NEWS:Clube alagoano perde quase tudo em enchentes e abandona Série D

Sede do Murici foi destruída nos desastres na região e até o troféu do título estadual desapareceu. Clube luta para manter jogadores em atividade

Por Mayra Siqueira

Foram 11 anos na espera para uma glória que acabou manchada por um desastre natural. A festa do Murici Futebol Clube durou pouco mais de um mês. As enchentes que devastaram diversas cidades no estado de Alagoas não perdoaram o pequeno município de Murici, onde nasceu o senador Renan Calheiros, e turvaram a única glória do time local, que acabara de sagrar-se campeão estadual pela primeira vez desde que estreou no torneio, em 1999.

– A sede do clube caiu. O estádio José Gomes da Costa está sendo utilizado para pouso e decolagem dos helicópteros do Exército, pois a cidade está servindo como ponto de distribuição de material, alimentos e ajuda para as outras cidades próximas – afirmou o dono do clube e também prefeito da cidade, Remi Calheiros, irmão de Renan.
O troféu de campeão desapareceu, e até hoje ninguém faz ideia do paradeiro dele”
Remi Calheiros

As palavras do político retratam apenas superficialmente a situação – não só da cidade, mas de um time que perdeu seu rumo. A equipe desistiu de disputar a Série D do Brasileirão no ano de 2010, e deu vaga ao CSA, devido ao estado de calamidade pública decretado pela Prefeitura e pelo Governo do Estado. A palavra de ordem é tentar manter a confiança, uma vez que o inédito título estadual garante a participação do Murici na Copa do Brasil de 2011. Porém, a cabeça de todos os moradores da cidade não pode ser outra, senão a necessidade de dar vida outra vez ao município, quase 50% destruído pelos alagamentos.

– A reestruturação é o foco. Disputar a Série D, buscando a classificação pra Série C até o final do ano, e começar a preparação pro Campeonato Alagoano de 2011 e a Copa do Brasil era a ideia. Agora, essa programação foi toda por água abaixo. Temos que reestruturar a cidade primeiro, para depois poder pensar nisso – acrescentou.

Consolo para o torcedor? Ainda não. Na confusão, até o principal símbolo da conquista do Campeonato Alagoano foi arrancada do clube.

– O troféu de campeão desapareceu, e até hoje ninguém faz ideia do paradeiro dele – acrescentou Remi Calheiros.
Drama bate na porta dos jogadores

A tarefa de toda a família Calheiros, que há anos domina a política local, será árdua. Diante da situação catastrófica, todo o elenco acabou sofrendo as consequências e seguiu atrás de alternativas.

– Tiveram jogadores que tiveram suas casas atingidas, inundadas. Chegaram até a ficar desabrigados por cerce de três dias. Alguns moravam na nossa sede, que está praticamente toda destruída. Como só teremos uma competição profissional a partir de janeiro, emprestamos a maioria dos jogadores. Sete deles estão no CSA (que substituiu o Murici na Série D). Só três atletas ainda não estão emprestados, seguem treinando com o pessoal das categorias de base, já que o estádio não pode ser utilizado. Estamos tentando colocá-los em outros clubes – disse.

Entre as más notícias que envolvem o clube, há a grande chance de que os jogadores acabem não retornando para o Murici. Porém, a esperança necessária para todas as vítimas da tragédia ganha voz na boca do prefeito e presidente do time, que prefere acreditar na fidelidade dos atletas.

– Todos os jogadores têm vínculo com o Murici. O contrato de empréstimo deles vai até novembro. Temos esperança e expectativa de que eles retornem – afirmou.

Para completar, Remi Calheiros fez questão de deixar um apelo à CBF:

– O Murici é o representante de Alagoas na Copa do Brasil (de 2011). Esperamos que tudo até lá volte à normalidade, mas faremos um apelo à CBF, para ver se ela pode nos ajudar. Perdemos todo o imobiliário do clube. Queremos ver como ela pode nos auxiliar – finalizou.

FONTE:globo.com

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