Tomando como base a frase fundamental de Confúcio, “Escolha o trabalho de
que gostas e não terás de trabalhar um único dia em tua vida” , que
magistralmente o jornalista João Areosa do Jornal dos Sports do Rio utiliza
no seu Blog, ela tem realmente muito a ver com aquilo que a gente gosta e
faz. No meu caso o futebol. E também no de vocês do Soccerlogos
Então vamos lá.
Sempre existirá determinados trabalhos chatos e maçantes na nossa vida profissional e certos processos
que passam pelas nossas mãos de manhã ( na verdade alguns não servem para
nada) e de tarde nem nos lembramos mais .Isso não quer dizer que somos incompetentes e nem relapsos.
Agora, com aquilo que a gente gosta, futebol, o Confúcio tinha toda razão. Não é fatigante e jamais esqueceremos por qualquer motivo.
Vamos a uns exemplos:
-mandei um e-mail lembrando o ano de 1978 e de uma frase da capa de um jornal
de outra cidade, no caso o JSports, quando o Peru entregou o ouro para a
Argentina. Isso em 2008.
-certa vez um amigo sãopaulino, no final dos anos 80, viu a chapa de um
carro com as letras CAO e me fez a pergunta: Qual o nome de um goleiro do
Botafogo do Rio com três letras. De bate pronto: CAO. Agora se fosse o que
tinha feito de manhã, talvez gaguejasse.
-em 1981 outro paulista, fanático leitor da Veja , estava vendo uma reportagem de um antigo jogador do Bangu, com dois nomes, me perguntou qual o nome. Respondi
Decio Esteves. E acertei porque gosto de futebol e por isso memória ajuda. O dia de aniversário da minha sogra não me lembro direito..rsrs
-no começo dos anos 60 o Palmeiras tinha um goleiro de nome Ecio , que pegou dois pênaltis no jogo contra o Santos.
A Gazeta Esportiva trouxe o seguinte título na segunda-feira: Só ECIO dá ao
seu time o máximo, imitação cômica da famosa propaganda Só ESSO dá ao seu
carro o máximo.
Porque este comentário? Porque todos temos algo de Confúcio entre nós. Todos nós lembramos porque gostamos e muito do futebol. Não vai aqui nenhuma soberba e nem petulância.
Aliás, de certa forma, isso tem tudo a ver com a História do Futebol, não?
Abs
Gilberto Maluf
Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf
O “emocionante ” não-televisionamento de um jogo
Em 10 de março de 1968, jogo seguinte ao do tabu contra o Santos, domingo, com um público no Pacaembu que lotou suas dependências, o Corinthians jogou contra o Palmeiras.
O inusitado deste jogo foi a briga se o jogo seria televisionado ou não. A TV Bandeirantes começou seus trabalhos ao vivo a partir da 15h.
Mas o jogo foi vetado e durante todo o transcorrer da partida só víamos a cabine da Bandeirantes e Mário Moraes de vez em quando dando uma idéia de como estava o jogo.
Nunca vi modo de mostrar o futebol mais sem graça. Até os 41 minutos do segundo tempo o Palmeiras vencia o jogo por 1 x 0, gol de Tupazinho aos 38 do 1o tempo.
Mas vejam só o que aconteceu. Aos 41 do segundo tempo Ditão deu uma cabeçada fulminante e empatou o jogo. Mario Moraes meio contra a vontade, não sei porque, olhou para a câmera e falou: ouçam o barulho….gol de Ditão. E não falou que o Corinthians tinha empatado.
O lateral direito Osvaldo Cunha do Corinthians saiu e deu lugar para Louro. Este lateral desceu pela direita aos 44 do segundo tempo e cruzou para Bene desempatar.
O motivo desta narrativa não foi a virada do placar e sim a expressão de incredulidade de Mario Moraes e o seguinte balbuciar hesitante: Meus Deus, não acredito no que estou vendo. E eu aflito querendo mais notícias. Mas tinha quase certeza que o Corinthians tinha feito 2 x 1.
