Uma das histórias mais ricas que me deparei. Um clube simpático, com uma visão de transformar o clube num ambiente familiar, estimulando o estudo (como saúde mental) e o desporto (como saúde para o corpo). As explicações dos porquês do nome e da alcunha, por si só, já é um capítulo à parte! Sem mais delongas vamos viajar nessa história! Vale a pena! Boa leitura!
O Japohema Football Club foi uma agremiação da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Nas cores azul e branco, foi Fundado o “Clube Universitário” na terça-feira, do dia 05 de Maio de 1931, por um grupo de sete desportistas da extinta equipe Cruzeiro do Sul Athletico Club: José Araripe, Antenor Passos, Pedro Passos, Orlando Castro (Orlandinho), Elisiário Netto, Mario Braga, Amarildo Galvão (Batata) e Helio Ballard.
Depois, convidaram outros jogadores do Cruzeiro do Sul A.C.: Adilson, Bio (único negro do time. O significado do nome vem do grego, que quer dizer: vida), Dudu, Dedé, Toninho, Nonô e, entre outros. A Sede provisória ficava na Rua Dias da Cruz, nº 391, no Bairro do Méier, na Zona Norte do Rio.
Por que a escolha do nome Japohema?
A escolha do nome é, no mínimo, curioso. Afinal, é um neologismo criado pelos sete fundadores por uma justaposição das iniciais de cada um:
José Araripe,
Antenor Passos,
Pedro Passos,
Orlando Castro (Orlandinho),
Helio Ballard,
Elisiário Netto,
Mario Braga e
Amarildo Galvão.
Dessa forma, original, juntando as letras em negrito é formado o nome da agremiação: Japohema . Uma inspiração no estilo poético de um acróstico. Obviamente, quem está lendo essa história deve estar se perguntando: “Ué? Mas cadê o oitavo fundador: Helio Ballard”? Por que a letra ‘H’ do Helio não está no nome do clube? Os sete rapazes tentaram, mas não encontraram jeito de encaixar a letra ‘H’. Para amenizar esse pequeno “incidente” ficou decido que o nome da Sede Social seria uma homenagem ao Helio Ballard, fundador e o goleiro da equipe.
O ‘Batata’ alcunha de Amarildo Galvão, não concordou com isso, dizendo que a letra ‘H’, em português, tem som mudo em grande número de palavras. Dessa maneira, o ‘H’ poderia ser perfeitamente incluído no nome, desde que grafasse JAPOHEMA, onde o ‘H’ teria o valor mudo. Assim estaria o Helio Ballard, incluído entre os seus pares sem sacrifício do timbre, que permaneceria o mesmo.
A formação da 1ª Diretoria do clube foi composta da seguinte forma:
Presidente – Octavio Lobo Vianna;
Vice-Presidente – Aldenor Alencar Benevides;
1º Secretário – Adolpho Rodrigues;
2º Secretário – Josué Rodrigues Loureiro;
Tesoureiro – Pedro Souza Passos;
Diretor Esportivo – Carlos Pereira da Silva Filho;
Diretor Geral de Sports – Othelo Dario Neves;
Procurador – José Araripe;
Conselho Fiscal – Mario Braga; Eugenio de Castro; Eurico Ribeiro; Antonio Araujo; Lauro de Alencar Araripe; Josué Rodrigues Loureiro e Dr. Cunha Neves.
Na sexta-feira, do dia 28 de Outubro de 1932, foi eleita e empossada a 2ª Diretoria:
Presidente – Octavio Lobo Vianna (Reeleito);
Vice-Presidente – Eugenio de Castro;
Secretário Geral – Rodolpho Rodrigues;
1º Secretário – Homero Santos;
2º Secretário – Carlos Pereira da Silva Filho;
1º Tesoureiro – Pedro Souza Passos;
2º Tesoureiro – Josué Rodrigues Loureiro;
Procurador – Olavo Guimarães;
Diretor de Esporte – Octavio Fernandes de Carvalho;
Diretor de Campo – Anthero Benevides;
Conselho Fiscal – Jaime Figueiras Lima; Ayrton Rocha; José Luiz Bittencourt Filho; Ayrton Araujo; João Fonseca Chagas; Carlos Pimenta da Silva Filho e Alberto Moreira.
