Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

ACERTO EM RENDAS DA COPA RIO 1952

Recebi por cópia de Alexandre Magno Barreto Berwanger este levantamento financeiro da Copa Rio de 1952:

Consegui chegar ao valor exato da renda do primeiro jogo citado, diminuindo toda a renda da Copa Rio 1952 no Rio de Janeiro, citada no texto da revista que usei como uma das fontes, pelas rendas dos jogos.
O resultado foi :

Cr$ 332.539,50

(RENDAS DA COPA RIO 1952)
TURNO DE CLASSIFICAÇÃO – SÉRIE RIO DE JANEIRO – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO MARACANÃ

Peñarol-URU 1 x 0 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 332.009,50 ( números da centena e da dezena zerados, ilegíveis no arquivo do autor )
Fluminense 0 x 0 Sporting-POR, renda de Cr$ 1.802.763,50, público : 73.915 ( 63.183 pagantes )
Peñarol-URU 3 x 1 Sporting-POR, renda de Cr$ 1.243.733,10
Fluminense 1 x 0 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 315.355,70, público : 19.703 ( 10.998 pagantes )
Sporting-POR 2 x 1 Grasshopers-SUI, renda de Cr$ 258.564,90
Fluminense 3 x 0 Peñarol-URU, renda de Cr$ 1.445.643,30, público : 63.536 ( 51.436 pagantes )

TURNO DE CLASSIFICAÇÃO – SÉRIE SÃO PAULO – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO PACAEMBU

Áustria-AUS 4 x 2 Libertad-PAR, renda de Cr$ 203.055,00
Corinthians 6 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 738.555,00
Áustria-AUS 5 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 78.840,00
Corinthians 6 x 0 Libertad-PAR, renda de Cr$ 401.465,00
Libertad-PAR 4 x 1 Saarbrücken-ALE, renda de Cr$ 20.870,00
Corinthians 2 x 1 Austria-AUS, renda de Cr$ 1.016.610,00

SEMIFINAIS – JOGOS DO FLUMINENSE NO MARACANÃ E DO CORINTHIANS NO PACAEMBU

Fluminense 1 x 0 Austria-AUS, renda de Cr$ 665.210,50, público : 34.180 ( 23.105 pagantes )
Corinthians 2 x 1 Peñarol-URU, renda de Cr$ 886.405,00
Fluminense 5 x 2 Austtria-AUS, renda de Cr$ 948.300,50, público : 45.623 ( 33.897 pagantes )
Corinthians W.O.Peñarol-URU, não realizado

FINAIS – JOGOS DISPUTADOS NO ESTÁDIO DO MARACANÃ

Fluminense 2 x 0 Corinthians, renda de Cr$ 770.590,90, público : 38.680 ( 27.094 pagantes )
Fluminense 2 x 2 Corinthians, renda de Cr$ 1.506.379,00, público 65.946 ( 53.074 pagantes )

FONTES : ANUÁRIO DO ESPORTE ILUSTRADO 1953 e JORNAL DOS SPORTS, de 05/08/1952.
: Alexandre Magno Barreto Berwanger

Dois números NOVE em campo – João Saldanha

Na estréia do técnico João Saldanha no Botafogo do Rio aconteceu um fato inusitado.
Na preleção Saldanha chamou o defensor Matias e insistiu: – Olha, o perigo maior do Palmeiras é o Mazzola, ponta de lança que joga enfiado no seu lado. Ele não fica plantado na entrada da área. Gosta de voltar para receber a bola e vir com ela dominada.Você pode acompanhar o Mazzola que o Domício fica na cobertura, sobrando. Assim, se ele passar por você, o Domício entra na jogada. Entendeu?
O Matias repetiu direitinho como se tivesse decorado.
Depois fui ao Domício e expliquei a mesma coisa. O Domício entendeu.
Não sei porque resolvi perguntar se eles conheciam o Mazzola. Domício disse que sim e Matias disse que não. Aí o Aloísio, que estava olhando para fora do vestiário disse:
-Eles estão entrando em campo, Mazzola está com o número nove.
Logo que o jogo começou, o Mazzola entrou na nossa área sozinho, foi cara do Amauri, que era o goleiro e perdeu o gol mais feito do mundo. A brecha por onde o atacante do Palmeiras viera parecia a avenida Presidente Vargas. Dava para passar todo aquele trânsito. Botei as mãos na cabeça e gritei:
-Olha o Mazzola! Matias! Domício!
O Domicio que estava mais perto respondeu:
-Pode deixar.
Na segunda vez o Mazzola não errou. Foi até a cara do Amauri e fuzilou. Seis minutos e um a zero. Berrei mais alto ainda e já estava ficando rouco quando percebi a inutilidade: a torcida do Palmeiras na comemoração do gol não dava nenhuma chance.
O Aloísio foi até o Amauri, por trás do gol, para dar o recado. Mas Amauri não podia atendê-lo. Já vinha o Mazzola outra vez pela avenida. Chegou na pequena área e mandou brasa. Oito minutos, dois a zero e eu já tinha deixado de ser técnico de futebol. Pelo menos este recorde eu ia bater: o técnico que durou menos tempo.
Nisto olhei para dentro do campo e reparei que o Nardo, outro atacante adversário, tinha o número nove nas costas. Já ia dar uma bronca no Aloísio, quando vi que, de fato o Mazzola também tinha o número nove. O roupeiro do Palmeiras se enganou, não foi truque, porque o juíz não deixaria passar. Só que o miserável não tinha visto.
Mas de qualquer forma , deixar aquela avenida ali na área era de primeiro ano primário, e o Matias e o Domicio pegaram o nove errado.
Não adiantava falar de novo. Chamei o Nilson, irmão de Nilton Santos e disse:
Vai para o lugar do teu irmão e diz a ele para ficar no lugar do Matias, marcando o Mazzola. O Matias sai.
Aí o Nilton foi para junto do Mazzola e acabou a avenida, o jogo acabou ficando igual e conseguimos empatar com um de Garrincha e outro de Pampolini do meio da rua.
Histórias do Futebol – João Saldanha

