Arquivo da categoria: 04. Eduardo Cacella

A VISITA DOS CHILENOS AO BRASIL EM 1912

Desde meados de 1912 que o América vinha entabulando negociações, através do Itamarati, com a delegação do Chile, para a vinda do selecionado andino de futebol ao nosso país. A precária situação financeira não permitia ao clube realizar despesas de vulto, como as que seriam necessárias, forçosamente, para bem receber os distintos visitantes. Contudo, a diretoria criou ânimo pela promessa de ajuda, feita pelo Chanceler Lauro Müller.
Acertados os detalhes, fixadas as datas, começaram os preparativos. Um escritório foi instalado no centro da cidade (Avenida Central, n.° 117, 1.° andar, sala 4), para facilitar a coordenação das providências. Entre as medidas administrativas, duas foram logo atacadas: a reforma e ampliação das arquibancadas e a colocação de enorme tapume (com anúncios das companhias Hanseática, Águas Corcovado e Salitre do Chile), vedando a visão dos “caronas”, que, já naquela época, enchiam a saudosa barreira, prejudicando sensivelmente a arrecadação.

A 25 de julho, o Ministro do Chile, Dr. Alfredo Irarraxagabai, foi agraciado com o título de sócio honorário do clube. E a 4 de setembro, outra comissão de americanos compareceu ao Itamarati, para entregar ao Ministro Lauro Muller a presidência honorária do América, vaga desde a morte do Barão do Rio Branco.
A delegação andina aqui chegou a 11 de setembro, pelo “Orcoma” após 17 dias de viagem. Era composta por um chefe, um secretário, também juiz, e 16 jogadores, a ela tendo-se incorporado em Santos a comissão formada por Guilherme Medias, Durval Toledo e Fernando Ojeda, que o América enviara para recepcioná-la naquela cidade.

O navio ancorou ao largo da Baía de Guanabara e o traslado para terra foi feito no iate presidencial “Tenente Rosa”, impulsionado a remo por uma guarnição de 60 marinheiros. No Cais Pharoux foram os visitantes recebidos por uma pequena multidão, onde se notavam os desportistas do América e dos demais clubes cariocas, diplomatas, representantes da colônia chilena, jornalistas, etc. Hospedaram-se no Hotel Avenida, um dos mais categorizados da cidade, à época.
Do esmerado programa elaborado, constavam quatro jogos. A estréia, a 14, contra uma seleção organizada com jogadores militares, do Exército e da Marinha, recrutados nas principais equipes cariocas, teve a assisti-la o Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, e terminou com a vitória dos visitantes por 2 x 1.

Seguiu-se, a 16, a partida contra o selecionado brasileiro, cujo resultado final favoreceu aos nossos por 2 x 1. O terceiro compromisso, contra o América, foi a 18, em comemoração à dupla data, da independência do Chile e da fundação do América. Por fim, a despedida, a 21, terminou com o triunfo surpreendentemente fácil do scratch carioca, por 6z1.
A 22, os rapazes do Chile seguiram para S. Paulo, onde disputaram nova série de partidas.

São Cristóvão, campeão carioca de 1926

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Esse título é o maior amuleto da história do São Cristóvão. Sua maior glória. Basta dizer que dos mais de sessenta clubes que já disputaram os Campeonatos Cariocas, apenas oito se sagraram campeões, a saber: Fluminense, Botafogo, Flamengo, Vasco da Gama, Américo, Bangu, Paissandu (cuja seção de Futebol foi extinta) e o São Cristóvão.
O livro de Mário Filho “O Negro no Futebol Brasileiro” na parte 3 do capítulo III dedica a narração dos bastidores do time do São Cristóvão por ocasião do título. Foi uma campanha árdua, porém muito regular.
Foram 18 jogos com 14 vitórias 2 empates 2 derrotas, com 70 gols pró e 37 contra. Com direito. inclusive, a 1 jogo anulado. Eis a campanha:

1° Turno

1) 04-04 – Na R. Figueira de Meio. 4×4 Botafogo
Gols de S. Cristóvão: Octávio “Jaburu” (3), Vicente (2) e Artur “Baianinho”

2) 18-04 – Nas Laranjeiras, 2×6 Fluminense Gols: Baianinho e Octávio “Jaburu

3) 21-04 – Na R. Campos Sales, 3×2 Vila Isabel Gols: Vicente (2) e Baianinho

4) 25-04- Na R. Paissandu, 2×1 Vasco Gols: Henrique e Octávio “Jaburu”

5)16-04 – Na R. Figueira de Melo, 5×0 Flamengo
Gols: Vicente (2). Octávio “Jaburu”, Baianinho e Osvaldo

6) 23-05 – Na R.Figueira de Melo, 8×2 Sport Club Brasil Gols: Osvaldo (3). Vicente (2). Teófilo (2) e Octávio “Jaburu”

7) 30-05 – Nas Laranjeiras, 3x 1 Syrio e Libanez
Gols: Osvaldo (2) e Baianinho
8) 13-06 – Na R. Figueira de Melo. 2×2 Bangu Gols: Vicente e Teófilo

9) 20-06 – Na R. Campos Sales. 3xl América Gols: Baianinho, Teófilo e Octávio “Jaburu”

2° Turno

10) 27-06 – Na R. Gen. Severiano, 4×3 Botafogo Gols: Octávio “Jaburu”(2), Baianinho e Vicente

11) 04-07 – Na R. Figueira de Melo, 4×2 Fluminense Gols: Vicente (3) e Doca

12) 14-07 – Na R. Figueira de Melo, 2×3 Vasco da Gama Gols: Teófilo e Vicente
No jogo aconteceu muita confusão, fruto da rivalidade entre torcedores dos Clubes (o Vasco já havia adquirido um terreno no bairro para construção de seu Estádio e Sede). Vicente desperdiçou um penalty decepcionando os sãocristovenses e novas confusões ocorreriam, sobressaindo uma torcedora do São Cristóvão chamada Eusébio. Os jornais narraram o fato.

