuienses frente a grandes equipes do futebol brasileiro. E parecia não haver limites para os homens daquela época, tanto os que trabalhavam por trás do clube na administração quanto aos jogadores pelo compromisso com a camisa alvi-celeste bambuiense. O futebol de Bambuí saíra das quatro linhas do amadorismo para entrar no mundo profissional e Dom Miguel com certeza foi um dos importantes homens que incentivaram e elevaram a AEB a este nível.

Capítulo X
          AEB no Campeonato Mineiro: Todos os jogadores que atuavam na AEB foram registrados na Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, e receberam oficialmente suas carteiras de identificação como profissionais da bola, na qual constava a profissão “futebolista”. O presidente da CBD na época era João Havelange, entretanto as carteiras foram assinadas por Edison Oliveira, que possivelmente seria um representante da confederação em Minas Gerais. O Estádio também foi registrado na CBD para oficializar o mando de campo da equipe de Bambuí, sendo este denominado Estádio Sinfrônio Tôrres. O Estádio apresenta capacidade para um público de 4000 pessoas.
        Os primeiros jogos profissionais: No ano de 1966 a AEB disputou a primeira divisão do Campeonato Mineiro. Naquela época existia a Divisão Extra onde jogavam Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG, Vila Nova de Nova Lima e outros grandes times das Minas Gerais. A primeira divisão daquela época equivale ao Módulo II do Campeonato Mineiro dos tempos atuais, no qual as equipes que disputava a final (campeão e vice) tinham o acesso para disputar a Divisão Extra. Na época todos os jogadores do quadro de profissionais da AEB tinham seus contratos assinados para três anos conforme a data que eram integrados ao grupo e recebiam pelos jogos que disputavam, afinal, o futebol em Bambuí deixou de ser uma mera brincadeira e se tornou uma profissão para diversos jovens da época.
       Um início frustrante: No ano de 1966, a AEB não teve grande sucesso na sua primeira experiência como profissional e deixou o torneio na primeira fase. A equipe bambuiense jogou com times como Dorense (Dores do Indaía), Zacarias (Dores do Indaía), Capri (Pompéu), Cristalino (Pompéu), Comercial (Campo Belo) e Sparta (Campo Belo). Estas informações foram nos contada pelo Sr. Jaime Batista (Baitôla) que teve participação inesquecível neste glorioso plantel dos anos 60, atuando como um dos maiores goleiros que a torcida bambuiense já presenciou em campo.
       O Ano de ouro da AEB profissional: Em 1967, a AEB entrou novamentre na disputa do Campeonato Mineiro da primeira divisão. Este ano ficou marcado na memória dos desportistas de Bambuí e existem registros mais detalhados desta época, inclusive a tabela com todos os jogos da primeira fase foi guardada por Lindiomar J. Silva que até os dias de hoje mantêm a sete chaves este tesouro. Nesta tabela, apenas o primeiro jogo da primeira fase entre Flamengo e Sparta não foi registrado. No ano de 1967, na Divisão Extra do Campeonato Mineiro, o time do Formiga (município vizinho a Bambuí) teve o melhor desempenho entre as equipes do interior que disputavam esta divisão, ficando atrás apenas de Cruzeiro (Campeão), Atlético-MG e América e recebeu o título de “Campeão Mineiro do Interior”. Não havia Módulo I e II da primeira divisão e Segunda divisão como hoje. A primeira divisão do campeonato mineiro era regionalizada e os campeões regionais jogavam entre si para decidir o campeão geral da desta divisão.
         Desempenho da AEB no Campeonato Mineiro: Na Tabela da Chave do Campeonato Mineiro do qual a AEB participou atuaram 10 equipes, sendo as demais: Flamengo (Conselheiro Lafaiete), Sparta (Campo Belo), Comercial (Campo Belo), Social (Oliveira), Dorense (Dores do Indaía), Cristalino (Pompéu), Paraense (Pará de Minas), Guarani (Divinópolis) e Laprata (Lagoa da Prata). A primeira partida foi realizada em 09 de Julho de 1967, estreando com derrota de 3 a 1 para o Comercial de Campo Belo. Na segunda rodada venceu o Flamengo em casa por 2 a 0, no dia 16 de julho. Na terceira rodada conseguiu uma vitória apertada, vencendo por 1 a 0 o time do Cristalino fora de casa, no dia 23 de julho. Nesta mesma rodada, o Flamengo que havia sido derrotado pela AEB em Bambuí tomou uma goleada histórica do Guarani, perdendo por 11 a 1. No dia 30 de julho veio a segunda derrota bambuien-se no campeonato, sendo derrotado pelo Sparta por 2 a 0.

AEB x Guarani de Divinópolis: Já no início de Agosto (06/08/67) o time alvi-celeste fez bonito em Bambuí e conseguiu a vitória sobre o Guarani pelo resultado de 1 a 0, um jogo disputadíssimo, mais que mostrou a qualidade do grupo bambuiense sobre um adversário forte e fez a torcida enlouquecer de alegria, alcançando a sua terceira vitória na competição estadual. O Guarani estava com 100% de aproveitamento no campeonato até este jogo que ficou marcado historicamente para a AEB.


Capítulo XI

         AEB no Campeonato Mineiro … Jogo Incrível em Pará de Minas: No dia 13 de Agosto, na cidade de Pará-de-Minas o placar foi um incrível empate de por 5 a 5. Isso mesmo! Uma partida de dez gols, cinco para cada lado. Nessa partida o goleiro era o Bolão, a AEB estava ganhando de goleada, até que um jogador do Paraense mudou a história dessa partida. A AEB estava ganhando de 5 a 2 e João Ribeiro marcou três gols, levando a esse empate espetacular. Uma verdadeira batalha dentro de campo entre a AEB e o Paraense.

Primeira derrota da AEB dentro de casa: No dia 20 de agosto, o time bambuiense amargou sua primeira derrota dentro de casa, perdeu por 3 a 1 para o time do Dorense que vinha mal no campeonato e até aquele momento só havia conseguido uma vitória magra de 1 a 0 contra o Sparta na terceira rodada. Na penúltima rodada, a AEB enfrentou o Laprata em grande jogo na cidade de Lagoa da Prata, que terminou sem gols.
AEB tira invencibilidade do Social: No último jogo, em Bambuí a AEB mais uma vez abriu o marcador primeiro e consolidou a vitória por 1 a 0 sobre a equipe do Social que estava invicta no campeonato mineiro, com 7 vitórias e um empate. Era uma equipe muito temida pelos adversários e geralmente ganhava seus jogos por dois ou mais gols. A sua única derrota foi para a AEB, no Estádio Sinfrônio Tôrres, fato que marcou profundamente a história do time bambuiense e deixou a torcida empolgada para a disputa da fase seguinte. Com a campanha de quatro vitórias, dois empates e três derrotas a AEB classificou em quarto lugar para a fase semifinal. Nesta fase, haveria uma disputa em formato de triangular entre AEB, Sparta de Campo Belo e Cassimiro de Abreu de Montes Claros para disputar uma única vaga. Foram jogos de ida e volta. A primeira partida da semifinal da AEB foi em Montes Claros contra o Cassimiro de Abreu, time da casa. Eram jogos de ida e volta. O Sparta virou “Caixa de pancada” nessa fase, segundo relatos do Sr. Jaime Batista. Este primeiro jogo ficou 0 a 0.
AEB se complica na fase final do Mineiro de 1967: Na segunda partida do triangular semi-final, a AEB recebeu o Sparta em Bambuí, em um jogo que parecia ser fácil, a equipe de Campo Belo surpreendeu e manteve o jogo empatado em 0 a 0 com a AEB, complicando a vida do time bambuiense que sonhava com a classificação. Aquele time que outrora era visto como “caixa de pancada” deu aperto para o time alvi-celeste frente a sua torcida. No jogo de volta, contra o Cassimiro de Abreu em Bambuí, as esperanças acabaram com a derrota por 2 a 0 para o time de Montes Claros. Depois desse jogo, a AEB sem chance de classificar para a Divisão Extra perdeu jogadores importantes de fora que haviam sido contratados para aquele plantel, como Amadeu do Guarani de Divinópolis.
Jogadores da AEB conheceram a “Mala Preta” no campeonato mineiro: Na última partida do quadrangular, em Campo Belo, contra o Sparta a AEB entrou com um time misto, daqueles que eram titulares durante a competição restaram apenas o Jaime (Baitôla), Cará, Cabrita, Jaci e o Popó. Os demais jogadores que compunham esse time foram Geraldinho Camilo, Lisboa (da cidade de Raposos-MG), Zé Maria, Mauro, Nêgo (de Franca-SP), Agnelo e Erivelton (de Campo Belo). “Neste jogo eu conheci a chamada mala preta, porque o Cassimiro de Abreu precisava desse resultado, porque depois desse nosso jogo contra o Sparta, o Cassimiro tinha a sua última partida em Campo Belo e ele precisava do resultado (…) um senhor chegou pra gente e disse: vocês tem 700 mil Cruzeiros para uma vitória, o Cassimiro de Abreu precisa dessa vitória, se vocês vencerem levam esse dinheiro e a gente ganhou esse jogo de 2 a 1, um jogo difícil demais.” – relatou Sr. Jaime Batista. Neste jogo, o primeiro tempo foi truncado e terminou em 0 a 0. No segundo tempo, a AEB tomou o gol bem no início da partida. Parecia que a AEB encerraria o campeonato mineiro com mais uma derrota. A AEB, entretanto, não se intimidou e partiu pra cima buscando a vitória e conseguiu virar o placar com dois gols de pênalti cobrados por Cará, isso foi nos 15 primeiros minutos do segundo tempo. Depois o time bambuiense sofreu uma pressão absurda, um verdadeiro bombardeio do time do Sparta e conseguiu segurar a vitória.

