Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

A saudosa Concha Acústica do Pacaembu

Lembrança do Corinthians campeão paulista de 1951 no Pacaembu com a concha acústica. Naquele ano, o Timão quebrou um jejum de 10 anos sem títulos regionais. O ataque formado por Cláudio, Luisinho, Baltazar, Carbone e Mário marcou 103 gols. Esta foto foi tirada na última partida do time do povo na competição contra o Palmeiras, que terminou com vitória alvinegra por 3 a 1
[img:Concha_ac__stica_em_1951.jpg,thumb,vazio]

CONCHA ACÚSTICA

Monumento arquitetônico característico do Pacaembu, a concha acústica foi palco de inúmeras apresentações musicais e culturais a partir de 1940, quando o estádio foi inaugurado.

Servia também como anfiteatro e provocava um efeito acústico com o canto das torcidas durante as partidas.

No entanto, em 1970, a concha foi derrubada para a construção do tobogã, lance de arquibancada que aumentou a capacidade do próprio da municipalidade em 12 mil lugares. A medida é contestada até hoje, especialmente pela pouca beleza plástica do setor.

Em 2007, na Câmara Municipal de São Paulo, começou-se a debater a reconstrução da concha, com a presença de membros da secretaria de Esportes, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, e do CONDEPHAAT.

Em 1963, Otávio Pimentel e Juarez Soares entrevistam Garrincha no gramado do Pacaembu. Atrás, a saudosa concha acústica
[img:Garrincha_e_a_concha_ac__stica_atr__s_1.jpg,thumb,vazio]

Nesta outra foto , até a saudosa Concha Acústica do Pacaembu é maravilhosa. Em pé: Zito, Olavo, Formiga, Getúlio, Zé Carlos Silvério e Gylmar. Agachados: Julinho, Pelé, Servílio, Chinesinho e Pepe. Era o campeonato brasileiro de seleções de 1959. Esse time ganhou de Pernambuco por 3 a 1 em jogo dirigido por Argemiro Félix de Sena, que expulsou Zito. A Seleção Pernambucana, treinada pelo lendário Gentil Cardoso, jogou e perdeu com: Waldemar, Geroldo, Edson, Clóvis e Givaldo; Zé Maria e Geraldo Caçapa; Traçaia, Zé de Melo, Paulo e Oswaldo.
[img:Sele____o_Paulista.jpg,thumb,vazio]

Abaixo uma foto limpa que deixa bem nítido como era a Concha Acústica:
[img:Que_pecado_a_derrubada.jpg,resized,vazio]
Como torcedor corintiano estive muitas vezes no Pacaembu e também fiquei triste com a derrubada . Sempre ouvi falar e via que a Concha Acústica era o termômetro se teríamos casa cheia. Quando a arquibancada começava a ficar cheia, víamos os primeiros torcedores ficarem em pé nos degraus superiores da Concha Acústica. Procurei no site do MN e achei uma foto onde mostra a arquibancada lotada e a Concha Acústica começando a receber os últimos torcedores. [img:Solenidade_da_Independ__ncia.jpg,resized,vazio]

Fonte Marcelo Rozenberg/Milton Neves

Aníbal, pelo Comercial RP, diz que foi o primeiro goleiro a defender pênalti de Pelé

Aníbal, ex-Flamengo na década de 50, diz que foi o primeiro goleiro a defender pênalti cobrado por Pelé, em 1962, quando defendia o Comercial de Ribeirão Preto (SP). Na verdade ele foi o segundo, como veremos mais abaixo.
Foto de Anibal quando defendia o Palmeiras:
[img:Anibal_voando_no_Pacaembu.jpg,thumb,vazio]

Heitor, um goleiro de razoável para bom do Corinthians, na década de 60, também foi um dos primeiros a defender pênalti cobrado por Pelé.

Em seguida, em numa partida em Araraquara (SP), diante da Ferroviária, o ‘rei’ chutou pênalti para fora e o goleiro sortudo era Rosan.
Por capricho, uma semana depois, dia 18 de novembro de 1964, o goleiro Sidnei Polly – que jogava no Guarani – defendeu um pênalti cobrado igualmente pelo melhor jogador do mundo, que, paradoxalmente, perdeu três pênaltis em um ano.

E Sidnei pegou pênalti numa quarta-feira de gala do Bugre, que sapecou 5 a 1 no lendário time santista, em jogo disputado no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas (SP). Na época, o Guarani tinha um ataque de moleques formado por Joãozinho, Nelsinho, Babá e Carlinhos, coadjuvados pelo experiente meio-campista Américo Murolo, um professor em campo para os meninos.
fonte: Ariovaldo Izac/www.Futnet.com.br

Abaixo relação de pênaltis perdidos por Pelé segundo Milton Neves. Interessante que não estão computados os pênaltis defendidos pelo Rosan e pelo Sidney.