Domingo é dia de Corinthians x Santos

Confronto dos Alvi-negros é, no futebol paulista, o confronto entre Sport Club Corinthians Paulista e Santos Futebol Clube. Esse apelido esta relacionado com as cores das equipes, ambas de preto e branco, uma sendo conhecida como o Alvinegro do Parque São Jorge (Corinthians) e o o outro o Alvinegro da Vila (Santos). O fato mais marcante da história desta rivalidade são os “grandes tabus”, longos períodos em que um clube ficou sem vencer o outro, e também as maiores goleadas de um para o outro. É o mais antigo clássico entre os Quatro Grandes do Futebol Paulista, tendo sido disputado o seu primeiro jogo no dia 6 de março de 1913. No Parque Antarctica, o Santos bateu o rival por 6 a 3, pelo Paulistão.

Estatísticas
Partidas: 290 (Janeiro de 2009)
Vitórias do Santos: 92
Vitórias do Corinthians: 116
Empates: 82
Gols feitos pelo Santos:457
Gols feitos pelo Corinthians:531
Última partida considerada: Santos 2 – 1 Corinthians, 26 de março de 2008, Campeonato Paulista na Vila Belmiro
Primeiro confronto: Corinthians 3 – 6 Santos, 22 de junho de 1913, Campeonato Paulista, no Parque Antarctica
Maior vitória do Santos: Santos 7-1 Corinthians, 8 de maio de 1932, Campeonato Paulista, na Vila Belmiro
Maior vitória do Corinthians: Santos 0-11 Corinthians, 11 de julho de 1920, Campeonato Paulista, na Vila Belmiro.

Finais
Só se considera final o jogo em que ambas equipes disputam ainda o título se sagrando uma delas campeã com o resultado final.

Campeonato Paulista de Futebol

04/01/1931 Santos 2×5 Corinthians – Corinthians campeão de 1930
02/12/1984 Corinthians 0x1 Santos – Santos campeão de 1984
Campeonato Brasileiro de Futebol

08/12/2002 Santos 2×0 Corinthians
15/12/2002 Corinthians 2×3 Santos – Santos campeão de 2002

Maiores públicos
Corinthians 1 a 0 Santos, 120.000, 26 de novembro de 1978
Corinthians 4 a 0 Santos, 117.676, 29 de maio de 1977
Corinthians 5 a 1 Santos, 116.881, 20 de março de 1977
Corinthians 1 a 1 Santos, 111.103, 20 de agosto de 1978
Corinthians 0 a 1 Santos, 101.587, 2 de dezembro de 1984
Corinthians 5 a 2 Santos, 100.269, 10 de junho de 1979
Corinthians 3 a 2 Santos, 83.774, 21 de setembro de 1981
Corinthians 0 a 0 Santos, 80.731, 31 de julho de 1983
Corinthians 5 a 3 Santos, 78.580, 29 de abril de 1973

Curiosidades
O Clássico Santos x Corinthians é o mais antigo do Estado de São Paulo (disputado desde 1913), no entanto, só foi considerado a partir de meados da Década de 50, quando o Peixe firmou-se como clube grande.
O Confronto entre os gigantes alvinegros é o único envolvendo os quatro grandes que não tem apelido.
O Corinthians foi fundado em 1910 e o Santos foi fundado em 1912, sendo os dois mais antigos clubes entre os Quatro Grandes do Futebol Paulista.
A primeira final entre os dois gigantes ocorreu no Campeonato Paulista de Futebol de 1930. Na última rodada do 2º turno, o Timão e o Peixe lideravam o campeonato com 40 pontos, e iriam jogar na Vila Belmiro. Quem vencêsse seria o campeão. Caso empatassem e o São Paulo ganhasse seu último jogo, os três empatariam em 41 pontos e haveria um triangular de desmpate! Porém o Timão massacrou o Peixe por 5 a 2 e levantou a taça em pleno Urbano Caldeira. De quebra, com a derrota, Palestra Itália e São Paulo empataram com o Santos em pontos, mas o ultrapassaram nos critérios de desempate.
O primeiro título do Santos veio com uma vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, que já não lutava pela taça, em pleno Parque São Jorge no dia 17 de novembro de 1935, conquistando o Paulistão de 1935.