Fim da Era profissional: Em 1968, a AEB não disputou mais o campeonato mineiro e rescindiu o contrato com seus jogadores. O documento de rescisão contratual foi redigido com as seguintes palavras: “Pelo presente têrmo de rescisão de contrato resolvem a Associação Esportiva Bambuiense, em séde nesta cidade de Bambuí, Estado de Minas Gerais, e o atleta profissional de futebol, JAIME BATISTA, rescindir amigávelmente o contrato nº. 184.579, datado de 22 de junho de 1967 até 30 de junho de 1969, pelo que fica o referido atleta livre, a partir desta data, de todo e qualquer vínculo da dita Associação, podendo assinar outro contrato qualquer com a entidade que desejar, sem que a Associação Esportiva Bambuiense tenha direito a qualquer reclamação futura. Para constar mandaram lavrar o seguinte termo que assinam na presença de duas testemunhas. Bambuí, MG, 20 de Novembro de 1968 ”. Este exemplar de contrato como já citado em suas alíneas era pertencente ao atleta Jaime Batista, que atuava como goleiro naquela época e tinha seu contrato até o ano de 1969. O presente contrato foi assinado por Elias Saade como presidente da AEB, pelo atleta e mais duas testemunhas (possivelmente sócios ou membros da diretória na época). 

Capítulo XII

         Retorno da AEB ao amadorismo: Deste período em diante o time alvi-celeste retornara ao seu mais puro amadorismo, disputando o Campeonato Municipal de 1969. No início dos anos 70, o Sr. Elias Saade vendeu alguns imóveis que tinha para quitar as dívidas esportivas adquiridas pela a AEB durante a sua aventura pelo Campeonato Mineiro e mudou para Belo Horizonte com sua família. “Tudo que ele devia de AEB ele pagou, não ficou devendo ninguém, nós é que ficamos devendo ele, ficamos grato por tudo que ele fez pra gente e pra Bambuí, quitou todos os compromissos, o irmão dele, Antônio Saade ajudou, porque tinha uma dívida muito grande, eles tinham um patrimônio muito grande e teve que se desfazer de muitos bens para quitar essa dívida que foi muito, porque tudo pra ele era AEB…AEB…para o futebol de Bambuí, um nome que nunca vai ser esquecido, bom administrador…”. Relatou-nos emocionado Sr. Jaime Batista.

      
        Torcida Aebense: Não poderíamos deixar de mencionar a fiel torcida aebense. Nos áureos tempos da equipe alvi-celeste a torcida esteve sempre presente nos grandes momentos da equipe e participando ativamente da vida do clube. Até mesmo os treinos atraiam os torcedores. Uns iam para apoiar, incentivar, outros para criticar, cobrar empenho dos jogadores. Alguns, pelo grande entusiasmo e incentivo ao time, ficaram marcados na memória da torcida. Dentre esses destacamos Cleto Machado, exímio marceneiro, solteiro, cinquentão, botafoguense roxo, era também apaixonado pela AEB. Sempre de pé no degrau mais alto da arquibancada, tinha um modo especial de torcer.

Cleto Machado, um louco apaixonado torcedor: Ele criou alguns jargões que ia pronunciando de acordo com o desenrolar da partida e o desempenho dos jogadores. Quando acontecia alguma jogada mais violenta ele reagia em altos brados: “É pra aleijar ou desmaiar? Quebra a canela que a muleta ta feita!”. E, cobrando empenho nas jogadas dizia: “Trava, trava que ele erra!” ou então: “Manda pra Cuba!”. Tinha também o Sr.Esmeraldo cujo alvo preferido era o juiz da partida. Ele gostava de ficar no campinho de peladas, em pé, encostado na tela do alambrado, conferindo a atuação do árbitro. Ele nunca estava satisfeito com as decisões de Sua Senhoria. Discordava, talvez não seja o termo mais correto. Ele simplesmente excomungava o árbitro pronunciando aos gritos uma profusão de palavrões. O mais comum era: “Ô Juiz filho da…”. Elizete Saade também se lembra bem de Cleto e releta brincando: “…falando de força, havia o “grito” do Cleto durante os jogos da AEB. Se a coisa não andava bem, se os corações dos torcedores não aguentavam mais, o Cleto gritava: “pita, Ilia!”. De fato, ele morreu disso.”
Aonde a AEB vai a torcida vai atrás: Haviam torcedores apaixonados pela AEB que faziam uma verdadeira “romaria” atrás do time para prestigiar os jogos. Quem possuía carro reunia a turma de amigos ou a família e colocava o pé na estrada. Segundo relatos do Sr. Jaime Batista, algumas vezes saiam turmas em carroceria de caminhão para assistir os jogos da AEB em outras cidades. O Sr. Eli Vieira chegou a levar uma turma de caminhão até em Campo Belo para assistir os jogos da AEB.
O Caso dos torcedores leprosos: Em tempos passados Bambuí ficou internacionalmente conhecida pelo Sanatório São Francisco de Assis (atual FHEMIG), que tratavam as pessoas que tinham hanseníase, uma doença contagiosa e que levava a sérias deformações físicas, conhecida também pelo nome popular de “lepra”. A cidade inteira tinha receio da doença, um preconceito fruto do desconhecimento, da ignorância, e não da maldade do povo, um temor de ser contagiado. Grande parte dos enfermos vinham de outras cidades e mesmo de regiões longínquas, eram poucos os bambuienses nativos que tinham tal doença. Mas aquelas pessoas também gostavam de futebol e queriam ir ao campo, ver os jogos. Elizete Saade nos conta como qual foi a medida adotada pelo seu pai na época: “Eram torcedores fanáticos, como de resto toda a população. Meu pai teve a iniciativa de construír uma arquibancada (ficava encostada no muro que dá para a Avenida) e portão de acesso exclusivo para esse segmento. Hoje, com todo o esclarecimento sobre o tema, e considerando as mudanças de valores, a atitude mais inclusiva da sociedade, esse fato pode parecer excludente; mas, naquele momento, foi altamente inclusivo – uma forma de incluir, sem impor uma proximidade que violentaria a população.”

       Torcida Feminina da AEB: Outro espetáculo era protagonizado pela torcida feminina. As moças se colocavam de pé na arquibancada atrás do gol do lado da velha Cadeia, hostilizavam o goleiro adversário quando a AEB estava à frente do placar, com alguma folga. Elas cantavam: “É osso, é osso de galinha, arruma outro time pra jogar com a nossa linha…”


Capítulo XIII

          O Início do Time de Sócios: Depois que o Sr. Elias Saade deixou a AEB, no ano de 1970 formaram-se o time de sócios da AEB, que começaram a usufruir do campo do clube e disputar amistosos com times amadores da região. Esse time de sócios foi montado por João José (Presidente da AEB) e foi nomeado de “Persistentes Futebol Clube”. Inicialmente o time do Persistentes treinava no estádio da AEB sem comprometer os dias de treinamento do time da AEB e dos juvenis. A equipe amadora começaria a entrar em declínio a partir deste período e o conceito de sócio começaria a ser visto com outra visão. Até então, existia apenas os sócios contribuintes, que pagavam para ajudar a manter as despesas da AEB como manutenção das instalações e gramados, água, iluminação, entre outros. Muitos destes sócios eram apaixonados pela AEB e contribuíam somente para ter o prazer de ver esse time amador ativo todos os finais de semana, levando grande alegria para a população da cidade. Muitos contribuíam, mais nem compareciam em campo.

           O surgimento dos veteranos da AEB: Naquela época, antes de 1970, somente quem usufruía do campo principal do Estádio da AEB eram os jovens das categorias de base e a equipe amadora da AEB. O sócio era apenas contribuinte, a AEB era um time de futebol e não um clube de diversão. O Sócio contribuinte tinha uma carteirinha que lhe dava acesso a todos os jogos que a AEB disputava. É claro que os sócios tinham direito a usar a quadra poliesportiva, que afinal, também foi construída para este fim, para que os sócios e seus filhos pudessem utilizar este espaço dentro do clube. Mais o campo principal era essencialmente para o time amador e suas categorias de base. O time do “Persistentes F.C.” ao longo das décadas se transformou no time conhecido hoje como “Veteranos da AEB”.

