Arquivo da categoria: Perfis de Jogadores

Craques do passado: Junqueira

Durval Junqueira Machado, mais conhecido como Junqueira, foi um atacante do Flamengo que brilhou na década de 20. Nascido em 12 de junho de 1900 na cidade de Uberaba (MG), fazia parte do grupo de jovens que, em 1917, fundou o Uberaba Sport Club, equipe pela qual jogou por quase dois anos. Em 30 de março de 1919 fez seu ultimo jogo pelo Uberaba, marcando três gols na goleada de 5×0 sobre o arquirival de então, o Red and White Association.

Transferiu-se para o Flamengo, onde formou uma grande dupla com o artilheiro grandalhão Nonô. Fez o seu 1° jogo no dia 13/07/1919 (Flamengo 2 x 1 América-RJ). Pela equipe carioca disputou, no total, 103 partidas e anotou 82 gols, em sete temporadas. Ainda em 1920 foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Pelo Brasil atuou em quarto partidas mas não marcou gols. Participou do Campeonato Sul Americano de 1920 e 1922, sagrando-se campeão em 1922. Em 1925, emprestado pelo Flamengo, participou da vitoriosa excursão do Paulistano à Europa, quando os multicampeões paulistas foram aclamados como “Os reis do futebol”.

Formado em Medicina, na década de 30 radicou-se em Orlândia, pequena cidade do interior paulista, próxima a Ribeirão Preto, onde mantinha consultório em sua residência, na Rua 6. Casou-se com a Sra. Antonieta Carvalho Junqueira Machado.

 

Títulos pelo Flamengo:

  • 1919 – Campeão do Torneio Triangular do Rio de Janeiro (Troféu América Fabril).
  • 1920 – Campeão Carioca, Campeão do Torneio Início e da Taça Sport Club Mackenzie.
  • 1921 – Campeão Carioca e da Taça Ypiranga.
  • 1922 – Campeão do Torneio Início e do Torneio América Fabril.
  • 1923 – Campeão do Torneio América Fabril, Troféu Carioca Football Club e do Troféu Petropolitano.
  • 1925 – Campeão Carioca,  Troféu Torre Sport Club, Troféu Agência Hudson, Troféu Jornal do Commércio de Pernambuco e do Troféu Sérgio de Loreto.

 

Fontes:

Confissões de João Saldanha – Parte I

   Demitido ás vésperas da Copa do Mundo de 1970, o técnico e jornalista, João Saldanha, denunciou os subterrâneos da Seleção num desabafo a Revista Placar de março de 1970.
Um dia o doutor Antonio do Passo apareceu na minha casa e medula espinhal convidou para ser o treinador da Seleção Brasileira. Não falou em contrato, em dinheiro, em nada. Só perguntou se eu queria ser o treinador da Seleção. Eu disse a ele:
– Isso é uma sondagem ou um convite ?
– É um convite.
– Topo.
Eu disse á imprensa que já tinha sido convidado três vezes. Mentira: fui convidado cinco vezes, em 1958, 1966, 1967, 1968 e 1969. Aceitei porque achava que daria uma dimensão maior á luta que sempre travei na imprensa. Topei sabendo que ia brigar contra á inveja, a calúnia, a perfídia. Sabia que ia medula espinhal aborrecer muito. Que ia lutar contra tudo.
Fomos para as Eliminatórias. Ganhamos.Tive problemas sérios. Nenhum dentro do campo. Problemas de campo eram difíceis: nosso time era bom, e os nossos adversários não eram muitos bons. Fomos para a Colômbia em cima da hora. Não dava para formar um time. Preferi a base do Santos. Fui criticado, massacrado. Todos diziam que o Santos estava podre. Mas foi o Santos e mais três jogasdores que vencemos a Inglaterra, campeã do mundo. Com o Santos e mais três ou quatro, classificamos o Brasil para as finais da Copa, em que eu espero tenhamos mais sorte.
Houve inveja, ciúmes, calúnia. Todos os dias, dirigentes diziam; “Ponha a imprensa daqui pra fora”. Eu dizia não. O diálogo com a imprensa é importante porque, mesmo que mintam, que deturpem, nós estaremos colocando nosso país mais em cima, mais alto. Num programa de televisão em Hamburgo, Alemanha Ocidental, o entrevistador perguntou:
– O que o senhor acha da matança de índios no Brasil ?
Eu respondi:
– Nosso país tem 470 anos de história. Nesses 470 anos foram mortos menos índios do que dez minutos de guerra provocada por vocês. Os selvagens são vocês.
A televisão saiu do ar, o apresentador não falou mais comigo.
Quando entrei na Seleção, não medula espinhal fizeram injunções.Todos os brasileiros têm o seu time, eu tinha o meu, como brasileiro. Escalei o meu time. Então sofri as maiores injunções que jamais alguma pessoa possa ter sofrido. Mas meu time era o meu time. Fui para as Eliminatórias, lutei. Entre os 16 países classificados para a Copa, o Brasil foi o que conseguiu a classificação mais brilhante, mais elogiada pela imprensa estrangeira.
Eu sabia que a Seleção estava desmoralizada. O maracanã não enchia nem contra a Seleção da Fifa, nem contra a Argentina. O povo não acreditava mais. Eu achava que devia promover o nosso futebol. Provocar, chamar a atenção pra cima da gente, pra cima de mim se fosse preciso. Fui por aí, enfrentando as paradas. De repente surgiu uma crise. Se me perguntarem hoje porque fui demitido, palavra de honra, juro pela Teresa e pelas crianças que não sei. Porque não medula espinhal deram nenhuma explicação, tentaram fazer com que eu pedisse demissão. Disseram que a Comissão Técnica estava dissolvida. Eu respondi:
– Não sou sorte para ser dissolvido.
Que quer dizer dissolvido ? Demitido ?
– Está demitido.
– Até logo, boa noite, vou para casa dormir.
E não há ninguém que tire a tranqüilidade do meu sono. Por que aconteceu isso ? Não sei bem. Vou tentar adivinhar. Vou desenrolar uma série de casos estarrecedores que acontecem na Seleção. 

Baiaco – O maior vencedor da Fonte Nova

Edvaldo dos Santos, nascido em São Francisco do Conde/Bahia, no dia 07/07/1949, é conhecido no mundo do futebol como Baiaco. De origem humilde veio fazer um teste no Esporte Clube Bahia no ano de 1967 ao lado do amigo Caetano, ao qual vinha bastante recomendado por se tratar de ser a estrela da Seleção da Cidade de São Francisco do Conde.

Bem ao que se sabe Caetano não emplacou, mas Baiaco de jeito simples e calado chamou a atenção dos dirigentes pela forte marcação e fôlego de gato, terminou ficando ali nascia uma união de 13 longos anos e muitos títulos. Em pouco tempo ele estava lá envergando o manto azul, vermelho e branco e logo caiu no gosto da torcida pelo seu futebol aguerrido, vibrante e incansável.

Baiaco não era nenhum craque, seus passes não eram lá muitos bons, sua técnica limitada mais a raça encarnada superava tudo, marcou e anulou grandes craques do futebol brasileiro como: Ademir da Guia, Tostão, Rivelino, Gerson, Dirceu Lopes e até o Rei Pelé sofria diante aquele carrapato, em 1988 em uma entrevista Pelé disse que Baiaco e o italiano Trapattoni foram os seus melhores marcadores ao do também ex-tricolor campeão brasileiro em 1959, Vicente Arenari que depois veio a jogar pelo Palmeiras. Chegou a ser lembrado para a Seleção para a Copa de 1974, recebeu propostas do Cruzeiro, Vasco da Gama, Botafogo/RJ que levou Perivaldo em 1976. O Flamengo também tentou e terminou levando Dendê e Merica, Baiaco tinha uma relação de amor eterno com o Bahia e ele nunca saiu, pouco sofria contusões apesar de lutar em campo como se luta por um prato de comida, nesses 13 anos defendendo o Bahia fez pouco mais de 13 gols o mais importante deles na virada sobre o Leônico que deu o hexacampeonato ao tricolor de aço.