17/10/56 – Santos 4 x 2 Jabaquara – Fininho defendeu
Árbitro: Haray Davies

30/09/62 – Santos 3 x 1 Comercial – Aníbal defendeu
Árbitro: Eunápio de Queirós

2/06/63- Santos 2 x 0 F.C Schalke 04 (Alemanha) – chutou para fora
Árbitro: Roomer (holandês)

30/09/64 – Santos 1 x 1 Corinthians – Heitor defendeu
Campeonato Paulista
Árbitro: Armando Marques

25/03/65 – Santos 5 x 4 Peñarol – Maidana defendeu
Libertadores da América
Árbitro: Luiz Ventre

14/07/65 – Santos 6 x 2 Noroeste – chutou para fora
Campeonato Paulista
Árbitro: Albino Zanferrari

15/08/65 – Santos 3 x 1 Prudentina – chutou para fora
Campeonato Paulista
Árbitro: Airton Vieira de Morais

29/01/67 – Santos 2 x 4 River Plate (Argentina) – chutou para fora
Amistoso Internacional
Árbitro: Henry R. Landaner

26/03/67 – Santos 1 x 2 Vasco – chutou para fora
Roberto Gomes Pedrosa (Robertão)
Árbitro: Armando Marques

1/04/67 – Santos 1 x 1 São Paulo – chutou para fora
Roberto Gomes Pedrosa (Robertão)
Árbitro: José Astolfi

5/03/69 – Santos 0 x 1 Guarani – chutou na trave
Campeonato Paulista
Árbitro: José de Oliveira

12/05/71 – Santos 1 x 0 São Bento – Lourenço defendeu
Árbitro: Carlos Afonso Lopes

23/05/71 – Santos 4 x 3 Oriente Petrolero (Bolívia) – chutou para fora
Amistoso Internacional
Árbitro: Jorge Antequera

3/10/71 – Santos 1 x 0 Cruzeiro – Hélio defendeu
Campeonato Nacional de Clubes
Árbitro: Armando Marques

www.Futnet.com.br
Ariovaldo Izac
Milton Neves

Heitor, um dos primeiros goleiros a pegar pênalti de Pelé

Heitor, goleiro do Corinthians, foi um dos primeiros a pegar pênalti chutado por Pelé. Ele pegou o pênalti o no jogo Santos 1 x 1 Corinthians, disputado no dia 1º de outubro de 1964. Este jogo foi realizado numa quinta-feira à noite no Pacaembu. Como o jogo foi adiado da quarta para a quinta-feira, e sem ter como devolver os ingressos adquiridos, a Federação Paulista de Futebol permitiu o televisionamento do jogo para a capital paulista. Desta forma fiquei emocionado de ver o Heitor voar em direção à bola chutada por Pelé.

Pacaembu, 1964: Henrique Frade e o goleiro Heitor brigam pela bola, com Eduardo (à esquerda) e Amaro (ao fundo) observando. Nos anos 60, Lusa e Corinthians fizeram grandes clássicos.
[img:Heitor_com_Henrique_Frade.jpg,thumb,vazio]

Números de Heitor pelo Corinthians e seleção

Com a camisa da seleção brasileira), Heitor fez duas partidas pelo Panamericano de 1963 (Brasil 3×1 Uruguai e Brasil 3×1 Chile), segundo revela o livro “Seleção Brasileira-90 anos”, de Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão. Já pelo Corinthians, o goleiro fez 119 jogos (62 vitórias, 28 empates e 29 derrotas) e sofreu 137 gols, como revela o “Almanaque do Corinthians”, de Celso Dario Unzelte.

Acabou sendo dispensado pelo Corinthians depois de ser acusado de falhar na derrota para o Noroeste, por 4 a 3, no dia 16 de outubro de 1966, num sábado à tarde. Heitor estaria muito gripado naquela partida. O jogo estava 3 x 2 para o Corinthians, mas Lourival aos 28 e 44 do 2º tempo virou para 4 x 3.

Algumas passagens de Corinthians x Palmeiras, relatadas por Pedro Luiz Boscato:

O jogo que Heitor citou com o Palmeiras, que o Pai de Santo trocou o Corinthians pelo Palmeiras, essa história do Pai de Santo eu não sabia, mas, esse jogo, 1×0 para o Corinthians, gol de Silva, o Ney, pai do Dinei, não se contundiu, ele foi expulso, ainda no primeiro tempo, ele chutou sem bola o Djalma Dias e o árbitro o expulsou. Corinthians venceu esse jogo por 1×0, gol de Silva, cobrando penalidade máxima cometida por Tarciso em Ney.

O técnico do Corinthians era Roberto Belangero. Com a expulsão de Ney, o Corinthians ficou com dez homens. A linha do Corinthians nesse jogo era: Ney (ponteiro direito), Luizinho, Silva, Flávio e Lima. A defesa do Palmeiras era: Valdir, Rubens Caetano, Djalma Dias e Ferrari; Dudu e Tarciso.

Como Ferrari sabia atacar, Rubens Caetano não tinha essa facilidade, Roberto Belangero, inteligentemente, fêz com que o ponteiro canhoto Lima se deslocasse para a ponta direita, assim, impediria a descida de Ferrari para o ataque.

Roberto Belangero dava instruções ao time corinthiano do tunel das gerais do Pacaembu e Ney, expulso de campo, ficava nos degraus, perto do técnico, quando o árbitro se aproximava ele descia as escadas.