Capítulo XIV

Um jogo inusitado: Em 1976, o prefeito Domingos realizou um Campeonato de Clubes Municipal, no qual jogaram AEB, Ferroviário, Zíngaro, Guajajaras e outros. Como o prefeito era apaixonado por futebol pediu ao goleiro da AEB, Jaime Batista que montasse um time da Prefeitura para disputar esse campeonato. O Campeonato era distribuído em chaves, sendo que a AEB estava em uma e o time da Prefeitura Municipal de Bambuí (PMB) em outra chave. A semi-final deste Campeonato de Clubes foi entre AEB x PMB. A AEB estava com seu time titular completo, com Jaci e companhia, ou seja, os melhores jogadores da década de 70 estavam nessa semi-final contra o time da PMB que ganhou seus jogos apertados de 1 a 0, 2 a 1 e conseguiu a classificação de forma sofrida. Na semi-final, o time da PMB começou vencendo e a AEB logo empatou o jogo (1 a 1). O jogo foi para os pênaltis e o goleiro Jaime (Baitôla) atuando pelo time da PMB defendeu dois pênaltis, um de Jaci e o outro do Massinha. O placar final do jogo foi 3 a 2 nos pênaltis. A PMB foi para a final contra o Olhos D’Água e venceu por 3 a 1, consagrando a Prefeitura Municipal campeã deste torneio.
Troféu José Pinto Fiúza: Em 1976, a AEB disputou outro grande campeonato realizado na região de Bambuí que tinha os times: Capri e Cristalino de Pompéu, Vila Nova e Formiga E.C de Formiga, Dorense e Zacarias de Dores do Indaiá, Atlético e América de Piumhi, Ypiranga e Associação Atlética de Arcos. Neste campeonato havia os jogos em mata-mata e classificaram-se para um triangular final os times da AEB, Vila Nova e Capri de Pompéu. A AEB não foi bem nessa fase final e no jogo contra o Capri empatou por 1 a 1 no tempo regulamentar. A partida foi para a prorrogação, que tinha dois tempos de quinze minutos e perdeu por 2 a 0. O Capri foi para a final com o Vila Nova e foi campeão. O time do Capri era invencível nessa época, porque eles compravam jogadores profissionais para jogar no time deles, era um time mantido por fazendeiros da cidade de Pompéu que eram apaixonados por futebol. Conta a história que havia naquela cidade um grupo de fazendeiros que vendiam novilhas, gado e investiam em jogadores de base do Cruzeiro, Atlético, profissionais do Guarani de Divinópolis, entre outros, para reforçar o time do Capri e manter o futebol de Pompéu competitivo. Nesse torneio, o técnico da AEB era o Mirim, que jogou no Vasco da Gama na época de 1950.
Primeiros Campeonatos Regionais da AEB: No ano de 1979 a AEB disputou seu primeiro campeonato regional pela Liga de Formiga, mais a campanha do time não foi boa, sendo eliminado do torneio precocemente. No ano de 1980 a AEB entrou pra ser campeão e foi classificada para a disputa do quadrangular final. Nesse quadrangular foram classificados AEB, América de Piumhi, Formiga E.C. e  Ypiranga de Arcos, que jogariam entre si. A AEB estava bem no primeiro jogo em Bambuí ganhando o primeiro tempo de 2 a 0, quando um determinado jogador bambuiense começou a cometer muitas faltas, o que levou a ocorrer dois pênaltis seguidos em favor do time de Arcos e por fim, o Ypiranga virou o jogo, vencendo a partida de 3 a 2 em cima da AEB. Depois, já no município de Piumhi, na partida contra o América a AEB ganhou de 2 a 1. No terceiro jogo venceu o Formiga por 1 a 0 na casa do adversário. Como o Formiga E.C. faria seu último jogo do quadrangular final contra o Ypiranga e pegaria o time da AEB para a disputa do título, eles entraram com um time reserva frente ao time arcoense e perderam a partida por 6 a 0, de modo que classificaram Formiga E.C. e Ypiranga de Arcos, tirando Bambuí da disputa, como nos relatou o Sr. Jaime Batista: “O que o Formiga… na minha imaginação, o que eles pensaram: se eles ganharam da gente aqui…aí o que eles fizeram, o Formiga ia jogar com o Ypiranga em Arcos, aí o Formiga tirou nós do páreo o seguinte, pôs um time reserva contra o Ypiranga e perdeu, aí a decisão foi sobrar entre Ypiranga e Formiga, (…) eles sentiram que nós seriamos um adversário forte pra eles…”.

      Campeonato Regional de 1981: No ano de 1981, o Campeonato Regional apresentou uma estrutura de dois turnos, sendo que o campeão de cada turno disputava uma final entre si, no caso de um mesmo time ser campeão dos dois turnos, esse já seria diretamente o Campeão Regional. Nesse ano, o time da AEB também fez uma bela campanha e foi campeão do primeiro turno. No segundo turno, a AEB começou a perder alguns jogadores importantes que foram embora por motivos de trabalho, perdeu alguns pontos e ficou atrás do Ypiranga de Arcos (Campeão do segundo turno). A final seria disputada entre AEB e Ypiranga. O primeiro jogo em Bambuí ficou empatado em 1 a 1.

        Uma final para apagar as críticas: O time de sócios que também treinava no Estádio da AEB foi convidado para acompanhar o time em Arcos e reforçar a torcida, pois aquela partida seria uma das mais importantes da história da AEB, entretanto fizeram uma crítica com os jogadores dizendo: “Nós não vamos não, porque a AEB vai perder, nós não temos condições de ganhar desse time, não vamos lá pra assistir vexame da AEB não.” Chegando em Arcos, o goleiro Jaime (Baitôla) antes da partida foi entrevistado pelo repórter da Rádio Tropical que lhe perguntou o que ele esperava daquela partida e ele confiante e com tom convicente disse: “Nós vamos ganhar, nós viemos para ganhar esse jogo!”


Capítulo XV

          Acertando o time para a grande final: O Técnico da AEB era o Bolão e como a AEB tinha empatado a primeira partida em casa, ele armou um esquema pouco usado na época, com um só atacante e um bloqueio no meio campo e defesa, de modo que o atacante atuava como meio-atacente. Neste jogo, Butininha, outro grande jogador daquela época ficou na reserva e quem entraria no jogo seria Arley. Como ele jogava no ataque, parece que o novo esquema tático havia deixado-o um pouco insatisfeito, de modo que o técnico Bolão foi duro com ele e disse: “Ou joga onde eu estou pedindo ou eu coloco outro jogador, é pegar ou largar!” Ele pegou, é claro, não podia desperdiçar aquela chance e aos 15 minutos do primeiro tempo marcou o único gol do jogo, que deu o título para a AEB, na época o jovem Arley tinha cerca de 17 anos e segundo relatos tinha uma técnica rara tanto no futebol de campo quanto de salão. Depois desse gol, a AEB sofreu 75 minutos de pura pressão, parecia um jogo de ping-pong, a bola batia e voltava, o time de Arcos pressionava e tentava a todo custo o gol de empate frente a sua torcida, mais não conseguiram e permitiram que a AEB pudesse escrever essa página em sua história e surpreender aqueles que outrora haviam desacreditado e criticado o time, confirmando o ditado de que “futebol é uma caixinha de surpresas”.

Campeonato Regional de 1982: No ano de 1982 o time alvi-celeste bambuiense foi novamente Campeão invicto do primeiro turno do Regional de Formiga, dessa vez com um plantel totalmente modificado, Zé Cláudio e Paulo César que eram importantes jogadores, titulares absolutos já não atuaram nessa época. A AEB jogou só com Roberto Bananal no ataque, outros jogadores como Jaci, Jaime, Divino Morgado, Arley, Batata e Butininha também tiveram atuação importante nos jogos desta época. A decisão do Regional de 1982 foi contra América de Piumhi. A AEB perdeu o primeiro jogo na casa do adversário por 1 a 0, porém o time bambuiense voltou pra casa motivado, pois mesmo com a derrota haviam jogado bem e perderam muito gol, alguns até mesmo inacreditáveis. Em Bambuí, a AEB começou logo abrindo o marcador e fazendo 1 a 0. Não demorou muito e o América de Piumhi conseguiu empatar a partida.

          Um lance inusitado tira o título da AEB: A AEB guerreira, lutando perante sua torcida conseguiu a virada marcando 2 a 1 e faltando 10 minutos para terminar o jogo, o goleiro Jaime (Baitôla) saiu jogando pela lateral com o Tibequer que tocou para o Mauro que inexplicavelmente recuou a bola como um “foguete” para o goleiro Jaime que voltava para o gol e não conseguiu pegar a bola. Mauro fez um gol contra empatando a partida em 2 a 2. Como o time de Bambuí havia perdido uma partida em Piumhi e estava ganhando em Bambuí, haveria uma terceira partida em campo neutro, que seria disputada em Arcos para decidir o Campeão Regional, porém, o empate dava a vantagem para o América que havia vencido em casa. Devido a este fatídico acontecimento a AEB deixou de conquistar o bicampeonato da Liga de Formiga, dentro do Estádio Sinfrônio Tôrres lotado.


Capítulo XVI

AEB x Atlético-MG (Júnior): No ano de 1983 a equipe do Atlético-MG mais uma vez veio para Bambuí disputar uma partida amistosa contra o time celeste. A equipe se preparava para a disputa da Copa São Paulo de futebol júnior, da qual viria ser campeão naquele ano. A equipe júnior do Galo marcou 4 gols no estádio Sinfrônio Tôrres. O jogo terminou com o placar de 4 a 0 e os jogadores da AEB que participaram desta disputa foram: Joaci, Gilson, Reinaldo, Rui, Eurípedes, Tiolão, Zé Mariinha, Jaci, Loretti, Arley, Butininha, Batata, Willian, Jaime, Cavalinho e Pedrinho.

           Importantes jogos da AEB no ano de 1984: No ano de1983, a AEB já não entrou na disputa do Campeonato Regional de Formiga e novamente passou a realizar apenas alguns jogos amistosos com times da região. Isso fez o time cair muito, devido a menor motivação do grupo de jogadores, que não mais entravam em campeonato. Em 1984, houve um amistoso histórico, na despedida de Jaci que encerraria seus jogos pelo time bambuiense. O jogo foi entre AEB e Cruzeiro E.C., em que o Morais (jogador do Cruzeiro) jogou um tempo pelo time da AEB junto com o Jaci e um tempo para o Cruzeiro. No time do Cruzeiro E.C. atuaram Piazza (jogador da copa do mundo de 1974), Natal, Evaldo, Dirceu, Morais, Quirino, entre outros. Outro amistoso importante em 1984 foi contra o time do AGAP (Patrocínio-MG), montado por Piazza no final de sua carreira. Este time fez uma excursão pelo interior de Minas Gerais e passou por Bambuí, onde ganhou de 4 a 2 da AEB. Era um time muito forte, difícil de ser batido.

