Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

Eduardo, zagueiro central do Corinthians dos anos 60

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Esta edição de “A Gazeta Esportiva” de 1963 trouxe na capa o grande zagueiro Eduardo, naquela época jogador do Corinthians e que depois viria a brilhar no São Paulo Futebol Clube

LANCES DE EDUARDO COM A CAMISA DO CORINTHIANS EM 29/08/1965 NO MORUMBI CONTRA O SANTOS F.C.
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Clássico entre Corinthians e Santos no Morumbi em 1965. Mais de 58 mil pessoas acompanham o Peixe vencer o Timão por 4 a 3 em jogo válido pelo primeiro turno do Campeonato Paulista. Na foto vemos Eduardo, Dino Sani, Pelé e Rivellino

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Clássico entre Corinthians e Santos em 1965 no Morumbi lotado. Marcial, encoberto, está levando um gol de Pelé. Na foto vemos também Édson e Eduardo, do Timão. Fonte: revista Manchete

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Clássico entre Corinthians e Santos no Morumbi lotado em 1965. Mais de 58 mil pessoas viram o Peixe bater o Timão por 4 a 3 pelo Paulistão (naquela época o estádio tricolor comportava 60 mil pagantes). Vemos no lance Clóvis, Pelé, o árbitro José Teixeira de Carvalho, Marcos, Rivellino, Lima e Eduardo. Fonte: revista Manchete

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O goleiro corintiano Marcial sofreu quatro gols santistas na tarde de 29 de agosto de 1965. O time da Vila faturou o clássico por 4 a 3. A foto mostra gol de Dorval, que está encoberto no lance. Marcial faz o que pode, mas não evita a festa da massa santista. Eduardo (camisa 2) e Édson Cegonha completam a cena. Fonte: revista Manchete

Esta data de 29/08/1965 foi a estréia de Marcial no gol do Corinthians. Quando Flávio, centroavante, fez 1 x 0 para o Corinthians aos 2 do 1° tempo pensei que finalmente ganharíamos. Mas Pelé virou aos 27 e 39 do 1° tempo. Dorval, ponta direita, ampliou aos 10 do 2° tempo e Marcos também ponta direita, diminuiu aos 35. Completaram o marcador Abel ponta esquerda do Santos aos 39 e Flávio aos 44 do 2° tempo.
Eram tempos de difícil acesso ao Morumbi para quem não tinha carro na época. Os ônibus da CMTC ficavam na porta do estádio e quem não conseguia lugar neles, teriam que dar uma longa caminhada até a avenida Francisco Morato.
fotos: revista Manchete
comentário final de Gilberto Maluf

O Palmeiras é o maior vencedor de títulos no Pacaembu

De acordo com o Almanaque do Palmeiras, o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, é o segundo que o Verdão mais atuou em toda sua história, atrás somente do Palestra Itália.

O Alviverde entrou em campo no Pacaembu em 980 oportunidades! Ao todo, foram 495 vitórias, 265 empates e 220 derrotas. A equipe marcou 1832 gols e sofreu 1194.

Reduto do seu arqui-rival Corinthians, o Pacaembu tem como maior vencedor de títulos em seu gramado justamente o Palmeiras. São 26 títulos, o último em 1994, no empate em 1 a 1 com o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. De lá para cá, aliás, a equipe só fez mais uma partida de ‘destaque’ no Pacaembu, no jogo das “faixas” contra o XV de Jaú, pelo Paulistão de 1996: placar de 1 a 0, gol do volante Galeano.

O Palmeiras também está na história do Pacaembu por outros motivos.É o único time que tem vantagem sobre todos os outros rivais da capital [Corinthians, São Paulo e Portuguesa] e também do Santos, em confrontos diretos no estádio.

O primeiro jogo da história do Pacaembu foi disputado entre o então Palestra Itália e o Coritiba, em 28 de abril de 1940, na vitória palestrina por 6 a 2. Em seguida jogaram as equipes do Corinthians e do Atlético Mineiro, em partidas válidas pela Taça Cidade de São Paulo.

O primeiro campeão da era Pacaembu também foi o Palmeiras, na época Palestra Itália, que venceu a Taça Cidade de São Paulo ao derrotar o Corinthians por 2 a 1, em 4 de maio de 1940.

Outro detalhe importantíssimo, se não um dos principais da história de 93 anos do Verdão, aconteceu em setembro de 1942: no Pacaembu e com a bandeira do Brasil sendo carregada pelos atletas palmeirenses, o Palestra Itália virou Palmeiras e foi campeão na final contra o São Paulo, pelo Campeonato Paulista, na vitoria por 3 a 1.