O técnico do Palmeiras, nessa partida, era Sílvio Pirilo. Aliás, a última partida dele no Palmeiras, depois dessa derrota, não aguentando as pressões, ele deixou o cargo.
1×0 com Heitor e Ney jogando o derbi foi em 1964.

Algumas passagens de Heitor pelo Paraná:
[img:Agua_Verde_campeao_de_67.jpg,resized,vazio]
O título de 1967 foi o único conquistado pelo saudoso Água Verde, que deu origem tempos depois ao Pinheiros de Curitiba. Os jogadores que entraram para a história foram os seguintes: em pé Zezinho, Sílvio, Titure, Natal, Zé Carlos, Heitor e Orlandinho; agachados Pedrinho, Teteu, Padreco, Juquinha e Russinho
[img:Agua_Verde_com_Heitor.jpg,thumb,vazio]

“Causos” de Norte a Sul, parte 3

Continuando com a série que propõe contar um “causo” sobre futebol de cada um das 27 unidades da federação (incluindo os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal), Yahoo! Esportes, por Celso Unzelte, relata as prometidas histórias de Goiás, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

O Estado de Goiás tem aquele que é, talvez, o único time do mundo a ter usado uma estrela na camisa sem jamais ter sido campeão: a Anapolina, de Anápolis.

Aconteceu em 1981. Na decisão do Campeonato Goiano, Goiás e Anapolina só empataram: 2 a 2 no primeiro jogo, 1 a 1 no segundo, 1 a 1, de novo, no terceiro. Na prorrogação, 0 a 0. Foram 200 minutos de futebol e nada de campeão. Nem a Federação Goiana de Futebol sabia para quem ia dar a taça, até que se descobriu que o armador Osmar Lima, da Anapolina, havia entrado em campo na segunda partida sem condições legais, pois seu contrato com o clube havia terminado dois dias antes.

A Anapolina, no entanto, alegava que o título lhe pertencia, por ter somado mais pontos ao longo do campeonato. O Tribunal de Justiça Desportiva decidiu a causa em favor do Goiás, mas a diretoria da Anapolina, sentindo-se prejudicada, não quis nem saber: mandou estampar uma estrela no alto do escudo nas camisas da equipe, em comemoração a uma conquista que jamais foi homologada.

***************************************************************************

No início dos anos 90, o torcedor brasileiro surpreendeu-se com o número de vezes que um certo Oliveira, chamado na Bélgica de Oliverrá, aparecia marcando gols atrás de gols, que eram mostrados no final do programa Fantástico. Mas quem era aquele cara?

Luís Aírton Barroso Oliveira, o Oliverrá, era maranhense, onde começou jogando pelo pequeno Tupan. Foi parar na Europa via uma estranha conexão São Luís – Bélgica, articulada pelo médico Cassas de Lima (ex-presidente do Moto Clube) e por José Rubolota, empresário argentino.

Os “marabelgas”, depois, se multiplicaram. E Oliverrá chegou até a atuar pela Fiorentina, da Itália, e pela própria Seleção Belga, na Copa da 1998, na França. ********************************************************************************

No Mato Grosso, a decisão do campeonato de 2001, entre Juventude, de Primavera do Leste, e Mixto, da capital Cuiabá, deu a maior confusão. No primeiro jogo, o árbitro Jamil Rodrigues anulou um gol do Mixto, marcado em uma cobrança de pênalti em dois toques — o que, pela regra do futebol, é legal.

A pedido do Mixto, o Tribunal de Justiça Desportiva marcou nova partida, mas o Juventude não aceitou a decisão e recorreu ao Superior Tribunal de Justiça da CBF, que lhe deu ganhou de causa. Aí, foi a vez do Mixto se recusar a jogar a segunda partida. No fim da história, a Federação Mato-Grossense proclamou o Juventude campeão e o União de Rondonópolis, terceiro colocado, como vice, no lugar do “rebelde” Mixto.

********************************************************************************

Operário e Comercial, ambos de Campo Grande (MS), são os dois únicos times do Brasil que podem se orgulhar de terem sido campeões de dois Estados diferentes.

Diversas vezes vencedores no Mato Grosso do Sul, antes da divisão política (1977) e esportiva (1979) dos dois Estados eles também haviam terminado em primeiro lugar no Campeonato Mato-Grossense. O Operário quatro vezes, em 1974, 1976, 1977 e 1978. O Comercial, uma, em 1975.

Palmeiras 4 x 2 Corinthians

Estou relembrando este jogo por dois motivos. O primeiro foi a lembrança da chuva que tomamos na arquibancada em 24.07.1977. Lembro-me que foi a única vez que tomei cachaça na saída do estádio. O segundo motivo é que este jogo até hoje é comemorado pela torcida do Palmeiras, haja vista constar no site www.pontoverde.com.br

O Corinthians estava ganhando de 1 x 0, quando Jorge Mendonça empatou para o Palmeiras. Logo após o gol, meio chateado olhei para a outra meta, e vi o goleiro Leão levantando as mãos para o céu.
[img:gol_do_Palmeiras.jpg,thumb,vazio]

Segue abaixo a matéria palmeirense:

Geralmente, as matérias desta seção têm uma grande dose de importância. São conquistas de títulos, vitórias que nos levaram a decisões, grandes goleadas, etc. Porém, quando vencemos nosso maior rival, não importa se o jogo é ou não estratégico ou decisivo.

