Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

O lado da Copa que poucos conhecem

SÉTIMA COPA DO MUNDO EM 1962

A Copa no fim do mundo. Depois de dois anos na Europa, a Fifa decidiu que o de 1962 seria de novo nas Américas. E o obstinado presidente da Confederação Sul-Americano não só convenceu os delegados a votar no Chile como superou até terremotos para organizar a festa.

Quatro paises se candidataram para sediar a Copa de 1962: Espanha. Alemanha ocidental. Argentina e Chile. Mas a Fifa decidiu que, após duas Copas seguidas na Europa (1954 e 1958), chegara à vez das Américas. Assim, a mais forte candidata, a Espanha, foi descartada. Sobraram então a Argentina, que vinha pleiteando a realização de uma Copa desde de 1930, e o Chile, que apresentara sua candidatura ainda em 1952, no Congresso da Fifa em Helsinque por meio do diplomata Ernesto Alvear. Os delegados dos paises europeus torceram o nariz para as pretensões chilenas, argumentando que o pais era pobre e sem a necessária estrutura para promover uma Copa.

Mas a candidatura do Chile tinha um defensor de peso: Carlos Dittborn Pinto, que em 1956 havia sido eleito presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol. Mesmo sem o apoio da Argentina e do Uruguai, ele fez uma ardorosa defesa das possibilidades chilenas no Congresso de Lisboa, em 16 de julho de 1956. Aí, os 56 paises membros presentes foram convidados a votar. Surpreendentemente, o Chile conseguiu 32 votos, incluindo o do Brasil, e a Argentina apenas 11. Outros 14 paises se abstiveram da votação. Frustrados, mas impávidos, os argentinos deixaram registrada sua pretensão de sediar a Copa de 1970, que acabou sendo realizada no México.

Carlos Dittborn foi à alma e o coração da preparação da Copa. Nascido em 26 de abril de 1921, em Niterói, cidade onde seu pai desempenhava a função de diplomata, mudou-se para o Chile aos 4 anos de idade, e lá, descobriu sua paixão pelo futebol principalmente pela Universidade Católica, clube do qual foi presidente em 1954. Sob os olhares desconfiados dos opositores à Copa do Mundo, ele arregaçou as mangas em 1957. De acordo com seus planos, o estádio Nacional de Santiago, inaugurado em 1937, teria capacidade aumentada de 45.000 para 70.000 expectadores. E um novo estádio seria construído em Viña del Mar.

Quando os dirigentes pareciam estar começando a ganhar o respeito dos céticos, o Chile foi surpreendido por uma hecatombe: em 21 e 22 de maio de 1960, dois violentos terremotos atingiram o pais. O segundo foi o mais forte do mundo no século 20. Registrou 8,5 pontos na escala Richter, com epicentro em Valdivia e Comcepcion, 750 quilômetros ao sul de Santiago, causando 5.000 mortes e deixando ao desabrigo 25% da população nacional. Para um pais de poucos recursos, o enorme prejuízo financeiro decorrentes da tragédia era uma sentença de morte para a Copa do Mundo. Mas o obstinado Dittborn pronunciou uma frase que se tornou célebre e acabou reproduzida em cartazes por todo território chileno: “Porque nada tenemos, lo haremos todo” (porque nada temos, faremos tudo). E a Fifa impressionada tanto com a frase quanto com a persistência de Dittborn, deu-lhe o necessário voto de confiança. No entanto, ele não viu o resultado final de sua grande obra. pois sofreu um ataque cardíaco e morreu um mês antes do inicio do evento, aos 42 anos de idade, no dia 28 de abril de 1962. É bem provável que as provações enfrentadas nos seis anos anteriores e os incríveis esforços, tanto físicos quanto mentais, dedicados à preparação do Mundial, tenham influído em sua morte prematura. O estádio de Arica, em homenagem ao homem que nunca desistia, foi batizado de Carlos Dittborn.

Um recorde de 54 paises se inscreveram para as eliminatórias. Só quatro não entraram em campo, mas o cruzamento definido pela Fifa fez com que os africanos r asiáticos acabassem fora do mundial.

Depois da Copa de 1958, quando ganhou o titulo na Suécia, a seleção do Brasil entrou em campo 32 vezes, conseguindo 28 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Nesses jogos, foram 102 gols a favor e 31 contra. Melhor ainda, em 191 e 1962. Foram 11 jogos e 11 vitórias. Nesses dois anos, o técnico já era Aymoré Moreira, porque Vicente Feola tinha sido acometido de nefrite aguda e também padecia de crônicos problemas cardíacos. Mas,tirando Feola, a comissão técnica de 1962 era a mesma de 1958. O presidente da Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange, decidira repetir, tintim por tintim, o planejamento tão bem sucedido de quatro anos antes.

Os jogadores também seriam, na medida do possível, os mesmos. Incluindo Nilton Santos, que afirmara em várias entrevistas que tinha dado o máximo de si para aproveitar a chance de ser campeão do mundo, porque “nunca mais haveria outra”. Mas aos 37 anos, ele não só estava na lista como ainda era titular absoluto da lateral esquerda. Em abril, os jogadores seguiram para Campos de Jordão, para exames clínicos. O doutor Hilton Gosling montou uma equipe de dez médicos e eles logo perceberam que muitos craques tinham algo insuspeito: calo. E um enfermeiro-calista foi chamado. De Campos do Jordão, todos foram para treinar, primeiro em Friburgo e depois em Serra Negra. Em um mês, a comissão técnica decidiu quais seriam os 22 jogadores que iriam a Copa.

Jogo Final –17 de junho de 1962.
Brasil 3 x Tchecoslováquia 1.
Gols de Masopust e Amarildo no primeiro tempo. Zito e Vavá no segundo tempo.
Estádio Nacional de Santiago.
Horário: 15 horas.
Publico: 68.679 torcedores.
Juiz: Nikolai Latichey (União Soviética).
Brasil: Gilmar. Djalma Santos e Mauro. Zito. Zozimo e Nilton Santos. Garrincha. Didi. Vavá Amarildo e Zagalo.
Tchecoslováquia: Schroiff. Lala. Popluhar e Novak. Pluskal e Masopust. Pospichal. Scherer. Kadraba. Kvasnak e Jelinek.

Brasil levou 22 jogadores.

GILMAR dos Santos Neves – Santos.
DJALMA SANTOS – Palmeiras.
MAURO Ramos de Oliveira – Santos.
ZOZIMO Alves Calazans – Bangu.
NILTON dos SANTOS – Botafogo.
ZITO José Ely de Miranda – Santos.
GARRINCHA Manoel Francisco dos Santos – Botafogo.
DIDI Valdir Pereira – Botafogo.
VAVÁ Edvaldo Ecídio Neto – Palmeiras.
AMARILDO Tavares da Silveira – Botafogo.
Mario Jorge Lobo ZAGALLO – Botafogo.
Carlos José CASTILHO – Fluminense.
ALTAIR Gomes Figueiredo – Fluminense.
COUTINHO Antonio Wilson Honório – Santos.
Hideraldo Luiz BELINI – São Paulo.
JAIR DA COSTA – Portuguesa de Desportos.
JAIR MARINHO de Oliveira – Fluminense.
JURANDIR de Freitas – São Paulo.
MENGALVIO Pedro Figueiró – Santos.
PELÈ Edson Arantes do Nascimento.
PEPE – José Macias.
ZEQUINHA José Ferreira Franco – Palmeiras.

