Arquivo da categoria: Rio de Janeiro (antigo Estado do RJ)

Olaria Atlético Clube – Rio de Janeiro (RJ): “Era de Ouro do Alvianil da Rua Bariri, em 1971”

No começo dos anos 70, o Olaria Atlético Clube era a agremiação mais ambiciosa e promissor do subúrbio do Rio de Janeiro. Tomando o lugar do Bangu como o time que mais incomodava os grandes, o clube da região da Leopoldina partiu para a melhor campanha de sua história no Campeonato Carioca em 1971, quando chegou a brigar pelo título e terminou numa excelente 3ª colocação. O time, dirigido pelo velho craque Jair Rosa Pinto, contava com uma defesa firme, que revelou o zagueiro Miguel, e uma dupla de alto nível no meio-campo formada pelos talentosos Afonsinho e Roberto Pinto. E por trás de tudo isso, havia a paixão ardorosa (e o dinheiro farto) do presidente e patrono Álvaro da Costa Melo. A curta, porém intensa, Era de Ouro do Alvianil da Rua Bariri.

O contexto da ascensão

EM PÉ (esquerda para direita): Roberto Pinto, Mineiro, Haroldo, Pedro Paulo, Luiz Carlos Feijão, Gesse, Afonsinho, Beto, Valter e Alfinete.
 AGACHADOS (esquerda para direita): xxx, xxx, Osni, Salvador, Miguel, xxx, Fernando Pirulito e xxx.

Campeão carioca em 1966 e vice em 1964, 1965 e 1967, além de terceiro colocado em 1963, o Bangu experimentou um declínio acentuado a partir de 1968. No fim daquele ano, o lendário presidente Euzébio de Andrade, pai do então diretor de futebol Castor de Andrade, abriu mão de disputar novas eleições e, junto com o filho, deixou o clube. Os alvirrubros assistiriam então ao início de uma crise que se agravaria profundamente ao longo da década de 1970. No vácuo desse período de baixa dos banguenses, outros clubes apareceram para se candidatar ao posto de “terror dos subúrbios”, agora vago.

O primeiro deles foi o Bonsucesso, que em 1968 e principalmente em 1969 fez boas campanhas e colheu alguns resultados históricos, jogando um futebol baseado num ferrolho quase intransponível, com cinco defensores, onde o experiente zagueiro Paulo Lumumba comandava o miolo do setor ao lado de duas jovens revelações que em breve virariam nomes famosos no futebol carioca: Moisés e Renê. Ganhou o apelido de “fantasma”, por freqüentemente tirar pontos dos grandes, chegando a sustentar uma respeitável invencibilidade diante deles. Mas não teve condições de brigar por títulos.

O segundo foi o Olaria, rival do Bonsuça na região da Leopoldina (zona norte do Rio), e cujo crescimento teve um marco inicial exato: 5 de janeiro de 1970, data da posse do comerciante Álvaro da Costa Melo na presidência do clube. Seu Melo, como era conhecido no bairro, era um imigrante português que chegou ao Brasil na década de 1920. Tempos depois, deixou o emprego de motorneiro de bonde para abrir uma padaria. Prosperou e enriqueceu fabulosamente, tornou-se incorporador, estendeu suas propriedades e negócios até pelos bairros vizinhos. Como quase todo lusitano, era torcedor (e sócio) do Vasco até uma certa tarde de sábado de 1933, quando um amigo o levou a um jogo do Olaria, ali perto de sua casa.

Roberto-Pinto, Jair da Rosa Pinto (técnico), lvaro da Costa Melo e Afonsinho

Foi amor à primeira vista. Poucos anos depois, já era tesoureiro do clube. Em 1937, quando o Olaria foi excluído do Campeonato Carioca após a pacificação das ligas, Melo se aborreceu e deixou a diretoria para cuidar de seus negócios. Foi levado de volta, contra sua vontade, em 1946 para ocupar outro cargo: a presidência. Na época, o clube tinha apenas seis sócios, que colaboravam com uma ninharia. Especulava-se uma fusão com o Bonsucesso. O novo mandatário não só conseguiu evitar o desaparecimento do time como o colocou de volta no Carioca. A exigência era a construção de um estádio. Seu Melo levantou contribuições aqui e ali, e dentro de dois meses o campo da Rua Bariri estava pronto.

Antoninho Minhoca, Salvador, Luis Carlos Feijão, Roberto Pinto e Marco Antônio. Destes, já faleceram: Antoninho Minhoca, Salvador, Luis Carlos Feijão e Roberto Pinto.
Em pé, de barba, podemos ver o Prezado Amigo Afonsinho.

No início dos anos 50, Álvaro da Costa Melo deixou novamente o clube, retornando no fim da década seguinte. O Olaria vivia momento político bastante conturbado, e o velho comerciante reapareceu para colocar as coisas em seus lugares. Antes mesmo de assumir outra vez a presidência, contratou o técnico Paulinho de Almeida e, junto com ele, começou a reforçar o elenco, que mal contava com um time completo de profissionais quando de sua chegada. Reformou também o estádio, para o qual pretendia uma expansão ambiciosa de capacidade para até 40 mil torcedores. Além disso, havia a promessa de gordas gratificações (ou “bichos”) aos jogadores, especialmente em caso de vitória sobre os grandes.

1970: Ensaio para a campanha histórica

Querendo fazer um grande papel na Taça Guanabara e no Campeonato Carioca em 1970, o Olaria formou um bom time. Para se unir à prata da casa, em meio à qual despontavam nomes como os zagueiros Miguel e Altivo e o lateral-esquerdo Alfinete (que retornava de um empréstimo à Portuguesa paulista), foram trazidos vários jogadores também por empréstimo, principalmente do Vasco (o goleiro Pedro Paulo, o zagueiro Fernando, o meia uruguaio Danilo Meneses, o ponta-direita Nado e o atacante Acelino) e do Botafogo (o lateral-direito Mura, o centroavante Humberto, o ponta-esquerda Torino e o maior deles, o meia-armador Afonsinho). Outros reforços foram buscados na capital paulista, como o meia Gessê (São Paulo) e o ponta Dario (Palmeiras).

Na Taça Guanabara, naquele ano ainda organizada como um torneio à parte do Estadual e disputada entre março e maio em várias fases, o clube até fez boa campanha, mas acabou eliminado antes do turno final, que reunia as seis melhores equipes. No Carioca, porém, o desempenho chamaria mais a atenção: terminaria o turno na sexta colocação, bem mais próximo da pontuação dos grandes do que dos pequenos. Seria ainda o único a derrotar o Fluminense, que virou a fase na liderança. Simbolicamente, Bangu e Bonsucesso, forças de anos anteriores, sequer conseguiram ficar entre as oito melhores equipes, que avançariam para a etapa seguinte.