Um bom exemplo disso aconteceu em julho de 1977, quando Palmeiras e Corinthians se enfrentaram em um clássico normal, válido apenas pelo segundo turno do Campeonato Paulista. Se bem que, apesar de tais circunstâncias, o jogo levou mais de 80 mil pessoas ao Morumbi, o que prova a indiscutível rivalidade entre ambas as equipes.

E a partida começou quente, pois logo no primeiro minuto o meia Basílio – o mesmo que meses mais tarde entraria para a história corintiana ao marcar o gol do título estadual de 1977 – abriu o placar. Sorte nossa que, pouco depois, Jorge Mendonça empatou. A partir de então, uma espécie de letargia tomou conta dos alvinegros, que ainda no primeiro tempo levaram mais dois gols, um deles marcado contra.

Na etapa final, aproveitando-se do desespero corintiano, o Verdão chegou ao quarto gol aos 15 minutos e, daí em diante, apenas administrou a goleada. O segundo do Corinthians só foi ocorrer a dez minutos do fim da partida, e ainda assim apenas por infelicidade do lateral-direito Rosemiro.

O curioso é que, ao contrário do que geralmente acontece após vitórias sobre o time “deles”, daquela vez o Palmeiras entrou em uma péssima fase: apesar de ter ganhado o jogo seguinte – um amistoso com o São José/SP – não venceu mais no Paulistão, perdeu a disputa da Taça Governador do Estado, demitiu o técnico Dudu e só voltaria a ganhar quase três meses mais tarde, já pelo Campeonato Brasileiro.

Confira a ficha técnica da histórica partida:

Competição: Campeonato Paulista/1977
Jogo: Palmeiras 4 x 2 Corinthians/SP
Data: 24/07/1977 – Horário: 11h00
Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo – Morumbi, em São Paulo/SP
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschillia/SP
Público: 79.644 pagantes
Gols: Basílio a 1, Jorge Mendonça aos 9, Ademir (contra) aos 25 e Toninho aos 35 minutos do primeiro tempo. Toninho aos 15 e Rosemiro (contra) aos 35 da etapa final.

Equipes

Palmeiras – Leão; Rosemiro, Beto Fuscão, Mário Soto e Zeca; Pires e Ademir da Guia; Edu, Jorge Mendonça, Toninho (Jair Gonçalves) e Nei (Ricardo).
Técnico: Dudu.
Corinthians/SP – Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Givanildo, Luciano (Ruço) e Basílio; Rubens Nicola, Palhinha e Romeu Cambalhota (Edu).
Técnico: Oswaldo Brandão.

O estádio Santa Cruz de Ribeirão Preto

Os anos sessenta marcaram uma virada de página na história do Botafogo F.C. De um time que já dava trabalho aos grandes clubes da capital, que tinham que enfrentar a proximidade da torcida no antigo estádio Luiz Pereira, na Vila Tibério, o Tricolor passava a sonhar ainda mais alto e o primeiro passo para isso era a construção de um novo estádio.

Localizado em uma região até então isolada do Centro de Ribeirão Preto, o Santa Cruz fez surgir um novo bairro – a Ribeirânia. Inaugurado no dia 21 de janeiro de 1968, o estádio particular do Botafogo só perdia em capacidade para o Morumbi. No Santa Cruz podiam se acomodar 60 mil pessoas sentadas e outras 10 mil em pé. Com o passar do tempo, as exigências de segurança foram aperfeiçoadas e hoje o estádio comporta pouco mais de 35 mil torcedores.
[img:est__dio_santa_cruz_de_ribeir__o.jpg,resized,vazio]

Festividades
Os dias que antecederam a inauguração oficial do Santa Cruz foram de muito trabalho. Um verdadeiro mutirão foi realizado para colocar a casa em ordem. Mas o resultado de tanto trabalho foi compensado com muita festa. Já na véspera a porção tricolor da cidade já respirava o clima da inauguração. Os jornais da época relatam o desfile da seleção da Romênia – a adversária dos botafoguenses, em carreata pelas ruas de Ribeirão. No dia 20 de janeiro também foi lançada a pedra fundamental do que hoje é o Poliesportivo do clube, no antigo Luiz Pereira.

Wilson Simonal cantou na inauguração do estádio
[img:simonal_na_inaugura____o.jpg,thumb,vazio]
No dia 21, um domingo, uma multidão se dirigiu ao Santa Cruz para assistir à apresentação da Esquadrilha da Fumaça e ao show de três grandes ícones da música brasileira daqueles tempos – Altemar Dutra, Wilson Simonal e Jair Rodrigues. Terminada a festa, foi a vez da bola rolar, às 16 horas, com o apito inicial do árbitro Oscar Scolfaro.

