Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

Protegido: Luis Pereira e Rodolfo Rodrigues – será que mereceram toda a fama que tiveram?

Sei que estes jogadores tiveram muito sucesso.
Como é muito polêmico o assunto que vou tratar, e é minha opinião, sei que pode gerar muitos protestos, principalmente por palmeirenses e santistas. Mas o que importa é sermos sinceros na nossa opinião, sempre com embasamento lógico, claro.
O primeiro grande equívoco é da parte da imprensa que via erros, mas preferia fazer vistas grossas aos jogadores citados. Como eles eram de certa forma endeusados, já pensaram se iriam contra a opinião pública? Mas vamos aos fatos:

LUIS PEREIRA
Características – Considerado um dos maiores defensores de todos os tempos (?), tinha um jeito de andar muito peculiar. Seus joelhos quase se chocavam enquanto caminhava com os pés virados para trás . Jogando, era capaz de correr de costas, ficando cara a cara com o atacante que vinha carregando a bola. Firme na defesa, ficou famoso também por sua habilidade e técnica.
Essas qualidades, somadas à vontade de ajudar seu time, faziam com que o zagueiro central gostasse de atacar. (Hummmm, aí morava o perigo). Essas arrancadas ao ataque, que contagiavam a torcida, faziam também com que técnicos e companheiros tremessem de medo, muitas vezes reprovando a desobediência tática do defensor. Como detinha alta técnica, foi chamado de “el mago” na Espanha. Em 1975 na Espanha o futebol era bem menos técnico .
Pois bem, é neste aspecto que me apego. Cansei de ver o Palmeiras
tomar gols em contra ataques, muitos no final do jogo. Sem contar que vi vários gols de cabeça de jogadores de estatura inferior ao Luisão Pereira, ex-Chevrolet. Alguns exemplos que marcaram: Copa de 74, um jogo em especial, Corinthians 1 x 0 Palmeiras em 01/11/72, gol de Marco Antonio ponta esquerda de cabeça, e Quadrangular internacional do Morumbi, creio que em 1976, gol no último minuto , em contra-ataque, após “avançada” do Luis Pereira. Evidentemente não ficaram guardados na minha memória outros lances equivalentes.
Que adiantava ter um jogador de alta técnica se sempre ocorria gols em suas costas?

RODOLFO RODRIGUES – Março de 1983. O Santos é convidado para participar juntamente com Nacional e Peñarol de um torneio em Montevidéu, no Uruguai. O empresário Juan Figer está por trás do acordo. Na chegada da delegação santista à capital uruguaia Figer se reúne com Milton Teixeira, que ocupava o cargo de presidente do Santos. O assunto: Rodolfo Rodriguez.
O goleiro estava em crise com a diretoria do Nacional e fora do time. De
repente é escalado para a primeira partida do torneio, justamente contra o Santos. Não teve atuação convincente, seu time perdeu por 3 a 1. O Santos é vice-campeão brasileiro. Garante vaga na Taça Libertadores da América. O time fracassa na busca da terceira estrela dourada na camisa. O meia João Paulo vai para o Flamengo. No início de 84, Pita é negociado com o São Paulo, numa troca por Zé Sérgio e Humberto. O Santos contrata Rodolfo Sérgio Rodriguez Rodriguez.
CARACTERÍSTICAS
Personalidade forte, Rodolfo chegou disposto a imitar o sucesso alcançado pelo argentino Mário Agustín Cejas. Estréia no Torneio Início do Paulistão.
O Santos é campeão estadual. Começa a empatia de Rodolfo com a torcida santista.
No Paulistão, Rodolfo disputou sua primeira partida oficial longe da Vila
Belmiro. Foi no empate sem gol com o Araçatuba. Diante do América de Rio Preto, na Vila, praticou seqüência de defesas que até hoje são reverenciadas pelo torcedor. (Estas defesas, lembro-me bem, foram possíveis porque as bolas vieram às suas mãos. Não foi um bombardeio. Mas sem dúvida foi bonito de ver). Depois de cinco anos o Santos volta a conquistar um título,justamente em cima do arquiinimigo Corinthians. O prestígio de Rodolfo Rodriguez só é superado pelo do carismático Serginho Chulapa.
Rodolfo chegou em janeiro de 84 e jogou até julho de 88. Disputou 255
partidas, conquistou quatro títulos. Teve brilhantes atuações, mas fracassou em alguns clássicos importantes. Lembro-me de diversas chutes e cabeçadas dos adversários ao gol e a bola passando entre suas mãos. Vááárias vezes! À meia altura, por baixo, por cima…… E a imprensa nada falava. E a torcida aceitava. Não havia pressão. Mas lembravam sempre daquela sequência de defesas contra o América. Pergunta: Porque não foi convocado para jogar pela seleção uruguaia , (acho eu) em 1986? Creio que já o conheciam de sobejo.