Ao fim do campeonato, o clube mostrava que seu novo patamar não era fogo de palha. Terminou na sexta colocação, mas bem mais perto do Flamengo – quinto colocado, dois pontos acima – do que do Madureira – sétimo, oito pontos abaixo. No entanto, a partir de meados de setembro o clube precisaria excursionar para manter sua folha de pagamentos, já que não disputaria o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ou então ceder alguns de seus jogadores por empréstimo até o fim do ano – caso de Alfinete, que defenderia o Botafogo no campeonato interestadual. Mas o saldo do primeiro ano de ‘revolução’ era muito positivo.

Brigando entre os grandes

Apesar disso, a equipe passaria por mudanças. O bom trabalho na Rua Bariri levou Paulinho de Almeida ao Botafogo, sendo substituído pelo velho craque Jair Rosa Pinto, que havia comandado o Madureira no Carioca. Num elenco formado basicamente por jogadores emprestados, a maioria retornou a seus clubes de origem ao fim de 1970, mas outros felizmente tiveram seus vínculos prorrogados ou foram mesmo contratados em definitivo, caso de Afonsinho – que em março encerrava com vitória uma longa disputa judicial com o Botafogo por seu passe – e do goleiro Pedro Paulo, cedido sem custos pelo Vasco.

Para as demais posições, novos e bons nomes chegaram. Aproveitando sua boa relação com os dirigentes santistas, já que havia defendido o clube nos anos 50, Jair Rosa Pinto conseguiu trazer da Vila Belmiro o lateral-direito Haroldo, o ponta-de-lança Luís Carlos Feijão e o baixinho atacante Osni. Do Palmeiras, onde também havia sido ídolo como jogador, o técnico trouxe o ponta-direita Marco Antônio (famoso por jogar com uma fita amarrada na cabeça para prender os cabelos). Do America, veio o veloz atacante Salvador. E já com o Carioca em andamento, chegariam o ponteiro Antoninho, vindo do Juventus, e, mais tarde, o experiente meia Jaime, campeão pelo Bangu em 1966 e que andava pelo Parque Antártica.

Mas o principal reforço tinha relação ainda mais próxima com o treinador. Era seu sobrinho, o experiente meia Roberto Pinto, jogador de técnica refinada que havia feito ótima temporada pela Ponte Preta no ano anterior, levando a equipe campineira a um surpreendente vice-campeonato paulista. Aos 33 anos, o jogador que acumulava passagens pelo Vasco, Bangu e Fluminense, voltava ao Rio consagrado e pronto para a nova empreitada. Se o time contava com uma defesa firme, que jogava duro e sério, formada por Haroldo, Miguel, Altivo e Alfinete, era no meio-campo que o talento despontava. Ele e Afonsinho faziam uma dupla de luxo no meio-campo do Olaria, de fazer inveja à de muito clube grande do país.

Afonso Celso Garcia Reis, 23 anos, paulista de Marília, era estudante de Medicina, idealista, meia-armador revelado pelo XV de Jaú e que na época se destacava no Botafogo. Apontado como o sucessor de Gerson quando este se transferiu para o São Paulo, teve papel importante na conquista da Taça Brasil de 1968. No entanto, por se negar a aparar a barba que deixara crescer, entrou em atrito com a diretoria do clube e foi tachado de “indisciplinado”. Acabou afastado do elenco e proibido até de treinar. Paradoxalmente, viu ao mesmo tempo os cartolas recusarem todas as propostas de clubes grandes por seu passe. Levou então o caso à Justiça. Até aparecer o Olaria. Lá, jogaria com o visual que bem entendesse.

Roberto Pinto, por sua vez, deixara o Rio em 1967 com o cartaz de jogador indiscutivelmente talentoso, que dera ao Vasco um título histórico (o de “supersupercampeão” carioca, em 1958) e brilhara num Bangu que sempre flertava com a taça. Mas era considerado também um tanto mascarado, manhoso. No interior paulista, primeiro em Ribeirão Preto e depois em Campinas, renasceria como líder, além de preservar a velha habilidade para organizar todos os setores de uma equipe e fazê-la jogar ao seu redor. Não ficou mais tempo por lá por uma questão de adaptação de sua família. Mas agora, de volta à capital carioca, estava de novo em casa.

Mas as mudanças no Olaria para temporada de 1971 não se limitaram ao time. O clube passou a adotar até mesmo uma nova camisa. Deixou de lado o tradicional modelo branco com uma faixa horizontal azul (com as cores invertidas no uniforme reserva) para vestir um modelo listrado em azul e branco na vertical. A estreia da nova combinação aconteceu no segundo tempo do primeiro jogo da equipe no Carioca, um empate em 0 a 0 diante do favorito America, treinado por Zezé Moreira e que contava com jogadores como Edu Antunes Coimbra e Tadeu Ricci.

O regulamento do campeonato previa uma fase de classificação com os times divididos em dois grupos de seis que se enfrentavam em turno único. Os quatro melhores de cada avançavam para a fase final, um octogonal em turno e returno, carregando a pontuação da etapa anterior. Já na fase classificatória o Olaria fez campanha brilhante. Jogando de igual para igual – às vezes até dominando os adversários –, arrancou empates em 0 a 0 com os favoritos Flamengo e Vasco no Maracanã, além do já citado America.

Também nesta fase o Olaria venceu o clássico da Leopoldina contra o Bonsucesso por 2 a 1, de virada (Jair Pereira abriu o placar para os rubro-anis, antes de Roberto Pinto e Haroldo, de falta, reverterem a contagem), e ainda conseguiu dois bons triunfos contra o Campo Grande (4 a 1, com o zagueiro Altivo furando a rede numa bomba em cobrança de falta) e a Portuguesa (2 a 0, com direito a gol olímpico do ponteiro Marco Antônio).

O Olaria encerrou a fase de classificação com a segunda melhor campanha tanto em seu grupo quanto no geral, atrás apenas do Botafogo, num bom desempenho que fazia crescer a confiança de Jair Rosa Pinto: “Não temos medo de ninguém. Mesmo que o próximo adversário seja difícil, saberemos enfrentá-lo com a maior seriedade”. A boa campanha era alimentada por gordos “bichos” por vitória (ou até por empate contra os grandes) pagos em parte pela diretoria e complementados por contribuições dos endinheirados sócios, e que superavam os estipulados por todos os outros clubes.