O nosso grande Edvaldo dos Santos também se notabilizou por ser também o grande campeão da Fonte Nova, palco maior de suas grandes atuações, ninguém foi tantas vezes campeão no Estádio Otávio Mangabeira, campeão baiano em 1967, 1970, 1971, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978 e 1979, e do Torneio Inicio de 1979, apenas em 1970 o campeonato foi jogado no Campo da Graça devido a ampliação da Fonte Nova.

Baiaco marcando Zico

Ao lado de Douglas, foi o único atleta a participar de toda a campanha da conquista do inédito Heptacampeonato Estadual (1973 – 1979). Também foi campeão do Torneio Luiz Viana Filho na Reinauguração da Fonte Nova em 1971.

Baiaco em ação contra o Fluminense do Rio em 1977 e ao lado de Elizeu com o qual formou um dos meios-campos magistrais do Bahia e Newton Mota.

Recentemente em uma pesquisa Baiaco foi eleito como o maior volante de todos os tempos do Bahia, eu que vi além dele, vi Paulo Martins, Paulo Rodrigues, Helinho e Lima que tinha um estilo parecido com o de Baiaco, votei nele e em Douglas e Bobô, em outra pesquisa feita pela revista Placar em 1982, Baiaco aparece com expressa votação de torcedores e jornalista esportivos.

Baiaco e suas faixas.Baiaco e suas faixas de campeão.

Dizem muitas coisas feitas de forma errada e abusiva até pelas direções do Bahia, na hora da renovação de contrato de Baiaco, ele não ganhou dinheiro com o futebol, jogou mais pelo amor ao esporte e ao Bahia, dizem que Sapatão e Douglas passaram ajuda-lo nas renovações não se sabem ao certo se é verídico. Defendeu o Bahia até o ano de 1980 quando deixou o clube aos 34 anos de idade e um ano depois encerrou a carreira defendendo o Leônico.

Fontes: Textos Galdino Silva

Fotos : Fotoblog do BahÊÊÊÁ

Pesquisa: Livro Esporte Clube da Felicidade de Nestor M. Jr.

Eles tiveram um dia de Glória na Fonte Nova!

A saudosa Fonte Nova além de ter sido o palco de grandes craques do futebol brasileiro e internacional, foi também o cenário para alguns jogadores de pouca qualidade técnica , e que lá tiveram o seu dia de glória.

Sei que desde a sua fundação o Estádio Otávio Mangabeira viu muito destes atletas esforçados e que nem se eram notados pela mídia e pelos torcedores, tive a lembrança do campeonato baiano de 1983, onde houve já na segunda rodada uma grata surpresa, na derrota do Bahia para o Fluminense de Feira por 1 a 0 o atacante Magno fez a festa na Fonte Nova, com uma atuação vibrante de um jovem cheio de força de vontade marcar o gol da vitória do Touro do Sertão e que poder ser o surgimento de uma nova promessa do futebol baiano, mero engano, Magno sumiu depois deste jogo, o gol marcado na Fonte Nova neste dia, foi seu único tento no campeonato. Outro que neste campeonato marcou seu nome na velha Fonte foi o centroavante Laranjeira do Itabuna Esporte Clube, alto e esquio e brigador dentro da área e trombador  mais sem técnica, fez seu nome nas semi finais do segundo turno, quando foi o responsável pelos gols que eliminaram o Bahia quando o time grapíuna bateu em Itabuna por 1 a 0 e na volta na Fonte Nova pelo mesmo escore com os dois gols dele, depois disto Laranjeira que tinha feio apenas dois gols na competição, ganhou fama nos gols do Fantástico e ficou só nisto, sumiu ninguém mais viu.