Encerrando, se fizessemos uma Análise de Custo x Benefício dos 2 jogadores certamente chegariamos a conclusão que foram vantajosos para seus clubes, mas sem todo o alarde que se propagou sobre eles.
Fonte: 1-informações de modo geral da Gazeta Esportiva NET
2-meus olhos

Amarildo tremeu no jogo contra a Espanha – 1962

Segundo depoimento de Amarildo, ele só tremeu uma vez no futebol. Na copa do mundo de 1962 quando foi escalado para substituir o Pelé contra a Espanha. Quando Pelé se machucou, no Brasil todo mundo perguntava – “Quem vai substituir Pelé ?” . No ar, alguns sintomas: em 1958, o guri Pelé entrara no lugar de Dida e, deste vez alguém entraria em seu lugar na mesmo rodada. Lá estava o garoto Amarildo com a camisa 20, justamente o dobro da famosa de Pelé. E o próprio Rei o chamou: – “Quem sabe, Amarildo, se não foi Deus quem te mandou aqui ? Você tem tudo que eu tinha em 1958”.

Na concentração, o veterano Nilton Santos pensou – “Esse menino não ia ser convocado porque é brigão”. E mandou chamá-lo a seu bangalô na concentração em El Retiro, em Quilpuê, Vinã Del Mar. – “Eles vão te desacatar. Finja que não ouve. Não queira também se fazer de Pelé. Seja o mesmo Amarildo do Botafogo”.

No dia 3 de junho, em campo contra a Espanha, Amarildo não conseguia escutar os gritos do conselheiro Nilton Santos, as ordens do mestre Didi, nem mesmo acompanhar os centros de Garrincha. As pernas pareciam de chumbo, sumira aquela ferocidade. Estava estático, sem vida. Até que no fim do primeiro tempo o zagueiro Garcia cuspiu-lhe na camisa e puxou-lhe o cabelo. Pobre Garcia despertava o adormecido anjo barroco e dele surgia a figura do Possesso.

Veio o segundo tempo e o Brasil virou o jogo para 2 a 1 com dois gols de Amarildo. Nelson Rodrigues exaltava perante o mundo –
“Só um possesso em último grau ou por este montado, só um possesso faria aquilo”.

Era o grande Amarildo, bicampeão do mundo, também bicampeão carioca. Por nove anos, foi rei na Itália jogando no Milan, Fiorentina e Roma. Também foi rei em punições: suspenso 41 vezes, expulso 28, pena de 38 semanas. Era um jogador que iria fazer parte de um time inesquecível para 75 milhões de brasileiros naquela final de 3 a 1 contra a Techecolováquia no dia 17 de junho de 1962: Gilmar. Djalma Santos. Mauro. Zozimo e Nilton Santos. Zito e Didi. Garrincha. Vává. Amarildo e Zagalo.
Fonte: Revista Placar

Famoso pênalti do Pato Branco – “narração de um locutor misterioso”

Ao ver matéria de hoje enviada pelo Michel McNish – Conheça o Pato Branco – lembrei-me da famosa narração de um penâlti para o Pato Branco no último minuto de um jogo decisivo. Só não sei se é o mesmo Pato Branco. Aí vai:

-Tá na marca fatal. Zézinho pronto para a cobrança do pênalti. Vamos lá meu garoto…..Pato Branco está orgulhosa de você.
É o clube indo pela primeira vez pra primeira divisão….Isso Zézinho, meu garoto. Fé e bola na rede….(entra a intervenção do reporter: Acho que depois da cobrança o juiz vai encerrar o jogo ).
Vamos lá Zézinho……. vamos lá Zézinho…….vamos lá Zézinho……Pato Branco batendo….coração batendo…Zézinho correu…apontou…atirou….
PQP – prá foooooooooraaaaaaa. Não é possíííííveeel.
Fonte: Gafes da Rádio e da TV – Milton Neves

