Quem conhece o Rio de Janeiro e o conglomerado de bairros que dividem a zona sul do início da zona norte da Cidade Maravilhosa, ou seja, Rio Comprido, Andaraí, Tijuca, Vila Isabel, Maracanã, Usina, Grajaú, Méier e segue em frente até Santa Cruz, a poucos minutos de Itaguaí sabe, também, a importância da poética Rua Campos Sales no contagiante Andaraí dos anos 50, 60 e 70. Mas há quem diga que – por questão de conforto e status – o então estádio do América ficava na Tijuca.
Pois, ali na Rua Campos Sales, por muito tempo predominou a elite social da zona norte, na sede social do América Futebol Clube. Era o marco que dividia a transformação dos bairros encravados na subida da Usina, mais precisamente na praça Saens Peña.
Historiadores esportivos asseguram que, na década de 40, muitos pensavam em construir um grande estádio de futebol, na Rua Álvaro Chaves, nas Laranjeiras (sede do Fluminense), mas a idéia foi abortada com a construção do Palácio Laranjeiras, muito próximo ao Palácio do Catete. Surgiu a idéia de construir esse grande estádio no local onde um dia foi o estádio Wolney Braune, campo do América Futebol Clube.
A sede da Tijuca possui parque aquático com três piscinas, sendo uma olímpica, outra semi-olímpica e uma infantil, além lanchonetes, quadras de areia e grama sintética, saunas, entre outros espaços dedicados ao esporte e ao lazer.
Finalmente, no fim da década de 40, a poucos metros da sede do América, na Rua Campos Sales, foi construído o Maracanã, sede principal da Copa do Mundo de 1950 e até hoje um dos principais estádios de futebol do Brasil e do mundo.
Chegou a década de 50 e, com ela, a Copa do Mundo. Com apenas 7 anos de idade, o autor destas linhas não viu o “maracanazzo”. Mas tem muitas informações, por ter trabalhado jornalisticamente na área do esporte por 23 anos no Rio de Janeiro. E o que se fala mais – quando se fala de futebol da Copa de 50 – é que Barbosa falhou. Isso para não dar tanto crédito ao belo gol de Gighia, ou à tremedeira que tomou conta de Danilo, Ademir Menezes, Zizinho, Chico, Bauer, Augusto e tantos outros daquele selecionado brasileiro.
Culpando Barbosa, os gestores do futebol brasileiro começaram a investir em novos goleiros. Castilho, Cabeção, Oberdã, Veludo começaram a aparecer, enquanto os clubes investiam até em outros países. O Flamengo trouxe Garcia, Chamorro.
E o ponto alto da posição começou a aparecer nos clubes que não “procuravam tanto” nem tinham aspirações com convocação para a seleção brasileira. O América, por exemplo, tinha Ari e Osni como goleiros titulares e resolveu investir num destaque do Bonsucesso que começou a chamar a atenção pela beleza plástica das suas acrobáticas defesas: Pompéia.
Nascido José Valentim da Silva, em Itajubá/MG no dia 27 de setembro de 1934, Pompéia, segundo contam alguns, não dava muita atenção às aulas na escola que freqüentava em Itajubá. Passava quase todo o tempo das aulas, rabiscando, desenhando. Seus desenhos preferidos eram Olívia Palito e Popeye, o marinheiro, personagens que, por anos a fio fizeram a alegria de muitas crianças.
De tanto desenhar o marinheiro, Zé Valentim ganhou o apelido de Pompéia, porque seus amigos de escola não sabiam pronunciar o nome do marinheiro comedor de espinafre. Ainda adolescente, começou a fazer gols atuando de centroavante no Itajubá, clube da segunda divisão do futebol mineiro extensão de lazer para funcionários da Fábrica de Itajubá.
O artilheiro Pompéia mudou de vida e foi colaborar com as vitórias do São Paulo, clube da mesma cidade mineira e também da segunda divisão. Mas, foi numa partida que o São Paulo foi fazer na cidade de Três Pontas, que o goleiro titular adoeceu. Tal como se pensa hoje no futebol profissional, o treinador entendeu que seria melhor não tomar gols, que fazê-los. Resolveu arriscar, escalando Pompéia como goleiro.
A ótima atuação do ex-centroavante como goleiro, não só assegurou a demissão do ex-titular que havia adoecido, como deu ao São Paulo e ao Brasil um dos melhores goleiros de todos os tempos. O time mineiro começou a enfrentar dificuldades para manter Pompéia no elenco, tamanha era a procura de grandes clubes interessados na sua contratação.
Fã incondicional do futebol carioca, Pompéia foi contratado pelo Bonsucesso no dia 1º de abril de 1953, depois de ter sido visto atuando como goleiro por um juiz que acompanhava o clube da zona leopoldinense do Rio de Janeiro numa excursão pelo interior mineiro.
Assinou o primeiro contrato de profissional com o Bonsucesso, ganhando 3.000 cruzeiros, moeda da época. Empolgou e chamou a atenção e, finalmente, em 1954 teve seu passe adquirido pelo clube da Rua Campos Sales, do poético bairro do Andaraí, hoje com suas entranhas cortadas pelas linhas do metrô carioca. Passou a ganhar no “Mequinha” exatos 8.000 cruzeiros.
Seis anos como titular absoluto, em poucas oportunidades Pompéia cedeu a vaga para Ari. Foi campeão carioca pelo América, em 1960, no então recentemente criado estado da Guanabara, com a seguinte formação: Pompéia (Ari); Jorge, Djalma Dais, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho, Quarentinha e Nilo.
Ainda defendendo as cores do time rubro, Pompéia chegou à seleção brasileira, quando a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) montou um combinado para defender a camisa canarinho em competições sul-americanas. Ali a seleção formou com: Pompéia; Djalma Santos e Edson; Formiga, Zózimo e Hélio; Canário, Romeiro, Leônidas, Zizinho e Ferreira.
Pompéia ainda defendeu as cores do São Cristóvão do Rio de Janeiro; do Galícia de Salvador/BA; do Clube do Porto, de Portugal e do Deportivo Português, da Venezuela, onde encerrou carreira, sendo campeão venezuelano em 1967. Pompéia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de maio de 1996.
Texto de José Maria Gonçalves e foto de Milton Neves
A seguir foto do goleiro em um de seus vôos espetaculares que lhe valeram um comercial da rádio Globo do Rio de Janeiro, comandada por Waldir Amaral.
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Eu moro no Rio mas as poucas vezes que passei por lá foi de passagem.
É incrível como uma pessoa que escreve bem e com detalhes faça este tipo de confusão .
O autor do texto fez uma tremenda confusão. A Rua Campos Sales nunca ficou no Andaraí. Na Rua Campos Sales, 118, na Tijuca, além da sede, o América tinha o seu estádio. Em 1962, o estádio da Rua Campos Sales foi desativado.Em 02/10/1962, o América comprou o campo que pertenceu ao Andaraí Atlético Clube, localizado na Rua Barão de São Francisco, no bairro do Andaraí. O campo, com uma área de 24.552 m2, custou ao América a importância de Cr$ 60.062.000,00. Em 29/10/1962, foi dado o nome de Estádio Presidente Wolney Braune ao campo no Andaraí.
Como você já morou no Rio de Janeiro, acredito saber que da Rua Barão de São Francisco, no Andaraí até a Rua Campos Sales, na Tijuca é uma distância considerável.
Abraços
Walter Íris.