Comissão Técnica.
Chefe da delegação – Paulo Machado de Carvalho.
Supervisor – Carlos Nascimento.
Médico – Dr. Hilton Goslig.
Dentista – Mario Trigo.
Superintendente – Mozart Machado Di Giorgio.
Administrador – José de Almeida.
Tesoureiro – Ronald Vaz Moreira.
Psicólogo – Ataíde Ribeiro.
Secretario – Adolfo Marques Junior.
Jornalista – Ricardo Serran.
Técnico – Aymoré Moreira.
Massagista – Mario Américo.
Roupeiro – Aristides Pereira.
Convidados – João Mendonça Falcão e João de Paiva Menezes.

O chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, levou tão ao pé da letra a ordem de Havelange para repetir todos os passos da vitoriosa campanha de 1958 que começou tirando ao armário o mesmo terno marron, cheirando a naftalina, que usara durante toda a campanha em gramados suecos.

Além de ouvir as vibrantes transmissões dos locutores de rádio – o radinho portátil foi a grande sensação do inicio da década de 1960, comparável à febre do celular dos anos noventa – os brasileiros puderam pela primeira vez ver os jogos pela televisão. O vídeotape embarcava no Chile, de avião, e era apresentado aqui apenas dois dias depois de cada jogo. Para que isso se tornasse realidade, um sério problema precisou ser superado. Em 1960, o Chile não tinha condições técnicas de gravar os jogos da Copa. Atendendo a um pedido da Fifa, o multimilionário mexicano Emlio Azcárraga, dono da Televisa e, mais tarde, do próprio estádio Azteca. Na cidade do México, instalou os equipamentos necessários. Para a América do Sul era um progresso enorme. Para a Europa nem tanto.

Um lance muito lembrado do jogo Brasil e Inglaterra foi à invasão de campo por um cachorrinho preto que ciscou pela intermediária, driblou Garrincha só foi capturado pelo atacante inglês Jimmy Greaves, que se pôs de quatro em frente ao bichinho, produzindo a cena mais divertida da Copa.

O dia em que a terra (Piracicaba) parou

Existe uma história, a qual não é desmentida por ninguém, de que a nossa “terrinha” parou por um dia. Outros dizem que isso é mentira. Pois era parou por vários dias … Este fato completa na próxima semana seus 40 anos. Foi quando os piracicabanos aguardavam a decisão do Torneio do Acesso ao Futebol Profissional de 1967. A cidade acompanhou na expectativa as três partidas do triangular decisório. Parou também para comemorar a vitória do E. C. XV de Novembro e para receber como heróis os jogadores do alvinegro local. Toda essa festividade ocorreu em janeiro, encerrando assim as comemorações do bicentenário de fundação do município.

Foi exatamente na noite de 17 de janeiro de 1968 que o XV venceu o Bragantino, em pleno Pacaembu, na capital paulista, sagrando-se Campeão do Acesso (atual Série A-2), retornando, assim, à elite do futebol paulista onde ficou de 1948 a 1965.

Testemunhos da época relatam que, no início de 1968, a cidade torceu para o alvinegro como se fosse a Seleção Brasileira de Futebol disputando uma final do mundial. Até o carnaval, que ocorreria duas semanas depois, começou cedo. As festividades prosseguiram por semanas pois foi um orgulho o retorno do time às partidas junto aos grandes, como São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians e outros, sem levar em conta a projeção que a cidade conseguiu em todo o país. A cidade estava em efusão constante devido à ousadia do prefeito Luciano Guidotti que instalava obras grandiosas para tudo que era canto. Foi o ano de crescimento da cidade, condecorada como a cidade de maior desenvolvimento do país.

Especialistas acreditam que a euforia de janeiro de 1968 só foi sentida em 1947 quando o time subiu para a divisão principal decretando ser equipe profissional, e, em 1976, quando foi o segundo colocado no Campeonato Paulista.

Segundo Rubens Braga, 78, ex-dirigente do basquete e do futebol do XV, a conquista de 1967 serviu para ratificar o esporte como profissão na cidade. “Os anos 60 serviram para as grandes contratações do alvinegro e, com este retorno à Divisão Especial, houve a necessidade de contratar jogadores de grandes times”, diz. A equipe contratada pelo presidente Humberto D’Abronzo, industrial proprietário da Caninha Tatuzinho, é considerada como uma das melhores em toda sua história. Braga é mais enfático e diz que as comemorações pelo título não duraram apenas algumas semanas. “A comemoração foi o ano todo, pois até dezembro, quando se decidiria o próximo campeão, o título era de Piracicaba”.

Era uma época diferente, período em que o futebol era transmitido apenas pelas emissoras de rádio, gerava rodinhas nos bares, era motivo de festa até para a alta sociedade e celebrado até por aqueles que não possuíam qualquer simpatia pela bola.

Comércio, indústria, escolas … Tudo parou nos dias 11 e 17 de janeiro, quando o alvinegro foi a São Paulo jogar, respectivamente contra o Paulista F.C., de Jundiaí, e o C. A. Bragantino, de Bragança Paulista. A cidade acompanhava as partidas pelas emissoras de rádio, sendo que três delas transmitiam pela freqüência A.M.

Nestas duas disputas, os jogadores viajaram em ônibus da Prefeitura Municipal cedido pelo prefeito Luciano Guidotti (que faleceria no dia 7 de julho do mesmo ano), um amante do esporte e assíduo incentivador do time. Guidotti tinha paixão imensurável pelo time, utilizando seus jogadores como garotos-propaganda para propagar a imagem da cidade. Ele chegou a presidir o XV por vários anos.

Em ambas as partidas, o Executivo Municipal pediu atenção especial à segurança no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (o Pacaembu), sendo que foram disponibilizados cerca de 200 soldados da Força Pública e Guardas Rodoviários.

No dia 11 de janeiro de 1967, o alvinegro partiu a tarde para São Paulo. Venceu o Paulista por 2 a 0 (Piau aos 19’ do primeiro tempo e Amauri aos 45’ do segundo), garantindo vaga para a final que ocorreria seis dias depois. No dia 14, o Bragantino vence o Paulista por 1 a 0 definindo sua vaga na final diante do XV.

