Gerhardt Müller – Atacante – Nördlingen (Alemanha) –

Pouco se podia esperar do gordinho atacante alemăo que, na infância, era apelidado de Der Dick, em alemăo, o gordinho. Tanto assim que o técnico da seleçăo alemă Helmut Schön justificava-se para năo convocá-lo (quando já começava a marcar os seus gols no Bayern de Munique) dizendo que “Müller é gordo, năo é bem um jogador de futebol, e faz gols por sorte”.
No decorrer de sua carreira, entretanto, Müller foi deixando de ser Der Dick para ser Der Bomber de “o gordinho” para o “bombardeiro”.
Agora sim o apelido estava bem colocado. Afinal, Gerd Müller é, até hoje, quem mais marcou gols na história das Copas do Mundo: dez na Copa de 70 e quatro na de 74, totalizando 14 gols.
Além de marcar muitos gols, Müller marcava gols importantes: foi dele o gol que deu o título mundial ŕ Alemanha em 1974 e marcou 3 no jogo que deu ao seu país a Eurocopa de 72. Por 7 vezes, Müller foi artilheiro do campeonato alemăo, estabelecendo em 71 um recorde: 40 gols no campeonato nacional. No ano seguinte, esse recorde seria igualado. Por ele mesmo. Foi por duas vezes artilheiro da Europa. Pela seleçăo, jogou 62 partidas, marcando 68 gols. É o maior artilheiro da história da seleçăo alemă, com uma média de 1,1 gol por jogo.
Logo que chegou no Bayern de Munique, ajudou o clube da capital alemă a subir para a primeira divisăo em 1965. Já no ano seguinte, estrearia na seleçăo contra a seleçăo da Turquia (era a primeira partida da Alemanha Federal depois de perder a final da Copa de 66 para os donos da casa, os ingleses). Campeăo do campeonato alemăo em 69, 72,73 e 74, venceu também as Copas da Alemanha de 66, 67, 69, 74, 75 e 76. Foi também campeăo da Recopa em 74, da Copa dos Campeőes em 74, 75 e 76, e Mundial Interclubes em 1976, todos esses títulos pelo Bayern. Pela seleçăo alemă, foi campeăo da Eurocopa de 72 e do Mundo em 74.
Em 1970, ganhou o título de melhor jogador da Europa. Em 1978, machucou-se gravemente, nunca chegando a se recuperar por completo. Foi entăo jogar no futebol americano, assim como seu compatriota, Franz Beckenbauer. Em 75 jogos pelo Fort Lauderdale, marcou 38 gols. Jogou ainda pelo Smith Brothers Lounge, também dos Estados Unidos.
Ao terminar a carreira, teve sérios problemas com a bebida, perdendo todo o dinheiro acumulado em anos de futebol. Aos 45 anos, internou-se numa clínica, com as despesas pagas por Franz Beckenbauer. Recuperado, assumiu o cargo de técnico das categorias de base do Bayern de Munique.
“Müller é gordo, năo é bem um jogador de futebol, e faz gols por sorte.”
(Helmut Schön, ex-técnico da seleçăo alemă, justificando porque năo convocava Gerd Müller, que viria a ser o jogador que mais gols fez na história das Copas do Mundo (superado por Ronaldo na Copa de 2006)
“Chuto rente ao chăo, assim é mais difícil para o goleiro.”

O conhecido jornalista desportivo Wolfgang Golz regularmente entrevista jogadores, técnicos, fãs e especialistas . Desta feita ele fala com o ex-jogador da seleção alemã e recordista de gols em Copa do Mundo, Gerd Müller, sobre sua expectativa em relação à Copa do Mundo, seu gol mais famoso, e as peculiaridades do futebol atual.

Antigamente o senhor sempre entrava em campo com uma calma impressionante – ou era só aparência?

Antes de jogos importantes o nervosismo vai aumentando. Mas, uma vez em campo não havia mais nervosismo. Também, no meu caso tenho de reconhecer: eu sempre joguei em equipes de ponta. Aí, não há porque ficar nervoso.

O senhor é o maior goleador alemão de todos os tempos. Onde é mesmo que está a sua estátua?