          O Título de 1985: A AEB disputou o Campeonato Municipal, que recebeu o nome de Elias Saade, em homenagem ao grande homem do esporte bambuiense. A AEB foi para a final contra o time do Guajajaras E.C. Foi um jogo muito disputado que terminou em 1 a 1 no tempo regulamentar e conseguiu a vitória nos pênaltis, sagrando-se Campeão municipal de 1985, o time já estava em baixa, pois nunca antes havia disputado um campeonato municipal. A AEB tinha um status a zelar, era o time grande de Bambuí, não disputava torneios ou campeonatos municipais. Disputavam apenas campeonatos regionais, campeonatos de clubes e amistosos com times de fama da época.

          Inauguração da iluminação do estádio da AEB: Durante a gestão do Sr. Lindiomar José da Silva o estádio da AEB recebeu um grande presente. Após 47 anos, finalmente a casa da equipe alvi-celeste receberia iluminação. Por meio do Deputado José Ferraz foi realizado a instalação de refletores no estádio e na quadra poliesportiva do clube. Esta era a realização de um grande sonho dos bambuienses que tanto amavam o esporte e a equipe da AEB, pois daí em diante haveria a possibilidade de realizar jogos e outros tipos de eventos durante a noite. Os refletores foram inaugurados no dia 29 de maio de 1986 realizando mais uma partida histórica entre AEB e Atlético-MG. Já estava se tornando um clássico os amistosos entre o Tatu-Canastra e o Galo Mineiro de BH na cidade de Bambuí. O presidente da AEB em um trecho de seu discurso relembrou o saudoso Sr. Elias Saade, um homem que fez deste clube seu amor maior: “A nossa AEB vive hoje um dia, ou melhor, uma noite de grande glória, de grande alegria! Depois de 47 anos de espera, eis os sonhos de todos os desportistas bambuienses se concretizando, tornando-se real. Estivesse fisicamente entre nós o inolvidável desportista ELIAS SAADE (e cremos que de alguma maneira sutil ele se encontra feliz entre nós) seu entusiasmo seria o mesmo nosso, se não maior. E creio estar manifestando em nome da gratidão eterna dos desportistas de Bambuí àquele que fez da gloriosa bandeira azul e branca, sua própria bandeira!”. O Atlético-MG venceu a partida por 2 a 0 e os jogadores da AEB que atuaram nesta partida foram: Divino, Cebola, Zé Mariinha, Alex, Renin, Nivaldo, Mauro, Maurício, Bananal, Amaral, Bilosca, Jarmes, Butininha e Armando.

Cruzeiro júnior em Bambuí: O time da AEB realizou também em 1986 um grande amistoso contra o time júnior do Cruzeiro E.C. de Belo Horizonte. A primeira vez que o bambuiense assistiu um jogo entre AEB e Cruzeiro foi no dia 17 de agosto de 1975, entretanto não conseguimos registros ou relatos sobre esta partida. A partida de 1986 marcou a saída do jogador Jaci, além dele estiveram presentes nesta partida: Divino, Zé Mariinha, Tiolão, Rui, Eurípedes, Morais, Baitola, Amaral, Leno, Cavalinho, Batata, Butininha, João Cachorro, Mauro e Pedrinho. O técnico da AEB foi Joaci e a equipe do Cruzeiro levou a melhor, vencendo por 2 a 0.
        AEB x Sobradinho-DF: Ainda na administração de Lindiomar, os bambuienses puderam assistir mais um grande amistoso contra a equipe do Sobradinho, time profissional, bicampeão brasiliense (1985 e 1986) e vice de 1984. A equipe da AEB comandada pelo presidente Lindiomar Silva conheceu mais uma goleada na sua história e perdeu a partida por 5 a 0. Atuaram neste jogo: Reni, Tibeca, Divino, Maurício, Jarmes, Zé Mariinha, Bananal, Batata, Butininha, Belini e Amaral.
          Campeão do Centenário Bambuiense: Em 1986, ano do centenário da cidade, a equipe júnior da AEB, dirigida pelo técnico Moacir Chaves sagrou-se campeã da categoria. A equipe principal disputava torneios regionais enfrentando as equipes das cidades vizinhas, tais como Cruzeiro de Luz, Associação e Ypiranga de Arcos, Vila e Formiga de Formiga, Vila Nova e Associação de Iguatama, Laprata e Luciania de Lagoa da Prata, entre outros. Até 1987 a AEB manteve todos os seus departamentos amadores em atividade. As equipes de base todas funcionavam plenamente desde o dente-de-leite até os juniores.
Capítulo XVIII

Categorias de base, tradição da AEB: A AEB sempre prezou pela preparação de jogadores para sua equipe principal, trabalhando com jovens talentos do futebol de Bambuí e da região valorizando a “prata da casa” e desenvolvendo um trabalho social. Desde a sua fundação as categorias de base atuaram com dente de leite, infantil, juvenil e juniores. Os juniores muitas vezes se uniam a jogadores que não estavam sendo aproveitados na equipe principal e formavam o chamado Aspirantes, em outra época conhecido como “Expressinho da AEB”.
            Disputa de jogos importantes das categorias de base: A equipe de Juniores conquistou em 1986 o campeonato do Centenário de Bambuí, além de disputar em Araxá a Copa Umbro. A categoria Mirim também já marcou história ao participar da Copa Internacional de Futebol Mirim. Bambuí sediou uma etapa realizada de 12 a 21 de Julho de 1991 e recebeu equipes nacionais e sulamericanas, dentre elas uma equipe Argentina.

          Mudanças pra pior na AEB: Em 1986, com o time todo desgastado, a AEB novamente entrou no Campeonato Regional com o Técnico Bolão. O Técnico resolveu fazer uma mudança e colocaram jogadores que trabalhavam em uma antiga fábrica de fogos que existia logo no final da rua, próximo ao Estádio da AEB, mais os jovens tinham uma qualidade muito baixa, jogadores importantes foram substituídos por estes e até mesmo o goleiro Jaime (Baitôla) depois de todos aqueles anos perdeu seu posto para o goleiro Remmi, também trabalhador da fábrica. Ninguém entendeu o motivo desta mudança no time. O time perdeu de 4 a 0 pro Cruzeiro de Luz, levou outras goleadas em casa, foi vexame em cima de vexame. Vendo o que estava acontecendo, Bolão retornou com Jaime para o gol e outros jogadores que tinham sido retirados do time, mais a AEB já não tinha como recuperar desse baque, já não havia sequer chances de classificação.

          O desastre de 1987: Em 1987, novamente a AEB entrou no Campeonato Regional, com um time muito fraco, novamente o goleiro Jaime é sacado para a entrada de Rosan que era o goleiro do time de sócios (Veteranos). Naquele tempo havia o goleiro Edinho que era um jovem muito bom. Até mesmo o goleiro Jaime fazia questão que o Edinho entrasse no time, ele havia sido treinado pelo próprio Jaime, era um goleiro muito bom, muito qualificado e tinha uma categoria impressionante para defesa de pênaltis. Entretanto, Edinho não teve oportunidade no time da AEB, logo teve uma oportunidade no Ferroviário de Bambuí, no qual se destacou e conquistou campeonato pelo time do “Ferrim”. A AEB não ganhava, perdeu quase todas as partidas e novamente passou longe da classificação para as finais.
          Homenagem ao bilheteiro mais antigo da AEB: Muitos desportistas devotaram uma boa parte de suas vidas e seu esforço em favor da AEB. Entre eles, o senhor Antônio Moreira, funcionário público municipal que trabalhou longos anos como bilheteiro e foi homenageado por isso: “Sr. Antônio Moreira, após ter dedicado 50 anos de serviços prestados na bilheteria da AEB, como voluntário e por amor ao esporte, foi homenageado pela equipe local, por iniciativa da atual diretoria na pessoa de seu presidente, Lindiomar J. Silva, no dia sete de setembro (1987) quando recebeu uma medalha de Honra ao Mérito e deu o chute inicial da partida daquele dia”. Na verdade, o Sr. Antônio Moreira, recebeu, merecidamente uma placa de prata.