IEC 1983

Itabuna Esporte Clube 1983. Jogo pela campeonato Baiano contra o Vitória em Itabuna. Placar 1 x 1. Em pé: Antonio Carlos (Preparador Físico), Dermeval Costa (médico), Celso, William, Paulo César, Tarantine, Veludo, Da Costa, Miltinho Simões (técnico), Adonias Braga (Supervisor), Hélio Lima (diretor). Agachados: Napaiêta (roupeiro), Tonhão, Laranjeiras, Nei, Zé Mário Mendonça e Mario Sérgio.

Quem também chegou a ter uma reaparição no cenário futebolístico baiano foi o avante Pita, revelado pela Redenção em 1979 e que teve um bom destaque no Vitória até o meado de 1980 e que foi negociado com o futebol árabe, Pita que foi herói de uma virada rubro-negra em um BA – Vi no campeonato brasileiro de 79 quando o Vitória ainda sentia o peso da derrota para o Bahia no baianão daquele ano, voltava ao futebol baiano defendendo o Botafogo local, foram 5 gols a maioria no primeiro turno quando ajudou o seu time a decidir o turno com o Bahia.

IEC 1985

Adilton Cai N´Água o primeiro agachado com a bola na mãos, nos bons tempos que infernizava a vida dos laterais.

Já em 1985, o Vitória vinha tentando conquistar o campeonato baiano e dar fim na nova serie de conquistas do Bahia, montou um timaço comandados por Ricky, Heider, Bigu, Lulinha e veterano Jesum, estava invicto durante todo o primeiro turno, em dois jogos seguidos na Fonte Nova, duas derrotas com dois protagonistas que ganharam fama em apenas um jogo, Adilton Cai N´Água, ponteiro direito do Itabuna fez chover na noite de 30/10/1985 usou e abusou da zaga do Vitória, fez seu nome em cima do veterano Jorge Valença e marcou os dois gols da vitória itabunense por 2 a 0 por causa deste jogo foi contratado pelo Bahia para a temporada de 1986, porém uma lesão o prejudicou e ele sumiu do mundo da bola. No dia 02/11/1985 foi a vez de Adailton ou ponteiro direito que atuava pelo Leônico, fazer seu jogo da vida na Fonte Nova, a vitória por 1 a 0 e uma atuação de gala, valeu a sua contratação pelo próprio Vitória onde jamais chegou a uma titularidade.

Fontes: Textos Galdino Silva

Fotos : Arquivo Papo de Bola

Pesquisa: RSSSF Brasil e Site do Leônico


Walter Goulart da Silveira, “Santo Cristo”: o craque esquecido!

Santo Cristo com a camisa do São Cristóvão

Walter Goulart da Silveira, ou simplesmente Santo Cristo foi um ex-jogador e ex-treinador brasileiro. O apelido é porque ele nasceu no bairro de Santo Cristo, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), numa terça-feira, do dia 12 de setembro de 1922.

Em 1941, aos 19 anos, o ponta-direita de grande mobilidade e velocidade, teve passagens pelo amador no Vasco da Gama, Bonsucesso Futebol Clube, Sport Club Oposição (bairro da Piedade) e Mavilis Football Club (bairro do Caju).

Profissionalismo

Santo Cristo, aos 20 anos, já no profissionalismo passou por 11 clubes diferentes ao longo da carreira: São Cristóvão (1942-44 e 1954-56 e 1959), Vasco da Gama (1945-46), Botafogo (1947), São Paulo (1948), Fluminense (1948-51), Guarani de Campinas (1951), XV de Piracicaba (1951-53), Portuguesa de Desportos (1953), Ferroviária de Araraquara (1953-54), Atlético Mineiro (1955), Olaria Atlético Clube (1956).