O jogo
O Botafogo foi superior aos romenos desde o início da partida e venceu o jogo inaugural por 6 x 2 (o primeiro tempo terminou 3 x 1). O primeiro gol do estádio Santa Cruz foi marcado por Sicupira, aos 8 minutos, aproveitando cruzamento do lateral Márcio. Ainda na primeira etapa, Paulo Leão (aos 18 minutos), Carlucci (de falta, aos 31), e Lucesko (aos 33), marcaram.
[img:sicupira_marcou_o_1___gol.jpg,thumb,vazio]

Na segunda etapa, os romenos chegaram a assustar com o gol de Dan, aos 12 minutos, cobrando falta, mas o Botafogo logo tratou de ampliar o marcador, com Paulo Leão (aos 18), Carlucci, de novo de falta (aos 21) e Jairzinho, aos 45 minutos.

O time que defendeu as cores do Botafogo nesta partida foi formado por Dirceu, Zé Carlos (Eurico), Mendes, Roberto Rebouças e Carlucci, Roberto Pinto (Luiz Américo) e Márcio, Jairzinho, Sicupira, Paulo Leão e Totó.

A época
Quando o Botafogo inaugurou o estádio Santa Cruz o prefeito era um jovem Welson Gasparini, que agora, quarenta anos depois, está de novo na prefeitura de Ribeirão Preto. A moeda corrente era o Cruzeiro Novo e o país vivia os primeiros anos da ditadura militar.

O Comercial já tinha o seu moderno estádio Palma Travassos, inaugurado em 1964. No dia da inauguração do Santa Cruz, os comercialinos, entre eles Piter, Nonô, Paulo Bim e Rodarte, se preparavam para fazer um amistoso contra a Francana – o jogo aconteceu três dias depois e terminou com vitória do time de Franca por 2 x 0, na preparação do Alvinegro para a estréia no Campeonato Paulista da Primeira Divisão.

007 era a atração nas salas de cinema
Os cinemas da cidade exibiam filmes como “007 contra Chantagem Atômica”, com Sean Connery no papel de James Bond, e “Ringo não Perdoa”, estrelado por Giuliano Gemma. Na TV se podia assistir programas como “Tremendão e Ternurinha”, com Erasmo Carlos e Wanderleia, e “Um Instante Maestro”, com Flávio Cavalcanti.

Grandes jogos
Em seus quarenta anos de história, o estádio Santa Cruz já foi palco de grandes jogos, como os amistosos internacionais entre Brasil e Chile, em 1981, e Brasil e Polônia, em 1993, as finais do Paulistão de 1995, entre Corinthians e Palmeiras e as finais do Paulistão de 2001, entre o Botafogo e o Corinthians, que culminaram no vice-campeonato para o Tricolor.
[img:botafogo_x_corinthians.jpg,thumb,vazio]

fonte:www.comefogonet.com.br

Pelé fala sobre a Copa de 1958

Em comemoração aos 50 anos do título Mundial.
Quando o Atleta do Século fala, o mundo escuta. Desta vez, a entrevista foi para o jornal O Estado de SP. Aos 67 anos, o Rei comemora o cinqüentenário da primeira Copa conquistada pelo Brasil. Confira alguns dos melhores momentos da entrevista:

Foi nesse rádio que seu pai ouviu a Copa de 50?
E a de 58 também. Em 50 ele estava com os colegas do time (BAC, o Baquinho, time da segunda divisão profissional de Bauru) escutando o jogo no quintal de casa. Quando o Brasil perdeu, ele chorou e eu disse que iria ganhar uma Copa do Mundo para ele. Em 58 ele escutou por esse mesmo rádio nossa vitória na Suécia. E chorou de novo.

E essa TV verde-amarela?
Foi outro prêmio que ganhamos em 58. Você viu como é pesada? Não existia TV no Brasil naquela época, embora a Copa tenha sido toda filmada. Hoje fico pensando nas facilidades de comunicação. Naquela Copa, eu não tinha nem telefone para ligar para meu pai depois da vitória e contar que o rei (da Suécia) tinha descido até o gramado para nos cumprimentar.

Você certamente sabe o que os escritores Mario Filho e Nelson Rodrigues disseram sobre a Copa de 58: que ali o Brasil venceu o complexo de inferioridade que tinha desde a derrota de 1950. Concorda?
Na verdade, acho que foi o contrário. Me diziam que em 1950 já estava tudo certo para comemorar a vitória (sobre o Uruguai na final no Maracanã), que o Brasil não tinha respeitado o adversário. Em 58 respeitamos muito os adversários, mas sem medo. Nunca achamos que seria fácil.

Antes da Copa, você se lembra da primeira convocação para a seleção?
Lembro, foi em 57. Lembro que ouvimos pelo rádio e não entendemos se o locutor tinha dito Telê (que então jogava pelo Fluminense) ou Pelé. Por sinal, até então viviam me chamando de Telê ou Pelê. Até o dia em que eu disse: “Olha, Telê é o loirinho, o crioulinho é Pelé”. Eu nem gostava do nome Pelé, porque meu pai havia me dado o nome de um gênio, Edson (de Thomas Edison, inventor americano).