Imagina – não, isso não existe. Não preciso disso.

O senhor era conhecido com “Der Bomber” ou Müller baixinho, gordinho.

Nesse caso preferia o Bomber. O meu ex-técnico Cajkovsky me chamava de Müller baixinho, gordinho. E na realidade era um apelido carinhoso.

Senhor Müller, no final da Copa do Mundo de 1974 o senhor fez o gol decisivo contra a Holanda, na vitória de 2×1. O senhor hoje em dia ainda sabe o ponto certo?

O ponto exato. Até porque este gol está sempre sendo mostrado na televisão. Mas eu também tenho este gol na memória. Quando eu vejo o lance, muitas vezes me pergunto: como consegui chutar aquela bola dentro do gol? Toda vez me arrepio.

E como foi, exatamente?

(Gerd Müller levanta de súbito e organiza a cena em cima da mesa, mesmo sem bonecos que representem jogadores). Bem, havia três holandêses, eu fui para frente, eles também. Eu voltei, eles ficaram. A bola veio da direita, chutada pelo Bonhof, a bola quicou e escapou do meu pé esquerdo …

Desculpe, o senhor não trocou de pé de modo propositado?

Não, não, a bola pulou do meu pé esquerdo para o pé direito. Eu me virei e chutei direto. Como atacante a gente não tem que parar para pensar onde está o gol …

O senhor chutou em gol de qualquer posição. Os atacantes hoje em dia costumam chutar para o gol com força bruta.

É o que eu sempre digo e reclamo. Eles só usam a força e na maioria das vezes chutam em cima do goleiro. As vezes a bola tem de ser rolada ou levantada. O que conta é a bola atrás da linha. Gols pequenos também valem.

O senhor é técnico da seleção de amadores do FC Bayern. O que o senhor transmite a estes jovens?

Eu lhes dei vídeos para que vissem como eu joguei, mas isso é algo que não se aprende, só aperfeiçoa. O Bruno Labbadia foi o único, que tinha um estilo de jogo parecido. Não há outro.

Aqui entre nós, Senhor Müller, considerando a quantidade de gols que o senhor marcou, surge a pergunta: os defensores eram tão ruins, ou o senhor era tão bom?

Eu era bom, sem dúvida. Naquela época ainda havia o beque e o médio-volante contra você. Quase não havia espaço. Agora eles jogam com a linha de quatro. Com este sistema eu teria feito ainda mais gols. Mas os que eu fiz já está bom.

Qual o gol que considera o seu gol mais bonito, e qual foi o mais importante?

O 2×1 na final da Copa do Mundo sem dúvida foi o mais importante. Mas o meu gol mais bonito foi o do jogo repetido da Copa da Europa, final, em 1974, no 2×0 contra o Atlético Madrid: bola do Kapellmann – mas não tenho mais bem certeza -, bola matada no peito, volley e gol.

(Nota o primeiro jogo terminou em 1:1, o segundo em 4:0 para o FC Bayern, gols: Müller e Hoeneß, 2 gols respectivamente)

Comparando com os anos 70 e 80, quais as alterações que ocorreram no sistema de jogo?

Nós ainda jogavamos com cinco atacantes , ou pelo menos três. Hoje em dia as vezes eles jogam com dois atacantes, as vezes só um. E com a linha de quatro sempre há um jogador a mais atrás, do que havia antigamente. Quando o Franz (Beckenbauer.) como libero ia pra frente, o Zobel ou o Bulle Roth tinham que lhe dar cobertura. O beque “Katsche” Schwarzenbeck nunca podia ir pra frente.

O senhor trabalha como técnico – antigamente o senhor aparecia mais. O senhor gosta do que faz?

Sim, é o que mais gosto. Acabei de prolongar meu contrato em cinco anos, até 2010. Até lá estarei com 65 anos, e aí vou parar.

Fonte: deutschland.de/PT/Content/WM-Aktuell/Interviews

Meus amigos, para aqueles que não o viram jogar, não precisa nem ler o currículo, basta somente ler a entrevista para sentir o quanto era perigoso este baixinho alemão.

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