13) 18-07 – Na R. Figueira de Melo, 2×1 Vila Isabel Gols: Vicente (2)

Em 01-08 ocorreu o jogo com o Flamengo que posteriormente haveria de ser anulado, a pedido do próprio Flamengo. O placar estava 3×1 Flamengo, quando por volta dos 18’do 2° tempo o árbitro Ciro Werneck marcou penalty a favor do S. Cristóvão. Estourou um grande conflito com agressão ao árbitro e com a torcida do flamengo impedindo a cobrança da infração. O jogo foi interrompido e houve uma decisão de recomeçar com o penalty em outro dia, com portões fechados ao público. O Flamengo não concordou, e foi jogado em 21-10 como veremos.

14) 08-08 – Na R. Gen. Severiano, 6×0 Brasil
Gols: Vicente (2), Octávio “Jaburu” (2), Baianinho(2 )

15) 15-08 – Na R. Figueira de Melo, 7×5 Svrio e Libanez Gols: Baianinho (2), Teófilo (2). Henrique. Vicente e Octávio.
16) 12-09 – Na R. Ferrer. 2×0 Bangu Gols: Vicente e Baianinho
17) 19-09 – Na R. Figueira de Melo, 4×4 América Gols: Vicente (2). Baianinho e Octávio “Jaburu”

18) 2 1-09 – Na R. Paissandu, 5×1 Flamengo Gols: Vicente (3) e Octávio “Jaburu”(2)

Os 70 gols marcados ficaram assim distribuídos entre os jogadores:

Vicente = 25
Octávio “Jaburu” = 16
Baianinho = 13
Teófilo = 7
Osvaldo = 6
Henrique = 2
Doca = 1

A Diretoria da época era constituída pelos seguintes nomes: Presidente: Amadeu Macedo
Vice: Oscar Valim
Diretores: Adélio Martins, José Maria de Melo Castelo Branco e Manoel Ignácio Pimentel
Colaborador da Campanha: Álvaro Teixeira Novaes
Técnico: Luis Vinhaes
É importante ressaltar que o próprio livro de Mário filho cita como presidente o Sr. Álvaro Novaes, mas felizmente as atas do ano 1926 estão intactas e nela vemos Amadeu Macedo como Presidente. Esse é um reparo que o livro faz.

OS CAMPEÕES

O São Cristóvão utilizou apenas 15 jogadores. O time base foi: Paulino: Póvoa e Zé Luiz; Julinho, Henrique e Alberto; Osvaldo, Jaburu, Vicente. Baianinho e Teófilo.
Os outros 4 utilizados foram: Doca, Mendonça, Martins e o Luis Vinhaes (que também era técnico).

Eis os nomes completos:

Paulino Cataldo – 18 jogos
Octávio de Menezes Póvoa – 17 Jogos
José Luis de Oliveira – “Zé Luis” – 18 jogos
Judo Castilho de Faria – “Julinho” – 18 jogos
Henrique Carneiro – 17 jogos
Oswaldo Affonso de Castro – Osvaldo “Manobra- – 17 jogos
Octávio de Oliveira – Octávio “Jaburu” – 18 jogos
Vicente Alves de Oliveira – 18 jogos
Artur dos Santos – Artur “Baianinho” – 18 jogos
Theóphilo Bethencourt Pereira – Teófilo – 18 jogos
Álvaro Martins – 2 jogos
Alfredo de Almeida Rego – “Doca” – 2 jogos
Eduardo Medeiros Mendonça – 1 jogo
Luís Vinhaes – 1 jogo

Eis as manchetes dos jornais do dia seguinte a conquista do título:

1 – O Globo de 22-11-26:
“Bravo, São Christovão Athletico Club! Bravo!”
2 – Jornal do Brasil de 23-11-26:
“O S. Christovão A.C. é o Campeão Carioca do Footbal” 3 – O Correio da Manhã de 23-11-26:
“O São Christovão A.C. levanta o título de Campeão do Rio de Janeiro— 4 – O Paiz dos dias 22/23-11-26:
“O heroe do mais sensacional torneio do football Carioca” Subtítulos:
“Vencendo o Flamengo, por 5×1, O São Christovão tornou-se o Cam¬peão de 1926 – Vicente e Octávio, os autores dos pontos do vencedor” 5 – O Imparcial de 23-11-26:
“A Bella Victória do São Christovão Athletico Club”

Fonte:Chuvas de Glórias de Raymundo Quadros

O início do football na América Latina

Apesar de, historicamente, em grande parte, terem sido colonizadas por portugueses e espanhóis, podemos observar nas sociedades latino-americanas a predominância, exceção feita a algumas nações caribenhas e à Venezuela, de uma prática esportiva implementada pelos ingleses na virada do século XIX para o XX. Estamos nos referindo ao futebol, que, de apenas mais um símbolo de dominação estrangeira passou em diversos países a se constituir num dos mais importantes elementos formadores de identidades nacionais.

Após a sua introdução, não tardou para que este esporte rompesse o círculo inicial representado pelos clubes ligados predominantemente à colônia britânica, ou então, aos membros da aristocracia local. Segundo Pereira (2000), o futebol aparecia naquela época como “uma celebração da identidade bretã”. A força com a qual essa modalidade se espalhou por boa parte do planeta deu-se de uma forma tão impressionante que, Mascarenhas (2002), afirma ser esse esporte “o mais duradouro, bem sucedido e disseminado produto de exportação da sisuda Inglaterra vitoriana”.