Quase uma tragédia
Uma quase tragédia marcou o clássico disputado em 20 de setembro de 1964. Mal começa o jogo, e no estádio super lotado da Vila Belmiro parte de suas arquibancadas cai, ferindo mais de 100 pessoas. O jogo foi interrompido ali.
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A Vila abarrotada no dia 20 de setembro de 1964. Quase 33 mil pagantes passaram pelas catracas do velho estádio do Peixe
A foto acima mostra como estava a Vila Belmiro no dia 20 de setembro de 1964. Pelas catracas passaram 32.986 pagantes, maior público registrado até hoje no estádio. Tanta gente que aos 6 minutos do primeiro tempo do clássico entre Santos e Corinthians, parte da estrutura das arquibancadas não resistiu e desabou, provocando ferimentos em 181 pessoas. Felizmente, ninguém morreu.
O jogo foi imediatamente interrompido e remarcado para o dia 30 de setembro no Pacaembu, uma quarta-feira à noite. Diante de 28 mil pessoas, os alvinegros empataram em 1 a 1 com gols de Flávio para o Timão e Pelé para o Peixe. O Rei, por sinal, ainda perdeu um pênalti, defendido por Heitor.
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Momento de tensão. Torcedores correm para dentro do gramado após parte da arquibancada da Vila desabar

Após um amistoso entre o Corinthians 0 x 5 Seleção Brasileira, que ocorreu antes da Copa do Mundo na Suécia em 1958, uma jogada dura de Ari Clemente do Corinthians em cima de Pelé, que teria o tirado inclusive dos primeiros jogos da copa, o Rei teria prometido que o Corinthians jamais seria campeão enquanto ele jogasse. E a profecia se cumpriu: Pelé encerrou a carreira pelo Cosmos, no dia 1º de setembro de 1977, e o Corinthians conquistaria o Campeonato Paulista 12 dias depois.
Houve três decisões diretas de títulos (Campeonato Paulista de Futebol de 1984, Torneio de Verão de 1996 e Campeonato Brasileiro de Futebol de 2002) entre Corinthians e Santos. O Santos se sagrou campeão nas três vezes.
Em contra-partida, o Corinthians eliminou o Santos quatro vezes em semifinais: no Campeonato Brasileiro de Futebol de 1998 e nos Paulistões de 1987, 1988 e 2001.

Os Tabus
No confonto entre Corinthians e Santos um fato marcante foi o períodos de “tabus”, variação de tempo em que um time ficou sem ganhar do outro.

O tabu de invencibilidade do Santos em relação ao Corinthians começou no dia 29 de dezembro de 1956, pelo Campeonato Paulista, com o placar Corinthians 1 x 2 Santos no Pacaembu, onde o Peixe ainda não tinha Pelé no elenco. O primeiro jogo de Pelé contra o Timão foi no ano seguinte, no dia 11 de abril de 1957 (Corinthians 3 x 5 Santos).

Dizem que o tabu durou 11 anos, porém são somente considerados confrontos pelo Campeonato Paulista, porém o Corinthians venceu o Santos por 4 vezes durante o período: Em 27/03/1958 Corinthians 2×1 Santos, em 21/03/1960, Corinthians 2×1 Santos , em 29/03/1961, Corinthians 2×0 Santos e em 16/06/1962 Corinthians 3×1 Santos pela Torneio Rio – São Paulo.

O Paulistão era o disparado o torneio mais importante da época, daí a importância do tabu. Durante esse período, além de ter um time bem mais forte, muitas vezes o Peixe contou com uma inacreditável sorte: Mais de uma vez , o Coringão ganhava quando, no finalzinho do jogo, Pelé empatou. E houve até vez em que se o desperdiçou o pênalti no fim do jogo que enfim daria a vitória ao Timão.

O Tabu cairia em 6 de março de 1968, Corinthians 2 x 0 Santos, no Pacaembú. O classíco se destacava antes mesmo do inicia com a escolha de um arbitro argentino, Roberto Goycochea, para apitar a partida. Com equipes com poucos craques, se destacavam Rivelino pelo Timão e Pelé pelo Peixe. Após o apito final, a Fiel gritava “Com Pelé, com Edu, nós quebramos o tabu!” (Pelé e Edu eram os atacantes do Santos na época.

Ao fim do clássico Corinthians 2×0 no Pacaembu, que deu fim ao tabu, Paulo Borges foi alçado a ídolo alvinegro, sendo lembrado até hoje só por esse gol. O maior período de invencibilidade do Corinthians em relação ao Santos durou sete anos (13 de junho de 1976 a 31 de junho de 1983). O último grande tabu do confronto foi favorável ao Santos (de 30 de Janeiro de 2002 até 13 de Fevereiro de 2005). Foram 10 partidas, com 8 vitórias santistas e 2 empates, por 3 anos.

Fontes
Histórico de partidas
Página do Corinthians na FIFA
Página do Santos na FIFA
Almanaque do Corinthians – Celso Dário Unzete (2ª Edição)

Biografia recupera a trajetória do craque Quarentinha

Muitas vezes Garrincha contou esta história, divertindo-se com as agruras pelas quais passou Quarentinha numa partida do Botafogo com o Vélez Sarsfield, da Argentina, na década de 1960. Logo nos primeiros minutos, o goleiro adversário riu na cara do atacante brasileiro, que chegou para o companheiro de time e disse: “Mané, esse goleiro está me sacaneando. Me rola uma daquelas, que vou enfiar esse cara para dentro do gol com bola e tudo”. Feito: o ponta foi à linha de fundo e cruzou na medida, mas Quarentinha chutou o chão, e a bola foi pererecando para as mãos do argentino, que fez um gesto de negativo, com a cabeça.