Estrela da Saude – Campeão da 2a. Divisão Prof. de São Paulo em 1959

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Tentei colocar o escudo do clube neste texto mas não consegui. O escudo está no seguinte endereço: http://www.simmm.com.br/memorias/estreladasaude/home.asp

Procurei o escudo do Estrela da Saude na “busca por escudos” e não encontrei. Portanto, aí está a sugestão. Segue abaixo pequeno relato extraído do endereço acima:

O romantismo de homens de aparência rude deu origem a um nome singelo, mesclando a pureza do céu azul, das estrelas brancas e do então distante bairro da Saúde. Assim nasceu, no ano de 1917, o Estrela da Saúde. Sua história, contudo, é uma das mais belas do futebol brasileiro.
A exemplo de muitas outras equipes da época, o Estrela deu seus primeiros passos amparado por jovens imigrantes italianos, operários das Indústrias Moinho Santista.

E, não fosse pelo olhar romântico de um de seus fundadores, que mirou o céu e, ao contemplar as estrelas, definiu nome, cor e bandeira do futuro clube, teríamos hoje um Palermo, Napoli ou Piemonte, nomes italianos que estavam na moda.

Campeão amador, em 1949, então com 37 anos de vida, ingressou no profissionalismo, disputando a segunda divisão durante nove temporadas, quando atingiu a primeira divisão. Essa é a sinopse da envolvente história de um clube com 83 anos de vida próspera e fiel às suas origens.

Em 1959 o Estrela da Saude sagrou-se campeão da segunda divisão de profissionais do estado de São Paulo. No entanto, nesta época o Estrela perdeu o seu campo e a FPF exigia que as equipes deveriam ter campo com arquibancadas para no mínimo 15.000 pessoas. O sonho acabou.
Nesse tempo o time disputou a segunda divisão e algumas pessoas ilustres juntaram-se à sua diretoria: João Atalla, João Valdeir Amadeu e Jerônimo Varzelle, Milton Muniz, Roberto Sanches-Rocco ( massagista do Estrela e do Corinthians Paulista ), entre outros.
As equipes de base do Estrela souberam também desempenhar o seu papel:
-Em 1950, campeão paulista de futebol juvenil
-Em 1952, vice-campeão juvenil do torneio Vicente Feola.
Hoje sua sede situa-se em um terreno próprio de 96.800 m2 na estrada de Cumbica 475, na Represa de Guarapiranga.
HINO DO ESTRELA
Se você quer acabar com as tristezas
Passe um domingo no clube do Estrela
Todos os domingos tem futebol e é pra valer
A turma vai lá pra jogar e pra vencer
Mas o Estrela é o clube do futuro
Se você vai com dinheiro
De lá você volta duro.
Fonte: SIMMM o Site do Futebol Amador

Frases de Nelson Rodrigues sobre os craques do futebol

“Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.”

“Nao me venham falar em Di Stefano, em Puskas, em Sivori, em Suárez. Eis a singela e casta verdade: nao chegam aos pés de Pelé. Quando muito, podem engraxar-lhe os sapatos, escovar-lhe o manto.”

“Não há bola no mundo que seja indiferente a Zizinho.”

“O vampiro de Dusseldorf, que era especialista em sangue, se provasse o sangue de Gérson, havia de piscar o olho: – ‘Sangue do puro, do legítimo, do escocês’.”

“Tenho dito e repetido que Zico é o maior jogador do mundo. Há os que negam, cegos pelo óbvio ululante. Mas, se a evidência quer dizer alguma coisa, não cabe dúvida, nem sofisma.”

“Eu digo: não há no Brasil, não há no mundo ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané.”

“Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané.”

“Um jogador rigorosamente brasileiro, brasileiro da cabeça aos sapatos. Leônidas da Silva tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico.”

