Gilberto Nahas foi o protagonista do chamado ‘Clássico da Vergonha’
Morreu nesta terça-feira, em Florianópolis, aos 83 anos, o ex-árbitro de futebol Gilberto Nahas, vítima de câncer de próstata e pulmão. Conhecido por ter expulsado absolutamente todos os 22 jogadores no chamado “Clássico da Vergonha”, entre Avaí e Figueirense, em 1971, Nahas estava internado desde domingo. Ele marcou época na arbitragem catarinense nas décadas de 60 e 70.
O ex-árbitro era presidente da Associação dos ex-Combatentes do Brasil (Seção Santa Catarina) e do Conselho Diretor da Associação Catarinense de Imprensa. O velório acontece no Cemitério São Francisco de Assis, no Bairro Itacorubi, e o sepultamento será nesta quarta-feira.
A história do “Clássico da Vergonha”
Parece mentira, mas não é. No dia primeiro de abril de 1971, depois de uma briga generalizada, não sobrou ninguém dentro de campo: os 22 jogadores foram expulsos. O jogo era amistoso, em homenagem à “Revolução Democrática” de 1964, e acabou aos 10 minutos do segundo tempo, com o placar de 0 a 0.
A confusão começou quando o centroavante Cláudio, do Figueirense, e o zagueiro Deodato, do Avaí, se desentenderam numa disputa de bola e começaram a brigar. Antes que Gilberto Nahas conseguisse tirar os dois de campo, os demais jogadores partiram para a violência.
Irritados com a atitude de Gilberto Nahas, os militares, que estavam sendo homenageados no amistoso, foram ao vestiário pressionar o árbitro. Como era sargento da marinha, ele recebeu recados do almirante para que continuasse com o amistoso, até mesmo porque o governador estava presente no estádio. Não teve jeito. Ele disse que, dentro de campo, era quem mandava.
Alguns cronistas esportivos da época dizem que, pela insubordinação, o juiz ficou preso uma semana. Nahas, em entrevista ao ClicEsportes em 2008, garantiu que só ficou um dia na cadeia.
Quem também não gostou da suspensão do jogo foram os dirigentes de Avaí e Figueirense. Eles estavam preocupados porque, no final de semana seguinte, começaria um campeonato. Se todos fossem expulsos, deveriam pegar, pelo menos, um dia de suspensão. Muitos foram os pedidos para que Gilberto Nahas voltasse ao jogo.
Na semana seguinte, num julgamento na Federação Catarinense de Futebol (FCF), todos os 22 atletas foram absolvidos. Os advogados argumentaram que o juiz deveria apresentar um cartão para cada um dos atletas e colocar na súmula o número de cada jogador expulso. No documento, o juiz apenas relatou que “todos os jogadores foram expulsos”.
Por GLOBOESPORTE.COM e clicRBS Florianópolis