A partir de então, a euforia tomou conta de Piracicaba. A vitória era previamente comemorada pois o time havia feito uma excelente campanha no Paulista de 1967. Para chegar à fase decisiva, o alvinegro esteve junto a outros 29 times divididos em duas séries. Na primeira fase foi campeão do grupo B, tendo como vice o Paulista. A campanha foi positiva pois foram 30 jogos, sendo 22 vitórias, seis empates e duas derrotas. Foram feitos 68 gols e a defesa deixou passar 15 gols dos adversários.

Contavam-se os minutos para a disputa final. Os comandados do técnico Renganeschi eram a esperança da terra. Motivaram, inclusive, os vereadores a realizar uma sessão extraordinária, no dia 12, para votar a cessão de NCR$ 150 mil ao E.C. XV de Novembro, valor que seria utilizado para premiar os jogadores caso ocorresse a vitória. Foi aprovado por unanimidade pelos 15 presentes do legislativo municipal que participaram da sessão. Um dia antes, o time participa de uma missa de ação de graças celebrada pelo então padre Jorge Simão Miguel na Matriz Imaculada Conceição.

Às 15 horas de 17 de janeiro, data da partida decisiva, o alvinegro ruma ao Pacaembu novamente em ônibus cedido pela prefeitura. A partida ocorreu à noite permeada por pancadas de chuva que castigaram a torcida.

Em sua edição desta data, um jornal da cidade relata que uma “caravana monstro” foi organizada para levar a torcida alvinegra para São Paulo. Desde o dia anterior já não era possível encontrar um ônibus disponível para ser fretado. Muitos foram de carro, trem ou táxi. Segundo Waldemar Romano, cirurgião-dentista e vereador na época, a Câmara Municipal fretou três carros para levar vereadores na disputa. “O Legislativo se via na obrigação de acompanhar os passos do time, e como não tinha veículos, contratou-se motoristas para levar alguns vereadores”, diz. Ele comenta que isso não pode ser considerado regalia, pois na época a função de vereador nem era remunerada.

Há notícias de que torcidas de cidades vizinhas também incentivaram o time piracicabano, destacando-se as cidades de Santa Bárbara D’Oeste, Americana, Rio Claro, Limeira e Rio das Pedras. O fato congestionou ruas e avenidas da capital, provocando a falta de vagas no estacionamento para os ônibus nas proximidades do estádio. Interessante é que muitos dos ônibus chegaram ao mesmo tempo, como que por acaso. A bola começou a rolar em campo, e a torcida ainda estava na fila no portão do Pacaembu. Alguns sequer viram o primeiro gol alvinegro marcado aos dois minutos iniciais. Foi motivo para que, os que estavam fora, iniciassem uma correria para o interior do estádio, pulando catracas a fim de não perder nenhum minuto da disputa. O fato não atrapalhou o juiz Armando Marques e seus assistentes Wilson Medeiros e Eraldo Gongora.

A partida foi acirrada definindo-se no primeiro tempo quando o alvinegro marcou os seus quatro gols feitos por Amauri (aos 2’), Joaquinzinho (13’), Piau (25’) e Amauri (38’). Luizão fez o primeiro para o adversário ainda no primeiro tempo. O Bragantino marcou mais dois no segundo tempo, provocando pavor na torcida. Resultado : XV de Piracicaba 4 Bragantino 3. Piracicaba desabou de alegria. Foi a glória para o município. Praticamente ninguém dormiu naquela noite. Muito menos na noite seguinte, quando a equipe retornaria a cidade.

Após a partida, mesmo molhada, a torcida caiu na folia em pleno Pacaembu, com música a noite toda. Nos vestiários, jogadores tomavam banho com champanhe. Piracicaba era uma alegria só. As manifestações se concentraram na Praça José Bonifácio que era toda aberta, com travessias por todas as suas laterais.

Autoridades estudavam a recepção dos atletas-heróis para o dia 19 no período noturno. O trajeto da equipe, diretores e comissão técnica foi traçado. Todos circulariam em carro do Corpo de Bombeiros concentrando-se na avenida Independência próximo à atual sede do DER, percorrendo a avenida Armando de Salles Oliveira, a avenida Rui Barbosa, avenida Barão de Serra Negra, rua do Rosário, avenida Doutor Paulo de Moraes, rua Governador Pedro de Toledo, rua São José, finalizando em frente à catedral de Santo Antônio. No local foi montado um palanque no qual o elenco quinzista seria recebido pelas autoridades.

A cidade não funcionou normalmente no dia 19 de janeiro. Por volta das 15 horas, a praça José Bonifácio começa a receber os torcedores. A cidade vivia um clima de feriado e carnaval nesta data. Consta que a TV Tupi acompanhou a viagem do alvinegro de São Paulo a Piracicaba filmando manifestações de cidades vizinhas que esperaram à beira das rodovias para acenar aos campeões. A própria emissora, mais a TV Bandeirantes, cobriram as festividades levando o nome do alvinegro para todo o país.

A população comemorava com flâmulas, faixas, serpentina, confete, rojões … Era o carnaval – que cairia naquele ano em 5 de fevereiro – sendo antecipado. A Banda União Operária abriu as festividades tocando no palanque pontualmente às 18 horas. A comitiva chega por volta das 21 horas e inicia o trajeto programado. Às 22h10m começa chover motivando encurtar o percurso. Decide-se que a equipe não daria a volta por toda a Praça José Bonifácio entre a população.

Todos os campeões saem do ônibus e sobem o palanque. Gritaria incontrolável. Rojões. Dos prédios vizinhos, moradores soltam água através de bisnagas e com serpentinas criam um clima festivo. O chafariz da praça é invadido por pessoas que festejam de forma saudável, não chegando a ser reprimida pela força policial. É estendida nela uma faixa com mais de 24 metros quadrados com a inscrição “XV”. No palanque, prefeito Luciano Guidotti saúda os jogadores alvinegros, seguido pelo presidente do time comendador Humberto D’Abronzo, Lodovico Trevizan (Corregedoria) e Francisco Antonio Coelho (Presidente da Câmara Municipal). Outros pronunciaram-se até que os populares decidem subir no palanque criando um clima desconcertante para a equipe que é agarrada pelos mais afoitos, deixando alguns jogadores apenas de calça, levando suas camisetas, meias e calçados como souvenirs. Relatos da época dizem que cerca de mil pessoas sobem desordenadamente ao palanque, ocasionando sua queda e fazendo vários feridos. Como a aglomeração era intensa, a força policial encontrou resistência para prestar auxílio aos machucados. Mas, imperou o bom-senso e as festividades seguiram por toda a madrugada sem qualquer outra ocorrência. O incidente adiou a entrega de medalhas, desenhadas por Archimedes Dutra, que seria feita pelo prefeito Luciano Guidotti.
Outras manifestações foram realizadas nas semanas seguintes. Foram feitas homenagens nos clubes recreativos locais com membros da diretoria e jogadores recepcionados junto ao Rei Momo oficial vivido pelo radialista Antonio José. Santa Bárbara D’Oeste, Saltinho e o Rotary Club, dentre outros municípios e entidades, realizaram sessões para recepcionar o time.