Todos os títulos do Palmeiras no Pacaembu

1940 – Taça Cidade de SP [contra o Corinthians]

1940 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1942 – Torneio Início [contra o Santos]

1942 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1943 – Taça Campeões Rio-SP [contra o Flamengo]

1946 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1946 – Torneio Início [contra o São Paulo]

1948 – Taça Campeões Rio-SP [contra o Vasco]

1948 – Taça Cidade de SP [contra o Corinthians]

1950 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1950 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1951 – Torneio Rio-SP [contra o Corinthians]

1951 – Taça Cidade de SP [contra o São Paulo]

1958 – Torneio Início [contra o América]

1959 – Campeonato Paulista [contra o Santos]

1959 – Torneio Roberto Ugolini

1960 – Taça Brasil [contra o Fortaleza]

1960 – Torneio Roberto Ugolini

1963 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1965 – Torneio Rio-SP [contra o São Paulo]

1966 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1967 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa [contra o Grêmio]

1972 – Torneio Laudo Natel [contra a Portuguesa]

1972 – Campeonato Paulista [contra o São Paulo]

1993 – Torneio Rio-SP [contra o Corinthians]

1994 – Campeonato Brasileiro [contra o Corinthians]

fonte: Lancenet

A estranha numeração na camisa de goleiro em Copa do Mundo

Na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, o goleiro holandês Jongbloed (abaixo), reinaugurou uma moda. Em vez de utilizar o número 1, resolveu estranhamente vestir a camisa de n° 8.
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E nem a derrota no jogo final contra a anfitriã Alemanha Ocidental desanimou o goleiro.

Quatro anos depois, na Copa da Argentina, Jongbloed voltou a usar a número 8. Mas dessa vez teve a companhia do goleiro argentino Ubaldo Fillol, deixando atordoados muitos dos espectadores da decisão, que reuniu holandeses e argentinos.

Fillol também resolveu repetir a dose e vestiu a número 7 em 1982, seguindo a regra da seleção argentina que numerava seus jogadores por ordem alfabética. A estranha numeração, porém, não era uma completa inovação.

Na Copa do Mundo de 1958, o brasileiro Gilmar dos Santos Neves vestiu a camisa de numero 3. Mas o primeiro goleiro campeão do mundo pelo Brasil não tinha a intenção de ser diferente.

A Confederação Brasileira de Desportos (antecessora da CBF), esqueceu-se de relacionar a numeração das camisas e o uruguaio Lorenzo Villizio, do Comitê organizador da FIFA, numerou os jogadores aleatoriamente.

Para sorte dos brasileiros, o predestinado Pelé – sempre ele – deu sorte e acabou ficando com a 10.

www.campeoesdofutebol.com.br

Fazendinha, 80 anos – Palco de jogos memoráveis!

O primeiro campo do Coringão foi o Lenheiro, no Bom Retiro de 1910.Quando passou a jogar no futebol “oficial”, por méritos próprios, o Corinthians foi jogar ora no Velódromo, ora no Parque Antárctica, quando era apenas das indústrias do Matarazzo, que alugava para a Liga Paulista de Futebol.

Em 18 de agosto de 1926 era lavrada a escritura do Parque São Jorge. O Corinthians tinha casa própria, com jardim e biquinha, e pagaria em doze anos, como de fato pagou. Por estar na área rural do município, no caminho para a Penha, e desfrutar de um cenário bucólico na beira do rio ainda saudável, apelidou-se o campinho, com cercado pintado de branco, de Fazendinha.
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Com o esforço de um mutirão de quase dois anos entre os associados, parte das arquibancadas da Fazendinha eram inauguradas em 22 de julho de 1928. O jogo de inauguração foi contra o América-RJ, um empate em 2 x 2, com a presença de cerca de 2 mil pessoas. O primeiro gol na inauguração oficial do estádio foi marcado pelo avante corinthiano De Maria, aos 29 segundos de jogo. O técnico alvinegro era Ângelo Rocco.

O Estádio Alfredo Schürig homenageia aquele que pode ser considerado um anjo-da-guarda do Corinthians. Schürig foi Presidente de 1930 a 1933, no final da era do amadorismo e início do profissionalismo no futebol. Garantiu, com apoio financeiro de associados do clube, que fosse concluída a Fazendinha. Ajudou ainda nos doze anos de dívida do Parque.