Comissão de Sindicância – Homero Braga; Oswaldo de Castro e Jorge Robson das Chagas.
Foto de 1932
O porquê da alcunha de o “Clube Universitário“?
Numa época, onde o estudo não era algo prioritário, boa parte dos jogadores japoemenses eram “um ponto fora da curva“. Além de serem rapazes finos e educados, sete deles eram estudantes do Colégio MIlitar, do Gymnasio Arte e Instrucção, da Faculdade de Medicina.
Do Colégio Militar pertenciam o keeper Helio e o centerforward Careca. Da Academia de Medicina eram o center-helf Dedé e o meia direita Araujo. Os estudantes eram Nonô e Orlandinho, componentes da ala esquerda e Arthur, da extrema direita. Assim, o clube ganhou o apelido de “Clube Universitário“.
Um clube esportivo e familiar
A sua Praça de Esportes, inaugurada no domingo, do dia 06 de setembro de 1931, ficava localizado na Rua Magalhães Couto, nº 84. Enquanto, a sua Sede estava instalada na Rua Dias da Cruz, nº 255, ambos no Bairro do Méier, na Zona Norte do Rio. No entanto, o clube não se limitava apenas a prática do futebol. O Japohema também oferecia outras atividades, como Sala para Leitura, o Salão de Jogos, como o Ping-Pong (atual Tênis de Mesa), Dominó, Xadrez, entre outros.
Além disso, o clube promovia Bailes de Carnaval, festivais, músicas dançantes, atraindo o interesse de boa parte dos moradores do Bairro. Com isso, em pouco tempo, o número de sócios cresceu vertiginosamente. Demonstrando que o Japohema Football Club caminhava a passos largos rumo a prosperidade.
Celeiro de Grandes Craques
O começo do futebol, o Japohema foi uma fonte de grandes jogadores. De cara, na sua primeira formação alguns jogadores ganharam, rapidamente, projeção, como os casos de Orlandinho, que se transferiu para o Fluminense; Cícero, que foi para o Vasco da Gama; o ponta Adilson (Adilson Ferreira Arantes, natural da cidade do Rio de Janeiro, em 12/12/1916), que foi contratado pelo Madureira A.C., entre outras feras.
Filiações
Em setembro de 1931, o ajudou a fundar a Associação Suburbana de Esportes Athleticos (ASEA).
Quarta, do dia 19 de Abril de 1933, ocorreu uma reunião para decidir que o clube iria se filiar a AMEA.
Quinta, 11 de abril de 1935 se filiou a Federação Metropolitana de Desportos, a fim de disputar o Campeonato da Divisão Intermediária.
Sexta-feira, do dia 28 de Agosto de 1936, se filiou a Sub-Liga Carioca de Football (Fundado em 18 de junho de 1933).
Na quarta-feira, do dia 25 de Maio de 1938, ingressou na Federação Atlética Suburbana (FAS).
Japohema Campeão Invicto do Torneio Extra da Sub-Liga de 1934
Após eliminar o Aracaju Football Club, nas semifinais, o Japohema decidiu o título diante do Deodoro A.C., que passou pelo São Paulo Football Club. No domino, do dia 05 de Agosto de 1934, o Japohema conquistou o título Invicto do Torneio Extra da Sub-Liga Carioca de Football. No Campo do Central (Rua Adriano, nº 107, no Bairro de Todos Os Santos), o “Clube Universitário” venceu o Deodoro Athletico Club pelo placar de 1 a 0. O gol foi assinalado pelo half-back Antoninho. Japohema: Hélio; Bio e Betinho; Guerra, Zé Maria, Dodô e Antoninho; Adilson, Nonô, Chagas, Jaburu e Carvalhinho.
Japohema e Andarahy fizeram um jogão de 10 gols
Era apenas um amistoso, mas terminou com uma dezena de gols. No Domingo, do dia 20 de Outubro de 1935, a partida aconteceu no Estádio da Rua São Francisco Filho. No final, melhor para os donos da casa. A equipe alviverde goleou por 10 a 3.
