Amilcar Ferreira foi um bom árbitro do futebol carioca. Além de ser tecnicamente bom, foi também um dos mais honestos no apito. Por isso mesmo acabou sua carreira pobre e morando em Niterói. Era conhecido como “Bocão” pelos mais chegados. Segue uma história do Bocão:
Quando o técnico Duque comandava o Bonsucesso, escalou o garoto Chiquinho, com pouco mais de 1,50m de altura para marcar o canhotinha Gérson. Antes do jogo, Duque chamou o Chiquinho e determinou: “Meu filho, você não precisa jogar. Basta colar e não deixar que o Gérson jogue“.
Dito e feito. Chiquinho, desde o início da partida não descolou um minuto do canhota e cometeu tantas faltas que os torcedores do Maracanã já estava irritado. Toda hora Bocão parava o jogo e chamava a atenção do Chiquinho.
No intervalo, quando as equipes voltaram ao campo, Gerson se aproximou do Bocão e falou: “Amilcar, assim não é mais possível. Este baixinho me enche o saco e você não faz nada?”
Bocão confidenciou ao Gerson: “Dá um toco nele, que eu finjo que não vejo“.
Começou a etapa final e na primeira bola dividida, Chiquinho levou um bico no tornozelo esquerdo e caiu aos gritos. Aí Bocão se aproximou e aos berros foi dizendo: “Bem feito! Você é muito chato. O Gerson fez muito bem“.
Atendido pelo massagista do Bonsucesso, Chiquinho se recuperou logo, e a partida foi reiniciada. Outra bola e o segundo bico de Gerson. Chiquinho caiu contorcendo-se em dores, e Bocão correu de dedo em riste e expulsou o Gerson de campo.
O canhotinha então encarou o juiz e disse: “Você mandou, Bocão.”
E Bocão sem cerimônia arrematou: “Mandei dar um, festival, não!”
Gerson saiu bronqueado e o Bonsucesso empatou 1 x 1 com o poderoso Botafogo.
FONTE: livro O Rádio, a TV e o Futebol do meu tempo
Que bacana, Chiquinho!
Seja bem-vindo ao História do Futebol!
Caso tenha fotos e queira nos enviar, será um prazer!
Forte abraço!
Aqui quem fala é o CHIQUINHO ex-jogador do Bonsucesso. O jogo aconteceu no MARACANÃ. Fui entrevistado pelo Washington Rodrigues, que na época trabalhava na Rádio MAUÁ. E depois na TV Continental, no Canal 9.
Marcos, conforme citado, o assunto está relatado na página 181 do livro, editado pela Litteris Editora Ltda, no ano de 1996.
Se o jogo não existiu, vou jogar fora o livro. Eu sou uma pessoa honesta, minha obrigação, mas se chegarmos ao extremo de não acreditarmos numa publicação do jornalista Jose Cunha, integrante do escrete de ouro da rádio Bandeirantes, depois convidado por Jorge Cury para participar na rádio Nacional do Rio, e que depois substituiu Oduvaldo Cozzi nas transmissões TV Tupi, não sei mais no que crer.
Gilberto,
A coisa mais chata é quando algúem vai buscar a súmula do jogo e constata que o jogo não existiu e a história não passou de uma lenda. Não quero bancar o chato mas por curiosidade, você chegou a checar a ficha desse jogo?