O estádio já foi palco de 484 jogos do Corinthians, com um saldo altamente positivo: 356 vitórias , 65 empates e 63 derrotas. No último jogo, em 3 de agosto de 2002, a equipe venceu o Brasiliense por 1 a 0. O recorde de público foi registrado em 1962, no clássico Corinthians 1 x 2 Santos , quando recebeu 27.384 torcedores.

O sistema de iluminação da Fazendinha foi inaugurado em 25 de fevereiro de 1961, em uma noite de gala do Corinthians, que derrotou o Flamengo por 7 a 2.

Hoje o estádio é usado para treinos do time profissional. Há um projeto ainda não definitivamente encaminhado, porém já revisado e aprovado, de reformas para adequação para os padrões vigentes. Viabilizaria jogos para o ano que vem. Seriam os jogos “menores”, mas o Corinthians estaria utilizando seu patrimônio.
Informativodafiel.blogspot

A origem da camisa do Atlético de Madri

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escudo do Atletico de Madri
O Atlético de Madrid estava fadado a ter uma camisa listrada vermelha e branca. Faz parte da origem do clube. Fundado por estudantes bascos que moravam em Madri, o clube de Manzanares surgiu com o objetivo de ser uma filial madrilena do Athletic Bilbao. Assim, camisa e nome eram iguais.

A relação com o clube bilbaíno nunca foi além da intenção dos fundadores, pois a tal filiação jamais teve efeito prático e o clube de Madri ganhou vida própria rapidamente. Ainda assim, sempre manteve as cores (a nacionalização do nome veio posteriormente). Tanto que os dois clubes têm em comum o apelido “rojiblancos”. No entanto, a alcunha mais conhecida do Atlético é outra. E também uma ligada à camisa do clube.

Na primeira metade do século passado, era comum os colchões mais populares na Europa terem revestimento listrado em preto e branco, azul e branco ou vermelho e branco. No caso desses últimos, a relação de cores e o desenho lembrava a camisa do Atlético de Madrid. Dada a origem operária da maior parte dos torcedores atléticos na época, não demorou para a semelhança virar apelido. Assim nasciam os “colchoneros”.

Em 2005, o clube ameaçou mudar a camisa, adotando uma dividida ao meio. Era feia e a torcida chiou pela quebra de tradição. A diretoria e a Nike seguraram por uma temporada, mas, no ano seguinte, o time realmente saiu do tradicional listrado. Uma extravagância até discreta perto de algumas camisas reservas que a equipa já teve, incluindo uma com desenho de aranha na barriga (o patrocinador do clube era a empresa responsável por distribuir o filme Homem-Aranha na Espanha).

Em geral, é raro o Atlético ter uma camisa bonita. Não pelo desenho, que é bonito (basta ver como é legal a camisa retro do clube). Mas os fabricantes que trabalham com o clube não acertaram a mão nos últimos anos. A exceção foi em 2004. De resto, são listras de espessura variável, presença de uma quarta cor (considerando que o azul do calção é aceito em detalhes) e outros elementos de gosto duvidoso.
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camisa tradicional do Atletico de Madri
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camisa atual do Atletico de Madri
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camisa que a torcida não gostou.
fonte: Ubiratan Leal

CRÔNICA DE UMA PAIXÃO BANGUENSE

E lá se vão 65 de idade! Neles, durante eles, algumas paixões, que sem paixão não há como se viver. Uma delas, não sei se a maior mas certamente a mais duradoura: o Bangu.

Era o ano de1951, logo após a Copa do Mundo (que não acompanhei, a não ser por rumores), quando tive minha atenção voltada para o futebol. Filho de portuguesa, talvez tivesse me tornado torcedor cruzmaltino, não fossem aquelas férias em Conservatória, aquele grupo de pessoas em torno do rádio do hotel, os comentários sobre uma decisão invulgar de campeonato: de um lado, o consagrado tricolor das Laranjeiras, de Didi, Castilho, Pinheiro, Tele, Carlyle e tantos outros; de outro, David contra Golias, um time que parecia não contar com muita torcida entre os presentes, mas de quem se falava com respeito, um time pequeno que se tornara grande pela força do magistral Zizinho, o maior craque da Copa de 50. Sem saber direito por que, meu sentimento tendeu para o mais fraco – como tenderiam todos os meus sentimentos a partir daí – e nasceu a paixão. O Bangu perdeu os dois jogos da melhor de três – dizem que, no primeiro jogo, pela brutal atitude de Didi ao quebrar a perna de Mendonça -, mas incorporou-se à minha vida de forma definitiva.