” Tostão está entre os cinco ou seis maiores jogadores de todos os tempos.”
Fonte: Grandes Craques da História

Seus títulos e glórias fizeram de Didi o maior meia do futebol brasileiro

“Eu sempre tive muito carinho por ela. Porque se não a tratarmos com carinho, ela não obedece. Quando ela vinha, eu a dominava, ela obedecia. Às vezes ela ia por ali, e eu dizia: ‘Vem cá, filhinha’, e a trazia. Eu pegava de calo, de joanete, e ela estava ali, obediente. Eu a tratava com tanto carinho como trato minha mulher. Tinha por ela um carinho tremendo. Porque ela é fogo. Se você a maltratar, quebra a perna. É por isso que eu digo: ‘Rapazes, vamos, respeitem. Esta é uma menina que tem que ser tratada com muito amor…’ Conforme o lugarzinho em que a tocarmos, ela toma um destino”.
(Valdir Pereira, o Didi, sobre o trato com a bola)

“Quando eu jogava futebol, se pudesse, tinha sempre que pôr uma bolinha embaixo da cama. Quando eu acordava, tocava nela, e sentia, tinha sensibilidade, dava o toque inicial nela, dizendo: ‘ela está aí’”.
(Valdir Pereira, o Didi, sobre a bola)

“Eu não precisava correr. Quem precisava correr era a bola. Eu dava um passe de 40 metros, para que que eu vou correr quase 35 metros para poder dar um passe de 5, se eu posso dar um passe de 40”.
(Valdir Pereira, o Didi, sobre a sua facilidade em fazer lançamentos)

“Eu tive uma satisfação íntima quando fiz o primeiro gol do Maracanã, em 1950. Eu passei duas noites sem dormir e sempre procurava passar perto do Maracanã. Pensava: ‘Puxa, eu inaugurei esse negócio, isso aí vai ter uma placa’. Só o dia que destruírem esse estádio que vão esquecer do Didi, que fez o primeiro gol”.
(Valdir Pereira, o Didi, sobre ter feito o primeiro gol do Maracanã)

“Eu gostaria que a máquina do tempo recuasse um pouquinho e desse a oportunidade para vocês que não me viram e não tiveram a felicidade de ver um Nílton Santos, um Garrincha, um Pelé, um Didi, um Zizinho… Queria que a máquina do tempo recuasse um pouquinho e fizesse um jogo entre 1958 e 1970… e seria o espetáculo da terra. Meio tempo Pelé no time de 58, e meio tempo Pelé no time de 70. Seria uma coisa fantástica”.
(Valdir Pereira, o Didi, sobre os grandes jogadores de sua época)

Não se podia desejar mais de um homem, ou por outra: não se podia desejar mais de um brasileiro. Ninguém que jogasse com mais gana, mais garra, e, sobretudo, com mais seriedade. Nem sempre marcava gols. Mas estava, fatalmente, por trás dos tentos alheios. Era ele quem amaciava o caminho, quem desmontava a defesa inimiga com seus lançamentos em profundidade. Com uma simples ginga de corpo, liquidava o marcador. E nas horas em que os companheiros pareciam aflitos, ele, com sua calma lúcida, o seu clarividente métier, prendia a bola e tratava de evitar um caos possível”.
(Nelson Rodrigues, jornalista, escritor e dramaturgo, após a vitória do Brasil contra a Suécia na Final da Copa do Mundo de 1958)

“Com suas gingas maravilhosas, ele, em pleno jogo, dava a sensação de que lhe pendia do peito não a camisa normal, mas um manto de cetim azul, com barra de arminho”.
(Nelson Rodrigues, jornalista, escritor e dramaturgo, após a vitória do Brasil contra a Suécia na Final da Copa do Mundo de 1958)

“Com sua voz bonita, parecida com a do locutor Luiz Jatobá e levemente pachola, ele caprichava na escolha das palavras. Não chamava a bola de bola, mas de “menina”. Orgulhava-se de nunca ter pisado nela com as travas da chuteira – era como se jogasse de polainas. Quando entrava em campo, observava como este ou aquele adversário suspirava de admiração e o namorava com os olhos. Didi decidia: “Esse é meu fã. É para cima dele que eu vou”. Reinava no gramado com seu porte alto, ereto, os olhos à altura da linha do horizonte. Nunca punha a cabeça na bola – a cabeça fora feita para pensar, não para dar marradas. E, embora fosse um mestre do drible, só driblava em último recurso. Seu forte eram os passes de quarenta metros, de curva, que pareciam ir em direção à cabeça do adversário e se desviavam, caindo de colher para o companheiro”.
(Ruy Castro, jornalista e escritor)

“Didi dá vida à bola. Faz ela falar.”
(Companheiros de Didi na Copa do Mundo de 1958)

“Didi, do chute oblíquo e dissimulado como o olhar de Capitu.” (Armando Nogueira, jornalista e escritor)