Capítulo XIX 

Um causo engraçado de briga em Pará-de-Minas: A equipe da AEB já passou por alguns apuros em suas excursões, nem tudo era alegria. As vezes uma vitória do time visitante era o início de uma briga com jogadores e torcedores. No jogo entre AEB e Paraense, pelo Campeonato Mineiro de 1967 ouve uma briga após o empate histórico de 5 a 5. O Sr. Jaime Batista, apesar de não estar presente na partida conta detalhes do que aconteceu na época: “…eu lembro que eles contaram que o Pezão, ele era um goleiro muito mais alto que um metro e noventa, gigantão…mais num sei se ele tinha medo de briga ou o que era, ele foi esconder e pediu o soldado: oh me protege aqui! Me protege aqui…e o policial respondeu pra ele: Ah! Larga de ser malandro sô! Vai ajudar seus companheiros a brigar uai, larga de ser covarde, um homem desse tamanho querendo esconder…”
Guerra nas arquibancadas: No ano de 1968, na cidade de Campo Belo começou um tumulto na arquibancada e quando os jogadores da AEB perceberam eram torcedores bambuienses que estavam envolvidos em uma confusão com a torcida adversária. Segundo relatos do Sr. Jaime Batista até hoje não se sabe o motivo da briga ao certo, sabe-se apenas que os protagonistas bambuienses derrubavam gente de um lado para o outro até que a policia contornou a situação. Em Campos Altos também tiveram algumas brigas entre torcida, mais os bambuienses nunca saíram em desvantagem. O Sr. Jaime comenta com bom humor: “…a AEB já tava virando era um terror porque a torcida chegava na cidade dos outros e batia…”. Os torcedores bambuienses ficavam na mesma área da torcida adversária comemorando e fazendo a festa o que deixava os torcedores da casa irritados, além disso brincadeiras de mau gosto por parte dos adversários esquentavam o clima, comentários como “olha lá os dedos dele vão cair…”, gritos de “colonheiros” e “cotós” eram implicações que desencadeava muitas brigas nas arquibancadas. Havia um certo preconceito pelo fato de Bambuí abrigar um centro de tratamento de hanseníase naquela época.
As Brigas da AEB: Havia muita rivalidade regional naquela época e muitos torcedores implicavam com o time da AEB por onde passava. De acordo com o Sr. Jaime Batista a região de Carmo do Paranaíba era pesada, deixou marcas. Em 1976, numa partida amistosa a equipe alvi-celeste bambuiense acabou se envolvendo em uma confusão no jogo de volta, em Carmo do Paranaíba. O primeiro jogo em Bambuí a AEB venceu por 4 a 0 o time do Carmo e no segundo jogo a partida ficou empatada em 0 a 0, não havia policiamento no estádio e faltando poucos minutos pra acabar começou uma briga. O Sr. Jaime lembra como se fosse hoje e nos relatou: “…não tinha polícia no campo, esse dia a gente teve que brigar pra não apanhar muito (…) acabou a briga, campo molhado, campo de areia…grama num tinha nenhuma, eu com a bola de baixo do braço e dando ponta-pé lá quieto e foi o dia que eu levei mais desvantagem…um jogador, atacante deles conversando comigo (…) e nem o atacante deles que estava conversando comigo percebeu, veio um reserva num setor do campo e entrou por trás de nós e levou a mão fechada e acertou meu nariz. Aí vai eu, Martins e o Armando correr atrás desse caboclo pra pegar ele e ele pulou a cerca e foi embora, então o jogador do time deles falou assim, se vocês pegam esse caboclo, ele é um ex-policial e nós não gostamos dele aqui não, vocês podiam ter pegado ele e dado um cacete (risos)…”.
Uma vitória sobre escolta policial: Na cidade de Formiga também teve uma outra passagem marcante, em meados dos anos 70, em um jogo contra o Vila Nova, apesar de toda a segurança que a cidade fornecia ao visitante na época. Neste jogo o jogador João Cachorro após o primeiro tempo de um jogo difícil ao ser implicado por um torcedor na beira do campo desferiu nele um soco e correu para o vestiário. O detalhe é que os jogadores para adentrar ao vestiário passava por baixo de onde ficava a torcida formiguense. Alguns torcedores invadiram o local e começaram a bater na porta do vestiário tentando abrir para brigar com o João Cachorro, nisso, cerca de 20 policiais vieram apaziguar e retirar os torcedores da porta do vestiário. Os demais jogadores da AEB estavam assustados e surpresos com o fato ocorrido. A polícia impediu os torcedores de se aproximar do vestiário e fez uma escolta para os jogadores da AEB entrar ao campo para disputar o segundo tempo. A AEB venceu o jogo e a torcida formiguense ficou mais enfurecida ainda. Para sair de campo foi aquele sufoco. O Sr. Jaime Batista conta que fizeram uma escolta de arma empunhada para os jogadores saírem do estádio, eles entraram nos carros e foram escoltados pela polícia até a saída da cidade. Outras cidades como Ibiá e Campos Altos, Campos Gerais também já foram cenários de brigas, das quais os jogadores bambuienses tiveram que ser escoltados nos vestiários por policiais.
Confusão em Piumhi: Na cidade de Piumhi, no ano de 1980, em um jogo contra o América outra confusão marcante. Em um determinado lance da partida, um jogador do América partiu pra cima do juiz que pertencia a Liga de Formiga e o jogador Jaci da AEB que estava mais próximo deu uma voadora pra cima do jogador do América que começou a agredir o juiz e formou a rodinha da confusão, só depois disso a polícia entrou para controlar a situação. “A AEB tinha um time bão de bola e bom de briga, se batia o pé ninguém corria assim não. Nós éramos loucos, a gente não era normal não…jogar sem ganhar dinheiro, amistoso, correndo risco de levar um tiro, mais valeu porque o esporte é bom, (…) é importante demais.” – Conta Sr. Jaime Batista. Nesta partida a AEB novamente saiu vencedora pelo placar de 2 a 1.
Brigas internas, às vezes tinha alguma: Em Bambuí, no ano de 1981, teve uma briga no vestiário antes da partida entre os próprios jogadores da AEB. O João Cachorro começou a discutir e estapear um jogador reserva do time, de repente o Jaci começou a dar ponta-pés no João pra defender o outro rapaz e “o pau comeu no vestiário” como se diz na linguagem popular. Para separar esse tumulto foi muito complicado e mesmo com essa briga a AEB jogou e venceu, como se nada tivesse acontecido.
Capítulo XX

AEB x Atlético-MG de Telê: No dia 03 de setembro de 1988 a AEB enfrentou a equipe do Clube Atlético Mineiro, treinada pelo extraordinário Telê Santana e tomou a maior goleada de sua história. Na época este jogo estava em teste da Loteria Esportiva e a notícia se espalhou pelo Brasil inteiro. Na região, a AEB outrora tão gloriosa tournou-se alvo de chacotas. Até hoje na internet é possível encontrar registros desta goleada histórica. O site “O Canto do Galo” apresenta diversos detalhes da história do Atlético Mineiro e entre estes registros há uma página dedicada a jogos históricos do clube na qual apresenta um resumo da partida entre AEB e Atlético-MG.

          Relatos do Estado de Minas sobre a goleada da década de 80: Em 1996 o time do Galo voltaria a Bambuí para disputar uma partida oficial pelo Campeonato Mineiro daquela época no Estádio Sinfrônio Tôrres e nesta época o jorna Estado de Minas do dia 21 de maio de 1996 trouxe um tópico intitulado “Cidade já viu goleada” na qual relata o histórico jogo entre AEB e Atlético-MG na década de 80. O repórter Jorge Luiz relatou a passagem com as seguintes palavras: “No dia 3 de setembro de 1988, o Atlético esteve em Bambuí com um time misto para um jogo amistoso. Venceu a Associação Esportiva Bambuiense por 11 a 1, gols de Renato Morungaba (três), Saulo (três), Sérgio Araújo, Marquinhos, Paulo Roberto Prestes, Aílton e Luiz Cláudio. O gol da AEB foi marcado por Alex. O Atlético jogou com Rômulo, Carlão (Luiz Cláudio), Tobias (Moacir), Flávio, Paulo Roberto, Vander Luiz, Marquinhos, Renato Morungaba (Aílton), Sérgio Araújo, Saulo, Hélder. O público pagante chegou a três mil torcedores e o técnico do Atlético era Telê Santana. No jogo, Tobias sofreu uma forte pancada no olho direito e o médico Marcos Vinícius dos Santos fez uma pequena cirurgia, ainda no gramado, para conter uma hemorragia. A partida marcou a estréia do goleiro Rômulo no Atlético. Depois de alguns, anos ele abandonou o futebol dedicando-se a aviação, já que é piloto profissional. O jogo foi uma promoção do empresário Eugênio Bahia

         Nasce o Campeonato de Bairros na AEB: Na gestão de Danilo Oliveira (irmão do Cabriola) frente a AEB, no ano de 1988 foi criado o primeiro Campeonato de Bairros de Bambuí, com 10 times e dois turnos. Neste campeonato aconteceu um fato interessante, o time do Lava-Pés F.C. tinha a intenção de perder pro Boca-do-Brejo F.C. para tirar o Antena E.C. do páreo. Apesar do Lava-Pés perder por 2 a 0 para o Boca-do-Brejo, achando que o Boca conseguia ganhar do Antena e tira-lo da disputa, mais não foi isso que aconteceu. O Lava-Pés sobrou para disputar uma vaga da chave contra o Antena para a final e o Lava-Pés perdeu o jogo por 2 a 1. O Antena classificou para a final contra o Guajajaras F.C. que tinha conseguido a vaga na outra chave. Nesse ano, o Guajajaras foi o Campeão vencendo o Antena por1 a 0.


Capítulo XXI

As mulheres paraninfas: Na década de 80, em Bambuí e também em cidades da região havia uma tradição conhecida como mulheres paraninfas. As mulheres também eram apaixonadas por futebol nesta época e sempre estavam presentes na beira do gramado. Elizete Saade nos conta que sempre que tinha jogo o pai Elias Saade sempre levava a família toda para torcer, onde quer que fosse estavam todos sempre presentes. Portanto, na maioria dos jogos sempre havia uma mulher acompanhando os jogadores: namorada, esposa, filhas, mãe, irmã, estavam todas sempre na torcida. E na final de cada campeonato a entrega de faixas era realizada pelas mãos destas mulheres. As esposas ou namoradas, por exemplo, ficavam responsáveis por agraciar seus amados com a gloriosa faixa de campeão ao final do jogo. Estas mulheres ficaram conhecidas como paraninfas, pois era uma pessoa que apadrinhava o jogador campeão lhe prestando uma homenagem no momento da entrega das faixas. Após a entrega das faixas a foto de campeão era tirada com todos os jogadores com a faixa no peito ao lado de suas paraninfas, esta tradição deixou de existir pouco antes do início da década de 90.