Na passagem do século XIX para o século XX, a Inglaterra ainda despontava como a principal potência marítima, colonial, comercial e industrial do planeta. A expansão da rede capitalista somada ao surto desenvolvimentista vivido por alguns países latino-americanos, especialmente Argentina e Uruguai, fez com que um intenso intercâmbio comercial, aliado a vultosos investimentos em obras de infra-estrutura e serviços públicos, notadamente na ampliação da malha ferroviária, atraíssem capitais e cidadãos ingleses (operários, professores, técnicos de ferrovias, comerciantes etc.) que passaram a funcionar como os grandes agentes disseminadores da modernidade, sendo o futebol um de seus mais importantes elementos.

As atividades relacionadas à exploração mineral e ao comércio despontavam entre aquelas que mais despertavam interesse dos capitais ingleses. Não por acaso, as cidades portuárias (Buenos Aires, Montevidéu, Valparaíso, Rio de Janeiro, Rio Grande etc.) e mineiras (Coquimbo, Iquique, Pachuca etc.) consolidaram-se como alguns dos mais importantes centros pioneiros do futebol na América Latina.
No Brasil, a data oficial de implantação do futebol remonta a 1894, por obra de Charles Miller. Entretanto, existem relatos de partidas realizadas por marinheiros ingleses na Praia do Russel, em 1874, e, em 1878, em frente à residência da Princesa Isabel.

Apesar da existência de divergências em relação à paternidade do futebol no nosso país, uma coisa é certa: após cada partida realizada, apesar de toda uma sensação inicial de estranheza em relação àquele curioso esporte trazido das Ilhas Britânicas, a prática do foot-ball rapidamente incorporava-se aos hábitos da nossa aristocracia, ávida por tudo aquilo que representasse a reprodução nos trópicos de um modo de vida moderno, refinado, europeu.
Entretanto, da mesma maneira que o novo esporte caiu no gosto da elite, ele também chamou a atenção das camadas menos favorecidas da nossa população. Era fato comum a presença nos barrancos localizados ao redor das primeiras canchas de uma pequena multidão de curiosos a assistir a exibição de um grupo de vinte e dois bem nascidos jovens, divididos em dois teams de onze, disputando a atenção de uma platéia composta por moças e rapazes, elegantemente trajados, das mais distintas famílias locais.
Logo o entusiasmo tomou conta das classes populares que rapidamente começaram a procurar os terrenos baldios, improvisando marcações, balizas e adaptando as regras do jogo às condições do terreno. Surgia dessa maneira uma das mais importantes instituições do futebol: a pelada, mais um reflexo da imensa capacidade de improvisação que caracteriza o povo brasileiro.

Fonte:http://www.efdeportes.com/ Revista Digital – Buenos Aires
Inserido por Edu Cacella

Copa Amistad 1990

Copa Amistad, 1990.

19.07.1990 Copa Amistad 1990

Santiago (Chile) Nacional

Club Social y Deportivo COLO-COLO (Chile) 0 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube (Brasil)

GILMAR; ZÉ TEODORO, ANTÔNIO CARLOS, RONALDÃO e NELSINHO (IVAN); FLÁVIO, BERNARDO, CAFU e JUAN RAMÓN CARRASCO; BOBÔ e DIEGO AGUIRRE.
Técnico Pablo Forlán
Gols: Não houve gol do SPFC marcado nessa partida
Árbitro: Carlos Manuel Robles Mella (Chile)
Não houve jogador do SPFC expulso nessa partida
Renda Desconhecida
Público Desconhecido

21.07.1990 Copa Amistad 1990

Santiago (Chile) Nacional

Club Deportivo UNIVERSIDAD CATÓLICA (Chile) 0 X 2 SÃO PAULO Futebol Clube (Brasil)

GILMAR; ZÉ TEODORO, ANTÔNIO CARLOS, RONALDÃO e NELSINHO; FLÁVIO, BERNARDO, CAFU e JUAN RAMÓN CARRASCO (VIZOLLI); BOBÔ (EDMÍLSON) e DIEGO AGUIRRE (BETINHO).
Técnico Pablo Forlán
Gols: DIEGO AGUIRRE; CAFU
Árbitro: Salvador Imperatore Marcone (Chile)
Não houve jogador do SPFC expulso nessa partida
Renda Desconhecida
Público Desconhecido
*Embora tenha terminado empatado na liderança em todos os critérios com o Colo-Colo, o time local, co-anfitrião do torneio, desistiu do sorteio e ofereceu o troféu para a equipe visitante.

Guevara e o esporte

A lenda voltou a circular, nos últimos dias, em Buenos Aires. Por um lado, porque estamos recordando o quadragésimo aniversário da morte de Che Guevara e, por outro, porque os argentinos, fanáticos por futebol, parecem hoje enlouquecidos com o rúgbi, um dos esportes favoritos do mítico guerrilheiro.
Reza a lenda que, em agosto de 1961, o motorista do carro que conduziu Guevara à sua reunião secreta com o então presidente argentino, Arturo Frondizi, não sabia quem era o personagem que transportava, e tinha ordens de não lhe dirigir a palavra sobre política. Mas Guevara, que estava maquiado, perguntou-lhe no trajeto se ele sabia “como tinham se saído o CASI e o SIC”. E que o motorista, assustado diante da situação e por não saber o que essas siglas estranhas significavam, respondeu: “Sou motorista, senhor, de política não sei nada, peço que me desculpe”.
Reconstituições posteriores pareceriam indicar que esta situação jamais aconteceu, mas ela é ainda assim considerada possível porque Che não só havia sido jogador e jornalista de rúgbi mas também amou o xadrez, jogou futebol, tênis, golfe, pingue-pongue, basquete, beisebol, e praticou patinação, pesca, hipismo, tiro, alpinismo e remo; chegou a conquistar uma marca de 2,80m no salto com vara, em uma edição dos Jogos Universitários argentinos.
Em seu livro “Che, Periodista-Deportista, Pasión y Aventura”, o jornalista argentino Hernán Santos Nicolini afirma que Guevara chegou a praticar 26 esportes. “Foi o esportista asmático mais célebre da história, ainda que sua notoriedade não proviesse nem do esporte e nem da asma”, escreveu por sua vez o colega Ariel Scher, no livro “La Pátria Desportista”, no qual dedica um capítulo inteiro ao Guevara esportista.
Foi exatamente a asma de “Ernestito” que levou sua família, de classe média confortável, a deixar Buenos Aires e se instalar em Alta Gracia, Córdoba, à procura de um clima mais amável. E em Alta Gracia, mais por necessidade, para que a asma não o consumisse, Ernestito começou a se dedicar à natação, um esporte que herdou de sua mãe Célia e que aprendeu com lições do campeão argentino de estilo borboleta, Carlos Espejo.