“Se eu e Nílton estivéssemos no Mundial da Inglaterra, não haveria aquele fiasco. Aquela gente ia ver quem tinha gasolina no tanque.”
(Didi, ex-meia da Seleção Brasileira, sobre Nílton Santos e a Copa de 66)

“O estilo era cadenciado, lento. Bola de pé em pé para não gastar energia. Afinal, se somadas, nossas idades passariam de mil anos!”
(Didi, sobre o estilo de jogo brasileiro na Copa do Chile, em 62)

“Foi uma honra jogar com eles. Eram todos craques.”
(Gérson, ex-craque da Seleção Brasileira, prestando sua homenagem a Didi, Nílton Santos, Garrincha e outros, com quem atuou no Botafogo)

“Herdei do Mestre Ziza o bastão de organizador de jogadas do futebol brasileiro”
(Didi, o maior meia da história do futebol brasileiro)

Um dos maiores jogadores de todos os tempos. Habilidade e visão de jogo fora do comum, lançamentos longos e gols espetaculares eram algumas características desse que foi o maior meia do futebol brasileiro. Driblava apenas quando necessário, mas com extrema categoria e eficiência. Negro, alto, de porte esguio, não olhava para a bola, mantendo sempre a elegância, o que lhe valeu o apelido de “Príncipe Etíope”. Jogador de meio-campo, era um meia original e moderno para o seu tempo, marcando e atacando com a mesma intensidade.
Sua história como jogador profissional começou aos 16 anos, no Americano de Campos, em 1945. Teve passagens rápidas pelo Lençoense, de São Paulo (1945) e pelo Madureira (1946). Se firmou como profissional no Fluminense, onde jogou e foi ídolo de 1946 a 1956. Pelo tricolor, marcou 92 gols em 274. Foi eleito o melhor meia da história do clube carioca. Descontente com o tratamento que o clube lhe dava, foi negociado com o Botafogo, onde jogou de 1956 a 1958. É considerado unanimamente um dos maiores jogadores do alvinegro, ao lado de Garrincha e Nílton Santos. No total, foram 313 jogos e 113 gols pelo Botafogo.

Saiu do Botafogo para jogar e ganhar dinheiro no Real Madrid de Puskas e Di Stéfano, onde jogou de 1959 a 1961. A passagem pelo exterior foi conturbada. O jogador não se adaptou e acusou os astros da equipe de boicotarem o seu futebol. Voltou da Espanha para o Botafogo, onde jogou entre 1961 e 1962. Teve ainda uma breve passagem pelo São Paulo em 1963. No ano seguinte, encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador no Sporting Cristal, do Peru. Foi treinador da seleção peruana na Copa de 1970, na Turquia e na Arábia Saudita, além de times como o River Plate da Argentina, o Fluminense e o Botafogo.

Didi foi um dos jogadores mais criativos de sua época. Criou a famosa “folha-seca”, um jeito venenoso de bater faltas. A bola subia, despretensiosa. Ao chegar perto do gol, tomava outra direção, caindo longe dos braços dos goleiros, lembrando o movimento de uma folha caindo de uma árvore.

Alguns fatos marcaram a vida desse magnífico jogador. Fez o gol inaugural do Estádio do Maracanã, em 1950, no jogou entre a seleção de novos do Rio e de São Paulo, com vitória dos paulistas por 2 a 1. Em 1957, depois de ganhar o campeonato carioca pelo Botafogo, atravessou a pé a cidade do Rio de Janeiro, cumprindo uma promessa. Ainda em 1957, com uma “folha-seca”, fez o gol da classificação do Brasil nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958. Na final da Copa, mostrou liderança e comando ao buscar a bola nas redes brasileiras quando do primeiro gol sueco, levando-a até o meio-campo e iniciando ali a virada canarinho.

Foi 4 vezes campeão carioca: em 1951 pelo Fluminense e em 1957, 1961/62 pelo Botafogo. Disputou 3 Copas do Mundo, em 1954, 1958 e 1962. Foi o pilar da conquista da Copa do Mundo de 1958. No mesmo time que tinha Pelé e Garrincha, foi considerado o maior jogador da Copa. Foi ainda Bi-Campeão Mundial pela Seleção, em 1962. Jogou 74 partidas pela Seleção, marcando 21 gols. Está na seleção de todos os tempos de Fluminense e Botafogo.