Manchete do Jornal dos Sports de 1971: Olaria 0 x 0 Fluminense

Na fase final, a equipe estreou diante do Fluminense e outra vez empatou sem gols – pela quarta vez contra os grandes – mesmo desfalcado de Haroldo e Miguel. A primeira vitória viria logo em seguida diante do Bangu: 2 a 0, com gols de Roberto Pinto e do recém-contratado ponta Robertinho, ex-São Cristóvão. E na terceira rodada chegaria a vez de enfrentar o Botafogo, líder isolado em invicto, tido como o time a ser batido. E mais uma vez o Olaria arrancou um 0 a 0, embora pudesse ter vencido: teve a melhor chance do jogo quando Antoninho driblou o goleiro, tocou para o gol, mas Paulo Henrique salvou em cima da linha.

A invencibilidade dos bariris no campeonato chegaria a dez partidas na rodada seguinte, quando a equipe voltou a arrancar um empate com um grande, no caso o Flamengo, num 2 a 2 repleto de reviravoltas. O Olaria abriu o placar com Luís Carlos, viu os rubro-negros virarem com gols de Milton (que logo depois seria expulso junto com Altivo) e Fio, mas reagiria e novamente empataria, com outro tento de Luís Carlos. O saldo da batalha, no entanto, deixou preocupações: sem Altivo, suspenso, e Alfinete e Roberto Pinto, lesionados, os alvianis teriam pela frente o Vasco, que fazia campanha de recuperação.

Os desfalques foram bastante sentidos naquela noite de 4 de maio, quando o Vasco venceu por 1 a 0 num gol chorado de Dé, depois de a bola rebotear duas vezes na defesa. O lance provocou muita reclamação do técnico Jair Rosa Pinto: “A jogada do gol foi uma vergonha. Todo mundo viu que o Dé, antes de fazer o gol, segurou o Pedro Paulo. Só o juiz não viu”. Pilhado, o time fez um jogo violento contra o America e empatou em 1 a 1, com uma expulsão para cada lado.

A recuperação veio com dois grandes resultados. Já com os nervos em ordem, uma semana depois, o Olaria obteve uma vitória categórica sobre o rival Bonsucesso por 3 a 0, com gols de Antoninho, Salvador e Osni. E em seguida, na abertura do returno, venceu o America pelo mesmo placar. Afonsinho e Roberto Pinto formavam de novo a dupla de meio-campo após três jogos sem poder contar com um ou outro, e o Alvianil passou por cima. Roberto Pinto fez um de falta e outro de pênalti, e Salvador completou de cabeça um cruzamento de Haroldo para fechar a contagem.

Veio então um eletrizante empate com o Fluminense. Logo aos três minutos, Luís Carlos abriu o placar com um golaço: matou no peito, deu um chapéu em Galhardo e bateu de primeira, vencendo Félix. Mas os tricolores viraram com dois gols de Ivair. Aos 36 minutos, o time suburbano empatava novamente em bola de Antoninho que desviou no zagueiro Assis antes de entrar. E três minutos depois passaria novamente à frente com gol de pênalti de Altivo. Na etapa final, o lateral Toninho voltaria a igualar o marcador, depois de o Flu ter ficado com um a menos, após a expulsão do ponteiro Lula.

O jogo seguinte, em 5 de maio, seria o da desforra contra o Vasco. Numa grande exibição, na qual mostrou excepcional coesão e senso de cobertura defensiva, além de muita classe no toque de bola envolvente, o Olaria abriu o placar logo aos 11 minutos de jogo com Antoninho. No segundo tempo, pouco depois de Marco Antônio acertar o travessão de Andrada, houve uma cobrança de falta rolada de Roberto Pinto para Altivo. O chute forte desviou em Eberval e enganou o arqueiro vascaíno, selando a justa vitória olariense.

Olaria 2 x 0 Vasco da Gama, de 1971

Aquela sequência de atuações representou talvez o auge da equipe na competição. Mesmo o ataque, setor tido como o menos brilhante e eficiente do time, apareceu muito bem – apesar da ausência sentida de um goleador nato. O ponta-direita Marco Antônio recuava e ajudava a preencher o meio-campo. Luís Carlos, o ponta de lança, era um jogador impetuoso, inteligente, o mais habilidoso do setor e um tormento constante para as defesas adversárias. Salvador usava sua velocidade impressionante para puxar os contragolpes, pelo meio ou pelas pontas. Por fim, na esquerda, Antoninho (o último a chegar e a se firmar como titular) contribuía com experiência, controle de bola e a boa articulação com os meias e os companheiros de frente.

O confronto decisivo para as pretensões olarienses naquele campeonato viria na partida seguinte: dividindo a vice-liderança com o Fluminense, o time Alvianil encarava o líder invicto Botafogo. Numa noite inspirada do atacante Paraguaio, substituto de Jairzinho, os alvinegros abriram 2 a 0, mas o Olaria foi buscar a igualdade na raça, com gols de Salvador e Haroldo. Na etapa final, quando a pressão do time da Rua Bariri era enorme, e o arqueiro alvinegro Ubirajara fazia intervenções cruciais, Zequinha desceu pela direita, passou por Alfinete e cruzou. Nilson Dias ajeitou de cabeça e outra vez Paraguaio testou para marcar seu terceiro gol e dar a vitória aos botafoguenses, que agora se colocavam praticamente inalcançáveis, seis pontos à frente.

Com o título muito distante, restou ao Olaria manter a grande campanha para seguir de cabeça erguida. E o time responderia vencendo os dois compromissos seguintes. Primeiro contra o Bangu, num Maracanã semideserto. O time abriu o placar logo aos 16 minutos quando Afonsinho fez jogada de ponteiro pela esquerda, chutou e o goleiro Nei espalmou nos pés de Salvador, que pegou de sem-pulo, estufando as redes. Na etapa final, Afonsinho tabelou com Salvador e foi derrubado bem perto da área. Altivo cobrou a falta com seu habitual chute forte, acertando o canto esquerdo de Nei e fechando a contagem.

Na penúltima rodada, em General Severiano, o time bateu o Bonsucesso por 1 a 0 e confirmou o histórico terceiro lugar. O gol, marcado logo aos nove minutos de um jogo muito mais tranquilo do que o placar indica, foi fruto de uma jogada coletiva, trabalhada. Roberto Pinto entregou a Antoninho, que lançou Salvador em velocidade. O atacante foi à linha de fundo, driblou o zagueiro rubro-anil e cruzou para trás. Afonsinho, que vinha na corrida, chutou de perna esquerda no canto do goleiro. O título daquele ano acabou nas mãos do Fluminense, que arrancou no fim, enquanto o Botafogo tropeçou seguidamente, culminando na vitória tricolor no confronto direto da última rodada, por 1 a 0.