Não demorou muito para que começasse a praticar os saltos dos acrobatas de um circo japonês ao qual admirou em numerosas tardes de Alta Gracia, se interessasse pelo montanhismo nas serras de Córdoba e aprendesse golfe, porque vivia a poucos metros de um campo de jogo e havia feito grande amizade com os caddies, segundo contou uma vez Ernesto Guevara de la Serna, seu pai. A nova casa em Córdoba estava a metros de uma quadra de tênis, esporte que também aprendeu graças às lições da filha do zelador das quadras, ao mesmo tempo em que praticava boxe e pingue-pongue.
Argentino até a raiz dos cabelos, Ernestito se apaixonou pelo rei futebol, mas quis se diferenciar de seus amigos, que eram fãs dos populares Boca Juniors ou River Plate, e por isso escolheu o Rosário Central, em homenagem a Rosário, sua cidade natal, na província de Santa Fé. Seu jogador favorito era Ernesto “Chueco” García, apelidado de “o poeta da canhota”. A asma o condenou ao posto de goleiro, que honrou em sua primeira grande viagem fora da Argentina, na companhia do inseparável amigo Alberto Granados, aquela jornada de iniciação relatada no filme “Diários de Motocicleta”, do brasileiro Walter Salles, com o mexicano Gael García Bernal encarnando um jovem Guevara.
Che ganhou dinheiro, casa, comida e transporte até Iquique jogando futebol no norte do Chile; jogou também com os leprosos da cidade de San Pablo, no norte do Peru, e chegou a viver um momento glorioso em Letícia, Colômbia, quando agarrou um pênalti em uma final de campeonato, ainda que seu time, treinado por ele e Granados, terminasse perdendo o título.

Em Cuba ele é conhecido e celebrado como grande impulsor do xadrez, e muitos de seus companheiros de guerrilha o recordam, na serra, sempre equipado de fuzil e tabuleiro. “O xadrez”, dizia Guevara, “é um passatempo, mas é também um educador do raciocínio, e os países que têm grandes equipes de enxadristas marcham também à frente do mundo em outras esferas mais importantes”. Inaugurou torneios, competiu com seus colegas, jogou partidas simultâneas com grandes jogadores, como Victor Korchnoi, Mikhail Tal e Miguel Najdorf, e até se deu ao luxo de vencer o grande mestre nacional cubano Rogelio Ortega.

Mas, na Argentina, a figura de Guevara como esportista está vinculada sobretudo ao rúgbi. Ele aprendeu a jogar com seu amigo Granados em Córdoba e, quando a família retornou a Buenos Aires, entrou para o San Isidro Club (SIC), um dos clubes de rúgbi mais poderosos do país. No entanto, sua passagem pelo time durou pouco, porque seu pai exerceu influência junto ao presidente do clube para que o proibisse de jogar, por causa da asma e de advertências médicas de que poderia morrer em campo. Obstinado, Guevara continuou jogando por outros clubes, primeiro o Yporá e depois o Atalaya, nos quais se destacava pelo tackle duríssimo, o que lhe valeu o apelido de “Furibundo Serna”, pelo sobrenome de sua mãe.
A lembrança de que ele foi também jogador de rúgbi provocou nos últimos dias alguns protestos entre os setores mais conservadores desse esporte, hoje mais popularizado, mas historicamente vinculado com as classes abastadas, que simplesmente detestam o Guevara comunista. Mas Che, que também foi cronista esportivo e correu atrás dos esportistas argentinos nos Jogos Pan-americanos do México em 1955, e cujo rosto aparece nas tatuagens célebres de Diego Maradona ou Mike Tyson, é hoje uma figura corrente nos campos de futebol, onde os torcedores costumam portar bandeiras e cartazes que mostram seu rosto.
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Autor:Por: Ezequiel Fernández Moores
Inserido por Edu Cacella

St.Pauli e a política!!!!

St. Pauli é um bairro portuário que fica ao norte de Hamburgo, na Alemanha. Do mesmo modo que o Livorno na Itália, St. Pauli é um dos bairros mais antifascistas da cidade de Hamburgo. Neste artigo falaremos da história da torcida de sua equipe de futebol: o FC St. Pauli. Que expulsaram, na base do confronto físico, todos os fascistas de seu Estádio, o Millentorn. E como diria a banda alemã “Stage Bottles”: “A violência não é o único caminho, mas é o único que muitos entendem. Fuck Fascism!”.

No final dos anos 70 os neonazistas, de forma similar a outros países (especialmente na Inglaterra), começam a se infiltrar nos estádios de futebol de Hamburgo, que até então não tinha nenhum caráter político, tomando em pouco tempo o controle dos estádios graças a sua grande organização. A partir de então eles começam a se situar no “Bloco E” da Curva Norte, por esse motivo muitos torcedores deixam de ir aos estádios. Essas organizações fascistas, que ainda hoje continuam na ativa (como “FAP”, “NF” ou o mais velho partido nazista alemão “NDP”), eram capazes de criarem torcidas organizadas de caráter neonazista como os “Borussenfront” em Dormunt ou os “Hertafrösche” em Berlim. Muitos dos importantes líderes destes grupos eram militantes de partidos neonazistas. Suas zines, bandeiras e outros materiais eram dessa mesma influência política, assim como os hinos que cantavam nos estádios. Não tardou para a polícia interceptar, nesse mesmo ano, uma circular interna escrita pelo líder nazista Michael Kühnen, na qual dizia que “o futebol devia ser um campo de captação de recrutas para o movimento nazista alemão”.