No intervalo, ele só faltou implorar: “Pelo amor de Deus, Garrincha, me deixa frente a frente com aquele goleiro”. O objetivo de Quarentinha, que tinha uma bomba no pé esquerdo, era acertar o peito. Se a bola entrasse depois, melhor.

No segundo tempo, sempre bem municiado, tentou mais umas três vezes, mas o chute não saía como queria. Numa delas, ao furar de forma bisonha, o argentino riu alto. A cabeça de Quarentinha – bastante grande, por sinal, o que lhe valeu os apelidos de Cabeção e Cabeçudo, dados por (quem mais?) Garrincha – só faltou explodir de raiva.

A um minuto do fim, houve uma falta na meia-lua. Quarentinha se apressou a pôr a bola na marca, com carinho. “Desta vez arranco a cabeça daquela cara”, falou, entre dentes. Tomou enorme distância, apertou o laço da chuteira, suspendeu as meias, deu mais uma olhada terrível por cima da barreira, formada por sete argentinos, para saber onde estava o goleiro. O juiz apitou. Ele bateu com a ponta da chuteira no gramado e partiu em direção à bola como um búfalo, ganhando velocidade. Mas, quando estava a três metros dela, Garrincha chutou. E fez o gol.

Todos correram para abraçar o autor do gol, que só pensava em fugir da fúria de Quarentinha. “Depois, no vestiário, com a vitória assegurada, consegui amansar a fera, dizendo que pelo menos ele não arrancara a cabeça do goleiro”, lembrava Garrincha, às gargalhadas.

Times dos deuses

Isso não é futebol. É outra coisa. Envolve o Botafogo, entre 1957 e 1962, um time escalado pelos deuses cansados da mediocridade terrena. Quarentinha, ou Waldir Lebrego – que tem sua trajetória narrada na biografia O artilheiro que não sorria(LivrosdeFutebol.com, 332 páginas, R$ 40), de Rafael Casé, lançada em dezembro de 2008– era um desses divinos. E não um perna-de-pau, como a história contada acima pode sugerir aos mais novos, obrigados a conviver com a Seleção do Dunga e o jogo sem graça visto hoje em nossos gramados (como pode o Campeonato Brasileiro, tido e havido como “o mais difícil e disputado do mundo”, estar prestes a ter o mesmo campeão – uma equipe sem craques, ainda por cima – três vezes seguidas?)

O jornalista Rafael Casé abre seu livro com estas palavras mais que apropriadas: “Entre a batida seca na bola e o estufar das redes, poucos segundos. Tempo suficiente, apenas, para o torcedor se preparar para festejar mais um gol de Quarentinha. Afinal, quando o pé esquerdo do maior artilheiro da história do Botafogo pegava de jeito na bola, o desfecho do lance era inevitável: trabalho, na certa, para o garoto do placar”. Foram 313 gols (cinco a mais que contabilizado anteriormente, de acordo com as descobertas do autor) em menos de 450 partidas com a camisa alvinegra. Na Seleção Brasileira, a impressionante média de quase um gol por jogo.

Durante um ano e meio, Casé fez o trabalho de reconstituição dos 62 anos da vida pessoal e profissional do jogador (que nasceu em Belém em 15 de setembro de 1933 e morreu no Rio de Janeiro em 11 de fevereiro de 1996). Além de entrevistar parentes, amigos e companheiros de gramado, pesquisou documentos nos lugares onde Quarentinha – que ganhou este apelido por ser filho de Quarenta, ídolo do Paysandu – viveu e trabalhou: Pará, Bahia, Rio, Colômbia e Santa Catarina. Entre o começo, no Paysandu, em 1951, e o término da carreira, no Náutico de Santa Catarina, defendeu as camisas de 11 clubes, entre os quais o Deportivo Cali. Mas o principal deles, sem dúvida, foi o Botafogo. Foram duas passagens por General Severiano: em 1954-55 e 1957-64, sendo campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964 e do Campeonato Carioca em 1957 e 1962 (em 1961, fez parte do elenco, mas não jogou devido a problemas no joelho direito).

Tudo está, tintim por tintim, registrado na biografia, cujo maior mérito, no entanto, é uma revelação de caráter mais humano que esportivo. Entre os torcedores que viram o craque atuar, não há quem não se lembre de uma característica: a fria reação após os gols que marcava, por mais decisivos que fossem. A desculpa era a de que não fazia mais que a obrigação, pois ganhava para isso – aliás, uma ótima desculpa, além de um ensinamento para muitos jogadores atuais. Mas, na verdade, a atitude era fruto tão somente de… timidez.

João Saldanha que o diga. Ele gostava tanto de Quarentinha que o tratava como a um filho. Em seus primeiros tempos em General Severiano, o jogador custou a se adaptar, devido ao temperamento arredio e por enfrentar o preconceito dos cartolas. Escolhido capitão do time por Saldanha – após ter sido repatriado do Bonsucesso – mais de uma vez um e outro ouviram a frase sussurrada com maldade: “Onde já se viu um negro como capitão do Botafogo?”.

A decisão do Campeonato Carioca de 1957 selou para sempre a amizade entre o técnico e o atacante. João havia implantado no Botafogo o lema segundo o qual “quem não é o maior tem de ser o melhor”.