A polêmica das rendas

Enquanto o time fazia bonito em campo, uma grande discussão tomou conta dos bastidores durante a fase final do campeonato. Diferentemente de hoje, quando só é mencionado como indicador da saúde financeira dos clubes, o somatório das rendas era um importante critério para definir os participantes de um torneio – acima até mesmo do índice técnico. Para a disputa do campeonato nacional, por exemplo, ficou estipulado que os cinco participantes cariocas seriam o campeão estadual mais os quatro melhores colocados em rendas. O critério também seria usado para indicar os times que jogariam a Taça Guanabara no meio do ano e ainda os pré-classificados para o Campeonato Carioca do ano seguinte (no que a Federação acabaria voltando atrás pouco depois).

Durante a fase final, ficou claro que – ainda que tivesse chance até mesmo de ser campeão carioca – o Olaria teria de brigar palmo a palmo com America e Bangu no ranking de rendas pela quinta vaga da Guanabara no Brasileirão. Atento aos movimentos da Federação, que divulgava a tabela dirigida aos poucos, quase rodada a rodada, o clube começou a protestar por ser quase sempre indicado para jogar nas piores datas (por exemplo, nos meios de semana à tarde), enquanto os dois concorrentes muitas vezes engordavam suas arrecadações atuando em preliminares de clássicos no Maracanã (a renda era contada igualmente para todos os quatro clubes envolvidos em rodadas duplas).

Em 7 de junho, quando a Federação anunciou a tabela para as rodadas finais, foi a gota d’água: mais uma vez alegando terem sido prejudicados, os dirigentes olarienses anunciaram que o clube estava abandonando o campeonato. “Fizemos um sacrifício enorme este ano. Provamos a todos que poderíamos armar um time para disputar um campeonato condignamente. Com muito sacrifício, apresentamos uma equipe que enaltecesse o futebol carioca, não pensando somente em enaltecer nosso quadro social, mas também em consideração e respeito ao público carioca. O que conseguimos com isto? Nada. Não recebemos da Federação nem ao menos o reconhecimento pelo nosso trabalho”, lamentou Álvaro da Costa Melo, que também anunciava ali sua renúncia à presidência do clube.

A situação acabou contornada num encontro com o governador Chagas Freitas e tudo voltou aos seus lugares. Mas o clube conseguira atrair considerável atenção para sua causa e agora partiria para o contra-ataque. A rede de lojas de departamentos Ponto Frio publicou nos jornais um anúncio grande em apoio ao clube. E na noite de sexta-feira, 25 de junho, véspera da partida contra o Flamengo pela última rodada, o diretor comercial da empresa compareceu à Adeg (órgão que administrava o Maracanã) e entregou um cheque de Cr$ 800 mil, referente à compra de mais de 115 mil ingressos de todos os setores.

Jornal do Brasil: Flamengo x Olaria, de 26 de Junho de 1971

O destino das entradas, cuja compra alavancaria consideravelmente o Olaria no ranking das rendas, também já estava definido: seria distribuído gratuitamente nas lojas do Ponto Frio, em portas de escolas, orfanatos, asilos e também nas imediações do Maracanã, em Kombis da empresa. Em campo, o Alvianil perdeu por 1 a 0 para o Flamengo, gol de Fio, mas mesmo assim terminou na terceira colocação por pontos – à frente dos próprios rubro-negros (em quarto) e de America (quinto), Vasco (sexto) e Bangu (sétimo). Ficou também à frente do America nas rendas: embora pouco mais de 50 mil torcedores tivessem de fato passado pelas roletas do Maracanã (ainda assim um bom público), o número oficial anunciado foi de 118. 314 pagantes, gerando uma arrecadação que superava a soma dos rubros em mais de Cr$ 200 mil.

Irritado, o America anunciou que não entraria em campo para enfrentar o Bangu no domingo de manhã em São Januário, no que contou também com a adesão do adversário, provocando um W.O duplo em protesto contra o que os dois clubes consideravam uma atitude antidesportiva dos alvianis – embora o presidente do Olaria reiterasse que toda a ideia e a execução do processo de compra da renda haviam sido feitas exclusivamente pelo Ponto Frio.

A questão foi parar nos tribunais, e o time rubro recorreu ao presidente da CBD, João Havelange, para que se pronunciasse em sua causa. A entidade, através de seu diretor técnico Antônio do Passo (ex-presidente da Federação Carioca), decidiu com isso alterar os critérios de classificação para o Brasileiro, passando a adotar o convite puro e simples. E deu a quinta vaga da Guanabara ao America. “Eu não poderia ter outra atitude. Afinal de contas, eu sou responsável pela introdução do mesmo critério no campeonato nacional. Admitir a compra de renda, agora, seria contribuir para desmoralizar o próprio campeonato nacional”, justificou o dirigente.

Ironicamente, durante o Brasileiro a situação voltaria a se repetir envolvendo agora o Vasco, time do qual Antônio do Passo havia sido dirigente: ao fim da primeira fase, o critério de renda dava vaga a alguns clubes na etapa seguinte, e os chamados “cardeais” vascaínos (grupo de alto poder aquisitivo que integrava o conselho do clube) compraram dezenas de milhares de ingressos excedentes para um jogo contra o Palmeiras, no Maracanã, no intuito de garantir a classificação da equipe, que andava mal, por meio deste critério. Com mais este caso, a CBD viu-se obrigada a reformular o regulamento do torneio, criando um novo turno classificatório, e excluindo por ora o critério de renda (que voltaria em anos posteriores).

A vida após a grande campanha

Para o Olaria, porém, já era tarde. O clube acabou sem vaga no Brasileiro e desistiu de participar da Taça Guanabara, disputada em julho, logo após o Carioca. Novamente dirigido por Paulinho de Almeida, depois que Jair Rosa Pinto não renovou o contrato, o Alvianil preferiu embarcar para uma excursão pelo Norte e Nordeste levando todos os seus titulares, muitos deles cobiçados por outros clubes de dentro e fora do Rio (o São Paulo tentou a contratação de Miguel, convocado para a Seleção Brasileira, e o Cruzeiro sondou Alfinete). Retornou invicto, com sete vitórias e três empates.