Técnico

Como treinador teve a experiência, durante o Campeonato Carioca de 1957, ainda como jogador, Santo Cristo tornou-se treinador do Olaria. Treinou o clube da Rua Bariri apenas entre 1957 e 1958. Mas logo retornou às quatro linhas como jogador, já no ano de 1959, defendendo o São Cristóvão pela terceira vez e depois pendurou as chuteiras aos 37 anos.

Em 1961, Santo Cristo sagrou-se Campeão de Juiz de Fora (MG), como técnico do Tupinambás F.C. Neste ano promoveu da base o ponta direita Wilson Almeida que mais tarde fez sucesso ao lado de Tostão e Dirceu Lopes no Cruzeiro Esporte Clube.

Títulos

Em relação aos títulos, Santo Cristo foi campeão pelo Vasco da Gama em cinco oportunidades:

Torneio Início do Campeonato Carioca de 1945;

Torneio Municipal do Rio de Janeiro de 1945 (invicto) e 1946;

Campeonato Carioca de 1945 (invicto);

Torneio Relâmpago de 1946.

No Botafogo foi um caneco: Torneio Início do Campeonato Carioca de 1947. Pelo Atlético Mineiro faturou o Campeonato Mineiro de 1955.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é Fute-Memo-Santo-Cristo-500x295.jpg
A foto mostra o jogador no elenco do Vasco da Gama, campeão carioca invicto de 1945. Em pé: Dino, Eli, Berascochea, Augusto, Rodrigues, Rafanelli e o treinador Ondino Vieira. Agachados: Mário Américo, Santo Cristo, Ademir de Menezes, Isaias, Jair Rosa Pinto e Chico.

Artilheiro vascaíno

Na sua passagem pelo Vasco da Gama, em 1945 e 1946, Santo Cristo mostrou seu faro de gol. Em 69 jogos, foram 33 gols, com uma excelente média de 0,47%. Em 1946 ele teve números marcantes, pois foi o jogador que mais entrou em campo com a camisa vascaína, em 43 oportunidades, sendo o artilheiro da equipe (23), só perdendo para Lelé que marcou impressionantes 39 gols.

Educação salvou a vida de Santo Cristo

Dois anos antes, em 1943, quando jogava no futebol paulista, exatamente numa sexta-feira, do dia 27 de agosto, lá estava Santo Cristo, esperando um voo da Vasp, para o Rio de Janeiro, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando um imprevisto aconteceu.

O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar, necessitava urgente estar na então capital federal; e o voo já estava lotado. Consultado, Santo Cristo adiou sua viagem, cedendo seu lugar para o cardeal.

Acontece que ao tentar o pouso no aeroporto Santos Dumont, a aeronave, após bater uma das asas no prédio da Escola Naval, caiu na Baia de Guanabara.

Dezoito pessoas faleceram e três sobreviveram. Inclusive, um dos mortos era o jornalista Cásper Líbero, fundador do jornal “A Gazeta”. Santo Cristo, com a gentileza prestada, acabou se salvando. Histórias do futebol.

FONTES: Wikipédia – livro “O negro no futebol brasileiro”, de Mário Rodrigues (2003) – “O maior clássico sobre o futebol brasileiro”, 4ª ed. Rio de Janeiro, da Mauad Editora Ltda. – O Progresso de TatuíSport Ilustrado

Bimbinha, o menor jogador do Mundo!

Bairro ludovicense do Tamancão, 10 de Junho de 1956; nascia ali um dos personagens mais emblemáticos do futebol maranhense, talvez o mais amado e odiado ao mesmo tempo de todos os craques que aqui foram revelados, o saudoso Reginaldo Castro, o eterno Bimbinha! Gênio com a bola nos pés, o endiabrado ponta esquerda talvez não tivesse noção de que suas características físicas e futebolísticas singulares iriam marcar para sempre a sua trajetória dentro e fora das 4 linhas, dentro e fora do seu Estado de origem.