Na hora da verdade, entretanto, não foi bem assim. Aos trancos e barrancos, sem conseguir vencer um clássico sequer durante a competição, o time chegou à final com o Fluminense, considerado favorito ao título.

Os alvinegros, como sempre, apegavam-se à superstição. Carlito Rocha, o presidente do clube na última conquista, em 1948 – um tempo que já ia longe – reapareceu, munido de santos e rosários, para declarar que havia visto “o dedo de Deus apontar para o Botafogo como o herói da temporada”.

Mas foi Saldanha quem tratou de mexer seus pauzinhos aqui na terra, dando uma força para o Homem. Instruiu Quarentinha para colar em Telê, o cérebro tricolor. E exigiu que ninguém atrapalhasse Garrincha. Queria, no lado direito do ataque, um corredor livre, e todo mundo atento, principalmente o centroavante Paulinho Valentim, para aproveitar os cruzamentos de Mané.

Deu mais que certo. Mané deixou o dele. E Paulinho simplesmente comeu a bola, marcando cinco gols, o último dos quais fuzilando Castilho. Segundo o repórter Oldemário Touguinhó, que estava atrás do gol, o atacante teria perguntado ao goleiro antes de bater: “Quer que eu chute aonde, filho da …..?”. No fim, um placar de rima: 6 a 2 no pó-de-arroz.

Aquilo não era futebol. Era outra coisa.
Fonte:Alvaro Costa e Silva, JB Online

Dois eventos importantes em 18 de setembro de 1955

1955

18 de Setembro:
É realizada a primeira transmissão externa direta pela (Record – SP), com a transmissão do jogo entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro.

18 de Setembro:
Manoel dos Santos ficou mundialmente conhecido como “Mané Garrincha”. Considerado o 2º maior jogador brasileiro de todos os tempos, ele estreou na seleção brasileira no dia 18 de setembro de 1955, em uma partida contra o Chile.
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18/9/1955
Brasil 1×1 Chile
Tipo: Oficial de competição
Competição: Taça Bernardo O’Higgins
Local: Estádio do Maracanã
Cidade: Rio de Janeiro
Árbitro: C. Williams (Inglaterra)
Técnico: Zezé Moreira
Brasil: Castilho, Paulinho, Pinheiro e Nílton Santos; Ivan e Dequinha; Garrincha, Walter, Evaristo, Didi e Escurinho.
Gol: Pinheiro.

O Grande Gilmar

Depois veio para o Corinthians e se consagrou. Mas, Gilmar, teve dias difíceis nessa dificil profissão de goleiro.
O goleiro naqueles anos, era um perseguido . No lugar que ele pisava nem grama nascia, naqueles anos de um futebol ainda primitivo, em qua havia terra proximo a trave e quando chovia ficava com muito barro.
Quando o time perdia o, culpado quando não era só o Juiz, era o goleiro, que era chamado de “frangueiro” ou “gaveteiro”.
Gaveteiro, era o termo usado para quem levava dinheiro para deixar passar bola dos times adversários, facilitando a vitória do adversario. Era só o time perder feio para que as más línguas falar que o goleiro tinha entregado o jogo ao adversário.
Gilmar veio de graça para o Corinthians numa transação entre os clubes, Corinthians e Jabaquara de Santos.

Foto inicio de carreira, Diario Popular 1951
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O Jabaquara tinha sido rebaixado para a segunda divisão e o jovem Gilmar, tinha sido o goleiro mais vazado do campeonato paulista de 1950, com 53 gols sofridos.
Na contratação de Ciciá, um negro magro e centro médio do Jabaquara para o time de Parque São Jorge os dirigentes do clube de Santos disseram aos diretores do Corinthians:
-Olha temos esse goleiro que não nos interessa mais. Pode levar ele de contra peso.
E ele foi pois o Corinthians tinha Luiz Moraes (Cabeção) como titular e sempre é bom ter um goleiro a mais. Foi assim que ele desembarcou em São Paulo, a caminho “da fazendinha” , Rua São Jorge, zona leste da cidade de São Paulo.
E lá estava Gilmar, que logo foi batizado pelos jogadores corintianos de “girafa” por ser alto.
Um dia Cabeção o goleiro titular se machucou, e Gilmar que vinha fazendo bons treinos foi para o gol. Aquele desconhecido goleiro, que o povo só sabia de sua existência por ter sido o goleiro mais vazado do campeonato paulista do ano anterior, com 53 gols sofridos, estava como titular no campeonato paulista, no lugar de Cabeção.
Um dia a tragédia aconteceu na carreira de Gilmar dos Santos Neves.
Era um jogo com a Portuguesa de Desportos, naquele novembro de 1951, um dia que o ponteiro direito Julinho estava com o diabo no corpo, marcando quatro gols, naqueles inesquecíveis 7 a 3 para a Portuguesa.
Gilmar foi considerado culpado pela fragorosa derrota. Porem teve algo que podia ser levado como desculpa. Num lance ele teve uma fratura no pulso e assim mesmo foi até o final do jogo. Naquele tempo não se podia fazer alteração.
Gilmar foi vitima daquela conversa fiada e, foi acusado formalmente até mesmo por diretores de “entregar o jogo”.
Foi afastado, e execrado publicamente. Acusado de gaveteiro. Ficou um ano na reserva. Nunca reclamou de nada.
Ficou muito tempo na reserva treinando normalmente no parque São Jorge. Quando o goleiro titular Cabeção se machucou, Gilmar voltou, mas ainda com desconfiança dos diretores, e da torcida, e também comentários da imprensa de um novo fracasso.
Gilmar sempre um homem tranquilo, foi para o gol e se firmou novamente como titular e nunca mais saiu do time. Gilmar foi o responsável por varias vitórias e títulos do Corinthians.
Em 1953 foi convocado para defender a seleção brasileira no Sul Americano de Lima, (Peru). Entrando no segundo tempo no lugar de Castilho. Defendeu um pênalti. Também na seleção Paulista foi o goleiro titular.