Os principais nomes do time, no entanto, foram parar quase todos no Vasco, por empréstimo, no segundo semestre: Haroldo, Miguel, Alfinete e Afonsinho seguiram para São Januário, onde disputariam o Brasileiro. Além deles, o atacante Salvador era cedido ao Atlético Mineiro até o fim do ano (do qual retornaria com o título nacional). Luís Carlos e Osni, por sua vez, foram devolvidos ao Santos – e o ponteiro seguiria para o Vitória, onde começaria a se consagrar no ano seguinte.

Para 1972, o Olaria faria uma aposta arriscada, mas sem dúvida de muito impacto, para a disputa do Campeonato Carioca: a contratação de Garrincha, já com 39 anos de idade, levou o clube novamente às capas de revistas e jornais, mas rendeu pouco em campo. O ponta jogou apenas sete partidas, sendo substituído na maioria delas. Junto com ele também chegaram outros veteranos, figuras conhecidas do futebol carioca, como lateral Fidélis (emprestado pelo Vasco) e o zagueiro Mário Tito (vindo do Cruzeiro), ambos campeões com o Bangu em 1966.

Foto de 1972 – EM PÉ (esquerda para a direita): Aluísio, Fernando Pirulito, Mario Tito, Pedro Paulo, Altivo e Mineiro;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Garrincha, Ézio, Roberto Pinto, Salvador e Carlos Antonio.
Destes, já faleceram: Mario Tito, Pedro Paulo, Garrincha, Roberto Pinto e Salvador.

Se não chegou a repetir a sensação do ano anterior, o time da Leopoldina fez campanha digna, em especial no primeiro e terceiro turnos. Curiosamente, a equipe foi treinada durante a maior parte do torneio pelo meia Roberto Pinto, que acumulava as funções de jogador e treinador. O Olaria terminou na sexta colocação, novamente como o melhor entre os pequenos. Mas mais uma vez o convite da CBD para disputar o Brasileiro não viria, provocando novas baixas no elenco (o zagueiro Altivo seguiria para o Santos e o lateral-esquerdo Mineiro defenderia o Flamengo, entre outros).

Em 1973, o clube contaria rapidamente com a volta de Afonsinho, que defendera o Santos na temporada anterior e retornava para o Carioca. Ironicamente, embora a campanha desta vez fosse um pouco mais fraca que a do ano anterior (terminaria em sétimo, um ponto atrás do rival Bonsucesso), o clube finalmente receberia o aguardado convite da CBD para disputar o Brasileiro, que de um ano para o outro teria o número de participantes aumentado de 26 para 40 clubes.

No Brasileirão, rodando pelo país

Dez anos depois de disputar pela única vez o Torneio Rio-São Paulo, o Olaria voltaria a cruzar as divisas da Guanabara. Mas já de saída o clube sabia que não teria muita chance de realizar uma grande campanha. Além de não contar por um bom tempo com o meia Roberto Pinto, o grande maestro da equipe, ausente por lesão, a tabela divulgada pela CBD não era favorável. Das 19 partidas do primeiro turno, o Alvianil só jogaria duas no Rio, justamente contra Flamengo e Vasco no Maracanã. O torneio era para o clube como uma grande excursão contando pontos, jogando a cada três ou quatro dias numa capital diferente.

Assim, naturalmente, o começo da campanha foi muito ruim, com apenas quatro pontos somados nos primeiros 11 jogos, sem nenhuma vitória. A reação começou exatamente com o retorno de Roberto Pinto, na partida contra o Atlético-PR no Couto Pereira (na época, chamado de Belfort Duarte): jogando sem dar espaços na defesa e arrancando em perigosos contra-ataques a partir de lançamentos do meia, o time bariri venceu por 2 a 0, gols do armador Gessê.

A partir de então, o time enfileirou uma série de grandes resultados que o transformaram de saco de pancadas a candidato à classificação. Bateu o Santos na Vila Belmiro (com um golaço de bicicleta de Jair Pereira), o Vasco em São Januário, o Remo em Belém, o América potiguar em Natal, o Fluminense e o America carioca no Maracanã e ainda arrancou empates preciosos diante do Botafogo, do Vasco, do Náutico no Recife, do Atlético no Mineirão, do Rio Negro em Manaus e do Figueirense em Florianópolis.

No fim, não foi o bastante para garantir a vaga entre os 20 que passariam para a etapa seguinte, mas o clube conseguiu justificar sua presença naquele torneio, especialmente por ter jogado quase sempre fora de casa, atuando no Rio apenas contra os rivais cariocas. Mas a boa última impressão contribuiu para que o Olaria fosse mantido no Brasileiro de 1974, disputado logo em seguida, a partir de março. Desta vez o clube fez campanha bem mais discreta, destacando-se apenas contra os rivais locais (venceu o Flu e empatou com Fla, Vasco e Bota). E o fim da fase de ouro viria definitivamente no segundo semestre com a campanha decepcionante no Estadual: penúltimo na Taça Guanabara, o Olaria sequer se classificou para os dois turnos seguintes.

Álvaro da Costa Melo, que após um breve afastamento havia retornado ao clube como patrono, decidiu novamente dar adeus em dezembro daquele ano para cuidar da família, da saúde e de seus interesses, como justificou. “Sou Olaria. Continuarei sendo. Mas agora em termos mais distantes. A minha missão está concluída, e bem concluída, modéstia à parte”, afirmou. Seu Melo, porém, voltaria diversas vezes ao clube posteriormente, como patrono ou mesmo na presidência, até falecer em maio de 1993, aos 87 anos. 

Outro adeus simbólico foi o de Roberto Pinto, que após muito pensar, decidiria pendurar as chuteiras em janeiro de 1975. Afonsinho, que havia voltado mais uma vez por essa época, seguiria para o América mineiro antes de se dedicar mais à Medicina do que à bola. Terminava um ciclo histórico para o pequeno clube da Rua Bariri, que dali em diante viveria entre a primeira e a segunda divisões cariocas, às vezes fazendo boas campanhas, às vezes apenas figuração. Em 1981, o Alvianil conquistaria a Taça de Bronze, equivalente ao Brasileiro da Série C, mas no mesmo ano acabaria rebaixado no Estadual. E nunca mais brigaria tão de igual para igual com os gigantes. E nunca mais seria tão rico e tão cheio de classe em campo como naquele início dos anos 70.

Desenho do escudo e uniforme: Sérgio Mello

Colaborou: José Leôncio Carvalho

FONTES: Emmanuel do Valle, do site Trivela – Jornal dos Sports (JS) – Jornal do Brasil (JB)Revista Placar

Esporte Clube São Bento – Angra dos Reis (RJ): escudo da década de 60

Esporte Clube São Bento foi uma agremiação da cidade de Angra dos Reis (RJ). A sua Sede social ficava localizado na Rua Arcebispo Santos, nº 94, no Centro da cidade. Foi Fundado em 1950.