O XV realizou um amistoso comemorativo à vitória no Torneio do Acesso contra a Seleção da Romênia em pleno Estádio Barão da Serra Negra (inaugurado dois anos antes), no dia 23 de janeiro. A comemoração era tão importante que o governador do estado, Abreu Sodré, marcou presença na partida fazendo questão de participar da solenidade. Por ironia, levou uma goleada : 6 a 2. Na ocasião seriam entregues as faixas aos campões do acesso. Aos 25 minutos, o juiz paralisou a partida. Um pára-quedista de Rio Claro saltou no meio do Barão trazendo uma bandeira do XV. O estádio ovacionou a iniciativa.
Na primeira partida de seu retorno à Divisão Especial, o XV empatou com o Comercial em 2 a 2, no dia 28 de janeiro de 1968.

No livro “A História Ilustrada do Futebol Brasileiro” (Edobrás, 1968), escrito por Roberto Porto e João Máximo, diz que os pequenos times escrevem sua história com espírito de sacrifício que o futebol exige de quem o pratica. Isso faz com que muitos times pequenos desapareçam e os times grandes, com bases sólidas e constantes investimentos acabem se perpetuando. “Na comemoração de uma vitória, na alegria do povo nas ruas, no carnaval improvisado pela conquista de um ansiado título, no cerco ao juiz que se equivocou, na luta pela bola, está o esforço heróico, dramático e até trágico dos pequenos clubes”, fala um trecho. Outro diz que “partidas ou títulos conquistados no interior paulista, onde o campeonato de acesso – esperança de equipes modestas no sentido de subirem à divisão principal – mobiliza uma população inteira”. Foi o que ocorreu em Piracicaba.

A Província de Piracicaba

Quando os craques visitavam Ribeirão Preto

Ribeirão-pretanos acostumados com Botafogo e Comercial na então 1ª Divisão do futebol paulista, lembram que jogos como o de hoje não aguçam tanto a rivalidade do torcedor local.
“Bom era quando o Corinthians enfrentava o Comercial e nós íamos a Palma Travassos torcer contra. Ou vice-versa. Botafogo e Palmeiras e os comercialinos engrossavam a torcida palmeirense”, disse o vendedor Afrânio Daniel Teixeira, 54 anos.
Embora torça pelo Palmeiras, disse que não vai ao campo por total desinteresse.
“A minha ligação básica com o futebol é Ribeirão Preto”, afirmou.

Pelé nos visitou 16 anos, para encarar Botafogo e Comercial
Pelé, o atleta do século, durante 16 anos, com raras interrupções, visitou Ribeirão Preto para enfrentar Comercial e Botafogo. Sua primeira aparição foi em 1958, com 18 anos de idade, já campeão mundial na Suécia.
Neste longo período em que esteve entre nós, até sua despedida, em julho de 74, num jogo contra o Comercial, Pelé hospedou-se em apenas dois hotéis.
O primeiro deles foi o Umuarama (depois Bradesco) no centro da cidade, hoje o Vila Real. O segundo, foi o Umuarama Recreio, ao lado da USP.
Pelé era um enigma. Na véspera dos jogos deixava o hotel prometendo regressar logo para uma conversa mais calma com os repórteres de plantão. Não voltava nunca. Ficava com as namoradas.
Pelé era tão profissional, que numa fria noite de junho de 73, ao ser abordado por quatro repórteres, optou por dar entrevista exclusiva a cada um deles. Pelé, no bom sentido, sabia reconhecer a sua importância.

Da Guia, Gerson
Outros grandes craques também estiveram em Ribeirão vários anos seguidos. Ademir da Guia, um dos maiores meias da história do Palmeiras, atraia uma pequena multidão por onde caminhava.
Roberto Rivelino, o gênio do Corinthians, era ídolo dos mais jovens. Onde o Corinthians se hospedasse, estabelecia-se o caos. No começo dos anos 70, o goleiro Ado, campeão do mundo no México, era o preferido das meninas. Numa tarde, recebeu mais de cincoenta bilhetes ardorosos de fãs, levados por repórteres e funcionários do hotel.
Os mais antigos lembram-se de Gilmar, Idário, Roberto, Cláudio. Os de meia idade não se esquecem de Luís Pereira (Palmeiras), Dudu, Edu, César e Leivinha.
Mauro Ramos de Oliveira (Santos) e Gérson (São Paulo) estiveram entre nós, bem como Garrincha e Paulo Borges (Corinthians).
Garrincha fez um jogo melancólico, numa quarta-feira à noite, diante do Comercial, defendendo um combinado carioca.
O grande Garrincha não recebeu aplausos, nem vaias. O que se viu foi uma uma sofrida indiferença. Na noite de terça para quarta, Garrincha dormiu no apartamento 18 do Hotel Brasil, com mais três companheiros, sem jamais perder a tolerância.

Craque-fã
Nesta época, a relação entre torcedor e fã era tímida. Apenas conversa. Autógrafos eram raros. Comércio de camisa de clube não existia. Só a autêntica, usada no jogo, dada espontaneamente. Ninguém arrancava à força a camisa de ninguém.
Quando as delegações ficavam no Umuarama ou Bradesco, o centro “bufava”. O Pingüim e o Lanches Paulista transbordavam. Não havia o Calçadão. O movimento de carro era infernal. Formava-se corso em torno do hotel.

O rádio mandava
No fim dos anos 60 e início dos 70, a televisão engatinhava nas transmissões esportivas. Assistia-se, no máximo, teipes com um ou dois dias de atraso, transmitidos pela TV Cultura, com narração de Valter Abraão e depois Luiz Noriega.
O grande meio de comunicação era o rádio. Radialistas como Pedro Luís, Fiori Giglioti, Haroldo Fernandes, Alfredo Orlando, Mário Moraes, Mauro Pinheiro, Ethel Rodrigues, Victor Moran e Luiz Augusto Maltoni eram tão reverenciados quanto os grandes craques. O rádio em Ribeirão não era diferente. Forte e respeitado, dedicava ao futebol várias horas diárias.

Hotel Brasil
Mas Ribeirão Preto teve outro hotel antológico no que diz respeito à hospedagem de delegações: o Brasil, na avenida Jerônimo Gonçalves com a General Osório. Recebia como hóspedes os times do Interior, chamados “pequenos”. O hotel Aurora, que existe até hoje, igualmente hospedou várias delegações.
Pelos apartamentos e refeitórios do Hotel Brasil passaram craques inesquecíveis. A Ferroviária de Araraquara trazia Bazani, Faustino, Ismael, Pimentel, Baiano, Dirceu, Téia ou Galhardo.
O Guarani desfilava com Dimas, Babá, Beluomini, Nelsinho, Careca, Amaral e Benê.
A Ponte Preta tinha Dicá, Oscar, Valdir Perez, Aníbal, Esnel e Pitico. O XV de Piracicaba trazia o central Fernando, o volante Chicão, Gatão, Osvaldo ou o lendário presidente do clube, o engenheiro Romeu Ítalo Rípoli. Na década de 60, em plena guerra fria União Soviética-Estados Unidos, o XV do presidente Rípoli, disputou quinze amistosos em países da Cortina de Ferro, como Hungria, Iugoslávia e Checoeslováquia. Uma façanha inesquecível.