Na decisão do titulo do campeonato brasileiro de seleções no Pacaembu, Gilmar fez miséria de baixo das traves. Os paulistas ganharam e foram campeões. Ao final do jogo Otavio Muniz, repórter da radio pan-americana (a emissora do esporte) foi entrevistar Newton Santos (Nilton Santos), zagueiro esquerdo dos cariocas. Respondendo a pergunta do repórter disse:
-Com esse monstro debaixo da trave não tem Cristo que ganhe.

Em 1954, Gilmar foi o responsável pelo titulo maior do Corinthians. O de campeão paulista do IV Centenário. Antes do jogo contra o Palmeiras no empate de 1 x 1 que lhe deu o titulo, o Corinthians jogou contra a Ponte Preta em Campinas. Gilmar fez miséria debaixo da trave, pegou tudo o que veio pela frente. Foi um ponto importante de vantagem sobre o Palmeiras, o que deu tranquilidade para ser campeão pelo empate já na penultima rodada do campeonato.

Canhoteiro marca o segundo gol do São Paulo na final de 1957
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A única vez que vi Gilmar perder a esportiva foi em 1957, na final contra o São Paulo, onde o Corinthians perdeu por 3 x 1. Provocado por Maurinho, ponta direita do tricolor dizendo durante o transcorrer da partida que ia botar uma bola dentro de sua rede. Quando isso aconteceu inclusive num lance muito contestado por impedimento, ao final do jogo de cabeça quente, Gilmar correu atras do ponteiro, que fugiu para o tunel.

Maurinho vai marcar o terceiro gol do São Paulo naquela final de 1957.
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Dizem que o ponteiro do São Paulo colocou a bola por entre o meio das pernas de Gilmar. Eu acho que foi ao lado da perna esquerda do goleiro, esse foi o lance que deixou o grande goleiro Gilmar irritado. Ao marcar o gol, Maurinho teria, segundo linguas, passado a mão no rosto de Gilmar dizendo: – Não falei que botava uma ai dentro?

Gilmar fez seu batismo na seleção brasileira em 1953, no sul americano de Lima (Peru), Gilmar era apenas o goleiro reserva, mas teve que substituir o titular Castilho. Defendeu um pênalti. Em Wembley 1956, num jogo amistoso contra a Inglaterra, o Brasil perdeu da Inglaterra por 4 x 2, mas Gilmar, fez defesas impressionantes e o placar poderia ser muito maior. Só não foi porque Gilmar defendeu dois pênaltis. Ali já estava escrito que o Brasil teria um goleiro fenomenal em futuras disputas.

Foi bi campeão do mundo pela seleção brasileira e varias vezes, campeão, pelo Corinthians e Santos.
Alem de um grande jogador, foi um cavalheiro, Tinha uma coisa que poucos mostraram, Ética.
Na copa de 1966 da Inglaterra, ficou na reserva de manga do Botafogo.

Devido ao fracasso do goleiro Manga, ele jogou contra a Hungria. Era constantemente provocado por parte de alguns da imprensa para criticar o goleiro Manga pelo fracasso do jogo contra Portugal. Mais uma vez foi ético defendendo seu colega de profissão.

Depois de muitos anos de Corinthians, Gilmar teve seu passe vendido ao Santos F.C, em Dezembro de 1961.
Clubes que jogou: Jabaquara, Corinthians e Santos; Títulos: Campeão paulista em 1951, 1952 e 1954 e do Rio-São Paulo em 1953 e 1954, pelo Corinthians.
Pelo Santos, foi campeão paulista em 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968, Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1966, Taça Brasil em 1962, 1963, 1964 e 1965, Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1968 e Libertadores e Mundial interclubes em 1962 e 1963,pelo Santos e Copa do Mundo em 1958 e 1962, pela seleção brasileira.

Em 1969, o técnico do selecionado brasileiro João Saldanha, convocou o goleiro Gilmar dos Santos Neves, só estava sendo convocado por um motivo: – Completar 100 jogos com a camisa de goleiro da seleção, camisa essa, que ele já vestiu por 99 vezes, segundo os arquivos da C.B.D. (confederação brasileira de futebol). Ia jogar pelo menos 10 minutos e depois cederia seu posto a, Felix, que estava cotado para ser o titular do gol brasileiro para a copa do mundo de 1970.
Gilmar já estava pensando em sua aposentadoria no futebol, pois já estava com 38 anos e, ia completar 39 em agosto. O jogo que ele vestiria a camisa da seleção pela ultima vês, seria em 12 de Junho daquele ano de 1969, contra a Inglaterra. Nesse ano havia um a novidade em termos de seleção brasileira. O radialista e comentarista esportivo da Radio e TV Globo foi indicado como técnico. Alguma coisa diferente já estava acontecendo. Os jogadores tinham sido convocados, e o time titular era anunciado com antecedência.