Ainda bem que nunca mais aconteceu este tipo de não televisionamento .
Abs
Gilberto Maluf
Final da Copa de 78 – Argentina x Holanda – Comprei rojões para soltar para a Holanda, mas…..
Meus amigos, depois que o Peru entregou o jogo para a Argentina em 1978, naqueles 6 x 0, fiquei tão nervoso que não esqueço a manchete que vi numa banca de jornal de São Paulo do Jornal dos Sports do Rio: PERU SEM-VERGONHA! Podem conferir, não me esqueço desta manchete.
Como torcedor estava irritado com a seleção Argentina, nada porém contra o povo argentino. Pois bem, fui comprar fogos ( rojões ) do tipo três tiros Combate para soltar na final da copa, Argentina x Holanda, para a Laranja Mecânica ( já nem tanto mecânica ).
Mas…se aquela bola da Holanda no último minuto, quando estava 1 x 1 , não batesse na trave, soltaria os fogos um atrás do outro. Mas não deu. Rensenbrinck e Cia perderam de 3 x 1.
Logicamente enfiei os fogos na viola, quer dizer, guardei-os.
E esqueci que existiam os rojões.
Dois meses depois, setembro de 1978, minha esposa perguntou: E os rojões?
Pois é, falei! Bem lembrado. Domingo, dia 24, vou com o Jose Carlos Santana no jogo contra o Palmeiras e quando o Corinthians entrar em campo, vamos soltá-los.
Combinei com o Santana que o pegaria na estação Conceição do Metrô e dali iríamos para o estádio.
O problema era como entrar no Morumbi com os fogos. Gente, o Santana é negro e alto, e veio naquele dia com a camisa do Corinthians listrada e com uma calça branca. Bem a carater.
-Falei para ele: Negão, põe você os rojões nas meias e cobre com a sua calça, porque a minha é mais apertada e vai dar na vista.
E lá fomos. Entramos sem problemas, ninguém percebeu nada, e quando o Corinthians entrou em campo tinha um guarda próximo nas arquibancadas e não deu para soltar os rojões.
Quis o destino que estes rojões jamais seriam espocados por mim.
Prá resumir: falta na intermediária para o Jorge Mendonça bater, isto aos 30 do 1o tempo. Jairo nem via a bola. E para piorar o Jorge Mendonça veio comemorar no lado da torcida do Corinthians.
Aos 12 do 2o tempo, nova falta do mesmo lugar. Jorge Mendonça encaçapou do mesmo lugar. 2 x 0. E de novo veio até nós comemorar.
A torcida ficou uma arara e a coisa sobrou para o técnico Teixeira. Toda a torcida do Corinthians começou a gritar: FORA TEIXEIRA. Mas o que mais doeu foi a resposta do lado da torcida do Palmeiras: FICA TEIXEIRA.
Foi de doer.
Mas vamos voltar aos rojões. Nem nos lembramos deles. Deixei o negão Santana na estação Conceição e fui prá casa.
Quando aquela figura entrou no trem do Metrô, e sentou, a calça obviamente levantou e apareceram os rojões espetados dentro da meia. Dá prá imaginar aqueles passageiros, que sequer se conheciam, esborrachando de tanto rir?
Foi o que aconteceu. Queria estar lá para ver a cena.
Abs
Corinthians x São Paulo de 1962 – ” Rádio Panamericana ”
Meus amigos, esta tentativa de lembrar, com limitações, alguns trechos de
um jogo de futebol em suas tardes esportivas teve como concepção uma
transmissão primitiva, segundo seu autor, Mario Lopomo, de 1951 entre São
Paulo x Palmeiras. Então segue abaixo o primeiro jogo vi no Pacaembu.
Senhoras e senhores, a rádio Panamericana lhes deseja boa tarde. Aqui, o
próprio da municipalidade, Pacaembu, local do jogo São Paulo x Corinthians,
nesta tarde de domingo de 2 de dezembro de 1962, que deve
indicar o vice-campeão paulista do ano.