Mais times
A extinta Prudentina trazia para Ribeirão o goleiro Glauco, o meia Lopes e Ademar Pantera. O Corinthians de Prudente tinha o meia-esquerda Zé Amaro e o lateral Sabirú. O Taubaté vinha com Mazolinha, Teck, Henrique, Almir e Machadinho.
O Noroeste de Bauru podia trazer Toninho Guerreiro, Davi (cunhado de Pelé), o goleiro Julião ou o atacante Baroninho.
A Portuguesa Santista vinha com Samaroni, Clóvis, Aparecido, Pixu, Adelson, Marcos ou Dé. O América de Rio Preto tinha Valtinho, Bertolino, Ambrósio, Cuca e Dirceu.
O “encardido” Juventus atazanava nossos clubes com o central Buzzeto, Lanzoninho, Suingue ou o goleiro Bernardino.
A Portuguesa de Desportos era uma exceção. Hospedava-se no Palace Hotel, ao lado do Pedro II. Jogadores como Djalma Santos, Brandãozinho, Julinho e o central Ditão podiam ser vistos nos bancos da Praça XV.
Muitos dos jogadores citados já morreram. Com eles, o futebol de Ribeirão também morreu um pouco. O Comercial está entre a 3ª e 2ª Divisão há 20 anos. O Botafogo também se apegou à 3ª e 2ª Divisão. E o torcedor está perdendo a identidade com nossos clubes
Jornal A Cidade de RP

Romeu Italo Ripoli, raposa do XV de Piracaicaba

E Rípoli transformou Ditinho em Ditão
Se houve o que Romeu Ítalo Rípoli soube jogar, esse foi o jogo da vida. Pois a vida é jogo. E jogo é algo profundamente sério, parte da alma humana, elaboração do “homo ludens”. Os que não entendem pensam que jogo é algo menor, mas é ciência e arte que começaram a se compor desde que o homem saiu de sua caverna e descobriu ter um vizinho. Nos esportes, na ciência, na família, na convivência e na coexistência, há sempre um jogo. E são jogos sérios, pois tem regras definidas. O jogo acaba quando as regras são menos prezadas. Pois, então, vira bagunça, desordem.
Rípoli sabia jogar. Às vezes, pensava ser dono do jogo e, então, as coisas complicavam. Mas, dentro das regras, ele sabia como agir, como fazer, como recuar e atacar. O futebol, em toda parte do mundo, tem, fora de campo, um jogo de influências, de simulações e de dissimulações. Rípoli não apenas tinha consciência disso, mas era um especialista. Na verdade, já eram “regras do mercado”, mesmo antes de o Brasil tê-las oficialmente adotado.
Aconteceu na década de 1960. A Portuguesa Desportos havia revelado, em São Paulo, um zagueiro que se transformara sensação nacional, um gigante de ébano, o Ditão. Atlético, vigoroso, imponente, Ditão acabou transferindo-se para o Corinthians onde se transformou em ídolo da torcida e obteve consagração nacional. Pois bem. Ditão tinha um irmão, o Ditinho, com semelhanças físicas e também no estilo de jogar. E Ditinho iniciou sua carreira no XV de Piracicaba, sob a presidência do XV. Mas Ditinho era inexpressivo, em relação à fama e ao prestígio do Ditão, irmão mais velho.
E seria lá, isso, problema para Romeu Ítalo Rípoli? Pelo contrário: no jogo, era uma vantagem, a tal “prata da casa”, jóia rara, uma promessa real de grande jogador, como os clubes e empresários têm feito nos últimos anos. Rípoli fazia antes, visionário que foi. E começou a divulgar o nome de Ditinho: “É o novo Ditão.” E, em poucas semanas, já apregoava e anunciava: “É melhor do que o Ditão. O Ditinho é o do Corinthians; Ditão é o do XV. ” E já tinha planos para faturar em cima do garoto.
Diante de tanto barulho na imprensa, o Flamengo começou a se interessar pelo passe de Ditinho. Mas era interesse ainda pálido, tímido. Rípoli, no entanto, sabia jogar, tinha relações. Era grande amigo do então presidente do Santos, o influente Modesto Roma. E pediu ao colega santista que lhe fizesse um grande, um imenso favor: que, pela imprensa, informasse que o Santos estava interessado em adquirir o passe de Ditinho. E Modesto Roma participou do jogo: “O Santos está negociando o passe de Ditinho, um craque com muito mais categoria do que o Ditão, do Corinthians. São irmãos, mas Ditinho é mais jovem, mais habilidoso e tem grande futuro.”
Não deu outra. O vice-presidente do Flamengo – o suíço Gunnar Goransson, todo-poderoso presidente da multinacional Facit – se interessou, quis “passar a perna no Santos” e “atravessou” o negócio, para alegria e felicidade de Romeu Ítalo Rípoli. Resultado: o Flamengo comprou o passe de Ditinho que nunca chegou a ser Ditão e, além de pagar um dinheirão, o Gunnar Goransson fez a Facit financiar e montar todo um esquema para o XV de Piracicaba excursionar à Europa.
O dr.Thomas Caetano Rípoli, filho querido de Romeu, lembra-se de tudo isso e, entre orgulhoso e ainda assustado – pois foi testemunha ocular das entranhas do jogo – conta das peripécias do pai. De vice-campeão paulista, de clube e time conhecidos na Europa, de clube e time respeitados no Brasil todo – a uma dramática saga de estar na divisão dos pequeninos….
Rípoli liderava e, em torno dele, a cidade, o povo, empresários mobilizavam-se com confiança e entusiasmo. Rípoli sabia que, no jogo do desenvolvimento da própria Piracicaba, o XV, o “Nhô Quim” era a grande marca, a griffe especial.

Fonte: Cecilio Elias Neto

Outros grandes jogadores da Alemanha

ANDREAS BREHME
Um dos mais completos defensores da história do futebol europeu, Andreas Brehme estreou na seleção de seu país em 1984 e seu futebol contribuiu para o sucesso da Alemanha nos anos seguintes.
Teve uma atuação brilhante na Copa do Mundo de 1986, contemplada com o gol que marcou contra a França, na semifinal.
Mais tarde tentou a sorte no Campeonato Italiano, na Internazionale de Milão, time pelo qual conquistou o título nacional de 1989, ao lado dos compatriotas Lothar Matthäus e Jürgenn Klinsmann.
No ano seguinte, conquistou a Copa do Mundo com a Alemanha, numa revanche contra a Argentina, campeã de 86.
Após sua passagem pela Itália, retornou ao futebol alemão para jogar no Bayern de Munique. Mais tarde voltou ao Kaiserslautern, equipe que o revelou.
Ainda teve tempo de ganhar uma Copa da Alemanha e um Campeonato Alemão, em 1998, já com 37 anos. Depois disso, despediu-se dos gramados.