Gilmar treina duro para jogar pela ultima vez pela seleção 12 junho 1969. (foto jornal da tarde)
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Fonte: Mario Lopomo que comenta:
Apesar de eu ser palmeirense, Gilmar foi meu grande ídolo.

Jamais vi um goleiro fazer defesas tão sensacionais como ele.

Era um goleiro de grande elasticidade.

Qualquer um de agora não chegou aos pés dele.

Walter Silva, o Pica Pau

A entrevista de Walter Silva foi feita em janeiro de 2005. O grande jornalista morreu na sexta-feira, dia 27 de fevereiro de 2009, aos 75 anos. Nossa homenagem a este grande corintiano e excelente profissional.
Walter Silva (São Paulo, 7 de março de 1933 – 27 de fevereiro de 2009) foi um jornalista e produtor musical brasileiro.

Também conhecido como “Pica-Pau”, iniciou a carreira profissional em 1952, em São Paulo, como locutor comercial da Rádio Piratininga. Desde então exerceu intensa atividade como jornalista das seguintes rádios:

Rádio 9 de Julho (1973), emissora oficial do IV Centenário de São Paulo, como locutor e apresentador
Rádio Cultura (1954), como locutor e apresentador
Rádio Mayrink Veiga e Rádio Mundial (1955), no Rio de Janeiro
Rádio Nacional do Rio de Janeiro (1956), como apresentador dos espetáculos musicais do Departamento de Intercâmbio
Em 1960, conquistou o prêmio de melhor repórter esportivo da televisão (TV Tupi). Foi o primeiro a narrar um jogo de futebol americano na América latina.
Qual o seu time?
Corinthians.

Qual o jogo marcante?
Corinthians 4×3 Palmeiras, no Morumbi, em 71. A vitória de virada foi inesquecível.

Qual a sua seleção de todos os tempos?
A de 1970 reforçada por dois jogadores: Robinho e Sócrates.

Qual a camisa mais bonita?
Eu gosto muitos das camisas brancas, principalmente a do Corinthians, a do Santos e a do Real Madrid.

Qual o melhor e o pior esporte?
Futebol, o melhor, e automobilismo, o pior.

Em que rádio você ouve futebol?
Eu não ouço futebol em nenhuma rádio. Eu ouviria se o Pedro Luiz e o Mário Moraes estivessem vivos. Sofro pela TV.

A revista que você lê.
Revista é como pão amanhecido. Prefiro ler jornais.

Qual o melhor e o pior presidente da história do Brasil?
JK foi o melhor. E o pior foi o Getúlio Vargas, o presidente que exerceu a ditadura mais nojenta da América.

A personalidade marcante em sua vida.
Paulo Francis.

Narrador esportivo de TV e de rádio.
De TV, Milton Leite. Uma das falhas da televisão brasileira foi ter empregado o Galvão Bueno. De rádio, eu escutava o Pedro Luiz.

Comentarista esportivo de TV e de rádio.
De TV, Maurício Noriega. De rádio, Mário Moraes.

Repórter esportivo de TV e de rádio.
Acho que na TV só tem aprendiz. De rádio, eu fico com Wanderley Nogueira, um homem ético, trabalhador e bom caráter.

Apresentador esportivo de TV e de rádio.
Eu não voto no Milton Neves porque ele é criador de polêmicas e eu sou contra este artifício. Não voto em ninguém.

Apresentador de auditório de TV.
César de Alencar.

Jornalista de TV.
José Nêumanne Pinto, Roberto Dávila e Renata Fan, que é culta e tem ética.

Programa esportivo de TV.
“Terceiro Tempo”, da Record.

Quem melhor escreve sobre esporte no Brasil?
José Roberto Torero e Tostão.

O melhor e o pior cartola.
Acho que ninguém se salva. Eu gostava apenas do Márcio Braga, mas só quando ele começou no Flamengo.

O melhor e o pior técnico.
O melhor foi o Luxemburgo, campeão por onde passou. O pior? Não me lembro.

Wikipedia e Milton Neves

Texto sobre o ” Constellation ” Pompéia, grande goleiro do América RJ

Quem conhece o Rio de Janeiro e o conglomerado de bairros que dividem a zona sul do início da zona norte da Cidade Maravilhosa, ou seja, Rio Comprido, Andaraí, Tijuca, Vila Isabel, Maracanã, Usina, Grajaú, Méier e segue em frente até Santa Cruz, a poucos minutos de Itaguaí sabe, também, a importância da poética Rua Campos Sales no contagiante Andaraí dos anos 50, 60 e 70. Mas há quem diga que – por questão de conforto e status – o então estádio do América ficava na Tijuca.
Pois, ali na Rua Campos Sales, por muito tempo predominou a elite social da zona norte, na sede social do América Futebol Clube. Era o marco que dividia a transformação dos bairros encravados na subida da Usina, mais precisamente na praça Saens Peña.