No início de 2000, foi homenageado com uma placa no Maracanã (por ter feito o gol inaugural), na cerimônia de inauguração da primeira etapa da reforma do estádio. Ainda neste ano, no dia 24 de janeiro, ao lado de George Best, Van Basten e Zico, entrou para o International Football Hall of Champions, o Hall da Fama da FIFA, onde já estão jogadores como Pelé, Beckenbauer e Cruyff. Com seu jeito peculiar de bater na bola, lançamentos perfeitos e dribles desconcertantes, foi inesquecível. Seus títulos e glórias fizeram de Didi o maior meia do futebol brasileiro.
Fonte:Grandes Craques da História

O ‘Canhotinha de Ouro’ Gérson e o árbitro Amilcar Ferreira

Amilcar Ferreira foi um bom árbitro do futebol carioca. Além de ser tecnicamente bom, foi também um dos mais honestos no apito. Por isso mesmo acabou sua carreira pobre e morando em Niterói. Era conhecido como “Bocão” pelos mais chegados. Segue uma história do Bocão:
Quando o técnico Duque comandava o Bonsucesso, escalou o garoto Chiquinho, com pouco mais de 1,50m de altura para marcar o canhotinha Gérson. Antes do jogo, Duque chamou o Chiquinho e determinou: Meu filho, você não precisa jogar. Basta colar e não deixar que o Gérson jogue“.

Dito e feito. Chiquinho, desde o início da partida não descolou um minuto do canhota e cometeu tantas faltas que os torcedores do Maracanã já estava irritado. Toda hora Bocão parava o jogo e chamava a atenção do Chiquinho.

No intervalo, quando as equipes voltaram ao campo, Gerson se aproximou do Bocão e falou: “Amilcar, assim não é mais possível. Este baixinho me enche o saco e você não faz nada?

Bocão confidenciou ao Gerson: “Dá um toco nele, que eu finjo que não vejo“.

Começou a etapa final e na primeira bola dividida, Chiquinho levou um bico no tornozelo esquerdo e caiu aos gritos. Aí Bocão se aproximou e aos berros foi dizendo: “Bem feito! Você é muito chato. O Gerson fez muito bem“.

Atendido pelo massagista do Bonsucesso, Chiquinho se recuperou logo, e a partida foi reiniciada. Outra bola e o segundo bico de Gerson. Chiquinho caiu contorcendo-se em dores, e Bocão correu de dedo em riste e expulsou o Gerson de campo.

O canhotinha então encarou o juiz e disse: “Você mandou, Bocão.

E Bocão sem cerimônia arrematou: “Mandei dar um, festival, não!

Gerson saiu bronqueado e o Bonsucesso empatou 1 x 1 com o poderoso Botafogo.

FONTE: livro O Rádio, a TV e o Futebol do meu tempo

Um Santos x Botafogo dos anos 60….

O Santos entrou em campo no Maracanã para mais um grande clássico e foi recebido com aplausos como era normal, pois o carioca sempre amou a equipe de Pelé.
Trocas de flâmulas, bandeiras por todos os cantos, faixas e Pelé jogando em casa, como costumava dizer sempre que jogava no Maracanã.
De um lado o Botafogo trazendo um time com nomes famosos como Nilton Santos, Garrincha, Zé Maria, Zagalo, Amarildo, Quarentinha, entre outros. Do outro lado, Pelé, Mengálvio, Coutinho, Zito e toda a legião de craques que tanto fizeram pelo futebol.
O encontro já estava 4 x 1 para o Santos, quando Pelé fez o quinto gol dando um chapéu sensacional em Nilton Santos. Depois que vibrou e buscou a bola no fundo da rede, Pelé, ao passar pelo Nilton Santos na volta para o meio de campo, disse baixinho: “Não deu, velho”. E Nilton, sempre gentil, respondeu: “É, não deu, negão”.
Logo depois, o Santos voltou à carga e a bola foi cruzada na pequena área. Manga quis deixar o gol para agarrar a bola, mas foi contido por Nilton Santos, que com uma classe impressionante, levou a pelota no peito, botou no terreno e deu três fintas monumentais em Pelé, dando depois para Pampolini no meio de campo, que mandou ao ataque em direção ao Amarildo. Aí, Nilton Santos olhou para o Pelé e devolveu: “Não deu, negão”. E Pelé: ” É, velho, leão não come leão”. A partida terminou 5 x 1 para o Santos.
Fonte: Jornalista Jose Cunha, no livro O Rádio, a TV e o Futebol do Meu Tempo.