PAUL BREITNER
Em uma de suas primeiras partidas com a seleção da Alemanha Ocidental, Paul Breitner ganhou a Eurocopa de 1972, disputada na Bélgica.
Em 1974 levou a Copa do Mundo numa final histórica contra a Holanda. Seu gol, na estréia contra o Chile, com um chute de 25 metros de distância, deu a vitória à equipe. Na decisão, marcou outro, desta vez de pênalti.
A conquista motivou a sua contratação pelo Real Madrid, clube onde atuou por duas temporadas e ganhou o bicampeonato espanhol.
Em 1977 retornou ao Bayern de Munique e conseguiu o título de melhor jogador da Alemanha na temporada 1980/1981.
Em 1978 deixou a seleção num jogo pelas Eliminatórias do Mundial da Argentina, contra a Grécia. Decidiu voltar na Copa da Espanha, em 1982, ano em que conquistou o vice-campeonato.
Meio-campista de habilidade, tinha entre as suas principais virtudes a mobilidade em campo e a versatilidade.
Em 1983 abandonou o futebol profissional e se tornou presidente do Bayern de Munique. Desde então trabalha como comentarista esportivo na imprensa local e como representante de marcas esportivas.

FRITZ WALTER
Começou a jogar futebol aos oito anos naquele que seria seu clube de sempre, o Kaiserslautern. Aos 17 anos já atuava como atacante, destacando-se por seu faro de goleador. Mas foi no meio-de-campo que firmou sua lenda como um dos melhores jogadores alemães de todos os tempos.
Sua grande visão de jogo e capacidade de liderança o transformaram na peça central do time. Desde 1985 o estádio do Kaiserslautern leva seu nome.
Começou na seleção em 1940. Porém, sua carreira esportiva se viu interrompida pelo início da Segunda Guerra Mundial. Fritz Walter se alistou no exército alemão, foi convocado para servir na Brigada de pára-quedistas do Reich e foi feito prisioneiro na frente do Leste. Até 1951 não voltou a vestir a camisa da Alemanha.
No Mundial de 1954, na Suíça, Fritz Walter já era um veterano jogador de 34 anos, porém, conduziu a equipe a uma emocionante final contra a Hungria de Puskas. Os alemães ocidentais venceram por 3 a 2 e levaram a Copa do Mundo pela primeira vez na história.
Na Suécia, em 1958, voltou a capitanear a equipe, mas os alemães perderam nas semifinais. Aposentou-se no ano seguinte, depois de uma grande e vitoriosa carreira esportiva.

HASSLER
Thomas Hässler disputou três Copas do Mundo pela Alemanha e leva no currículo o título mundial de 1990, além da Eurocopa de 96.
Passou por uma série de equipes alemãs e italianas: Colônia (1984-90), Juventus (1990-91), Roma (1991-94), Karlsruhe (1994-98), Borussia Dortmund (1998-99), Munique 1860 (1999-2003) e Salzburg (2003-04).
Retornou ao Colônia no final da carreira, onde parou de jogar em 2005.
Pequeno, mas muito hábil e inteligente, atuava no setor do meio-campo, mais precisamente na armação das jogadas.
Pela Alemanha, Hässler disputou 101 partidas e marcou 11 gols. Na Olimpíada de Seul, em 1988, conquistou a medalha de bronze, após ter perdido para a Seleção Brasileira, nas semifinais, na disputa de pênaltis.

KLINSMANN
Conhecido como “Atacante de Ouro”, Jürgen Klinsmann foi um dos centroavantes mais importantes da última década na Europa. Suas principais armas foram a velocidade e perícia no jogo aéreo e nas finalizações.
Começou a carreira no Stuttgart. De lá passou por muitos clubes: Internazionale de Milão (1989-1992), Monaco (1992-1994), Tottenham Hotspurs (1994-1995), Bayern de Munique (1995-1997), Sampdoria (1997) e Tottenham (1998) novamente.
Na seleção alemã ganhou a Copa do Mundo de 1990 e a Eurocopa de 1996, tornando-se um dos maiores goleadores da história do futebol alemão.
Depois do Mundial da França, em 1998, se retirou definitivamente do futebol profissional.
Klinsmann se caracterizou sempre pela lealdade em campo e espírito humano e solidário. Isso o levou a participar de atos beneficentes e a criticar a excessiva comercialização que envolve o mundo do futebol.

MATTHAUS
Lothar Matthäus não tinha o físico ideal para a média do futebol alemão, mas, com o tempo, se converteu num grande atleta e ganhou o apelido de “Super-Homem”. Começou a carreira no Borussia Monchengladbach, no final dos anos 70 e, em 1984, foi jogar no Bayern de Munique.
Na final da Copa dos Campeões, em 1987, o Bayern perdeu para o Porto e o jogador terminou como bode expiatório da imprensa alemã.
A partir de 1988, Matthäus se tornou capitão da seleção alemão e, no mesmo ano, foi vendido à Internazionale de Milão.
As relações com o clube italiano foram fortes. Na Itália, conquistou o Campeonato Italiano da temporada 1988/1989, a Copa da Uefa de 1990/1991 e a Supercopa da Itália em 1989.
Alguns anos depois, em 1992, Matthäus voltou ao Bayern. Encerrou a carreira nos Estados Unidos, jogando pelo New York Metrostars, em 2000.
Em 1990, recebeu a Bola de Ouro e o prêmio de melhor jogador do mundo. Ingressou no Clube dos Cem, formado por jogadores que superaram as cem partidas pelas suas respectivas seleções.
Após abandonar o futebol como jogador, começou a carreira de treinador no Rapid Viena, da Áustria. Passou pelo Partizan Belgrado, da Sérvia e Montenegro, e, por fim, a seleção da Hungria.