Por outro lado, ao norte da cidade, no bairro de St. Pauli, dar-se início a uma série de acontecimentos significativos para a história do bairro: os “squatters” se multiplicam em muito pouco tempo e as baixas rendas que pagavam pelos tetos fazem com que a maioria dos habitantes da esquerda de Hamburgo se desloque para o bairro de St. Pauli, trazendo consigo, claro, um aumento no número de espectadores do Millentorn (estádio do St. Pauli) que até então não superava os 2000 afiliados.
O FC St. Pauli sempre foi uma equipe modesta, limitando-se apenas a jogar na Bundesliga, e quase sempre jogou na segunda e terceira divisão alemã. Seu estádio, o Millentorn, conta com uma capacidade de 21000 espectadores. Por volta de 1985 começa-se a notar esse crescimento na torcida do St. Pauli. Em apenas um ano a equipe começou a dobrar o número de sócios, passando para 4000 afiliados. Já em 1989 começam a se organizar de um modo mais efetivo os primeiros grupos de torcida do St. Pauli. Em 1991 editam um vídeo sobre eles mesmos em sua passagem pela Bundesliga, feito que voltariam a realizar em 1997. Também começam a organizar seu meio de comunicação próprio, o famoso “Millentorn Roar!”, que atualmente tem uma tiragem de mais de 30000 números, tornando-se assim a revista de torcidas com maior tiragens do mundo.

Mas não avancemos tanto, pois como já dissemos, pouco a pouco a massa do St. Pauli vai aumentando, chamando a atenção da extrema-direita. Em 1988 após uma disputa entre Alemanha e Holanda em Hamburgo, alguns fascistas decidem, para celebrar a vitória da seleção alemã, acabar com a Haffenstrabe, conjunto de okupas situada em St. Pauli. A resposta do bairro é incrível: avançaram em fúria contra os fascistas, confrontando-se fisicamente com eles; os nazistas sofreram numerosas perdas. Depois deste fato, mais e mais antifascistas uniram-se à torcida do St. Pauli. Porém, neste momento, o verdadeiro motivo de sua organização foi para lutar contra os projetos mesquinhos da diretoria do clube, que queria transformar o St. Pauli em um “time grande” à custa da população. Eles planejaram um mega-projeto esportivo que necessitava, como infra-estrutura, milhões de marcos… um estádio novo, um centro comercial, uma cidade esportiva… Enfim, isto supunha o encarecimento do preço dos tetos, o desalojamento das casas okupas, maior controle policial na zona, aburguesamento do bairro etc., e as torcidas do St. Pauli se organizaram para impedir este projeto. Foram ao estádio e fizeram uma série de manifestações, agitando cartazes e bandeiras. O clube então cedeu e as coisas ficaram como estavam. Era a segunda grande vitória, em tão pouco tempo, ganhada pela torcida do St. Pauli, esse foi o verdadeiro começo do que viria depois: deslocamentos de milhares de torcidas organizadas para ver o St. Pauli jogar por toda a Alemanha, o reconhecimento das torcidas estrangeiras (Celtic Glasgow, Athletic de Bilbao etc.) e a perplexidade dos meios de comunicação pela “estranha” torcida do St. Pauli (comunistas, anarquistas e antifascistas em geral), pelas bandeiras de Che tremulando no Estádio de Millentorn e pelos hinos antifascistas cantados por toda a sua torcida. O movimento contra-cultural também se fez presente: punks e skinheads antifascistas prestaram toda a sua solidariedade ao time do St. Pauli, formando inclusive algumas torcidas organizadas.

No início dos anos 90 torcedores antifascistas começaram a se organizar em torno do St. Pauli, surgindo assim o primeiro deles: o “St. Pauli Fans”. Nesse mesmo ano, surgiu também o “St. Paulianer”, que era uma torcida organizada que agrupava todo o tipo de juventude antifascista, contendo em suas fileiras um grande número de skinheads libertários, Redskins e SHARP. Sobre esta torcida ocorreu um fato curioso no final dos anos 90, quando os torcedores do “St. Paulianer” foram a Nuremberg, assistir à partida de seu time, se confrontaram fisicamente com os fascistas. A imprensa e as pessoas leigas ficaram completamente surpreendidas ao ver uma “encarniçada briga de rua entre skinheads de esquerda contra skinheads de direita”. Existia também uma outra torcida denominada “BAFF” (Bündnis Antifas chistischer FusballFans). Entretanto, como já dissemos, o St. Pauli também contava com um grupo de torcedores fascistas que faziam manifestações políticas dentro do Estádio de Millentorn. Em todos os campos que iam, os neonazistas se mobilizavam para enfrentar os torcedores do St. Pauli. Mas a união entre as torcidas antifascistas do St. Pauli resultou na vitória final contra o eixo nazista. As brigas foram continuas e selvagens, mas no final de tudo as torcidas organizadas do St. Pauli limparam seu estádio da sujeira nazi-fascista, os expulsaram na base da violência (a única linguagem que os fachos conhecem). Também são famosos seus confrontos com os fascistas de Hamburgo, Berlim e Borussia Dortmund. Seu reflexo em outras torcidas alemãs é incrível, seguiram seus exemplos outras torcidas como as do Schalke 04, Kaiserlauntern e Mainz.