Ainda moleque, Bimbinha sempre ia observar os irmãos bons de bola Reinaldo e Egui nas disputadas peladas do Tamancão, em São Luís. Um dia, Egui não pode comparecer a um dos compromissos do clube amador Atlântico, do qual fazia parte. Na calor do momento, restou ao treinador completar o quadro com um pirralho que viera “vestido de jogador” ao lado dos irmãos, para quebrar um galho. Rapidamente todos notaram que aquele guri era muito mais talentoso do que o irmão titular; não seria fácil retirá-lo agora da equipe que acabara de integrar…

Mas foi defendendo a camisa do Pedrinhas (provavelmente um time interno do famoso presídio da Zona Rural de São Luís), contra o Onze Irmãos (clube de presidiários), que o gigante apareceu de vez para o futebol maranhense. Bimbinha fez e aconteceu neste jogo. Diante de tal feito, o diretor do presídio José Carlos Viana Mendes, que também era dirigente do Maranhão Atlético Clube, proferiu ao nosso ídolo as imperativas palavras: “Moleque, você só vai sair daqui do presídio se der bode!”

O que ele quis dizer, na verdade, era que Bimbinha estava, a partir de então, intimado a vestir a camisa do Maranhão, o famoso Bode Gregório. O garoto, afim de sair daquela “saia justa”, topou na hora. Mas, acostumado a driblar a tudo e a todos, terminou indo jogar mesmo entre os juvenis do Sampaio Corrêa. E não tardou a ocupar o posto de titular da ponta esquerda no time principal.

Com estratosféricos 153 cm de altura e 51 kg no auge da carreira, Bimbinha várias vezes calçou as emblemáticas chuteiras Bubble Gummers nº 34, com as quais entortava quaisquer lateral mais desavisado. Diretamente proporcional ao seu tamanho era também o seu salário, muitas vezes não condizente com o seu talento nato. Era o menor jogador do futebol mundial em atividade na época, e talvez até hoje ninguém tenha batido este curioso recorde.

A verdade é que nunca ninguém o viu jogar mal; ou atuava de forma regular ou brilhantemente, jamais de forma medíocre! Era uma atração à parte nas disputas e clássicos futebolísticos maranhenses ganhando as mais diversas alcunhas a cada apresentação. Era tanto talento que irritava qualquer adversário! “Alegria do Povo“, “Xodó da Vovó” ou  “Pequeno Prodígio“, Reginaldo era assim. Amado e odiado. Respeitado e difamado. Mortal dentro da área, Bimbinha lembra que, nos seus aproximados 250 gols durante a carreira, uma pessoa muito especial teve grande participação; seu falecido amigo e ídolo do Sampaio Campeão Brasileiro de 1972, o saudoso Djalma Campos, um genial armador maranhense.

Foi Djalma que, em 1975, viu Bimbinha fazer desgraça numa pelada na salina do Tamancão e decidiu levá-lo, a todo custo, para defender o tricolor de São Pantaleão. Deu certo, e muito certo!

Houve um jogo contra o Corinthians-SP onde Bimbinha fez uma jogada antológica depois de um drible tão esdrúxulo quanto inesperado. Depois de passar por outros jogadores da defesa corintiana, Bimbinha deu um “drible da vaca” passando por debaixo das pernas do zagueiro Zé Maria! Até hoje essa jogada ecoa na lembrança dos torcedores mais saudosos da capital maranhense, registrada, inclusive, em foto raríssima…Bimbinha era a arma secreta para irritar também outros times que vinham do Sul e Sudeste do país enfrentar o Sampaio Corrêa. Era a cura pra todos os males da apaixonada torcida boliviana!

Infelizmente, quase no fim de sua carreira, Bimbinha foi obrigado a sair do Sampaio por questões trabalhistas; haviam explorado o craque durante anos a fio, deixando-o muito magoado. Foi atuar no arqui-rival Moto Clube, onde viveu ainda efêmeros dias de glória. Jogou também no Expressinho, Tupan e no futebol do Pará.