LITTBARSKI
Não é todo mundo que disputa três finais de Copa do Mundo. Littbarski é, junto ao brasileiro Cafu, um dos únicos atletas que conseguiu tal feito. Ele foi campeão em 1990 e vice em 1982 e 1986.
Baixinho e rápido, Littbarski era um alemão com nome francês e futebol de sul-americano. Extremamente habilidoso, abusava dos dribles, mas sempre em direção ao gol.
Jogando pela seleção alemã, fez 73 jogos e marcou 18 gols.
Littbarski começou sua carreira profissional em 1978, jogando pelo Colônia, clube que tornou sua casa.
Ficou na equpe da segunda maior cidade da Alemanha até 1986, quando se transferiu para o Racing, de Paris.
Mas seu lugar era mesmo no Colônia. Após um ano na França voltou ao seu clube do coração, onde permaneceu até 1993.
Nos 15 anos de Colônia, Littbarski foi campeão da Copa da Alemanha, em 1983, e vice-campeão nacional em três oportunidades.
Antes de abandonar os gramados, o atacante ainda atuou por dois anos no futebol japonês, onde defendeu as cores do JEF Ichihara.
Fonte: TERRA

Gerhardt Müller – Atacante – Nördlingen (Alemanha) –

Pouco se podia esperar do gordinho atacante alemăo que, na infância, era apelidado de Der Dick, em alemăo, o gordinho. Tanto assim que o técnico da seleçăo alemă Helmut Schön justificava-se para năo convocá-lo (quando já começava a marcar os seus gols no Bayern de Munique) dizendo que “Müller é gordo, năo é bem um jogador de futebol, e faz gols por sorte”.
No decorrer de sua carreira, entretanto, Müller foi deixando de ser Der Dick para ser Der Bomber de “o gordinho” para o “bombardeiro”.
Agora sim o apelido estava bem colocado. Afinal, Gerd Müller é, até hoje, quem mais marcou gols na história das Copas do Mundo: dez na Copa de 70 e quatro na de 74, totalizando 14 gols.
Além de marcar muitos gols, Müller marcava gols importantes: foi dele o gol que deu o título mundial ŕ Alemanha em 1974 e marcou 3 no jogo que deu ao seu país a Eurocopa de 72. Por 7 vezes, Müller foi artilheiro do campeonato alemăo, estabelecendo em 71 um recorde: 40 gols no campeonato nacional. No ano seguinte, esse recorde seria igualado. Por ele mesmo. Foi por duas vezes artilheiro da Europa. Pela seleçăo, jogou 62 partidas, marcando 68 gols. É o maior artilheiro da história da seleçăo alemă, com uma média de 1,1 gol por jogo.
Logo que chegou no Bayern de Munique, ajudou o clube da capital alemă a subir para a primeira divisăo em 1965. Já no ano seguinte, estrearia na seleçăo contra a seleçăo da Turquia (era a primeira partida da Alemanha Federal depois de perder a final da Copa de 66 para os donos da casa, os ingleses). Campeăo do campeonato alemăo em 69, 72,73 e 74, venceu também as Copas da Alemanha de 66, 67, 69, 74, 75 e 76. Foi também campeăo da Recopa em 74, da Copa dos Campeőes em 74, 75 e 76, e Mundial Interclubes em 1976, todos esses títulos pelo Bayern. Pela seleçăo alemă, foi campeăo da Eurocopa de 72 e do Mundo em 74.
Em 1970, ganhou o título de melhor jogador da Europa. Em 1978, machucou-se gravemente, nunca chegando a se recuperar por completo. Foi entăo jogar no futebol americano, assim como seu compatriota, Franz Beckenbauer. Em 75 jogos pelo Fort Lauderdale, marcou 38 gols. Jogou ainda pelo Smith Brothers Lounge, também dos Estados Unidos.
Ao terminar a carreira, teve sérios problemas com a bebida, perdendo todo o dinheiro acumulado em anos de futebol. Aos 45 anos, internou-se numa clínica, com as despesas pagas por Franz Beckenbauer. Recuperado, assumiu o cargo de técnico das categorias de base do Bayern de Munique.
“Müller é gordo, năo é bem um jogador de futebol, e faz gols por sorte.”
(Helmut Schön, ex-técnico da seleçăo alemă, justificando porque năo convocava Gerd Müller, que viria a ser o jogador que mais gols fez na história das Copas do Mundo (superado por Ronaldo na Copa de 2006)
“Chuto rente ao chăo, assim é mais difícil para o goleiro.”

O conhecido jornalista desportivo Wolfgang Golz regularmente entrevista jogadores, técnicos, fãs e especialistas . Desta feita ele fala com o ex-jogador da seleção alemã e recordista de gols em Copa do Mundo, Gerd Müller, sobre sua expectativa em relação à Copa do Mundo, seu gol mais famoso, e as peculiaridades do futebol atual.

Antigamente o senhor sempre entrava em campo com uma calma impressionante – ou era só aparência?

Antes de jogos importantes o nervosismo vai aumentando. Mas, uma vez em campo não havia mais nervosismo. Também, no meu caso tenho de reconhecer: eu sempre joguei em equipes de ponta. Aí, não há porque ficar nervoso.

O senhor é o maior goleador alemão de todos os tempos. Onde é mesmo que está a sua estátua?

Imagina – não, isso não existe. Não preciso disso.

O senhor era conhecido com “Der Bomber” ou Müller baixinho, gordinho.

Nesse caso preferia o Bomber. O meu ex-técnico Cajkovsky me chamava de Müller baixinho, gordinho. E na realidade era um apelido carinhoso.

Senhor Müller, no final da Copa do Mundo de 1974 o senhor fez o gol decisivo contra a Holanda, na vitória de 2×1. O senhor hoje em dia ainda sabe o ponto certo?

O ponto exato. Até porque este gol está sempre sendo mostrado na televisão. Mas eu também tenho este gol na memória. Quando eu vejo o lance, muitas vezes me pergunto: como consegui chutar aquela bola dentro do gol? Toda vez me arrepio.

E como foi, exatamente?

(Gerd Müller levanta de súbito e organiza a cena em cima da mesa, mesmo sem bonecos que representem jogadores). Bem, havia três holandêses, eu fui para frente, eles também. Eu voltei, eles ficaram. A bola veio da direita, chutada pelo Bonhof, a bola quicou e escapou do meu pé esquerdo …

Desculpe, o senhor não trocou de pé de modo propositado?

Não, não, a bola pulou do meu pé esquerdo para o pé direito. Eu me virei e chutei direto. Como atacante a gente não tem que parar para pensar onde está o gol …

O senhor chutou em gol de qualquer posição. Os atacantes hoje em dia costumam chutar para o gol com força bruta.

É o que eu sempre digo e reclamo. Eles só usam a força e na maioria das vezes chutam em cima do goleiro. As vezes a bola tem de ser rolada ou levantada. O que conta é a bola atrás da linha. Gols pequenos também valem.

O senhor é técnico da seleção de amadores do FC Bayern. O que o senhor transmite a estes jovens?

Eu lhes dei vídeos para que vissem como eu joguei, mas isso é algo que não se aprende, só aperfeiçoa. O Bruno Labbadia foi o único, que tinha um estilo de jogo parecido. Não há outro.

Aqui entre nós, Senhor Müller, considerando a quantidade de gols que o senhor marcou, surge a pergunta: os defensores eram tão ruins, ou o senhor era tão bom?

Eu era bom, sem dúvida. Naquela época ainda havia o beque e o médio-volante contra você. Quase não havia espaço. Agora eles jogam com a linha de quatro. Com este sistema eu teria feito ainda mais gols. Mas os que eu fiz já está bom.