Enfim, a ideologia no seio do St. Pauli, tanto dos torcedores como da própria equipe, é o antifascismo. Foram os primeiros a organizar partidas contra o racismo, convidando imigrantes a participar. Até pouco tempo, a torcida e a equipe protestaram contra a guerra dos EUA no Iraque, levantando faixas com os dizeres: “FUCK THE WAR!”. Atualmente, o St. Pauli conta com dezenas de grupos organizados que animam regularmente a equipe (todos eles antifascistas, claro!) distribuídos entre a Curva Norte e a “Gegengerade”, que é a parte do estádio situada em frente à tribuna central. Todos eles animam de pé os 90 minutos da partida. Seu lugar de encontro é o ?Fanlanden?, uma espécie de lugar clandestino onde se reúnem todas as torcidas do St. Pauli, e onde se distribuem material do grupo e da equipe, elaboram a fanzine, reúnem bandeiras, discutem futebol e política e, naturalmente, tomam algumas cervejas. Também tem um programa de rádio próprio onde retransmitem diretamente todas as partidas que o St. Pauli joga fora de casa.
Nos últimos anos, as torcidas ficaram muito contentes porque o St. Pauli e o 1.FCN regressaram à primeira divisão juntos, enquanto o Waldhof Mannheim, que é conhecido por suas torcidas fascistas, caiu para a segunda divisão.

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Protegido: FUTEBOL E POLÍTICA

Em algumas partes do mundo o futebol possui uma forte conotação política. Podemos citar como exemplo o glorioso clube St. Pauli na Alemanha, onde a maioria de seus torcedores são comunistas, anarquistas e libertários. Do mesmo modo temos o Rayo Vallecano na Espanha, West Ham United na Inglaterra, o Celtic na Escócia etc. E, claro, não podemos deixar de citar o Livorno na Itália, que faz encher os nossos olhos d’água de emoção.
Na Europa, apesar dos nazistas se infiltrarem nos estádios e fazerem seu merchandising rotineiro, há um outro lado que a imprensa não divulga: a participação e organização dos antifascistas nos estádios de futebol, que muitas vezes terminam em batalha campal contra os fascistas. Aqui no Brasil, infelizmente, o futebol é completamente despolitizado, as torcidas organizadas daqui são na sua grande maioria lumpens que brigam (e matam) por qualquer besteira, sem nenhuma conotação política. Como diria a banda catalã Inadaptats: “A VIOLÊNCIA PROLETÁRIA É SINAL DE INTELIGÊNCIA!” (Supporters del Carrer).

De um lado, o futebol operário, ou comunista, como o Livorno é chamado na Itália. Esta equipe não chegava à Série A faz 55 anos e seus integrantes e torcedores reclamam de discriminação dos árbitros, que não os querem na primeira divisão só porque são todos de esquerda. Do outro lado, o clube que congrega torcedores ligados a organizações de extrema-direita ligadas ao nazi-fascismo, o Lazio, que era a equipe de coração de Benito Mussolini. Seu filho, Bruno, chegou até a ser presidente. Ainda hoje a Lazio é considerada uma das equipes mais racistas do mundo. Assim se resumem estes dois times do futebol italiano, que ultimamente vêm chamando a atenção do cenário futebolístico (e político) internacional.
“A política está em todas as coisas, inclusive na minha camiseta”, disse à BBC Brasil o atacante do Livorno, Cristiano Lucarelli, um comunista assumido, que já rejeitou convites de clubes maiores por causa de suas convicções políticas. “Claramente (a política) se apresenta no futebol e tudo indica que possa influenciá-lo”. Segundo o deputado livornense Marco Susini, Lucarelli está certo: “Ele diz o que pensa 80% da cidade”.
“Estamos sendo prejudicados porque nossos torcedores foram a Milão provocar o primeiro-ministro”, diz ao referir-se ao jogo do ano passado contra o Milan, quando a maioria dos 10 mil torcedores do Livorno cantaram músicas comunistas e usaram lenços brancos na cabeça, imitando o primeiro-ministro — e proprietário do Milan — Silvio Berlusconi, que usou um destes lenços logo depois de ter feito um implante capilar. O prefeito Alessandro Cosimi evita falar em complô, mas reclama dos gols invalidados e das faltas não dadas a favor do time.

A BATALHA POLÍTICA ENTRE O LIVORNO E A LAZIO

A batalha política contra a torcida fascista da Lazio poderia muito bem ser creditada aos dois outros times que ficam na mesma região: Roma. Temos, de um lado, o Roma, que é o time do proletariado romano, e do outro, o Milan, o time do antifascismo milanês, que em 1968 inspirou as “Brigadas Rubro-Negras”, as tropas de assalto da torcida milanista. Entretanto, o Milan foi comprado por Silvio Berlusconi (que torce pelo Milan), primeiro-ministro da Itália e político neo-liberal da direita italiana, sendo agora “propriedade privada” dele. Enquanto o Roma, que é chamado o “time do povo”, continua na sua luta, mas não tanto quanto o Livorno, cuja torcida é assumidamente comunista e seu time um exemplo a ser seguido.
“Agora temos um jogador brasileiro”, disse o jovem Ricardo Nocci, empunhando uma bandeira do Brasil, refererindo-se a recente contratação do atacante Paulinho, ex-jogador do Juventude. “É uma homenagem a ele e também ao povo brasileiro”.
No ultimo encontro do Livorno contra o Cagliari, em meio a centenas de bandeiras vermelhas, duas brasileiras se destacavam. Na ocasião, Paulinho, que ainda não estreou na equipe, ficou surpreso ao ver que a quantidade de bandeiras comunistas nas arquibancadas era maior que a do time. “Não sei de nada. Só estou ouvindo falar disso agora”, afirmou o jogador de 19 anos. “Nos próximos dias vou procurar entender melhor o que representa tudo isso”.
Em Livorno, na região da Toscana, a 86 km de Florença, onde Antonio Gramsci fundou o Partido Comunista Italiano em 1921, a maioria da população de 175 mil habitantes torce pelo time. Entre os jogadores, grande parte é comunista, anarquista ou progressista.
“Não há torcedor do Livorno que não seja de esquerda”, afirma o estudante Christian Biasci, um entusiasmado torcedor, que usava uma camiseta com a inscrição CCCP, da antiga União Soviética. “Aqui somos todos comunistas”.
Se o Livorno conta com seus integrantes e torcedores de esquerda, a Lazio é conhecida pelo entusiasmo de simpatizantes de direita. Muitos de seus adeptos não aceitam a contratação de jogadores negros e latinos. Em 1998, a torcida da Lazio escandalizou o mundo quando exibiram uma faixa anti-semita dirigida aos judeus com os dizeres: “Auschwitz vossa pátria, os fornos vossas casas!”. Já em 2001, durante um jogo contra o Roma, a torcida da Lazio entoou cantos racistas contra os jogadores negros do Roma (entre os quais estavam jogadores brasileiros) e exibiram cartazes com os dizeres: “Equipe de negros, fundo de judeus!”. Depois da partida houve confrontos nas arquibancadas que resultaram em nove feridos e sete detidos.