De lá pra cá, muita coisa aconteceu, comigo, com o país, com o futebol. Os mais fracos continuaram mais fracos, as covardias dos mais fortes mantiveram-se presentes, mas eu sempre via no Bangu e no sentimento que nutria por esse clube uma marca da minha própria visão do mundo.

Fui feliz. Pude presenciar o Bangu dos anos 60, um time de músicos orquestrados pelo inolvidável Tim, o time do Parada, do Bianchini, do Mateus, do Paulo Borges, que não chegou a ser campeão – novamente o Fluminense… -, mas que ditava cátedra nos campos de futebol carioca. O Bangu do Zózimo, estrela de ébano, a classe tornada zagueiro. Pude assistir a memoráveis jogos em que o time de Moça Bonita desfilava talento no Maracanã. Esse time não foi campeão, mas deixou preparado o caminho para 1966. Fui feliz, eu estava lá…com Cabralzinho, Paulo Borges, Aladim, Ocimar, Jaime, Mário Tito, Ubirajara, tantos outros…3 x 0 , o jogo que não acabou, porque, se acabasse, se teria transformado na maior das humilhações rubro-negras na história do Mário Filho.

Fui feliz pela presença do Castor, que acompanhei dividido, misto de torcedor admirador e cidadão não tanto, mas inevitavelmente deslumbrado por sua ousadia no meio dos grandes, única forma de fazer valer méritos que nem sempre o futebol concede a quem não tem poder.

Vi grandes equipes. A de 1985, esplendor e tragédia bangüense, com o divino Marinho e o injustamente estigmatizado Ado. Um time apoteótico, um Maracanã de simpatizantes. Estive lá. Ri, gritei, chorei, chorei demais… Mas a isso levam as verdadeiras paixões. Estive lá também no título conferido ao Fluminense (sempre o Fluminense…) pelo parcialíssimo Wright, o único que não viu o abraço no Cláudio Adão, talvez em troca de outros abraços tricolores que viriam…

Vi o ocaso do time. Acompanhei de longe suas derrotas sem glória, sua história desprezada por quantos não o souberam conduzir. E sofri, porque a tanto levam as paixões verdadeiras.

Um companheiro diário: o site Bangu.net, trazendo de volta tantos momentos vividos, mantendo acesas tênues luzes de esperança, fazendo e refazendo a história.

Voltei a Bangu no dia do jogo com o Olaria. Era véspera de uma cirurgia séria por que teria que passar. Senti que teria que estar lá. Não poderia estar na final. Levar meu filho comigo foi emoção indescritível. Rever o estadinho, conviver com pessoas irmanadas pelo mesmo amor naqueles 90 minutos, coisa sem preço. Fui feliz, muito.

Feita a cirurgia, afastados os fantasmas, ainda pude ouvir pelo rádio os dois a zero da volta à primeira divisão.

E agora aqui estou. Lá se vão 57 anos de paixão, mas, aqui, o mesmo entusiasmo, a mesma sensação de garoto, de rapaz, homem maduro que me foi acompanhando nos campos do futebol alvi-rubro.

Quem sabe que alegrias ainda me reservará o Bangu? Não importam as poucas perspectiva, as difíceis probabilidades. Estou feliz pela simples existência delas. Estou feliz porque o Bangu está de volta.

Texto: Rodolpho Motta Lima
www.bangu.net/

Crônica de uma rivalidade

Em 01/07/1990 jogaram Inglaterra x Camarões pela Copa do Mundo, e a Inglaterra venceu na prorrogação po 1 x 0 o time de Roger Milla. Placar final de 3 x 2, num sensacional jogo de futebol.
Mas neste dia, eu e mais 8.752 loucos fomos ver Corinthians 0 x Mogi-Mirim 0.
A única coisa boa deste jogo foi que o Corinthians levou a Taça dos Invictos, totalizando 24 jogos sem perder no campeonato paulista. Como o jogo foi ruim demais, no intervalo pensei: o que é que eu estou fazendo aqui, a Copa de Mundo está rolando solta….mas neste dia vi Laercio Rossi, corintiano fanático também no Morumbi com sua esposa. Existe uma passagem dele que ficou na história.