Há poucas informações do São Bento. O que foi apurado é que o time foi Hendecacampeão (11 vezes) de Angra dos Reis em  19511952, 195319541955, 19561957,  19581959, 1960, e 1961. Cinco anos depois disputou o III Campeonato Fluminense de Clubes Campeões Municipais de 1962. Na estreia, nem precisou jogar, uma vez que o seu adversário (Guarani Esporte Clube, de Volta Redonda), desistiu de participar. Assim, avançou para a segunda fase.

Posteriormente, participou do Torneio de Campeões do Estado do Rio de 1964, organizado pela Federação Fluminense de Desportos (FFD)Tupi (Paracambi); São Pedro (São João de Meriti); Mauá e Metalúrgico (São Gonçalo); Tanguá (Rio Bonito); PIauí (FNM); Flamengo (Macaé); Mangueira (Paraíba do Sul); Cantagalo (Cantagalo).

Time base de 1957: Zezito; China e Pindaro; Santos, Benê e João Cidade (Assaid); Artur, Mair, Edson e Ézio.

FONTES: Jornal dos Sports – O Fluminense (RJ) – A Noite (RJ) – Última Hora (RJ)– Mercado Livre

Sport Club 1º de Maio – Rio de Janeiro (RJ): Tricampeão Carioca do D.A., em 1954-55-56

1° de Maio Futebol Clube  foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). O clube Alvianil foi  Fundado na quinta-feira, do dia 1º de Maio de 1919, com o nome de Sport Club 1º de Maio.

A Sede ficava na Rua Conde da Leopoldina, nº 60, no Bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Nos anos 30, se transferiu para a Rua Bonfim, nº 170, no Bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio.

Apesar das escassas informações, vale a pena o registro do Tricampeão do Campeonato Carioca do Departamento Autônomo (D.A.) de 1954, 1955 e 1956, organizado pela Federação Metropolitana de Futebol (FMF).

Flâmula: Acervo de Raymundo Quadros

Desenho do uniforme e escudo: Sérgio Mello

FONTES: Vida Domestica (RJ) -A Manhã – Diário da Noite – Correio da Manhã – A Noite – Jornal do Brasil

Atlético Clube Itatiaia – Itatiaia (RJ): Fundado em 1938

O Atlético Clube Itatiaia é uma agremiação do município de Itatiaia, situado na região sul fluminense do estado do Rio de Janeiro. A Sede fica localizado na Praça João Vieira, s/n, no Centro de Itatiaia.

O “Mais Querido” foi Fundado em 1938. Nove anos depois, alterou o nome para Atlético Clube Campo Belo, denominação batizada em função do nome do 4º distrito Vila Campo Belo. As suas cores: azul e branco.

Na quarta-feira, do dia 14 de maio de 1952, o clube alterou novamente para nomenclatura atual, e, registrado em 12 de maio de 1957. Nesta época, os membros que faziam parte da diretoria eram os Senhores: Hugo Barbosa Pinto, Alarico Nicomedes Rodrigues, Emmanoel Ferreira Tavares, Clodoaldo Rodrigues Cardoso, Abelardo Martins de Oliveira e Geni de Paula Lima.

Seus Presidentes até o momento foram: Hugo Barbosa Pinto, Walter Miglioli, Silvio Cotrim, José Batista Pinto, Aluisio Rodrigues Marques, Jorge Barbosa da Silva, João Mathias de Aguiar, e recentemente Roberto Otatti.

Anos 60: Campo de futebol local com a presença entre outros do vereador na época Mário Pereira da Silva. Reparem na bandeira do Atlético Clube Itatiaia com o Gumercindo e o saudoso Fafu.

Filiado a Liga Desportiva de Resende

No final do mês de maio de 1952, a agremiação se filiou a Liga Desportiva de Resende (LDR), juntamente com o Esporte Clube Campo Elíseos (2º distrito de Alto dos Passos). As filiações foram homologadas pela Federação Fluminense de Desportos (FFD).  

Utilidade Pública

Na quarta-feira, do dia 17 de dezembro de 1952, o então governador do estado do Rio de Janeiro, Amaral Peixoto (de 31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1955), sancionou a lei da Assembléia Legislativa considerando utilidade pública, o Atlético Clube Itatiaia.

Rivalidade

Flâmula referente ao 20º aniversário do clube

O Esporte Clube Nacional é o seu maior rival. A oposição também se fazia na irreverência de cada torcida, o Itatiaia era chamado de o “Mais Querido” e o Nacional, como o “Clube do Povo”. Esses simbolismos acabaram criando cultura, fazendo política e gerando comunicação.

A participação popular na época era tanta, que para satisfazer seus simpatizantes, os clubes procuravam outras atividades de lazer e cultura, a exemplo das escolinhas de futebol para crianças que no Nacional foram dirigidas em fases diferentes por José Limpinho, Dito Cambeta e Sidroneo.

No Itatiaia, Amíler e depois Jorge Barbosa da Silva. Tivemos também no Nacional, em sua Sede, a 1ª Escola de Alfabetização de adultos, em Itatiaia. As festas sociais eram patrocinadas pelas duas Entidades, assim como também as festas juninas.

Essas agremiações eram filiadas inicialmente na Liga Desportiva de Resende, e vários títulos foram conquistados para o nosso Distrito, o Nacional foi duas vezes campeão e o Itatiaia conquistou três vezes, títulos oficiais.

Clube ajudou a fundar a Liga Desportiva de Itatiaia

Foto de 1989

Com a Emancipação do município de Itatiaia, foi criado em 22 de Junho de 1990, a Liga Desportiva de Itatiaia (LDI), graças aos presidentes do Atlético Clube Itatiaia e Esporte Clube Nacional que se uniram a fim de fundá-la. O 1º presidente provisório da Liga foi Jorge Barbosa da Silva, que após organizar a sua administração.

No 1º Campeonato Citadino em 1991, o Atlético Clube Itatiaia ficou com o vice-campeonato, só atrás do arquirrival Nacional.

Desenhos e texto: Sérgio Mello

FOTOS: Acervo de Wanderson Alexandre Júlio (ex-jogador do clube) – Liliam Fróes Acervo de Jorge Barbosa da Silva

FONTES: Academia Itatiaiense de História – A Manhã (RJ) – Correio da Manhã (RJ)

Esporte Clube Nacional – Itatiaia (RJ): Fundado em 1951

O Esporte Clube Nacional é uma tradicional agremiação do município de Itatiaia, situada na região Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro (RJ). O “Clube do Povo” foi Fundado no sábado, do dia 08 de Dezembro de 1951 , com o nome de Guarani Futebol Clube. Em 20 de agosto de 1958, quando foi registrado, a agremiação adotou o nome atual: E.C. Nacional. As suas cores: verde e branco.