O Pacaembu recebe um público apenas regular
e até a hora do jogo deveremos ter por volta de 18.000 pessoas.
Vamos às reportagens:
-Plantão de notícias, Suel Neves Daca, qual a previsão do tempo?
-Pedro Luís, não teremos chuva esta tarde.
-Obrigado, Suel,mas neste momento os alto falantes do Pacaembu anunciam as
escalações das equipes.
-O posto de serviços Esso e o Guaraná Champagne da
Antártica anunciam as escalações das equipes para esta tarde….
CORINTHIANS: Aldo, Augusto, Eduardo, Amaro e Oreco. Cassio e Rafael.
Felício, Silva, Nei e Lima……..
SÃO PAULO: Poy, Renato, Jurandir, Dias e Tenente. Cido e Benê. Faustino,
Prado, Gino e Agenor.
Adentra agora no gramado, sob intensa vaia, o árbitro da partida Eunápio
de Queiróz.
-Alô Pedro Luis….
-Pois não, Hélio Ansaldo…
-este árbitro não é de São Paulo e a turma fica brincando com o nome dele,
chamando-o de Larápio de Queiróz.
-É brincadeira do torcedor, Hélio, todos sabemos da honestidade do árbitro.
Muito bem, mas voltando ao público, creio ser definitivo. Pouca gente na
concha
acústica, ninguém pendurado na estátua de Davi.
-Alô Pedro…
-Quem chamou?
-Nelson Spinelli, estou aqui no gramado no momento que as equipes entram em
campo. Os capitães ja se dirigem para o centro do campo onde o árbitro vai
tirar o toss. Moedinha para cima…ganhou o golkiper Aldo, que escolheu
defender o gol dos fundos e cabe ao argentino Jose Poy defender o gol dos portões
monumentais.
Bola no centro do campo. Vai ser dada a saída. ( narração somente dos gols )
Dá a saída o São Paulo, bola com Bene, que atrasa para o lateral direito
Renato e este vira o jogo para Tenente. Recebe Tenente e vê Benê desmarcado
pela meia, enfia no vazio, mas entra Eduardo e afasta a bola para a lateral.
…..Lateral batido, bola com Faustino que passa por Oreco e pára. Parou e
olhou, olhou e virou e lança sensacionalmente Benê que entra pela grande
área e é derrubado por Amaro. Eunápio dá pênalti. Indiscutível. O pé de
apoio do Benê foi tirado e o meia sãopaulino caiu já perto da marca do
pênalti. Atenção……
Bate Benê, espaaaalma Aldo, volta para Benê e é goooool do São Paulo.
É dada nova saída , bola lançada para Silva que é prensado duramente por
Jurandir e cai. Silva levanta e dá uma cotovelada no Jurandir. Bololô em
campo…
Mas Eunápio expulsa Silva.
Reiniciada a partida , bola com Dias que avança pelo meio do campo e toca na
esquerda para Agenor. Agenor recua para Prado , Prado para Gino, que volta
para Prado e vê Benê se enfiando e lança Benê que fica cara a cara com Aldo
e atira e é goooool do São Paulo, de Benê.2 x 0 no placar para o tricolor.
40 minutos do primeiro tempo, Cassio recupera a bola e toca para Nei que
finta Jurandir e lança na ponta para Lima que passa por Renato e quase sem
ângulo chuta…a bola passa entra a trave e o goleiro Poy. Gooooool .
Diminue o Corinthians.
Fim do primeiro tempo, 2 x 1 para o São Paulo.
Esta á rádio Panamericana, neste domingo esportivo, presente de Pirelli,
pois Pirelli é mais pneu. Também presente de Lonas Locomotiva, que cobrem os
caminhões que rodam pelas estradas brasileiras, produto do brim Coringa. Que
vai de, sol a sol, que fabrica as famosas calças rancheiro.
– Alô São Paulo.
– Fala Rio!
– Pedro, começa no maior do mundo o FlaxFlu
– Obrigado. Narciso.