O sogro do Laercio era seu Sebastião, palmeirense fanático. Laercio trabalhava no Metrô de SP . Depois de uma vitória do Corinthians contra o Palmeiras, ele ligava toda hora para a empresa do seu Sebastião falando um monte, que o time ganhou e o dele perdeu, aquilo que a gente imagina. Tanto enchia que seu Sebastião não o atendia mais. Então ele pedia para a secretária do setor ligar falando que era outra pessoa e aí ele entrava na conversa e falava: Seu Sebastião, sou eu e ria, ria. E fazia assim também com seus cunhados, filhos do seu Sebastião.Mas……o mundo dá voltas.
E aconteceu uma derrota do Corinthians para o Palmeiras. O Laercio pegou sua esposa e falou: – Vamos sumir daqui e voltar só lá para meia-noite, e eles vão se ferrar, não vão achar a gente.Então, lá pela meia-noite, entraram com carro na rua, olharam para ver se tinha alguém em frente a casa, ninguém à vista, embicaram o carro para junto ao portão.

De repente, três carros acionaram os faróis em direção ao Laercio e seu carro, desceram todos dos três carros e começaram a gritar: PALMEIRAS! PALMEIRAS! PALMEIRAS!Imagino que até para quem está lendo a surpresa foi grande.Hoje Laercio não trabalha mais no Metrô, a última notícia que tive dele é que abrira um comercio de compra/venda de automóveis.

Texto de Gilberto Maluf

Maracanã 1976 – Os paulistas estão chegando

Em dezembro , completam-se 32 anos de um dos mais marcantes momentos da história do futebol brasileiro, a invasão corinthiana no estádio do Maracanã, em 1976, na partida semifinal entre Corinthians e Fluminense pelo Campeonato Brasileiro.

A equipe paulista amargava um jejum de 22 anos sem títulos e os paulistas resolveram apoiar a equipe em massa. Mais de 146 mil pagantes para acompanhar a partida que marcou época por um simples detalhe: mais de 70 mil deles eram corinthianos. O placar foi 1-1 e o Corinthians se classificou para a final nos pênaltis. Os gols, no tempo normal, foram de Carlos Alberto Pintinho, para o Fluminense e de Ruço, para o alvinegro. Nos pênaltis, Tobias defendeu as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres.

Sobre a memorável partida, Nelson Rodrigues, torcedor fanático do Tricolor das Laranjeiras, afirmou: “Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do Timão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam os corintianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares, táxis, a pé, a bicicleta. A coisa era terrível. Nunca uma torcida invadiu outro estado com tamanha euforia. Um turista que por aqui passasse, havia de anotar no seu caderninho: – O Rio é uma cidade ocupada. Os corintianos passavam a toda hora e em toda parte”.

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Tratou-se de um imenso deslocamento de torcedores entre São Paulo e Rio de Janeiro. Setenta mil corinthianos assistiram, no estádio do Maracanã, a partida entre o Fluminense Futebol Clube e o Sport Club Corinthians Paulista, válida pelas semifinais do Campeonato Brasileiro de 1976 e à que atendeu um público de 146 mil pessoas. Nem na história do futebol brasileiro nem na do mundial, não se conhece outro evento esportivo com tamanho deslocamento humano.

O fascínio demonstrado pela imprensa paulista associava-se à perplexidade dos cariocas. O que seria a invasão? O que era a torcida do Corinthians? E paulista sabe fazer festa? Eram as preocupações dos veículos de comunicação cariocas em compreender o que estava acontecendo.

Apesar da Ponte Aérea, paulistanos e cariocas tinham, aparentemente, universos distantes. Ainda havia a forte idéia da descontração carioca por causa das praias e da cidade como um todo e São Paulo como um espaço essencialmente relacionado ao trabalho. Paulista trabalha, carioca desfruta dos prazeres da vida.

Quando as notícias sobre as movimentações da torcida do Corinthians começam a chegar ao Rio, as primeiras impressões foram delineadas. Tratava-se de uma dupla descoberta em que paulistas conheciam cariocas e vice-versa. A consciência de uma grande presença corinthiana no Rio apareceu rapidamente nas páginas dos jornais cariocas.

No entanto, o clima de euforia assumido pela imprensa foi quebrado por um artigo publicado pelo Jornal do Brasil, no qual o jornalista José Nêumanne Pinto apresenta e analisa o “fenômeno Corinthians”. A tese do jornalista é a de que a torcida do Corinthians estava ressentida por causa dos 22 anos sem títulos – fato que a tornou motivo de piada para os outros torcedores de São Paulo e, além disso, por conta de uma conjuntura favorável, a imprensa de São Paulo estava adotando o Corinthians como mais uma mercadoria e sucedendo nesse investimento. Rádio, jornal, revista e televisão entraram na onda corinthiana.