A 1ª Diretoria foi composta pelos seguintes membros: Sebastião Bernardo, José Aníbal Carneiro, Guilherme Camejo, Joaquim Carvalho Lemos, Joaquim Isidoro Coutinho e Arthur Alberto Leite Junior.

Os seus Presidentes ao longo da sua história foram os seguintes: Sebastião Bernardo, Elias Ferreira, José Coutinho, Luís Gomes Rabelo, José Nicanor de Barros e ultimamente, André Valente

O grande rival do Nacional é o Atlético Clube Itatiaia. O encontro entre essas duas equipes agitavam os torcedores itatiaienses, atraindo um grande número de pessoas nos jogos.  

No início das suas atividades o Nacional era filiado a Liga Desportiva de Resende (LDR), onde se sagrou campeão em duas oportunidades. Posteriormente, em 22 de Junho de 1990, quando presidentes do Atlético Clube Itatiaia e Esporte Clube Nacional se uniram a fim de fundar a Liga Desportiva de Itatiaia (LDI), passaram a jogar as competições no seu município. O 1º presidente provisório da Liga foi Jorge Barbosa da Silva, que após organizar a sua administração.

Primeiro Campeão Citadino: Esporte Clube Nacional

EM PÉ (esquerda para a direita): Samambaia, Newton Careca, Ary, Deleco, Mirinho, Fernando (C), Mazinho, Pedro Antônio, Tiãozinho, Marquinho, Afrânio e Djalma.

AGACHADOS (esquerda para a direita): : Toninho Romário, Batista, Geovane, Serjão, Murilo, Jarbinha e Henrique.

No primeiro, extra-oficial, sagrou-se campeão o União da Vila Futebol, em 1990. Nos oficiais, o Esporte Clube Nacional tornou-se o 1º campeão do Município em 1991, invicto tendo como Vice o Atlético Clube Itatiaia.

O título foi alcançado na segunda partida da final, do 1º Campeonato Oficial de Amador de Itatiaia. Assim, o Nacional foi campeão de forma invicta, tendo o ataque mais positivo (33 gols), a defesa menos vazada (nove gols sofridos) e o artilheiro do certame: Toninho Romário com 11 gols. Ao todo foram 15 jogos, com 11 vitórias e quatro empates.

O time do Nacional campeão tinha a seguinte formação e numeração:

1 – Afrânio;

2 – Ary,

3 – Serjão,

4 – Fernando,

6 – Mazinho,

5 – Marquinho,

7 – Batista,

8 – Murilo,

10 – Geovane,

9 – Henrique,

11 – Toninho Romário

Técnico: Newton Careca.

No ano seguinte, em 1992, foi a vez do Novo Cimafe Futebol Clube, ficando com Vice o Verona Futebol Clube. Neste período, outros eventos foram realizados, sobretudo, buscando atingir os jovens do nosso município, e foi com esses eventos importantes, tais como: Campeonatos de Juvenil em 1992, quando sagrou-se campeão o Verona Futebol Clube.

O Campeonato de Juniores, também em 1992, quando teve como campeão o Esporte Clube Nacional, que surgiram as oportunidades que foram dadas a vários atletas juvenil, que posteriormente atuaram no Fluminense Football Club, do Rio de Janeiro e no Flamengo. Alguns destes atletas foram os seguintes: Bebeto, Altair, Flavinho, Xando, Alan, Alessandro Couto, Alex e Sirlei

FOTOS: Acervo de Murilo Souza de Oliveira (ex-jogador do Nacional)

Desenhos e texto: Sérgio Mello

FONTES: Academia Itatiaiense de História

Esporte Clube Maravilha – Rio de Janeiro (RJ): Fundado em 1939

Pesquisa, desenhos e texto: Sérgio Mello

O Esporte Clube Maravilha foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). O “Alviceleste Maravilhense” foi Fundado no domingo, do dia 02 de Abril de 1939, como Sport Club Maravilha, por um grupo de desportistas liderados por Altair Pereira, Eloi Genovês, Geraldo de Souza, Petrônio Marcos, entre outros.    

Um breve resumo sobre a história do clube

O 1º campo (de propriedade do I.A.P.C., cedido por empréstimo) era modesto e dividia o espaço com outra equipe (Unidos). Posteriormente com a extinção do Unidos passou a gerir o campo sozinho, que ficava na Rua da Bica, em Quintino.

Até no final década de 40, a Sede provisória ficava na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. Graças ao árduo trabalho do presidente do clube, Floriano Peixoto Resende, na noite de sábado, às 21 horas, no dia 18 de dezembro de 1954, o clube inaugurou a sua Sede própria que ficava situada na Rua Cupertino, nº 395, Quintino Bocaiúva, na Zona Norte do Rio (RJ). A mesma foi adquirida com enorme sacrifício, por meio das cotas dos sócios-proprietários e mensalidades.  

Contando com o 1º e 2º Quadros, a diretoria do Maravilha criou o quadro Infantil, no início de novembro de 1941. Além do futebol, o clube também contava com uma forte equipe de Tênis de Mesa

Em 1954, se sagrou campeão do Campeonato de Futebol Independente, organizado pelo jornalista Julio Neves e do qual contou com a participação de cerca de 80 clubes. Na final, após perder para os Irmãos Goulart por 5 a 3, no jogo de ida, em Olaria, o Maravilha reverteu o quadro venceu por 2 a 1, no Estádio Figueira de Melo, levantando a taça.

Maravilha jogou no Maracanã – Parte I

No sábado, do dia 09 de Abril de 1955, o Flamengo goleou o Santos por 5 a 1, válido pelo Torneio Rio – São Paulo. Na preliminar, o Maravilha jogou pela primeira vez no imponente Estádio Mario Filho, o Maracanã.

O adversário foi o Torres Homem Futebol Clube, do Bairro de Botafogo, filiado no Departamento Autônomo. Num jogo bastante movimentado, acabou empatada em 3 a 3.

O Maravilha vencia quando no “apagar das luzes” o zagueiro Joel, numa jogada de pura infelicidade, acabou marcando contra o próprio patrimônio. Os gols do Maravilha foram assinalados por Pitoca, duas vezes, e Cica um tento. O time jogou assim: Caju; Petrônio e Joel; Cunhado (Telo), Célio (Maneco) e Cicino; Cica, Lico (Taica), Azambuja, Buja (Renato), Jair  e Pitoca.   