Historiadores esportivos asseguram que, na década de 40, muitos pensavam em construir um grande estádio de futebol, na Rua Álvaro Chaves, nas Laranjeiras (sede do Fluminense), mas a idéia foi abortada com a construção do Palácio Laranjeiras, muito próximo ao Palácio do Catete. Surgiu a idéia de construir esse grande estádio no local onde um dia foi o estádio Wolney Braune, campo do América Futebol Clube.
A sede da Tijuca possui parque aquático com três piscinas, sendo uma olímpica, outra semi-olímpica e uma infantil, além lanchonetes, quadras de areia e grama sintética, saunas, entre outros espaços dedicados ao esporte e ao lazer.

Finalmente, no fim da década de 40, a poucos metros da sede do América, na Rua Campos Sales, foi construído o Maracanã, sede principal da Copa do Mundo de 1950 e até hoje um dos principais estádios de futebol do Brasil e do mundo.

Chegou a década de 50 e, com ela, a Copa do Mundo. Com apenas 7 anos de idade, o autor destas linhas não viu o “maracanazzo”. Mas tem muitas informações, por ter trabalhado jornalisticamente na área do esporte por 23 anos no Rio de Janeiro. E o que se fala mais – quando se fala de futebol da Copa de 50 – é que Barbosa falhou. Isso para não dar tanto crédito ao belo gol de Gighia, ou à tremedeira que tomou conta de Danilo, Ademir Menezes, Zizinho, Chico, Bauer, Augusto e tantos outros daquele selecionado brasileiro.

Culpando Barbosa, os gestores do futebol brasileiro começaram a investir em novos goleiros. Castilho, Cabeção, Oberdã, Veludo começaram a aparecer, enquanto os clubes investiam até em outros países. O Flamengo trouxe Garcia, Chamorro.

E o ponto alto da posição começou a aparecer nos clubes que não “procuravam tanto” nem tinham aspirações com convocação para a seleção brasileira. O América, por exemplo, tinha Ari e Osni como goleiros titulares e resolveu investir num destaque do Bonsucesso que começou a chamar a atenção pela beleza plástica das suas acrobáticas defesas: Pompéia.

Nascido José Valentim da Silva, em Itajubá/MG no dia 27 de setembro de 1934, Pompéia, segundo contam alguns, não dava muita atenção às aulas na escola que freqüentava em Itajubá. Passava quase todo o tempo das aulas, rabiscando, desenhando. Seus desenhos preferidos eram Olívia Palito e Popeye, o marinheiro, personagens que, por anos a fio fizeram a alegria de muitas crianças.

De tanto desenhar o marinheiro, Zé Valentim ganhou o apelido de Pompéia, porque seus amigos de escola não sabiam pronunciar o nome do marinheiro comedor de espinafre. Ainda adolescente, começou a fazer gols atuando de centroavante no Itajubá, clube da segunda divisão do futebol mineiro extensão de lazer para funcionários da Fábrica de Itajubá.

O artilheiro Pompéia mudou de vida e foi colaborar com as vitórias do São Paulo, clube da mesma cidade mineira e também da segunda divisão. Mas, foi numa partida que o São Paulo foi fazer na cidade de Três Pontas, que o goleiro titular adoeceu. Tal como se pensa hoje no futebol profissional, o treinador entendeu que seria melhor não tomar gols, que fazê-los. Resolveu arriscar, escalando Pompéia como goleiro.

A ótima atuação do ex-centroavante como goleiro, não só assegurou a demissão do ex-titular que havia adoecido, como deu ao São Paulo e ao Brasil um dos melhores goleiros de todos os tempos. O time mineiro começou a enfrentar dificuldades para manter Pompéia no elenco, tamanha era a procura de grandes clubes interessados na sua contratação.

Fã incondicional do futebol carioca, Pompéia foi contratado pelo Bonsucesso no dia 1º de abril de 1953, depois de ter sido visto atuando como goleiro por um juiz que acompanhava o clube da zona leopoldinense do Rio de Janeiro numa excursão pelo interior mineiro.

Assinou o primeiro contrato de profissional com o Bonsucesso, ganhando 3.000 cruzeiros, moeda da época. Empolgou e chamou a atenção e, finalmente, em 1954 teve seu passe adquirido pelo clube da Rua Campos Sales, do poético bairro do Andaraí, hoje com suas entranhas cortadas pelas linhas do metrô carioca. Passou a ganhar no “Mequinha” exatos 8.000 cruzeiros.

Seis anos como titular absoluto, em poucas oportunidades Pompéia cedeu a vaga para Ari. Foi campeão carioca pelo América, em 1960, no então recentemente criado estado da Guanabara, com a seguinte formação: Pompéia (Ari); Jorge, Djalma Dais, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho, Quarentinha e Nilo.

Ainda defendendo as cores do time rubro, Pompéia chegou à seleção brasileira, quando a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) montou um combinado para defender a camisa canarinho em competições sul-americanas. Ali a seleção formou com: Pompéia; Djalma Santos e Edson; Formiga, Zózimo e Hélio; Canário, Romeiro, Leônidas, Zizinho e Ferreira.

Pompéia ainda defendeu as cores do São Cristóvão do Rio de Janeiro; do Galícia de Salvador/BA; do Clube do Porto, de Portugal e do Deportivo Português, da Venezuela, onde encerrou carreira, sendo campeão venezuelano em 1967. Pompéia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de maio de 1996.

Texto de José Maria Gonçalves e foto de Milton Neves
A seguir foto do goleiro em um de seus vôos espetaculares que lhe valeram um comercial da rádio Globo do Rio de Janeiro, comandada por Waldir Amaral.
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