Essa atitude racista dos adeptos da Lazio rendeu um protesto virtual da torcida corinthiana no mesmo ano. Hackers corinthianos invadiram o site da Lazio como forma de protesto e de acordo com a empresa responsável pela manutenção da página “as habituais notícias e links foram substituídas pelo logotipo do Corinthians, um clube brasileiro. Foram também colocadas palavras defendendo os jogadores brasileiros que atuam no Roma, entre os quais estão Cafú, Emerson e Antônio Carlos. A mensagem da torcida corinthiana dizia: “como vocês permitem outros italianos insultar os jogadores de cor, também vão sofrer a ira dos torcedores negros!”.
Entre os jogadores da Lazio a figura mais destacada é o atacante Paolo Di Canio, recentemente multado em 10 mil euros (US$ 13.410) pela Liga de Futebol Italiana, por ter celebrado a vitória contra o Roma, em janeiro, fazendo a saudação fascista, com o braço direito estendido para frente e a mão esticada. Di Canio, que tem tatuado no braço a palavra “Dux” (em referência ao título de Duce, usado pelo líder fascista Benito Mussolini) e foi um torcedor radical da equipe antes de se tornar jogador, nunca fez segredo de suas posições políticas. Fascinado por Mussolini, diz que o ditador “tem sido profundamente incompreendido”. Para tentar escapar da multa, negou que sua comemoração tivesse sido de conotação política, afirmando que se tratava de uma mera saudação “romana”. A neta do Duce, a deputada Alessandra Mussolini, elogiou o ato do jogador: “Foi uma linda saudação romana”, disse ela na ocasião. “Me deixou muito emocionada”.

Diplomático, o brasileiro César, lateral da Lazio, não quer se envolver com polêmicas. Não condena, nem elogia o gesto de Di Canio: “Sou totalmente leigo no assunto. Mas acho que o que é certo é certo em qualquer lugar. O que é errado é errado em qualquer parte do mundo”, disse. “Cada um tem seu ponto de vista, suas opiniões, seu modo de agir e de ser”.
Por outro lado, o comunista Cristiano Lucarelli do Livorno costuma comemorar seus gols com o braço esquerdo erguido e com o pulso fechado, como fazem os comunistas do mundo inteiro. Por causa disso, ele tem sido prejudicado. Em 1997, num jogo da seleção italiana sub-20, ao celebrar um gol, ele comemorou com a saudação comunista e mostrou que vestia embaixo do uniforme uma camiseta com a figura de Che Guevara. Recebeu um duro puxão de orelhas do treinador e nunca mais foi convocado.
Ultimamente a Liga de Futebol Italiana tem perseguido também os comunistas, aplicando uma multa de 10 mil euros a Riccardo Zampagna, do Messina, por ter feito a saudação comunista em uma partida contra o Livorno no dia 16 de janeiro. A Liga disse que os jogadores “não devem fazer nenhum gesto indicando algum tipo de ideologia política que possa potencialmente provocar uma reação violenta dos torcedores”. O comunista italiano Marco Rizzi levou a questão em tom de brincadeira e assinalou diferenças entre o gesto de Di Canio e o de Zampagna: “a saudação fascista está proibida pela constituição nacional. Há uma diferença de mérito: em 1945 os comunistas ganharam a guerra e é também graças a eles que Berlusconi pode dizer as porcarias que diz. Se tivesse ganhado os pais de seus aliados no governo, isso não seria possível”, assinalou.
Tanto Lucarelli como Di Canio, vêm de famílias pobres. Apesar do dinheiro ganho com o futebol, renunciaram a muito dinheiro para jogar nos times de seus corações. Di Canio abriu mão dos 900 mil euros, que ganhava com o Charlton Athletic, da Inglaterra, pelos 250 mil pagos pela Lazio. Já Lucarelli deu adeus ao 1,2 milhão de euros do Torino pelos 700 mil oferecidos pelo Livorno e segue recusando propostas mais tentadoras.