Você teve outros apelidos na seleção de 58, não? Gasolina, Elisa, Amadeu Bicudo…
Gasolina foi ainda nos tempos do Santos, porque eu era muito rápido, explosivo. Elisa era por causa de uma torcedora do Corinthians que gostava de mim e, toda vez que eu chegava ao estádio, me mandava beijos. Amadeu Bicudo é porque eles diziam que tenho boca grande. Aí eu passei a gostar de Pelé… (risos)

E o dia da convocação para a Copa, você lembra?
Lembro, foi muito emocionante, mesmo que eu já esperasse. Eu estava machucado, tinha batido o joelho numa partida contra o Corinthians. Mas o médico, dr. Hilton Gosling, e o Mário Américo (preparador físico) sempre disseram que eu teria condições para jogar. Foi por isso que fiquei fora dos amistosos na Itália.

Você disse que já esperava. Por quê? E por que não tinha ido ao Sul-Americano de 57?
Acho que foi por causa das excursões do Santos. Eu esperava ir para a Copa de 58 porque tinha jogado bem na Copa Roca e também ia bem nos treinos. Eu já era o titular do time.

Já usava a camisa 10? Porque dizem que foi um membro uruguaio da Fifa que determinou os números dos jogadores, pois o Brasil enviou a escalação sem eles…
É verdade. Mas eu já vinha usando a 10, embora às vezes usava a 8… Não era nada fixo. A partir da Copa é que o número passou a ser associado a mim. Viu aquela bola ali? (Aponta para um cubo de vidro com uma bola amarela pequena dentro, com inscrição em inglês.) “Antes dele, 10 era apenas um número”…

Você lembra quanto pesava e media? Era mais franzino do que estaria nas Copas seguintes.
Era, sim. Acho que pesava 68 kg e media 1m70. Com topete, ficava 1m71… (risos)

É mesmo verdade que você gostava de treinar?
Sempre gostei de me preparar fisicamente. Habilidade, dom, muita gente tem. Mas meu condicionamento físico era privilegiado. Eu corria bastante, subia e descia aquelas escadas… E ficava sempre mais um tempo, cobrando faltas, treinando a esquerda. O pessoal ia embora sem ter nada para fazer.

Apesar de titular, você não tinha mesmo condições físicas para o jogo de estréia contra a Áustria?
Eu estava pronto, sim. Não sei se preferiram esperar um pouco por eu ser jovem… O psicólogo, dr. Carvalhaes, havia dito que eu e Garrincha éramos muito jovens, porque a gente vivia fazendo brincadeira, molecagem.

Mas o técnico (Vicente Feola) e o dr. Paulo Machado de Carvalho (coordenador da delegação) também achavam isso?
Não, não achavam. Eles e o Mário Américo sempre disseram que a gente ia jogar. Depois do empate com a Inglaterra, aí eles viram a necessidade. Mesmo na vitória por 3 a 0 sobre a Áustria não tínhamos jogado bem.

Por quê?
O jogo não fluía. Os outros times eram fortes, corriam muito, e nossa qualidade era o toque de bola. Talvez com o Vavá e o Altafini (Mazzola, a quem Pelé se refere sempre como Altafini), que tinham estilos muito parecidos, não estivesse dando certo. E além de mim e do Garrincha entrou também o Zito, que não era tão técnico como o Dino Sani, mas tinha muito fôlego e visão de jogo.

Diz a lenda que Bellini, Nilton Santos e Didi foram pedir para vocês três jogarem, é verdade?
Não foi bem assim. Alguns jogadores eram consultados pela comissão técnica, como o Didi e principalmente o Nilton Santos. O Nilton Santos vivia dizendo para o Feola, até de brincadeira, “o time é Pelé, Garrincha e os outros, senão não vai dar”.

Dizem também que Garrincha tinha sido vetado porque deu dribles demais no amistoso contra a Inter de Milão.
O Feola realmente reclamava de quando a gente driblava muito. Eu mesmo reclamava do Garrincha porque às vezes ele passava por dois, eu sabia que ele ia passar e então eu corria para a área e ele não cruzava, dava outro drible para trás… Eu xingava muito! (risos)

Mas é verdade que o Feola dizia “Do meio para a frente, joguem à vontade”?
Ele se preocupava mais em acertar a defesa. E pedia sempre para a gente ser objetivo. Isso foi fundamental. Ele também sabia que não tinha como evitar que eu, o Garrincha, o Didi e o Vavá fôssemos para cima. Era nossa característica. Mas o Zito marcava muito bem; o Zagallo também, pela esquerda. Os laterais sabiam quando subir e quando não subir.

Ele teria gritado para o Nilton Santos no primeiro jogo “Volta, volta!” quando ele partiu com a bola e foi até marcar o gol. E teria dormido num dos jogos.
Eu não ouvi isso. Até porque o Nilton Santos fazia muito isso no Botafogo, com o próprio Zagallo, que tabelava com ele e cobria suas subidas. O Feola parece que cochilou num momento ali e então pegaram no pé dele. Mas ele via tudo.

O técnico só foi definido em abril, a escalação não tinha números, foram só duas semanas de treino, você e Garrincha só entraram no terceiro jogo. Houve falta de planejamento? Ou o trabalho de Paulo Machado de Carvalho fez diferença? João Havelange era presidente da CBD (atual CBF) desde janeiro daquele ano. Havia uma obsessão em ganhar a Copa?
Tínhamos vontade. E houve um trabalho bastante bom de organização, sim. Tinha comissão técnica pela primeira vez e um grupo excelente de jogadores que se conheciam. Naquela época não havia material como hoje, e nos amistosos nem podíamos trocar de camisa.

