Solta essa bola, Garrincha!

Essa é do tempo que os jogos da Copa do Mundo eram transmitidos apenas pelas ondas do rádio. Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, no entanto, o torcedor brasileiro passou a assistir em videoteipe às partidas que eram exibidas um dia depois, muitas vezes nas madrugadas.

O videoteipe de Brasil x Espanha teve uma grande audiência. O jogo representou a classificação da Seleção Brasileira para as quartas-de-final. O time dirigido por Aymoré Moreira começou a partida muito mal e terminou o primeiro tempo perdendo por 1 a 0, gol de Adelardo.

Começou o segundo tempo, e o Brasil continuou jogando mal. Garrincha, que estava prendendo a bola mais do que o costume, passou então a irritar o locutor que transmitia o jogo. A cada lance, a cada bola perdida, o locutor não perdoava.

– Assim não dá, ele não passa a bola para ninguém!

Aos 26 minutos do segundo tempo, Zagallo fez boa jogada pela ponta-esquerda e cruzou para Amarildo empatar, de pé esquerdo, antecipando-se aos zagueiros espanhóis.

Mas a implicância do locutor com Garrincha não parava.

Até que, a três minutos do final., Garrincha exagerou. O genial ponta-direita segurou a bola, driblou de um lado para o outro, e não a soltava. O locutor se desesperou.

– Por isso que o Brasil não ganha esse jogo. O Garrincha não dá a bola pra ninguém! Tem de soltar essa bola! – repetia, aos berros.

Cada vez mais enfático na pregação contra Garrincha, o locutor não percebia que o ponta ia levando a melhor sobre seus marcadores. Até que ele chegou à linha de fundo e cruzou com precisão para Amarildo desempatar, com uma cabeçada. Os berros do locutor passaram do inconformismo à empolgação.

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– Cruzou Garrincha, é gol do Brasil!. É gol do Brasil, Amarildo!. Grande jogada de Garrincha! Brasil 2 a 1!.

Com a vitória, o Brasil passou às quartas-de-final, em que derrotou a Inglaterra por 3 a 1. Depois viriam o Chile, na semifinal, superado por 4 a 2, e a Tchecoslováquia na final, vencida por 3 a 1. O Brasil foi bicampeão mundial, na Copa em que Garrincha foi o herói.

CBFnews

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