Tentou a carreira política, com grandes chances de ser eleito vereador de São Luís em 1988, mas foi convencido por um cartola boliviano, que também estava na disputa, a deixar a idéia de lado, visto que a Nação ficaria dividida, arriscando não eleger ninguém ligado ao seu clube de coração.

Pai de Régis e Silvano, Bimbinha tem por ídolos Zico e Roberto Dinamite, outros entortadores natos. Anos atrás, com a perda do emprego, passou por inúmeras dificuldades financeiras e ganhava a vida com as cotas das peladas e Campeonatos de Masters pelo time de veteranos do Sampaio.

Atualmente está bem. Pobre mas bem. Simpático e acessível, sempre é visto nos principais eventos relacionados ao futebol maranhense e será homenageado nesta Sexta-feira, dia 3 de Dezembro, pela torcida organizada do Sampaio Corrêa, a Tubarões da Fiel, por tudo aquilo que já fez pelo clube e pelo futebol do Estado.

Parabéns gigante Bimbinha! Continue sempre driblando as dificuldades da vida com um grande sorriso no rosto…

BÔNUS (Bimbinha atuando na Final do Maranhense de 1982):

http://www.youtube.com/watch?v=2-VljtIYRoY

FONTE:

http://candangol.blogspot.com/2010/04/bimbinha-o-entortador-do-maranhao_08.html

Mané Garrincha


A semana foi toda dedicada aos 70 anos de Pelé, merecidamente. Passou longe a lembrança de que, na última quinta-feira, Garrincha (foto) completaria 77 anos de idade. O anjo de pernas tortas foi tanto quanto Pelé, e esta é uma discussão eterna. Um jogador excepcional e, já na época, chamado fora de série. Encantou o mundo com seus dribles. Depois do título em 1958, na Suécia, comandou o bi no Chile.

O Drama de Pedro Rocha

Meia clássico,o uruguaio Pedro Rocha passa há três anos por calvário que minou sua capacidade de movimentação e sua fala. Por esse motivo, este repórter não consegui acesso direto ao ex-jogador. Porém, os relatos de sua saúde são totalmente fidedignos, pois foram contados por pessoas que mudaram suas vidas em função do problema crônico do ídolo tricolor: sua esposa, Gladys Cuesta, a Mabel e seu filho Pedro Rocha Cuesta.

É em uma casa no bairro paulistano de Santo Amaro que vivem os três. O dia a dia da família uruguaia (com coração brasileiro), como afirma o filho – é no jargão futebolístico, uma decisão de campeonato. Pedro Rocha precisa de cuidados constantes. Tem dificuldade para andar,o que o relegou a precisar de uma cadeira de rodas para tomar banho e de ajuda para se expressar.”O coração e a memória estão bem. Ainda não há cura para a doença, mas os médicos estão buscando melhoras para um quadro ideal”, afirma Pedrinho, hoje com 43 anos.

Pedro Rocha tem 67 anos. Em 2008, surgiram os primeiros sintomas da atrofia no mesencéfalo, parte do cérebro responsável por coordenar junto a outra partes do órgão os movimentos do corpo e a fala. Foi aos poucos .Há três anos ele estava totalmente normal. Andava normalmente, dirigia mas notamos algumas situações em que ele começou a sentir descontrole para dirigir. Pensamos que era depressão, estresse, e começamos a consultar médicos.

É uma doença que vai jogando para baixo. Estamos vendo os resultados, conta o filho.

Desde então a vida da família mudou bastante. Dona Mabel, também com 67 anos, passou a viver para cuidar do marido. Pedrinho, ex-jogador do Palmeiras que não vingou e se tornou técnico, não pôde mais sair de São Paulo. Os demais filhos, Sandra 44 e Gonzalo 35 ,também estão sempre próximos do pai. O São Paulo custeia as necessidades médicas, que não são poucas, e oferece profissionais. Todos na esperança de ver o ex-camisa 10 da Celeste.