Depois veio para o Corinthians e se consagrou. Mas, Gilmar, teve dias difíceis nessa dificil profissão de goleiro.
O goleiro naqueles anos, era um perseguido . No lugar que ele pisava nem grama nascia, naqueles anos de um futebol ainda primitivo, em qua havia terra proximo a trave e quando chovia ficava com muito barro.
Quando o time perdia o, culpado quando não era só o Juiz, era o goleiro, que era chamado de “frangueiro” ou “gaveteiro”.
Gaveteiro, era o termo usado para quem levava dinheiro para deixar passar bola dos times adversários, facilitando a vitória do adversario. Era só o time perder feio para que as más línguas falar que o goleiro tinha entregado o jogo ao adversário.
Gilmar veio de graça para o Corinthians numa transação entre os clubes, Corinthians e Jabaquara de Santos.
Foto inicio de carreira, Diario Popular 1951
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O Jabaquara tinha sido rebaixado para a segunda divisão e o jovem Gilmar, tinha sido o goleiro mais vazado do campeonato paulista de 1950, com 53 gols sofridos.
Na contratação de Ciciá, um negro magro e centro médio do Jabaquara para o time de Parque São Jorge os dirigentes do clube de Santos disseram aos diretores do Corinthians:
-Olha temos esse goleiro que não nos interessa mais. Pode levar ele de contra peso.
E ele foi pois o Corinthians tinha Luiz Moraes (Cabeção) como titular e sempre é bom ter um goleiro a mais. Foi assim que ele desembarcou em São Paulo, a caminho “da fazendinha” , Rua São Jorge, zona leste da cidade de São Paulo.
E lá estava Gilmar, que logo foi batizado pelos jogadores corintianos de “girafa” por ser alto.
Um dia Cabeção o goleiro titular se machucou, e Gilmar que vinha fazendo bons treinos foi para o gol. Aquele desconhecido goleiro, que o povo só sabia de sua existência por ter sido o goleiro mais vazado do campeonato paulista do ano anterior, com 53 gols sofridos, estava como titular no campeonato paulista, no lugar de Cabeção.
Um dia a tragédia aconteceu na carreira de Gilmar dos Santos Neves.
Era um jogo com a Portuguesa de Desportos, naquele novembro de 1951, um dia que o ponteiro direito Julinho estava com o diabo no corpo, marcando quatro gols, naqueles inesquecíveis 7 a 3 para a Portuguesa.
Gilmar foi considerado culpado pela fragorosa derrota. Porem teve algo que podia ser levado como desculpa. Num lance ele teve uma fratura no pulso e assim mesmo foi até o final do jogo. Naquele tempo não se podia fazer alteração.
Gilmar foi vitima daquela conversa fiada e, foi acusado formalmente até mesmo por diretores de “entregar o jogo”.
Foi afastado, e execrado publicamente. Acusado de gaveteiro. Ficou um ano na reserva. Nunca reclamou de nada.
Ficou muito tempo na reserva treinando normalmente no parque São Jorge. Quando o goleiro titular Cabeção se machucou, Gilmar voltou, mas ainda com desconfiança dos diretores, e da torcida, e também comentários da imprensa de um novo fracasso.
Gilmar sempre um homem tranquilo, foi para o gol e se firmou novamente como titular e nunca mais saiu do time. Gilmar foi o responsável por varias vitórias e títulos do Corinthians.
Em 1953 foi convocado para defender a seleção brasileira no Sul Americano de Lima, (Peru). Entrando no segundo tempo no lugar de Castilho. Defendeu um pênalti. Também na seleção Paulista foi o goleiro titular.
Na decisão do titulo do campeonato brasileiro de seleções no Pacaembu, Gilmar fez miséria de baixo das traves. Os paulistas ganharam e foram campeões. Ao final do jogo Otavio Muniz, repórter da radio pan-americana (a emissora do esporte) foi entrevistar Newton Santos (Nilton Santos), zagueiro esquerdo dos cariocas. Respondendo a pergunta do repórter disse:
-Com esse monstro debaixo da trave não tem Cristo que ganhe.
Em 1954, Gilmar foi o responsável pelo titulo maior do Corinthians. O de campeão paulista do IV Centenário. Antes do jogo contra o Palmeiras no empate de 1 x 1 que lhe deu o titulo, o Corinthians jogou contra a Ponte Preta em Campinas. Gilmar fez miséria debaixo da trave, pegou tudo o que veio pela frente. Foi um ponto importante de vantagem sobre o Palmeiras, o que deu tranquilidade para ser campeão pelo empate já na penultima rodada do campeonato.