Qual o gol que considera o seu gol mais bonito, e qual foi o mais importante?

O 2×1 na final da Copa do Mundo sem dúvida foi o mais importante. Mas o meu gol mais bonito foi o do jogo repetido da Copa da Europa, final, em 1974, no 2×0 contra o Atlético Madrid: bola do Kapellmann – mas não tenho mais bem certeza -, bola matada no peito, volley e gol.

(Nota o primeiro jogo terminou em 1:1, o segundo em 4:0 para o FC Bayern, gols: Müller e Hoeneß, 2 gols respectivamente)

Comparando com os anos 70 e 80, quais as alterações que ocorreram no sistema de jogo?

Nós ainda jogavamos com cinco atacantes , ou pelo menos três. Hoje em dia as vezes eles jogam com dois atacantes, as vezes só um. E com a linha de quatro sempre há um jogador a mais atrás, do que havia antigamente. Quando o Franz (Beckenbauer.) como libero ia pra frente, o Zobel ou o Bulle Roth tinham que lhe dar cobertura. O beque “Katsche” Schwarzenbeck nunca podia ir pra frente.

O senhor trabalha como técnico – antigamente o senhor aparecia mais. O senhor gosta do que faz?

Sim, é o que mais gosto. Acabei de prolongar meu contrato em cinco anos, até 2010. Até lá estarei com 65 anos, e aí vou parar.

Fonte: deutschland.de/PT/Content/WM-Aktuell/Interviews

Meus amigos, para aqueles que não o viram jogar, não precisa nem ler o currículo, basta somente ler a entrevista para sentir o quanto era perigoso este baixinho alemão.

Solta essa bola, Garrincha!

Essa é do tempo que os jogos da Copa do Mundo eram transmitidos apenas pelas ondas do rádio. Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, no entanto, o torcedor brasileiro passou a assistir em videoteipe às partidas que eram exibidas um dia depois, muitas vezes nas madrugadas.

O videoteipe de Brasil x Espanha teve uma grande audiência. O jogo representou a classificação da Seleção Brasileira para as quartas-de-final. O time dirigido por Aymoré Moreira começou a partida muito mal e terminou o primeiro tempo perdendo por 1 a 0, gol de Adelardo.

Começou o segundo tempo, e o Brasil continuou jogando mal. Garrincha, que estava prendendo a bola mais do que o costume, passou então a irritar o locutor que transmitia o jogo. A cada lance, a cada bola perdida, o locutor não perdoava.

– Assim não dá, ele não passa a bola para ninguém!

Aos 26 minutos do segundo tempo, Zagallo fez boa jogada pela ponta-esquerda e cruzou para Amarildo empatar, de pé esquerdo, antecipando-se aos zagueiros espanhóis.

Mas a implicância do locutor com Garrincha não parava.

Até que, a três minutos do final., Garrincha exagerou. O genial ponta-direita segurou a bola, driblou de um lado para o outro, e não a soltava. O locutor se desesperou.

– Por isso que o Brasil não ganha esse jogo. O Garrincha não dá a bola pra ninguém! Tem de soltar essa bola! – repetia, aos berros.

Cada vez mais enfático na pregação contra Garrincha, o locutor não percebia que o ponta ia levando a melhor sobre seus marcadores. Até que ele chegou à linha de fundo e cruzou com precisão para Amarildo desempatar, com uma cabeçada. Os berros do locutor passaram do inconformismo à empolgação.

[img:garrincha.jpg,full,vazio]

– Cruzou Garrincha, é gol do Brasil!. É gol do Brasil, Amarildo!. Grande jogada de Garrincha! Brasil 2 a 1!.

Com a vitória, o Brasil passou às quartas-de-final, em que derrotou a Inglaterra por 3 a 1. Depois viriam o Chile, na semifinal, superado por 4 a 2, e a Tchecoslováquia na final, vencida por 3 a 1. O Brasil foi bicampeão mundial, na Copa em que Garrincha foi o herói.

CBFnews

Franz Beckenbauer, este sim o verdadeiro Imperador

Franz Beckenbauer nasceu em Munique, na Alemanha. Aos 13 anos já jogava no juvenil do Bayern. Com 20 se integrou à seleção B do país e, pouco tempo depois, à seleção principal. Na Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966, fez parte da campanha do vice-campeonato. Jogou também o Mundial do México, em 1970. Mas foi em 1974, na cidade onde nasceu, que se tornou campeão mundial.Com o Bayern, Beckenbauer foi campeão alemão em 1969 e 1972, e conquistou a Copa da Alemanha nos anos de 1966, 67, 69 e 1971. Era chamado de “Kaiser” (imperador) pela liderança dentro e fora de campo. Em 77, já próximo de encerrar a carreira, participou da criação da Liga de futebol dos Estados Unidos, contratado pela equipe do Cosmos, onde atuou ao lado de Pelé . De 1980 a 82 jogou no Hamburgo, retirando-se dos campos no dia 1º de junho com uma partida em sua homenagem entre o próprio Hamburgo e a seleção alemã. A partir de 1984 passou a treinar a Alemanha, dirigindo o time nos Mundiais do México , em 1986, e da Itália, em 1990. Após conquistar o título da Copa de 1990, passou a ser garoto propaganda de uma fábrica de materiais esportivos e, entre 1990 e 1992, treinou o Olympique de Marselha, da França. Em 1993 voltou ao Bayern, agora como treinador, e chegou a ser presidente do clube que o revelou para o futebol .Foi eleito o melhor jogador da Alemanha três vezes e ganhou a Bola de Ouro da revista francesa France Football em uma oportunidade . O velho Sepp Herberger, mitológico treinador da seleção alemã que ganhou a Copa do Mundo de 1954, conseguiu, certa vez, realizar a proeza tentada inutilmente por jogadores, técnicos, jornalistas e admiradores do futebol dos cinco continentes: definir, com palavras, o deslumbrante e até então indescritível talento de Franz Bekenbauer. – “Se houvesse apenas craques como ele, o futebol não seria um jogo. Seria uma manifestação artística”.
Maior estrela que já brilhou nos estádios alemães e certamente um dos seis principais nomes de toda a história do futebol internacional, Bekenbauer foi, na verdade, bem mais que um simples artista dos gramados. O supremo momento de Beckenbauer, aconteceu em 1974, na sua própria terra. Ao levantar da Taça de ouro da FIFA, mais do que simbolizando a comemoração de um titulo mundial, ele se mostrava aos olhos do mundo, através das imagens da televisão, como o responsável maior pela façanha através de sua notável capacidade de liderança.
Redação Terra.
Meus amigos, não houve no Brasil, na posição do Kaiser, alguém com semelhante técnica e categoria. Como dizia o capitão do tri, Carlos Alberto, ele gastava a chuteira somente no lado, pois só batia na bola de três dedos, de trivela, de “fianco” etc.