Se a presença da massa de torcedores corinthianos assustava parte dos cariocas, também as notícias que continuavam a chegar de São Paulo surpreendiam. Matérias com títulos sugestivos, como “Corinthiano só trabalha na terça-feira”, eram veiculadas o tempo todo na mídia.

Depois de uma semana de muita expectativa, veio o jogo. Parte das previsões se cumpriram. Provavelmente, se não fosse pela maciça presença da torcida corinthiana pelas terras cariocas, o evento não chamaria tanta atenção. Apesar de ser um jogo decisivo, a ocasião ficou, em grande parte, comprometida pela forte chuva. A decisão por pênaltis trouxe mais emoção à disputa, mas, de fato, não foi uma grande partida de futebol. Valeu, dessa maneira, mais pela presença dos torcedores.

Como não poderia deixar de ser, os jornais de segunda-feira foram invadidos: cada parte do jornal, fosse esporte ou não, falava do jogo e dos corinthianos. O Rio sentiu a invasão. Assim como já estava ocorrendo com os periódicos de São Paulo, o Corinthians e a sua torcida saíram das páginas esportivas e migraram para todas as outras seções.

Além disso, a participação da torcida e a concretização da “Invasão” só trouxeram dividendos para os que estavam no poder. A presença oportunista de dirigentes políticos da ditadura militar tentando tirar proveitos da euforia corinthiana não pode, porém, ser apresentada de forma absoluta. Os torcedores partiram para a ‘subversão da ordem’ – forma como gostavam de qualificar os generais de plantão – como, por exemplo, com o gasto de milhões de litros de combustíveis, enquanto o governo apresentava planos de racionamento.

No entanto, era mais do que isso: era também a subversão do prazer. A rigor, não havia nada de produtivo na invasão corinthiana. Muito pelo contrário, uma vez que muitos deixariam de trabalhar para acompanhar o Corinthians na capital fluminense. Um grande número de empresas de regiões industriais de São Paulo e do ABC paulista disponibilizaram transporte para os seus funcionários, em uma atitude de patronato que pode ser lida como mais um mecanismo de controle sobre os trabalhadores.

Em uma tentativa de contextualizar historicamente o acontecimento, é possível perguntar se não houve, a partir daquele momento de sociabilidade entre os torcedores a partir do futebol, uma maior possibilidade de organização para as lutas sindicais e trabalhistas. Ou seja, os mesmos trabalhadores que estiveram lado a lado para torcer e lutar por um sucesso corinthiano não poderiam estender esses laços para a luta pela democracia?

Pode-se notar que há também um ato de forte simbolismo presente nas manifestações de rua como o espaço público urbano voltando a ser ocupado. Ainda não era uma ocupação política – que pode ser compreendida como a luta pelo fim da ditadura militar –, mas mesmo que para torcer pelo Corinthians, saindo com seus carros buzinando pelas ruas da cidade, as ruas voltavam a ser ocupadas. Não eram mais as manifestações populares anteriores ao AI-5: era o povo que voltava a tomar de volta o ambiente que sempre fora seu.

É comum na história do Corinthians a convocação de especialistas no campo das humanidades para tentar desvendar pela ciência o que significa essa massa de apaixonados-torcedores. Por isso, vale destacar a conclusão apontada pelo sociólogo Sérgio Miceli, já que ainda era mais fácil tratar o futebol como um eficiente mecanismo de alienação popular. Na memória da intelectualidade ainda estava muito presente o uso político que a ditadura militar tinha feito – e continuava a fazer – do esporte mais popular do país.

“A esta altura, o Corinthians é menos um time do que uma militância, menos uma torcida desinteressante do que uma organização embrionária de anseios populares. Seria mesmo ocioso listar as inúmeras expressões com que os Gaviões se dispõem a “acordar a burguesia”. Sabem muito bem que estão embaixo, do lado do alambrado, nas gerais, têm consciência de que a segmentação da própria torcida corinthiana se inscreve num processo de luta interno e externo ao clube, envolvendo cartolas, técnicos, conselheiros”. (Sérgio Miceli, Os que sabem muito bem que estão embaixo, Jornal do Brasil, Caderno B, 13/12/1976, p. 1.)

Plínio Labriola Negreiros
Wander Luiz