O CONFRONTO POLÍTICO ENTRE AS DUAS TORCIDAS

Segundo o “Observatório Europeu contra o Racismo de Viena” o site da torcida “Irriducibili Lazio” é considerado como uma das mais “racistas da Europa”: “O site da torcida organizada da Lazio é particularmente perigoso, esta recheado de simbologia xenófoba, racista e fascista, e contém mensagens desse teor”, descreve o informe. Há pouco mais de um mês, no site da torcida da Lazio foram lançadas ameaças contra os seus adversários.
No Livorno, uma de suas torcidas organizadas, a “Brigada Autônoma Livornense”, conta com metade de seus 500 integrantes proibidos de entrar em estádios. Tudo porque no dia em que comemoravam o retorno à Série A decidiram destruir a sede de um partido de direita na cidade.
Quando os dois times se enfrentaram no estádio Olímpico de Roma no dia 10 de abril deste ano (2005), as torcidas se digladiaram política e fisicamente. Durante o jogo, foram exibidas, do lado da Lazio, bandeiras negras com o rosto de Mussolini, símbolos nazi-fascistas (suásticas e cruz celtas) e frases do tipo “ROMA É FASCISTA!” e outras contra o Livorno, tais como: “A Itália é Nossa, Livorno é Fossa Vermelha”, “Livornense Verme Vermelho, Teu Lugar é no Esgoto”. A torcida da Lazio ainda entoou palavras de ordem anti-semitas e coros de “Faccetta Nera” (Faceta Negra, hino do fascismo) e “Duce! Duce!”, em homenagem a Benito Mussolini. A estas provocações, cerca de 200 livornenses responderam agitando bandeiras vermelhas com a foice e o martelo e imagens de Che Guevara enquanto cantavam “Bandiera Rossa” (Bandeira Vermelha) e “Bella Ciao”, hinos comunistas italianos, e gritaram palavras de ordem antifascistas.
Na saída, a polícia agiu para evitar confrontos entre as duas torcidas (já que no ano passado havia acabado em confronto físico). Mas quando um grupo de torcedores do Livorno dirigia-se à estação ferroviária de São Pedro foram interceptados de forma provocadora pela polícia e responderam a esta provocação atirando pedras nos policiais. Em poucos minutos desencadeou-se uma verdadeira batalha na estação, com vagões danificados e vidros quebrados. A polícia deteve seis torcedores do Livorno. Aproximadamente dez policiais e outros dez torcedores ficaram feridos nos incidentes. Presos, os torcedores do Livorno foram levados à delegacia e trancados em uma sala, sem água e comida por mais de 12 horas, até a manhã de segunda-feira.

A TENTATIVA DE SUBVERTER A LAZIO

Há uma torcida organizada antifascista da Lazio chamada “Dissidenti”, o nome já diz tudo. São torcedores apaixonados pelo seu time de coração que resolveram se organizar para combater o fascismo que ronda sua equipe. A Dissidenti tenta subverter o time que é hoje considerado o mais racista da Europa. É realmente uma luta dura e difícil, já que grande parte dos torcedores da Lazio é de tendência fascista. A Dissidenti ainda é uma minoria, entretanto, não deixa de ser perseverante quanto à subversão de seu time. São declaradamente antifascistas e se orgulham em serem dissidentes. Torcemos para que um dia essa torcida colha bons frutos, mas, até lá, teremos que agüentar os adeptos da Lazio entoarem loas ao fascismo.

Fonte:http://br.geocities.com/resistenciacoral/
Inserido por Edu Cacella

AMISTOSOS INTERNACIONAIS

Jogos dos clubes de Caxias do Sul, ACF, Flamengo e Caxias

03/02/1952 Caxias do Sul Flamengo 1×3 Ferrocarril(ARG)
31/03/1962 Montevideo, Uruguai Seleção do Uruguai 6×1 Flamengo
10/04/1962 Bahia Blanca, Argentina Seleção de Bahia Blanca 2×3 Flamengo
13/04/1962 Mar del Plata, Argentina Seleção de Mar del Plata 3×3 Flamengo
16/04/1962 Tandil, Argentina Seleção de Tandil 1×5 Flamengo
19/04/1962 Tunuyan, Argentina Seleção de Tunuyan 1×6 Flamengo
22/04/1962 General Alvear, Argentina Pacífico 2×6 Flamengo
25/04/1962 San Rafael, Argentina Seleção de San Rafael 1×3 Flamengo
28/04/1962 Mendoza, Argentina Godoy Cruz 1×1 Flamengo
01/05/1962 San Nicolau, Argentina Seleção de San Nicolau 3×5 Flamengo
04/05/1962 Pergamino, Argentina Pedal Pergamino 2×4 Flamengo
07/05/1962 Zarate, Argentina Seleção de Zarate 0x2 Flamengo
10/05/1962 Mercedes, Argentina Seleção de Mercedes 2×6 Flamengo
13/05/1962 La Plata, Argentina Gimnasia y Esgrima 2×2 Flamengo
14/02/1963 Bahia Blanca, Argentina Ligado Sul 1×0 Flamengo
17/02/1963 Santa Rosa, Argentina Argentino 1×4 Flamengo
23/02/1963 Villegas, Argentina Villegas 1×2 Flamengo
01/03/1963 San Rafael, Argentina Sportivo Pedal 1×2 Flamengo
04/03/1963 Tunuyan, Argentina Seleção da Liga de Tunuyan 1×6 Flamengo
08/03/1963 San Luis, Argentina Estudiantes(SL) 0x4 Flamengo
11/03/1963 Junin, Argentina Sarmiento 1×1 Flamengo
14/03/1963 Chivilcoy, Argentina Seleção da Liga de Chivilcoy 2×2 Flamengo
18/03/1963 Rojas , Argentina Argentino Parques 0x4 Flamengo
09/07/1963 La Plata, Argentina Estudiantes(LP) 3×2 Flamengo
07/04/1964 Rosario, Argentina Rosário Central(ARG) 4×2 Flamengo
10/02/1974 Caxias do Sul ACF 2×0 Danúbio(URU)
15/02/1974 Montevideo, Uruguai Rentistas(URU) 1×1 ACF (3×2 pen)
17/02/1974 Montevideo, Uruguai Liverpool(URU) 2×1 ACF
18/06/1977 Montevideo, Uruguai Seleção do Uruguai 1×1 Caxias
29/01/1997 Caxias do Sul Caxias 1×2 Olímpia(PAR)
24/01/1998 Caxias do Sul Caxias 1×0 Seleção da Jamaica
28/01/1999 Caxias do Sul Caxias 1×0 Grasshopers(SUI)
23/01/2003 Caxias do Sul Caxias 2×2 Sporting Cristal(PER)
30/06/2007 Rivera, Uruguai Nacional(URU) 0x0 Caxias (3×4 pen)