 

          AEB 50 Anos: Completando meio século de vida, a Associação Esportiva Bambuiense realizou no dia 30 de Abril de 1989 as festividades abertas a toda a população bambuiense. A comissão organizadora do evento foi composta por José Souto, Paulo Aroldo, Antônio Mateus, Joaci Neto, Paulo Cezar e José Faria. O evento teve o apoio da prefeitura municipal de Bambuí, na época administrada por Antonino José Martins. As festividades começaram ao meio dia e tiveram partidas entre o time mirim da AEB e a Escolinha do Sinval (Campos Altos), Infantil do Zíngaro contra infantil de Campos Altos, Mirim da AEB x Mirim de Araxá e Infantil da AEB x Infantil de Araxá. Além destes jogos foram prestadas homenagens a ex-atletas do clube, ex-presidentes da AEB, aos familiares de Elias Saade, familiares de Sinfrônio Tôrres e ao Sr. Antônio Moreira.

Capítulo XXII

Após quase 30 anos Bambuí presencia novamente um jogo do Campeonato Mineiro:No ano de 1996, sob a administração de Julio Urias Leite, os torcedores bambuienses novamente puderam presenciar uma partida oficial do Campeonato Mineiro da primeira divisão. Desta vez o Campeonato já era reformulado nos moldes que conhecemos hoje com primeira divisão (Módulo I e II) e segunda divisão. A briga para sediar um jogo do clube de BH no interior começou a ser noticiada no dia 08 de maio de 1996 pelo jornal Diário da Tarde que trazia um parágrafo dentro da reportagem sobre o Atlético-MG dizendo: “As cidades sem representante no Campeonato Mineiro continuam interessadas em levar para lá jogos do Atlético. O clube recebeu um convite de Coronel Fabriciano para fazer lá o jogo contra o Democrata-GV, marcado para Governador Valadares. Em Bambuí também existe igual interesse. Mais o Atletico ainda não respondeu, pois não quer correr riscos.”. Na primeira fase do Campeonato Mineiro de 1996 haviam 13 clubes que se enfrentavam em dois turnos, no sistema de pontos corridos. O campeão e o vice de cada turno e as duas equipes com melhor índice técnico classificam-se para o Hexagonal Final. O campeão de cada turno entra no Hexagonal Final com 1 ponto de bonificação e se ganhasse os dois turnos entrava com 3 pontos de bonificação. O Atlético-MG foi campeão do primeiro turno e terminou o returno em quinto lugar. O Cruzeiro levou a melhor neste ano e venceu o campeonato após a disputa do hexagonal por um ponto de diferença em relação ao arquirrival alvinegro que terminou como vice-campeão. Neste ano, o técnico do Galo era Procópio Cardoso e como time alvinegro já não tinha mais chances de vencer o segundo turno resolveu realizar excursões pelo interior de Minas Gerais disputando seus últimos jogos como mandante em cidades que não tinham times disputando o campeonato mineiro. Esta idéia de fazer excursões no interior com o time foi uma jogada de Marketing da diretoria naquela época com a intenção de aproximar ainda mais o time dos torcedores do interior, que muitas das vezes não tinham condições de irem a Belo Horizonte assistir a um jogo no estádio Mineirão e com isso dar a chance das pessoas conhecerem os grandes jogadores daquela época e conquistar mais torcedores para a apaixonada massa preto e branco que já havia se formado em Minas Gerais naquela época.
Confirmado Rio Branco x Atlético-MG: O campeonato mineiro de 1996 estava na reta final, no entanto o Atlético-MG estava devendo um jogo válido pela terceira rodada do returno que havia sido adiado pela Federação Mineira de Futebol (FMF). O empresário Paulo César Tavares conseguiu fechar o jogo para ser realizado no estádio Sinfrônio Tôrres. “O Atlético receberá R$ 2,5 mil, livres de despesas de transporte e hospedagem na Escola Agrotécnica Federal. Por concordar com a transferência do jogo, o Rio Branco receberá R$ 25 mil, mais transporte e hospedagem no Hotel Brasil. Com as taxas da Federação Mineira e gastos com publicidade e extras as despesas devem chegar a R$ 40 mil” – relatou Paulo César Tavares ao jornal Estado de Minas, do dia 22 de maio de 1996. A maior cota foi paga ao Rio Branco, pois é quem tinha o mando de campo na rodada e o jogo normalmente seria realizado na cidade de Andradas-MG.
Vistoria do Estádio Sinfrônio Tôrres e liberação para a partida: O estádio foi vistoriado no dia 02 de maio de 1996 por uma comissão designada pela Federação Mineira de Futebol e recebeu algumas observações para serem regularizadas para realização da partida. Esta vistoria teve um custo de mil reais na época, pagos a FMF, conforme o Código Tributário. No dia 17 de maio de 1996, o presidente da Liga Amadora Bambuiense, Sr. Aloísio de Carvalho emitiu uma nota ao departamento técnico da FMF informando que todas as irregularidades haviam sido sanadas, estando o estádio apto para receber a partida.
Polêmica na véspera do jogo: O empresário Paulo César Tavares havia combinado com o clube de BH que viesse os jogadores titulares da equipe para a disputa deste jogo, entre eles o grande goleiro Taffarel, além de jogadores como Cerezo, Doriva e Euller. Porém, na semana do jogo uma notícia de que o Atlético viria para Bambuí com um time reserva foi publicada com o título “Galo mostra apenas um titular em Bambuí” e deixou Paulo César frustado. Já haviam sido vendidos cerca de 80% dos ingressos e em entrevista ao jornal Estado de Minas no dia do jogo, 22 de maio de 1996 ele explicou: “O objetivo é divulgar Bambuí e despertar os empresários locais para outras promoções arrojadas. A perspectiva de sucesso era tão grande que, por medida de segurança a polícia militar limitou em 3200 o total de ingressos, embora o estádio tenha capacidade para quatro mil pessoas.”. O cronista e chargista Son Salvador também havia falado sobre o assunto na sua coluna do jornal Diário da Tarde do dia anterior (21 de Maio) com as seguintes palavras: “Quanto ao jogo em Bambuí, durante o programa Replay, na TV Minas, conversei com o presidente da Rádio WA, Paulo Sérgio, e pude testemunhar a seriedade com que tratou da realização do jogo naquela cidade. O Galo simplesmente não está assumindo o que combinou. Não levar o Taffarel será um desrespeito ao torcedor de toda a região. Mais uma da diretoria atleticana! Esse caso está mal contado. Dizer que o time ficará treinando não cola. A não ser que os jogadores não tenham aceitado ir a Bambuí, a não ser que os titulares estejam condicionando a viagem ao pagamento dos salários…Se o Taffarel fosse um jogador de meio-campo, precisando aperfeiçoar o passe, ou se encaixar num esquema tático, tudo bem, mas não é. Essa história do Galo tem dente de Coelho.

 

A polêmica sobre o jogo continua: De acordo com a reportagem publicada no Estado de Minas do dia 22 de maio de 1996, pelo repórter Paulo Celso, o técnico Procópio Cardoso havia resolvido poupar os jogadores titulares para a disputa do clássico contra o Cruzeiro na próxima rodada e até mesmo o técnico seria substituído pelo interino Antônio Lacerda. O jornal Diário da Tarde também publicou uma reportagem no caderno de esportes intitulada “Apenas cumprindo tabela em Bambuí”, onde relatava sobre a decisão de levar um time misto para a cidade. Na reportagem “Ausência de ídolos decepciona torcida” de Jorge Luiz, neste mesmo dia o empresário Paulo César Tavares protesta contra a atitude da diretoria do Atlético-MG: “Isso é uma falta de respeito com Bambuí. A torcida está ameaçando apedrejar o estádio, caso o time seja anunciado pela imprensa. Mais de 500 crianças já estiveram na casa do meu sogro, onde estou hospedado na esperança de dar um abraço no Taffarel. Bambuí não merece isso.

Capítulo XXIII

Misto do Atlético-MG movimenta Bambuí: O time do Atlético-MG realmente foi um misto comandado pelo técnico interino Antônio Lacerda. A cidade de Bambuí nunca havia presenciado tanta movimentação de profissionais de rádio, TV e imprensa para registrar o jogo. Estiveram presentes neste jogo a equipe de Fernando Sasso da Rede Globo, a TV Minas fez a cobertura para as emissoras Record, Manchete e SBT, estiveram presentes também narrando o jogo a equipe de Oswaldo Faria da Rádio Itatiaia, a equipe de Valdir de Castro da Rádio Inconfidência, a equipe de Lucélio Gomes da Rádio Cultura, além de equipes das rádios Metropolitana e Mineira de BH, Rádio Vinícula de Andradas, Rádio Expresso de Campos Altos, Rádio Cidade de Lagoa da Prata, Rádio Cidade AM de Bambuí, Rádio WA FM de Bambuí e os repórteres e fotógrafos dos jornais Estado de Minas, Hoje em Dia, Diário da Tarde e Bambuí. O time do Atlético-MG jogou com Hugo, Canela, Munayer (Negretti), Alexandre, Daniel (Dedê), Éder Lopes, Carlos, Júlio César (Chicão), Bruno, Silva e Cleiton. A equipe do Rio Branco de Andradas comandada pelo técnico Caio Cambalhota jogou com Zé Luis, Marcinho, Ivan, Devair, Geraldo, Wellison, Marquinho (Lico), Vantuir (Ferreti), Helbert, Altair e Wendel (Adriano). O juiz que apitou a partida foi Raimundo Menezes de Carvalho e os auxiliares Antônio de Oliveira Neto e Marcos Paulo Rodrigues.
Bambuí recebe Taffarel e assiste goleada histórica: Os bambuienses presentes neste dia assistiram um verdadeiro show de bola, com direito a goleada. O Atlético-MG jogou bonito e balançou as redes no estádio Sinfrônio Tôrres por 6 vezes. O placar final foi de 6 a 1 e o goleiro Taffarel, apesar de não jogar fez questão de viajar com o grupo para visitar Bambuí. A diretoria do Galo informou que o atacante Euller não seria escalado para o jogo por ter machucado o tornozelo direito na partida contra o América-MG. Ézio ficou seis dias sem treinar e o armador Toninho Cerezo estava sem condições legais na época do jogo foi adiado, portanto, também não poderia entrar em campo, além do zagueiro Ronaldo que também desfalcou a equipe de última hora por ter sofrido uma operação.