E agora, antes dos comentários de Mário Moraes, vamos aos reclames de Alka Seltzer, Kolynos e Eucalol.
Senhores ouvintes da Pan, aqui é seu amigo Mário Moraes. Ainda bem que não tivemos uma senhora pelada.
Tivemos neste primeiro tempo um jogo de uma equipe
só, com o São Paulo tomando conta das ações e o resultado só poderia ser
sair com a vitória parcial. Quem desequilibrou o jogo foi o Benê com sua
incrivel categoria no meio de campo. Fez jogadas avançadas e acabou fazendo
os dois gols do jogo. A única estocada corintiana foi um arremate do Lima
da linha de fundo. Aqui do lado das numeradas alguns torcedores corintianos
estão se virando para as cabines de rádio e estão vaiando o Geraldo Bretas.
Mas Wilson Brasil está tentando contornar a situação.
– Vai começar a segunda etapa, volta com vocês Pedro Luis.
Obrigado Mário, tudo pronto, 2 x 1. Bola rolando…….4 minutos do segundo
tempo, bola
lançada na área do São Paulo, Rafael passa por Dias e vai chutar mas foi
calçado por Tenente e cai na área. Pênalti. Eunápio dá pênalti.
Cássio bate e é goooool. 2 x 2 , empata o Corinthians. Nada pôde fazer o
guarda-valas Poy.
O Corinthians tenta de todas as formas desempatar a partida, mesmo com um
jogador a menos.
41 minutos do segundo tempo, bola com Cássio que passa para Rafael que chuta
e espaaaalma Poy, mas a bola volta para Nei, que de cabeça…gooooool do
Corinthians. Vira o Corinthians o jogo para 3 x 2. E Pedro Luis quase
encerrando a transmissão: ” O futebol brasileiro é fantástico e proporciona
jogos memoráveis pelos gramados do mundo.”
Caros ouvintes, não deixem de ligar o rádio todos os dias as 18h no seu
programa Corinthians em Marcha, com Otávio Muniz, na sua rádio
Panamericana.
-Rubens Spinelli, qual o tempo de jogo?
-Já não há mais tempo para nada Pedro, o juiz encerra o prélio.
Reportagens de campo com Rubens Spinelli e Otávio Muniz.
-Pedro?
-fala Spinelli.
-Estou aqui com o argentino Poy: Ojalá tenga outra chance contra
Corinthians, disse Poy.
-Otávio?
-Estou com Cassío que fala sobre o gol. Peguei bem na bola e deu para
enganar o Poy na hora do pênalti.
Estamos encerrando os trabalhos aqui do campo, Pedro.
– Pedro?
– fala Suel Neves Daca.
– Acabou também em Campinas……
– Notícias da UPI: Em Santiago, o Coco Colo…..
Abs
Gilberto Maluf
Os radialistas do Rio e SP – E-mail entre carioca e paulista
E-mail do Carioca Jairo
Na década de 50 a emissora que somente tratava de esportes era a extinta
Rádio Continental e onde trabalhava Oduvaldo Cozzi. A emissora mais potente
era a rádio Nacional, ( a TV Globo da época) líder absoluta de audiência. Os
titulares eram Antônio Cordeiro e Jorge Cury. Era uma transmissão difícil
porque um deles ficava com a defesa e outro com o ataque, de cada um dos
times. Quando a bola passava do meio de campo o outro assumia e creia eles
não se atrapalhavam. Luiz Alberto era o terceiro na hierarquia daí vc.
estranhar o nome.
Orlando Baptista e Jorge Cury eram os que tinham a vozes mais possantes.
Orlando Baptista não se destacava tanto porque talvez fosse negro e ainda
ainda como conseqüência trabalhava numa emissora fraquíssima que eu acho que
nem existe mais: a Rádio Mauá, com o slogan: a emissora os trabalhadores.