Canhoteiro marca o segundo gol do São Paulo na final de 1957
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A única vez que vi Gilmar perder a esportiva foi em 1957, na final contra o São Paulo, onde o Corinthians perdeu por 3 x 1. Provocado por Maurinho, ponta direita do tricolor dizendo durante o transcorrer da partida que ia botar uma bola dentro de sua rede. Quando isso aconteceu inclusive num lance muito contestado por impedimento, ao final do jogo de cabeça quente, Gilmar correu atras do ponteiro, que fugiu para o tunel.
Maurinho vai marcar o terceiro gol do São Paulo naquela final de 1957.
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Dizem que o ponteiro do São Paulo colocou a bola por entre o meio das pernas de Gilmar. Eu acho que foi ao lado da perna esquerda do goleiro, esse foi o lance que deixou o grande goleiro Gilmar irritado. Ao marcar o gol, Maurinho teria, segundo linguas, passado a mão no rosto de Gilmar dizendo: – Não falei que botava uma ai dentro?
Gilmar fez seu batismo na seleção brasileira em 1953, no sul americano de Lima (Peru), Gilmar era apenas o goleiro reserva, mas teve que substituir o titular Castilho. Defendeu um pênalti. Em Wembley 1956, num jogo amistoso contra a Inglaterra, o Brasil perdeu da Inglaterra por 4 x 2, mas Gilmar, fez defesas impressionantes e o placar poderia ser muito maior. Só não foi porque Gilmar defendeu dois pênaltis. Ali já estava escrito que o Brasil teria um goleiro fenomenal em futuras disputas.
Foi bi campeão do mundo pela seleção brasileira e varias vezes, campeão, pelo Corinthians e Santos.
Alem de um grande jogador, foi um cavalheiro, Tinha uma coisa que poucos mostraram, Ética.
Na copa de 1966 da Inglaterra, ficou na reserva de manga do Botafogo.
Devido ao fracasso do goleiro Manga, ele jogou contra a Hungria. Era constantemente provocado por parte de alguns da imprensa para criticar o goleiro Manga pelo fracasso do jogo contra Portugal. Mais uma vez foi ético defendendo seu colega de profissão.
Depois de muitos anos de Corinthians, Gilmar teve seu passe vendido ao Santos F.C, em Dezembro de 1961.
Clubes que jogou: Jabaquara, Corinthians e Santos; Títulos: Campeão paulista em 1951, 1952 e 1954 e do Rio-São Paulo em 1953 e 1954, pelo Corinthians.
Pelo Santos, foi campeão paulista em 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968, Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1966, Taça Brasil em 1962, 1963, 1964 e 1965, Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1968 e Libertadores e Mundial interclubes em 1962 e 1963,pelo Santos e Copa do Mundo em 1958 e 1962, pela seleção brasileira.
Em 1969, o técnico do selecionado brasileiro João Saldanha, convocou o goleiro Gilmar dos Santos Neves, só estava sendo convocado por um motivo: – Completar 100 jogos com a camisa de goleiro da seleção, camisa essa, que ele já vestiu por 99 vezes, segundo os arquivos da C.B.D. (confederação brasileira de futebol). Ia jogar pelo menos 10 minutos e depois cederia seu posto a, Felix, que estava cotado para ser o titular do gol brasileiro para a copa do mundo de 1970.
Gilmar já estava pensando em sua aposentadoria no futebol, pois já estava com 38 anos e, ia completar 39 em agosto. O jogo que ele vestiria a camisa da seleção pela ultima vês, seria em 12 de Junho daquele ano de 1969, contra a Inglaterra. Nesse ano havia um a novidade em termos de seleção brasileira. O radialista e comentarista esportivo da Radio e TV Globo foi indicado como técnico. Alguma coisa diferente já estava acontecendo. Os jogadores tinham sido convocados, e o time titular era anunciado com antecedência.
Gilmar treina duro para jogar pela ultima vez pela seleção 12 junho 1969. (foto jornal da tarde)
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Fonte: Mario Lopomo que comenta:
Apesar de eu ser palmeirense, Gilmar foi meu grande ídolo.
Jamais vi um goleiro fazer defesas tão sensacionais como ele.
Era um goleiro de grande elasticidade.
Qualquer um de agora não chegou aos pés dele.
Gilberto,
Gylmar (com y) foi sem dúvida o maior goleiro do futebol brasileiro de todos os tempos. Também tomou os seus franguinhos durante a sua trajetória esportiva (mesmo jogando no Santos quase 10 anos). Assisti pela TV esse último jogo que ele fez para o Brasil em 1969.
Há apenas uma incorreção no texto: Gylmar era o titular do “scrath brasileiro” em 1966 e só não disputou o jogo com Portugal por estar contundido.
Marcos