Capítulo XXIV

As manchetes de Bambuí: Na quinta-feira foi aquele alvoroço nas bancas, todo mundo queria um exemplar dos jornais com a notícia marcante sobre o jogo entre Atlético-MG e Rio Branco em Bambuí. Os bambuienses ficaram de olho nos programas esportivos da TV para assistir as reportagens e tentar ver se apareciam na telinha também. O jornal Estado de Minas trouxe estampado na sua capa uma foto de Taffarel saudando a torcida bambuiense e colocou o título “Galo em Bambuí”, a notícia gerou mais destaque do que a partida entre Brasil e Croácia que havia jogado em Manaus como um teste pré-olímpico. No caderno de esportes do Estado de Minas a reportagem principal do Atlético foi intitulada: “Galo leva Bambuí à loucura” e um tópico “Taffarel é a surpresa”, ambas as reportagens redigidas por Paulo Celso. O Jornal Diário da Tarde também estampou sua capa com a foto da partida realizada em Bambuí e colocou como destaque no seu caderno de esportes “Tarde de misto quente em Bambuí”, deixando também o relato sobre o empate da seleção em Manaus como nota de segundo plano. A reportagem completa do jogo foi intitulada “Quente é o misto: 6 a 1” e também foi publicada pelo jornal Diário da Tarde do dia 23 de maio de 1996. A edição de 15 de junho de 1996 do “Bambuí: O jornal” também trouxe o jogo estampado na capa e uma reportagem especial.


           Relatos sobre a alegria bambuiense: Na reportagem sobre o goleiro o repórter do Estado de Minas descreve: “O bambuiense esperou mais de uma década por um bom momento no futebol. Queria aplaudir o Atlético completo, mais se contentou com o time reserva que goleou o Rio Branco por 6 a 1. A festa começou as 11h30min, quando o ônibus com a delegação chegou ao trevo, na entrada da cidade. Uma carreata, buzinaço, foguetes e faixas anunciavam a chegada do time. Quando o goleiro Taffarel apareceu, uma loucura. Ele não estava no programa e foi incluído na delegação para não frustrar Bambuí. E não foram apenas as crianças que o abraçaram, beijaram, pediram autógrafos e tiraram fotos ao seu lado. Também os marmanjos e muitas mulheres. Com paciência o goleiro tetra-campeão brasileiro tratou todos com carinho e foi homenageado com uma placa de prata. Do trevo a delegação foi para a Escola Agrotécnica Federal, onde os jogadores almoçaram e descansaram. Uma hora antes do jogo foram para o estádio, sempre seguidos pela torcida e por um cachorrinho pequinês, vestido com uma mini-camisa do Atlético. Às 14h, o Sinfrônio Tôrres já estava lotado. Taffarel apareceu de novo, acenou para o público, que correspondeu plenamente e posou para mais fotos. Quando o jogo acabou, os torcedores fizeram um apelo: que o Atlético volte o mais rápido possível e que dê a Bambuí outro presente”.

 

Capítulo XXV

O jogo relatado pelo Diário da Tarde: Mesmo sem seus principais titulares, o Atlético mostrou personalidade e partiu para cima do adversário. O primeiro gol aconteceu aos 12 minutos. O lateral-esquerdo Daniel subiu em apoio, recebeu a bola e chutou forte de perna esquerda. Dois minutos depois, o Atlético ampliou a vantagem, com méritos para Daniel que cruzou para Clayton chutar de perna direita. O Rio Branco tentou reagir e conseguiu marcar um gol aos 43 minutos, através de Altair, aproveitando um passe de calcanhar, de Helbert. O Atlético voltou para o segundo tempo ainda mais disposto e foi construindo a goleada sobre o Rio Branco. Aos 11 minutos, Silva fez uma jogada de força pela esquerda, recuperando a bola, e cruzou para Bruno acertar uma cabeçada: 3 a 1. O jogo era corrido e aberto e por isso, o Atlético encontrou espaços para continuar atacando. Aos 24 minutos, Júlio César marcou o quarto gol, de cabeça, aproveitando um rebote do goleiro Zé Luiz, que não conseguiu segurar um chute de Silva. Aos 32 minutos, o Atlético marcou o quinto gol, através do volante Carlos, que aproveitou um cruzamento de Júlio César e tocou sem chances para Zé Luiz. O sexto e ultimo gol foi marcado por Silva, aos 39 minutos. O goleiro Hugo defendeu um pênalti cobrado por Helbert”. A renda do jogo foi de R$ 19160,00 e foi registrado 2016 pagantes, segundo dados deste jornal.

 

A critica de Son Salvador: Na edição do dia 23 de maio de 1996 o colunista do Diário da Tarde comentou sobre o jogo em Bambuí: “Mais o time misto fez bonito em Bambuí. Deu um chocolate no Rio Branco, fez 6 gols e poderia ter feito mais uns 5. Enquanto os titulares ficaram treinando em Belo Horizonte, os reservas aproveitaram para mostrar que estão jogando muito. Se compararmos o ataque de Bambuí com o que vem jogando, veremos que os reservas são mais impetuosos. Mais é aquela história, time reserva não tem tempo para fase ruim. Espera uma chance e chega junto. O Silva voltou a marcar, parece que se derem chance ao rapaz ele engrena. Tem vontade e não perde tempo caindo e reclamando do árbitro. E domingo? Será que veremos um jogo entre times mistos? Ou será que os titulares estarão na reabertura do Mineirão? A verdade é que a partida serve apenas para cumprir tabela, a atração maior será a rivalidade, esta, será bem menor se um dos clubes entrar com o time reserva.
Outras repercussões do jogo do Galo em Bambuí: Também no jornal Diário da Tarde, o colunista Márcio Renato, que tinha uma coluna chamada “Contra-Ataque” alfinetou a diretoria atleticana por levar um time misto ao interior dizendo: “…A exemplo do que já havia acontecido em Barbacena, os torcedores de Bambuí tem também toda a razão ao protestar contra a decisão da diretoria de mandar um time reserva para o jogo de hoje, naquela cidade contra o Rio Branco. Pior ainda que em Barbacena, onde simplesmente desmarcaram a partida contra a Caldense. Em Bambuí mandaram um time reserva. E onde vai parar o respeito pelo torcedor? ”. Em junho deste mesmo ano, o jornal Estado de Minas publicou no espaço “Cartas a Redação” uma mensagem de agradecimento do empresário Paulo César Tavares pela cobertura do evento antes e depois da partida, que contribuíram amplamente para a divulgação da cidade em âmbito estadual e até mesmo nacional. No dia 03 de junho de 1996, o Sr. Paulo César Tavares recebeu uma carta de reconhecimento do Rotary Club que homenageou o então presidente da Rádio WA FM (atual Rádio Sucesso FM) pelo evento realizado e pela divulgação da cidade na mídia e nos veículos impressos de comunicação.


Capítulo XXVI 

Cruzeiro E.C. em Bambuí: No início de agosto de 1996, o jornal Estado de Minas publicou uma notícia sobre o Cruzeiro E.C. onde havia um parágrafo dizendo que o time celeste estava planejando fazer uma partida amistosa no interior do estado antes de estrear no campeonato brasileiro daquele ano, contra a equipe do Internacional de Porto Alegre. A notícia chamou a atenção do diretor da Rádio WA FM, Paulo César Tavares, que com seu espírito empreendedor e novamente com a oportunidade de divulgar o nome de Bambuí na mídia entrou em contato com a diretoria da raposa para marcar um amistoso entre o Cruzeiro e uma seleção de jogadores do município de Bambuí, que seria realizado no estádio Sinfrônio Tôrres. No dia 08 de agosto, na reportagem intitulada “Culpi pede Luisão”, do caderno esportivo do Estado de Minas veio a confirmação da partida que seria realizada em Bambuí. Nesta mesma oportunidade a AEB firmou uma parceria com o clube da capital para instalação de uma escolinha do cruzeiro noticiada também por outra edição do Estado de Minas: “Domingo, às 16 horas, o time fará um jogo-treino contra uma seleção de Bambuí, no estádio Sinfrônio Tôrres, com capacidade para 4500 pessoas. O Cruzeiro receberá uma cota de R$ 20 mil livres de despesas e ficará hospedado na Escola Agrotécnica Federal. O volante Douglas, ex-Cruzeiro, pode atuar pela seleção de Bambuí. A Liga desta cidade terá uma escolinha com cerca de 200 garotos, através de franquia com o Cruzeiro. Periodicamente o departamento amador do clube visitará o local para fazer uma triagem. 