Eu quando garoto adorava a transmissão do Jorge de Souza e não gostei quando
ele sumiu. Só depois e agora vc. confirmou soubemos que tinha ido para a
capital da Paulicéa. Era como tratavam a capital de S. Paulo
Gilberto o n. de bons locutores era tão grande e bom que esqueci do meu
amigo, Celso Garcia, com o seu famoso bordão: atenção garoto do placar de
Maracanã coloque ( o placar era manual) um para o Bangu, zero para o
Corinthians. Pelo menos na narrativa o Bangu venceu. Gostou da brincadeira?
Um abraço,
JLS
E-mail do Paulista Gilberto
Mas de São Paulo eu tenho muitas saudades de Edson Leite. Eu não esqueço suas narrações
do tipo: O meu cronômetro marca…. 20 minutos …placar no Pacaembu…1 x 0 , O Santos vence.
A copa do mundo de 1958 teve editado um Long Play com trechos de jogos com o Edson Leite. Relembrando dois lances e os tipos de narração:
1)Bola com Fontaine que atira para o arrrrrco…seguuuuura Gilmar. Monumental defesa de Gilmar.
2) Bola com Didi, que passa para Pelé que atira para o arrrco…e….gooooooool. Magistral gol de Pelé.
Este Long Play ainda trouxe as músicas da vitória, com os bordões da época: Aleguá, Aleguá, Hurrra, Hurra, Brasil. A música tinha a seguinte letra: Verde amarelo cor de anil…são as cores do Brasil…..vencemos o mundo inteiro….maior no futebol é o brasileiro. Salve a CBD, jogadores, diretores, salve ò raça varonil campeão do mundo…Brasil.
Já Fiori Gigliotti tinha estilo peculiar e o diferente era quando
tínhamos escanteio. Aí quem narrava era o repórter de campo, normalmente o
Roberto Silva, o “Olho Vivo”.Como eu sempre digo: quem viveu a sua juventude nos anos 40/50,
certamente têm muitas saudades. Eu peguei apenas um trechinho. Mas foi bom.
Grande abraço
Gilberto Maluf
A alegria do torcedor da Portuguesa de Desportos
Meus amigos, o torcedor da Portuguesa é um apaixonado pelo seu time. Dizia um radialista ao narrar um gol no campo da lusa: Delírio no Canindé. Pois é, dizem que vinte portugueses na arquibancada fazem mais barulho que cem torcedores de outro time.
Fui testemunha da alegria de dois torcedores da Portuguesa que estavam sentados na fileira abaixo onde me encontrava, nas numeradas do estádio Osvaldo Teixeira Duarte, o Canindé. Era o dia 13 de abril de 1986 e o Corinthians ia jogar contra a Portuguesa. Como as partes das arquibancadas foram tomadas pela torcida do Corinthians, tive de comprar ingresso nas sociais, onde se concentrava parte da torcida da Portuguesa.
Fiz amizade com estes dois torcedores lusos, educados, e conversamos sobre as possibilidades dos times na partida, coisas do tipo.
Aos 16 min. do 2o tempo, a Portuguesa fez o gol que seria o da vitória, de Hamilton Rocha.
Vou resumir a alegria dos dois torcedores num lance corriqueiro do futebol.
Após o gol, a Portuguesa fez uma triangulação na lateral do campo, próximo às sociais, jogada até banal no futebol, e seguiu em frente pela ponta direita. Até aí nada demais.
Mas os dois torcedores, após esta triangulação, viraram para mim com aquele sorriso maroto e um deles me falou: MAS NÃO PARECE UM RELÓGIO?
Eu fiquei com aquele sorriso amarelo, afinal estava triste porque meu time estava perdendo. Mas esta frase e a alegria dos dois torcedores com este lance não me sai da memória.
Abs
Gilberto Maluf
Sentado, de pernas cruzadas e controlando uma bolinha de papel com o pé esquerdo.