O Mazzola fez dois gols na estréia. Mesmo assim, acabou saindo do time para você entrar.
Acho que o Vavá estava melhor para fazer a função de homem de área. Garrincha caía pela direita e Zagallo pela esquerda. O Didi e eu vínhamos do meio, eu mais do que o Didi. Sempre parti em direção à área, mais ou menos como o Kaká faz hoje.

O time tinha Didi, Nilton Santos, Zito, Garrincha e você, os maiores craques. Mas e o Vavá? Ele foi importante com seus 5 gols, não
Claro que foi. Era um grande jogador. Não tinha tanta habilidade, mas não falam aí do Fenômeno (Ronaldo, segundo maior artilheiro da seleção)? Vavá era mais completo do que ele, antes de mais nada porque cabeceava muito bem.

E o papel do Didi?
Ele era o maestro. Sem ele para dar lançamentos e passes o time não teria ido tão bem.

Contra o País de Gales você fez o único gol do time. Uma vez disse que foi o gol mais importante da sua vida. Ainda diz?
Foi, no sentido de que ali tudo se fixou.

Você dá uma puxada na bola, num espaço curto dentro da área. Já tinha feito aquela jogada antes?
Não, imaginei ali mesmo. Foi um meio-chapéu, um… Era a única forma de tirar o zagueiro da jogada.

Você é o inventor de outras jogadas, como a paradinha na cobrança do pênalti e a tabelinha com a canela do adversário. Tem algum lance do futebol atual que você gostaria de ter feito? A pedalada?
Não… O que eu sempre tentei fazer, ficava ensaiando nos treinos, era a carretilha, em que você prende a bola e usa o calcanhar para jogá-la por cima. Mas não saía… O Caneco, ponta do Santos, vivia fazendo isso. Eu nunca tive coragem de tentar num jogo.

Em 24 de junho foi o jogo contra a França. Fontaine não jogava. Mas era o time a bater naquela Copa?
Era o que mais preocupava. Eu me lembro da gente conversando na concentração sobre o jogo deles, que já tínhamos visto. Lembro o Bellini dizendo “O ataque deles é muito bom”, algo do gênero. Respeitávamos muito a França, mas também confiávamos em nós.

A França saiu na frente… Depois o Brasil fez 5 x 2, com três gols seus.
É verdade. Mas aí começamos a jogar melhor e ganhamos até com facilidade. Era o jogo que ia ser o mais difícil e terminou sendo o mais fácil. O futebol é assim.

Seu terceiro gol é o mais bonito que já fez? Um menino de 17 anos dar chapéu dentro da área em Copa do Mundo é algo raro…
É um deles, certamente. Depois na final contra a Suécia eu praticamente fiz outro igual.

No último gol contra a Suécia, de cabeça, a trajetória da bola é proposital? Ela faz uma espécie de parábola por cima do goleiro.
Foi proposital, sim. Raras vezes eu vejo um gol assim. Mas quando a bola vem muito alta, é a melhor maneira de enganar o goleiro, encobrindo até o outro canto.

É verdade que o Paulo Machado de Carvalho disse que o azul era a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida para animar os jogadores?
Também não ouvi isso. A gente não se importou de jogar de azul. (Mostra a camisa numa estante ao lado.) E ela é muito bonita, não?

Como você compara a seleção de 58 e a de 70?
A de 58, se você analisar jogador a jogador, tinha mais talento, individualmente. Mas a de 70 jogava melhor, era mais compacta. Todo mundo voltava, menos o Tostão e às vezes o Jairzinho. Então saíamos com velocidade, aproveitando os lançamentos do Gérson. A de 58 era mais ofensiva.

O curioso é que ela teve a defesa menos vazada da Copa. Era boa defesa, não?
Era. Tinha o De Sordi pela direita, substituído no último jogo pelo Djalma Santos, e o Nilton Santos pela esquerda, com Bellini e Mauro no meio. Era muito experiente.

O Bellini era capitão, mas pelo que você conta o Zito, o Didi e o Nilton Santos eram os que mais gritavam e orientavam, não?
Eram. O Zito era chato pra caramba… (risos) O Didi vinha falar sempre que a bola parava: “O Zagallo precisa voltar, o Pelé tem de soltar mais a bola”… O Nilton Santos também falava, e o Orlando lá do banco de reservas. Era um grupo muito sério e unido.

Depois de 6 gols em 4 jogos e se consagrar como o rei do futebol, você como jogador ainda melhorou depois de 58 ou já atingiu o patamar?
Melhorei, sim. Eu não cabeceava tão bem ainda e não chutava tão forte com a esquerda. Na Copa de 70 você vê como faço mais essas duas coisas.

Seu ídolo maior era o Zizinho? Por quê?
Porque ele era um jogador completo. Chutava com as duas, cabeceava, tinha velocidade. Eu sempre tentava imitar o que ele fazia.

E você ainda não comemorava os gols com um soco no ar.
É verdade, isso só veio em 59, num jogo contra o Juventus, quando a torcida me vaiava. Foi um desabafo, depois incorporei aquilo.