Campeão celeste enfrenta Seleção de Bambuí: O time do Cruzeiro já havia conquistado o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil no ano de 1996, quando esteve em Bambuí para realizar este amistoso preparatório para o início do Campeonato Mineiro. O jogo foi realizado no dia 11 de agosto e foi noticiado na capa do Estado de Minas com o título “Cruzeiro joga em Bambuí”. Na manchete de capa dizia: “Bambuí faz a festa hoje para receber o time do Cruzeiro que, a partir das 16 h, enfrenta uma seleção regional no estádio Sinfrônio Tôrres. O Técnico Levir Culpi leva o que tem de melhor, inclusive o armador Leto, o volante Luisão e o zagueiro João Carlos, contratados para o Campeonato Brasileiro”. Nesta mesma edição do jornal, o cronista Arnaldo Viana em sua coluna fala sobre o jogo, a presença das grandes estrelas do time e do goleiro Dida, que havia atuado pela seleção olímpica na época.

   
Capítulo XXVII  
Seleção de Bambuí 1 x 5 Cruzeiro E.C.: A seleção de Bambuí comandada pelo técnico Félix atuou com Josimar (Alexandre), Pepeto (Viola), William, Marrom, Baiano, Zamata, Tom, Alexandre (Sandrinho), Zé Maurício (Gláucio), Cleomar (Ligeirinho) e Negretinho. O Cruzeiro comandado por Levi Culpi jogou com Dida, Vitor (Marcos Teixeira), Jean, Célio Lúcio (João Carlos), Ronaldo Luiz, Donizete, Ricardinho (Luiz Fernando), Palhinha (Leto), Ailton, Cleisson, Roberto Gaúcho (Luisão).
Os relatos da partida: Mais uma vez Bambuí foi destaque nas capas dos jornais de Minas Gerais pelo jogo do Cruzeiro na cidade. O Estado de Minas do dia 12 de agosto de 1996 que trazia na capa “Cruzeiro goleia seleção de Bambuí”, publicou no caderno de esportes a matéria intitulada “Bambuí festeja Cruzeiro”, onde foi destacada a boa atuação da equipe celeste frente a seleção bambuiense: “O ataque do Cruzeiro começou quente a preparação para o Campeonato Brasileiro. Ontem à tarde, o time goleou a seleção de Bambuí por 5 a 1, mostrando que está no caminho certo para a estréia contra o Internacional, no próximo domingo, em Porto Alegre. O Cruzeiro abriu a contagem aos 16 min, numa cabeçada de Roberto Gaúcho, depois de um lançamento de Vitor. Ailton também de cabeça, fez 2 a 0, aos 28 minutos. Cleisson marcou aos 30min e Luiz Fernando aos 38 e 43min do segundo tempo. Ligeirinho marcou para a seleção, aos 33min, num descuido do lateral Marcos Teixeira. Ele atrasou a bola de cabeça e o atacante chegou por trás, tocando rasteiro na saída de Dida…”. Os jogadores João Carlos, Leto e Luisão, contratados recentemente pela Raposa fizeram a sua estréia em Bambuí, neste jogo treino. O Técnico Levir Culpi colocou eles para atuarem no segundo tempo do jogo. Como era um jogo-treino foi acordado a possibilidade de realizar cinco substituições e o torcedor bambuiense pode ver a atuação dos destaques do cruzeiro em campo.
Capítulo XXVIII
Na edição de abril da nossa coluna esportiva relatamos sobre a partida que aconteceu entra a seleção de Bambuí e o time do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte, no ano de 1996, no Estádio Sinfrônio Tôrres. Nessa edição, vamos terminar de contar essa incrível história destacando as manchetes dos jornais da época que cobriram a disputa entre os times na cidade de Bambuí. Além disso, nessa edição vamos apresentar uma nova história importantíssima do futebol bambuiense, você sabia que a seleção brasileira feminina de futebol já esteve em nossa cidade? Não conhece essa história, então leia e se divirta, na próxima edição tem mais!
As manchetes do Cruzeiro em Bambuí: O Jornal Diário da Tarde também destacou na primeira página e publicou a reportagem “Cruzeiro goleia a seleção de Bambuí por 5 a 1” e o cronista Marco Antônio Brandão que escrevia a coluna esportiva denominada “Rápido e Rasteiro” destacou a preparação do time de BH através do jogo treino em Bambuí dizendo ser importante este tipo de jogo para entrosar mais os jogadores que estavam voltando de férias.
A possibilidade de Bambuí receber a Seleção Brasileira feminina: O ano de 1996 foi um marco fantástico para o torcedor bambuiense. Após ter a oportunidade de conhecer astros do Atlético-MG e do Cruzeiro, havia rumores na cidade de que a seleção brasileira feminina de futebol poderia vir ao município disputar um jogo amistoso.
Conhecendo um pouco da história da Seleção Brasileira feminina de futebol: A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) convocou “oficialmente” pela primeira vez a Seleção Feminina em 1988. A modalidade se resumia a poucos times do Rio de Janeiro, liderados pelo Radar, que de 18 jogadoras convocadas, cedeu 16 jogadoras para os primeiros jogos da Seleção.  Em 1991 a Seleção Brasileira disputou o Sul Americano em Maringá e classificou-se para o Mundial na China, que seria disputado em junho. O presidente do Radar e chefe da delegação Eurico Lira, tirou do próprio bolso os gastos daquela competição, já que a CBF não liberou verba para cobrir 3,5 milhões de cruzados de gastos previstos para a competição. Na época Eurico chegou a dizer que fez isso porque ou “decretava a morte dessa modalidade ou impulsionava”. No ano de 1996, nas olimpíadas de Atlanta, a seleção feminina de futebol conseguiu a medalha de bronze.
AEB é destaque no Estado de Minas pelo jogo contra Seleção Brasileira feminina: No jornal Estado de Minas, de 14 de novembro de 1996 foi publicada a matéria com o título “Jogo inusitado em Bambuí”, onde foi redigido de forma detalhada este momento histórico do futebol de nossa cidade e que marcou a memória dos Bambuienses apaixonados por futebol. O jornal relatou este evento com as seguintes palavras: “A Seleção Brasileira feminina de futebol, que conquistou a medalha de bronze nas olimpíadas de Atlanta (EUA), joga amanhã (feriado) em Bambuí contra a equipe masculina de veteranos da Associação Esportiva Bambuiense. A partida começará as 17 horas no Estádio Sinfrônio Tôrres – que tem capacidade para 4,5 mil pessoas. A promoção é da AEB (José Souto), Padaria São José (Eugênio Bahia), Esma, Rádio Cidade e da Rádio WA (Paulo César). O ingresso tem preço único de R$ 5,00 e haverá sorteio de um brinde especial durante o jogo, oferecido pela WA FM.(…). Na Seleção Brasileira estão confirmadas as estrelas Meg, Pretinha, Susy, Fanta e Pelezinha, dirigidas pelo técnico Zé Duarte, que já trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro, inclusive Cruzeiro e Uberlândia, e do exterior. Nos veteranos Geraldão, José Cláudio, Morgado, Rogério, entre outros”.

 

Capítulo XXIX

 

          AEB 3 x 1 Seleção Brasileira feminina: Os time de veteranos da AEB enfrentaram a Seleção Brasileira Feminina, medalha de bronze nas olimpíadas de Atlanta 1996, no dia 15  de Novembro e fizeram uma grande partida vencendo as garotas pelo placar de 3 x 1. Os gols da AEB foram marcados por Odilon e dois de Butininha. A AEB vencia por 3 a 0, mais a Seleção Brasileira não podia passar em branco e descontou com Pretinha, fechando o placar final. Os bambuienses ficaram atônitos com o resultado e fizeram uma grande festa.

 

 

Parceria entre AEB e Atlético-MG: No ano de 1998 por meio do presidente Paulo César Tavares foi firmada uma grande parceria entre AEB e o Atlético-MG de Belo Horizonte. O clube bambuiense adquiriu uma franquia para instalação da “Escolinha do Galo” na cidade de Bambuí, que funcionaria em parceria com a AEB, sendo sediada no estádio Sinfrônio Tôrres. O contrato foi assinado no dia 23 de março de 1998, tendo validade por 36 meses. A AEB passou a ser uma detentora da marca Clube Atlético Mineiro para a divulgação e implantação da escolinha. A AEB era isenta de qualquer pagamento mensal ao Galo, entretanto toda a logística de funcionamento e material era de responsabilidade do clube bambuiense. A previsão era de funcionamento para sete categorias de base: chupetinha (5 a 6 anos); fraudinha (07 a 08 anos); pré-mirim (09 a 11 anos); mirim (12 a 13 anos); infantil (14 a 15 anos); juvenil (16 a 17 anos) e juniores (17 a 20 anos).
A criação da Escolinha da AEB: A parceria entre AEB e Atlético-MG não foi muito duradoura. O uso da marca “Escolinha do Galo” não causou o impacto desejado e como o clube alvi-celeste estava atuando praticamente com as próprias pernas decidiu rescindir a parceria com o time alvinegro de BH e instalar uma escolinha própria. No dia 30 de julho de 1998 foi criada a Escolinha da AEB que tinha como diretores: Amil Antônio Costa, João Isidoro Martins, Geraldo Judas Tadeu Campos e Joadelívio Silva. O presidente Paulo César Tavares por meio da AEB firmou contrato com os responsáveis pela escolinha de forma a autorizar uma administração paralela à direção geral da AEB, dando plenos poderes para independência administrativa da escolinha. A AEB ficou obrigada a ceder um técnico remunerado para treinar os jovens talentos bambuienses da época, além de fornecer a escolinha a infraestrutura necessária para o bom funcionamento. Nenhum integrante da escolinha mantinha qualquer espécie de vínculo empregatício no clube alvi-celeste, apenas eram responsáveis pela coordenação e organização da escolinha.
FONTE & FOTOS: Blog Canastra Esporte Clube (http://canastraesporteclube.blogspot.com.br/p/historia-da-associacao-esportiva.html)
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Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

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