No começo de 1956, o clube contava com 85 sócios proprietários, 315 contribuintes (sendo 55 juvenis) e mais seis diretores e conselheiros, dando um total de 400 associados. Segundo membros do clube, uma torcida de cerca de 2 mil pessoas.

Maravilha voltou a jogar no Maracanã e entregou uma flâmula ao craque Puskas

Ferenc Puskás abraçado com os jogadores do Maravilha

Na noite de sábado, às 19h30min., do dia 02 de Fevereiro de 1957, na preliminar do amistoso internacional entre Flamengo e Honved (base da Seleção Húngara, na época), o Maravilha voltou a pisar no gramado do Maracanã.

O Maravilha acabou derrotado pelo Modelo, de Bonsucesso (campeão do Torneio realizado pelo Bonsucesso Futebol Clube) pelo placar de 2 a 1, sofrendo, numa cobrança de penalidade máxima, o tento derradeiro no fim da partida.

No intervalo da preliminar, os jogadores do Maravilha ofereceram aos jogadores húngaros uma flâmula, como o craque Ferenc Puskás.  No segundo tempo, o Modelo, reforçado por jogadores do Aspirantes do Bonsucesso F.C. conseguiu o tento da vitória no final da peleja.

Gol de pênalti que deu a vitória ao Modelo
O goleiro Tide (Maravilha), entregando a flâmula a Farago

Time de 1941: Antoninho; Abraão e Raulino; Ney, Aprígio e Ovídio; Faustino, Altino, Antonio, Oswaldo e Donato. Reservas: Larry, Hamilton, Hélio, Luiz, Nascimento, Domingos, Nelson I e Nelson II.  

Time de 1953: Tide (Hugo); Petrônio (Medroso) e Esquerdinha; Joel, Cunhado e Cicino; Cica, Jair, Taica, Rogério (Osvaldo) e Guará (Djalma).  

Time de 1954: Tide (Hugo); Petrônio e Esquerdinha (Joel); Maneco, Célio e Cicino; Cica, Taica, Lico, Renato, e Rogério.  

Time de 1955: Caju; Toninho (Petrônio) e Joel (Maneco); Cunhado (Telo), Célio e Cicino; Cica, Lico (Taica), Azambuja (Geraldo), Jair (Renato) e Pitoca (Buja).  

Time de 1956: Caju; Petrônio e Joel; Maneca, Telo e Cicino; Cica, Lico, Arlindo, Jaú e Pitoca.  

FONTES: Gazeta de Notícias (RJ) – A Noite (RJ) – Jornal dos Sports – Diário de Notícias (RJ) – Diário da Noite (RJ) – Tribuna da Imprensa (RJ)

Tamoio de Ramos Futebol Clube – Rio de Janeiro (RJ): Fundado em 1952

O Tamoio de Ramos Futebol Clube foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Um grupo de garotos residentes na Rua Dr. Noguchi, Travessa Salvador Maciel e Rua Diogo Brito, no bairro de Ramos resolveram se reunir para Fundar o clube, no Domingo, do dia 11 de Maio de 1952.

A primeira providência foi curiosa: na barreira existente na Rua Roberto Silva, pertencente ao Sr. Luiz Pacheco Drummond pintaram, numa pedra o escudo do clube.

Os senhores Severino Pinto de Araújo, Rubem Pinto de Araújo, Rubem das Neves, Fenelon Pinheiro (Lucas), Érico Loyola Rêgo, Nelson Herdeiro, Domingos Dias Teixeira e Djalma Ferreira da Silva vendo o esforço dos jovens, que começaram a jogar suas “peladas” acharam que deviam auxiliá-los, assistindo aos jogos e contribuindo financeiramente para melhoria do já então futuroso clube. As primeiras camisas, chuteiras, meias e calções foram comprados mediante um rateio em que entraram aqueles desportistas.

História do escudo

A principio o escudo pintado na pedra era semelhante ao São Cristóvão; em preto e branco; posteriormente foi modificado, passando a ser tricolor: azul, encarnado e branco em listras verticais separadas da parte de cima por uma faixa com os dizeres: Tamoio F.C.; na parte de cima duas flechas cruzadas, a simbolizar o nome “tamoio“. A ideia da mudança das cores e do escudo pertenceu ao desportista Nelson Herdeiro, por um simples fator: ele era desenhista e projetou o distintivo.

Em assembleia geral foi definida a 1ª Diretoria, que foi constituída pelos seguintes membros:     

Presidente – Djalma Ferreira;

Secretário Geral – Nelson Machado;

Tesoureiro – José Francisco Herdeiro;

Diretor de Esportes – Érico Loyola Rêgo;

2º Secretário – Nelson Herdeiro

Procurador – Nilson de Oliveira Ramos;

Diretor de Patrimônio – Osvaldo de Andrade.

Praça de Esportes

O seu campo ficava localizado no caminho do Itararé, ao lado de outros campos, ou sejam: Unidos do Itararé, Alvaceli Futebol Clube, Itaóca Futebol Clube e Antunes Futebol Clube, no bairro Jardim Ana Maria. No começo de 1956, o clube contavam com 140 associados. Segundo Nelson Machado, então presidente do clube em 1956, a maior vitória foi sobre o Cruzeiro do Sul Futebol Clube, campeão invicto de Petrópolis, por 2 a 1, no Estádio da Rua Bariri, em Olaria. 

Elenco em 1956

Goleiros: Zezinho e Renildo;

Zagueiros: Roberto, Darci, Osmar, João, Nelson e Zilmo;      

Médios: Neca, Flávio, Ézio, Djalma e Guilherme

Atacante: Harlei, Washington, Nei, Sobrinho, Zeca, Canucho e João.

Time base de 1960: Renilton; Sérgio e Walter; Leleco, Cícero e Joel; Washington, Tião, Zezinho, Índio e João.

FONTES: Tribuna da Imprensa (RJ) – Jornal dos Sports

Foto Rara de 1972: São Cristóvão de Futebol e Regatas (RJ)

EM PÉ (esquerda para a direita): Triel, Norival, Celso, Madeira, Dias e Almir;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Valdo, Ivo Sodré, Eraldo, Jair Santos e Alexandre. Destes, faleceram: Madeira, Almir e Ivo Sodré.

Acima o time posado do São Cristóvão de Futebol e Regatas, no Estádio de Moça Bonita, no bairro de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que saiu postado na revista Placar, em 1972:            

FOTO: Acervo de José Leôncio Carvalho