Você vaiado?
O Santos só ganhava de goleada, especialmente na Vila, e quando o time jogava mal, quando eu não conseguia fazer gol, a torcida ficava decepcionada. Mas não era como hoje, que eles chamam o cara de gênio numa semana e na seguinte o vaiam.

Por quê?
Porque hoje tem poucos talentos. No meu tempo, era preciso esperar um ano, dois anos, até realmente alguém poder dizer quem era craque.

Em sua época e depois, sempre apontaram outros Pelés. Quais você realmente admira?
Eu gostava muito do Di Stéfano.

Melhor que o Maradona?
Melhor. Mais completo e rápido, fazia muito mais gols.

Quem mais?
Ih, falaram do Sívori, do LaBruna, do Dirceu Lopes, do Cruyff…

O Zico foi chamado de “Pelé branco”, e o Ronaldo e o Ronaldinho foram comparados com você quando brilharam no Barcelona.
O Zico realmente foi o mais próximo de mim em estilo de jogo. Batia faltas, dava passes, fazia gols, entrava driblando na área. O Ronaldinho tem muita habilidade, mas decepcionou na Copa. O Robinho também sofreu com essa comparação. Em termos de aproveitamento, acho que o Romário foi o melhor. Esse sabia fazer gols. Meu negócio nunca foi ficar equilibrando a bola na nuca. Eu queria era fazer gols.

É um peso desnecessário sobre eles, não é?
Claro que é. Acho que precisa ter mais paciência. Outra coisa: hoje o jogador precisa pedir para a torcida levantar. A gente fazia a torcida levantar com nosso futebol. Isso não é saudosismo. Realmente havia mais jogadores de qualidade. A gente fazia a bola correr, hoje agora quem corre são os burros. (risos)

E o Maradona?
Foi um jogadoraço, mas veja bem: não chutava com a direita, não cabeceava… não era completo. E tem outra coisa. Por que tantos atletas olímpicos perdem medalhas quando pegos em doping e ele não?

Pelé, qual a melhor foto já feita de você? Aquela do coração feito pelo suor na camisa? Ou aquela da aura de luz ao redor de sua cabeça?
A do coração. Mas a do “anjo” é ótima também. Sabe o que era aquilo? A tuba da banda que executava o hino antes de começar o jogo.

Você deve conhecer a frase de Drummond: “Fazer mil gols como Pelé não é difícil. Difícil é fazer um gol como Pelé.” É a melhor frase sobre você?
É, essa é difícil de superar. Mas eu também gosto da do Fernando Henrique (Cardoso), “o Pelé é o Brasil que deu certo”.

A noite em que Ado entrou no gol do Corinthians

Depois do Náutico, Lula defendeu o gol do Corinthians. Ele chegou ao Parque São Jorge com status de um dos melhores goleiros do país, tanto que chegou a defender o Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970. Com a chegada de Ado, Lula acabou perdendo espaço no alvinegro. Com a camisa corintiana, entre 1968 e 1970, ele fez 59 partidas e sofreu 60 gols (números do “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte). Depois do Corinthians, Lula defendeu alguns times do nordeste, entre eles o Sport Recife, o grande rival do Náutico.
Abaixo foto de uma partida noturna no Maracanã contra o Vasco em 25 de Outubro de 1969, com vitória do Corinthians por 2 x 1, gols de Ivair, Fidélis e Rivelino pela ordem. O juiz foi Agomar Martins. A foto do site Milton Neves só marca o ano de 1969 , mas a definição do jogo é esta por exclusão, já que não jogaria a próxima partida no Maracanã contra o Botafogo.
[img:Lula_contra_o_Vasco.jpg,resized,vazio]
Inexplicavelmente para nós torcedores, para mim também, 4 dias depois o goleiro Lula cedeu o lugar para Ado momentos antes da partida contra o Botafogo no mesmo Maracanã. Muitos falaram que ele não estava enxergado à noite, entre outros desmentidos. Era um grande goleiro e achamos muito estranho. Mas Ado entrou, fez grandes defesas, culminando com defesa de pênalti contra o Fluminense no jogo seguinte no Pacaembu. Ado fez aproximadamente 200 jogos pelo Corinthians entre 1969 e 1974. Foi goleiro reserva de Felix no mundial do Mexico em 1970. Certa vez encontrei o ex-centro-avante Bene na Praia Grande – Santos, aquele do gol no último minuto contra o São Paulo em 1967, e ele me falou que nunca na vida tinha visto um jogador ser tão assediado pelas mulheres.
[img:Ado_no_Maracan__.jpg,resized,vazio]
Esta foto mostra o clássico entre Botafogo e Corinthians no Maracanã jogado no dia 20 de dezembro de 1972. O Fogão venceu por 2 a 1 de virada diante de 68 mil pagantes e frustou o sonho da Fiel de ver o time decidir o Brasileiro. Para isso, bastava apenas um empate. Na foto vemos o goleiro Ado encaixando a bola, protegido por Baldocchi (de costeleta). Ao fundo, à esquerda, Jairzinho observa. Neste dia eu estava na churrascaria Roda Viva com meus amigos de Metrô e fiquei acabrunhado. Era a grande chance que nunca tinha visto.

As fotos são do site Milton Neves