A VISITA DOS CHILENOS AO BRASIL EM 1912

Desde meados de 1912 que o América vinha entabulando negociações, através do Itamarati, com a delegação do Chile, para a vinda do selecionado andino de futebol ao nosso país. A precária situação financeira não permitia ao clube realizar despesas de vulto, como as que seriam necessárias, forçosamente, para bem receber os distintos visitantes. Contudo, a diretoria criou ânimo pela promessa de ajuda, feita pelo Chanceler Lauro Müller.
Acertados os detalhes, fixadas as datas, começaram os preparativos. Um escritório foi instalado no centro da cidade (Avenida Central, n.° 117, 1.° andar, sala 4), para facilitar a coordenação das providências. Entre as medidas administrativas, duas foram logo atacadas: a reforma e ampliação das arquibancadas e a colocação de enorme tapume (com anúncios das companhias Hanseática, Águas Corcovado e Salitre do Chile), vedando a visão dos “caronas”, que, já naquela época, enchiam a saudosa barreira, prejudicando sensivelmente a arrecadação.

A 25 de julho, o Ministro do Chile, Dr. Alfredo Irarraxagabai, foi agraciado com o título de sócio honorário do clube. E a 4 de setembro, outra comissão de americanos compareceu ao Itamarati, para entregar ao Ministro Lauro Muller a presidência honorária do América, vaga desde a morte do Barão do Rio Branco.
A delegação andina aqui chegou a 11 de setembro, pelo “Orcoma” após 17 dias de viagem. Era composta por um chefe, um secretário, também juiz, e 16 jogadores, a ela tendo-se incorporado em Santos a comissão formada por Guilherme Medias, Durval Toledo e Fernando Ojeda, que o América enviara para recepcioná-la naquela cidade.

O navio ancorou ao largo da Baía de Guanabara e o traslado para terra foi feito no iate presidencial “Tenente Rosa”, impulsionado a remo por uma guarnição de 60 marinheiros. No Cais Pharoux foram os visitantes recebidos por uma pequena multidão, onde se notavam os desportistas do América e dos demais clubes cariocas, diplomatas, representantes da colônia chilena, jornalistas, etc. Hospedaram-se no Hotel Avenida, um dos mais categorizados da cidade, à época.
Do esmerado programa elaborado, constavam quatro jogos. A estréia, a 14, contra uma seleção organizada com jogadores militares, do Exército e da Marinha, recrutados nas principais equipes cariocas, teve a assisti-la o Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, e terminou com a vitória dos visitantes por 2 x 1.

Seguiu-se, a 16, a partida contra o selecionado brasileiro, cujo resultado final favoreceu aos nossos por 2 x 1. O terceiro compromisso, contra o América, foi a 18, em comemoração à dupla data, da independência do Chile e da fundação do América. Por fim, a despedida, a 21, terminou com o triunfo surpreendentemente fácil do scratch carioca, por 6z1.
A 22, os rapazes do Chile seguiram para S. Paulo, onde disputaram nova série de partidas.

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