Meus amigos, Canhoto (ex-meia direita ), formou famosa dupla com Canhotinho no Palmeiras na década de 40. Só estou aqui falando dele porque trabalhei com ele na Siderúrgica Aliperti em São Paulo nos anos 60. Aliás ele foi contratado nos anos 50, perto dos 40 anos de idade, para ajudar o Clube Atlético Siderúrgica Aliperti na segunda divisão de profissionais.
Já em fins dos anos 60 ele continuava no Aliperti trabalhando no setor administrativo. Ele costumava ir ao setor onde eu trabalhava e gostava de conversar sobre futebol, era muito alegre.
Então, sentado e de pernas cruzadas, amassou uma folha de papel e com o pé esquerdo ( de sapato ) começou a controlar a bolinha por várias vezes sem deixá-la cair no chão. Repito, de pernas cruzadas. E rindo.
Será que somente por este exemplo podemos generalizar e afirmar que é por essas e outras que os craques antigos eram bem melhores que os atuais?
Acho que tínhamos uma maior quantidade de melhores jogadores , sem dúvida.
Seu apelido de Canhoto nasceu no Belenzinho, bairro da zona leste de São Paulo, onde nas peladas só chutava de canhota, mesmo jogando pelo lado direito.
Depois de ser campeão paulista em 1940 e em 1945, Canhoto jogou também no América do Rio e no Ypiranga (SP).- Almanaque do Palmeiras.
Abaixo, Canhoto e Durval do Juventus
[img:qfl_451.jpg,full,centralizado]
COMO ERA TORCER PELO SEU TIME
Não sei se estarei sendo infantil, mas com certeza éramos mais inocentes que a idade entre 9 e 13 anos poderia espelhar.
Em 1960 não se tinha muitas alegrias torcendo pelo Corinthians, mas parece que fui mordido por uma mosca diferente da tsé tsé, que ao invés de transmitir a doença do sono, trazia o exótico sintoma da alegria pelo futebol.
Pois bem, na minha casa não tinha televisão na época, por isso sempre imaginava que meus amigos vizinhos eram mais felizes do que eu, principalmente aqueles que assistiram pela TV o último grande jogo de Garrincha, Botafogo 3 x 0 Flamengo, da decisão de 1962. Este jogo passou para São Paulo.
Mas como o meu negócio tinha que ser o rádio, começava o dia esperando o noticiário esportivo das 11h da manhã, da rádio Difusora. Eu ficava uma hora antes no sofá esperando o noticíário. Mas antes devo confessar que logo pela manhã ia à banca de jornal ver as manchetes da Gazeta Esportiva. Gostava de ver também as 20 Notícias de Antonio Guzman, do Diário da Noite. E fechava a conta com os jornais quando meu pai chegava com o jornal A Gazeta, vespertino da fundação Casper Líbero. Mas o verdadeiro sofrimento vinha durante as transmissões de Edson Leite, Pedro Luis e Fiori Gigliotti nas rádios Panamericana e Bandeirantes. Eu ficava tão nervoso que literalmente batia os dentes, como se tivesse morrendo de frio. Não sei se alguém ficava assim, mas durante boa parte do jogo não conseguia parar de tremer. As tristezas eram muitas, mas parece que pouco me importava a classificação, pois cada jogo era muito importante para mim. O gozado que hoje os sintomas são diferentes, fico com um ligeiro mal estar devido ficar tenso nos grandes jogos.
No mesmo ano de 1960, a TV Tupi passava jogos do Real Madri às 13h do domingo e ia ao bar da rua Domingos de Morais na Vila MAriana , era chique, tinha TV, e com o dinheiro de um Guaraná, instalava-me numa mesa e via Canário, Didi, Di Stefano, Puskas, Gento, Araquistain, Del Sol entre outros do futebol espanhol. As vezes esticava o tempo para ver Ari Silva e Raul Tabajara revezarem-se nas transmissões televisivas do campeonato paulista que começava às 15h15min. E os donos do bar tinham paciência comigo e não me mandavam embora.
Certamente os jovens de hoje tem quase tudo, TV, Internet, Celular, mas não tem a infância que tivemos. Era duro, mas como era gostoso.
Abs