Competições profissionais
O Japohema Football Club participou do Torneio Aberto, nos anos de 1936 e 1937. Também participou do Campeonato Carioca da Segunda Divisão, em 1935 ( pela FMD) e do ano de 1936 (pela LCF).
Outros
Em agosto de 1931, excursionou a Nova Iguaçu; Em setembro de 1934 foi para Barra do Piraí; Em Março de 1935 foi a Mendes. O Japohema enfrentou os principais clubes medianos da época: River, A.A. Portuguesa Carioca, Modesto, Metropolitano, Engenho de Dentro, Andarahy, Germânia, Hellênico, Cocotá, entre outros.
No domingo, do dia 30 de setembro de 1934, o Japohema venceu o quadro de amadores do Bangu por 2 a 0, na preliminar do jogo de profissionais do Flamengo x Bangu. Em 1935, enfrentou o time misto do Vasco e os amadores do América.
Nova Sede
No dia 20 de abril de 1938, o clube adquiriu uma Sede nova, localizado na Rua 24 de Maio, nº 1.363 / Sobrado, Bairro do Méier, na Zona Norte do Rio.
Várias Formações
Time-Base de 1931: Hélio; Bio e Dudu (Olavo); Carlinhos Silva, Dedé (Nestor) e Toninho (Araripe); Mario (Biberi), Araujo (Cyro), Lauro (Lalau), Nonô (Careca) e Orlandinho (Arnaldo). Técnico: Anthero Benevides
Time-Base de 1932: Hélio (Euro); Betinho e Bio; Arthur (Antoninho), Dedé e Guerra; Colombo (Léo), Fernando, Darcy, Léo (Nonô) e Orlandinho. Técnico: Anthero Benevides
Time-Base de 1933: Hélio; Bio e Betinho; Othelo (Guerra), Dedé e Toninho; Arthur (Araujo), Jaburu (Colombo), Careca (Cícero), Nonô e Orlandinho (Sant’Anna). Técnico: Anthero Benevides
Time-Base de 1934: Hélio; Bio e Betinho; Guerra, Zé Maria (Léo), Dedé e Antoninho (Othelo); Adilson, Nonô (Nairo), Chagas (Garcia), Jaburu e Carvalhinho. Técnico: Amarylio Galvão
Time-Base de 1935: Hélio; Bio (Américo) e Alfredo (Betinho); Toninho, Armando (Edmundo) e Quino; Carvalhinho, Dedé, Gallego (Miro), Zezinho (Othelo) e Luso (Jaburu). Técnico: Lourival Carneiro
Time-Base de 1936: Hélio; Alfredo (Norival) e Betinho (Ary); Jacy (Badu), Rainha (Arantes) e Quino (Lino); Benedicto, Gallego, Cícero, Nonô (Russo) e Osvaldinho (Carvalhinho). Técnico: Homero Santos
Time-Base de 1937: Hélio; Bio e Alfredo (Betinho); Jacy, Edmundo (Rainha) e Quino (Valentim); Tarcísio (Chagas), Arthur (Polaco), Nonô (Quimba), Cesário (Jaburu) e Carvalhinho. Técnico: Austrochynio Pereira.
Time-Base de 1938: Hélio; Bio e Alfredo; Olavo, Edmundo e Valentim (Anesio); Francisco (Tarcísio), Chagas, Gallego, Flodaldo e Faustino (Jorginho). Técnico: Austrochynio Pereira.
FONTES: Diário da Noite – Diário Carioca – O Radical – Gazeta de Notícias – Jornal do Brasil – A Offensiva – O Tico-Tico – A Noite – O Jornal – Jornal dos Sports – A Esquerda – Beira-Mar : Copacabana, Ipanema, Leme (RJ) – A Nação – A Batalha – Diário de Notícias – A Manhã – O Imparcial – O Paiz – Jornal do Commercio – Correio da Manhã – O Globo Sportivo (RJ)